Tag: brasil

  • Ferreira Gullar e Paulo Leminski, dois rivais em exílio | Ensaio

    Ferreira Gullar e Paulo Leminski, dois rivais em exílio | Ensaio

    poema-sujo-ferreira-gullar-livro-capaCatarse (do grego: kathar­sis) é o proces­so de depu­ração dos sen­ti­men­tos, purifi­cação ou pur­gação do espíri­to sen­sív­el. No teatro grego, o herói dramáti­co pre­cisa sofr­er para purificar o espíri­to. Em psi­canálise, é a lib­er­tação de um trau­ma. A gênese da mais famosa obra dos últi­mos 40 anos da poe­sia brasileira, o Poe­ma sujo, é catár­ti­ca, segun­do seu autor, Fer­reira Gullar.

    Gullar esta­va no exílio, em Buenos Aires, em 1975, quan­do escreveu o poe­ma. Depois de pas­sar anos moran­do em diver­sas cidades do mun­do (Moscou, San­ti­a­go do Chile e Lima), viu ditaduras mil­itares se insta­larem nos país­es sul-amer­i­canos. Com o fra­cas­so da utopia comu­nista no Brasil, depois de um tem­po na Rús­sia, emi­grou para o Chile e assis­tiu à que­da de Allende. Mudou para a Argenti­na em 1974 e reviveu o pesade­lo de ver os ami­gos ao redor serem pre­sos ou fugir. Saben­do que os agentes da repressão brasileiros fechavam o cer­co no país viz­in­ho, decid­iu escr­ev­er um poe­ma que fos­se um teste­munho final.

    O Poe­ma sujo, escrito em cin­co meses, em esta­do de transe ver­tig­i­noso, foi aca­len­ta­do por anos. Tem como fio con­du­tor a ideia de res­gatar memórias de sua cidade natal, São Luís do Maran­hão. As condições de penúria no exílio e a eminên­cia de calar-se para sem­pre o forçaram a ultra­pas­sar o tom memo­ri­alís­ti­co. O Poe­ma sujo dá voz ao deses­pero do poeta. Deses­pero que, para­doxal­mente, englo­ba grande esper­ança, por situ­ar-se na infân­cia, como demon­stra seu tre­cho mais con­heci­do, trans­for­ma­do na letra da canção O tren­z­in­ho caipi­ra, a toca­ta da Bachi­ana no. 2, de Vil­la-Lobos:

    Lá vai o trem com o menino
    Lá vai a vida a rodar
    Lá vai ciran­da e destino
    Cidade e noite a girar
    Lá vai o trem sem destino
    Pro dia novo encontrar
    Cor­ren­do vai pela terra
    Vai pela serra
    Vai pelo mar
    Can­tan­do pela ser­ra o luar
    Cor­ren­do entre as estre­las a voar
    No ar, no ar…

    A evo­cação da memória da infân­cia em rede­moin­ho é o pon­to de par­ti­da para com­por um poe­ma em vários tons, com momen­tos de inten­si­dade e de banal­i­dade, como cita o poeta, con­struí­dos por frag­men­tos de lem­branças “das pes­soas às coisas, das plan­tas aos bichos, tudo, água, lama, noite estre­la­da, fome, esper­ma, son­ho, humil­hações, tudo era gora matéria poéti­ca”. Antítese entre o claro do pre­sente e o tur­vo da infân­cia, mais que res­gate, é a recom­posição do pas­sa­do no presente.

    A memória da infân­cia é um reg­istro infiel, sujo, recom­pos­ta por destroços: tel­has encar­di­das, gar­fos e facas que se que­braram, e se perder­am nas fal­has do assoal­ho para con­viv­er com baratas e ratos no quin­tal esque­ci­dos entre os pés de erva cidreira. Des­or­dem que é ordem “per­feita­mente fora do rig­or cronológi­co”, do labir­in­to do tem­po inte­ri­or. A casa per­di­da no tem­po, com tal­heres enfer­ru­ja­dos, facas cegas, cadeiras furadas, mesas gas­tas, armários obso­le­tos raste­jam “pelos túneis das noites clan­des­ti­nas” esperan­do “que o dia ven­ha”. A infân­cia é o úni­co refú­gio para quem perdeu tudo. O cor­po, a úni­ca casa, o úni­co ter­ritório, a pos­si­bil­i­dade de êxtase quan­do já não se per­tence a lugar nenhum.

    A iden­ti­dade são-luisense se con­cretiza no cor­po do poeta, o pas­sa­do se esmiúça, como cita Alcides Vil­laça: o “sujo do poe­ma ref­ere-se tan­to ao impuro quan­to pela com­posição das difer­enças, pelas águas revolvi­das, pelo esti­lo que vai da mão sol­ta no papel à cadên­cia rig­orosa de uma avali­ação […] Mas sujo tam­bém porque par­tic­i­pa de uma história não ofi­cial, sec­re­ta, que soma a con­sciên­cia abafa­da e o cor­po pri­sioneiro de von­tades cal­adas.” Sujo porque a vida é suja: toda matéria se perde, apo­drece lentamente.

    A canção de exílio dos anos de chum­bo é Sabiá, de Chico Buar­que e Tom Jobim, com­pos­ta em 1968 para um fes­ti­val. A canção traz refer­ên­cias claras ao “dia que virá”, dia em que os exi­la­dos retornar­i­am à pátria. Gullar ante­ci­pa a pátria destruí­da, memória dev­as­ta­da e ilu­mi­na­da ape­nas pelo facho das lem­branças da cidade de infân­cia. Os obje­tos da casa pri­mor­dial gas­taram-se no tem­po e por isso sua lem­brança é de sujeira, ou algo que foi sujo.

    https://www.youtube.com/watch?v=lhsXWXzh4ow

    O teste­munho do poeta é mais uma canção do exílio, que se desvia do nacional­is­mo insu­fla­do por Gonçalves Dias. A canção de Gullar é tan­to mais comovente quan­to bus­ca negar qual­quer resquí­cio român­ti­co ou pan­fletário. Em nem um momen­to rev­ela tex­tual­mente a dor pela per­da dos ami­gos, o esface­la­men­to famil­iar e a melan­co­l­ia da desterritorialização.

    Depois de con­cluir o poe­ma, Gullar o leu a Viní­cius de Morais, que lev­ou uma gravação da leitu­ra para o Brasil. Gru­pos se for­mavam para ouvir a voz do poeta exi­la­do. O edi­tor Ênio Sil­veira pediu cópia para pub­licá-lo. Com a pub­li­cação, ami­gos, jor­nal­is­tas e escritores cla­ma­ram ao gov­er­no mil­i­tar o fim do exílio de Gullar. O gov­er­no não aten­deu. O poeta, porém cansa­do, resolveu voltar por con­ta própria. Quan­do chegou, foi lev­a­do ao DOI-Codi e inter­ro­ga­do, acarea­do e ameaça­do. Mas graças ao poe­ma, pôde ficar no Brasil.

    A catarse do ago­ra con­tra o futuro marginal

    A repub­li­cação do Poe­ma sujo, em 2013, pela José Olym­pio, o cel­e­bra como mar­co na luta con­tra a repressão mil­i­tar. Mas antes de se tor­na per­sona non gra­ta no país, Gullar já guer­rea­va, e muito, mas por razões estéti­cas, con­tra out­ros adver­sários. Con­trapôs-se ao movi­men­to de van­guar­da da poe­sia conc­re­ta, com­pos­ta pelos irmãos Augus­to e Harol­do de Cam­pos e Décio Pig­natari, defend­en­do o nacional­is­mo da arte brasileira e crian­do a poe­sia neo­conc­re­ta. A prin­ci­pal críti­ca de Gullar aos con­cre­tos era de que com­par­a­vam a poe­sia à matemáti­ca e pre­tendi­am atu­ar em todos os cam­pos, jor­nais, pub­li­ci­dade, da músi­ca (canção pop­u­lar), tevê, rádio, cinema.

    Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, a Tríade Concretista.
    Augus­to de Cam­pos, Décio Pig­natari e Harol­do de Cam­pos, a Tríade Concretista.

    Provo­cador, polêmi­co, jamais pací­fi­co, o poeta Paulo Lemins­ki é herdeiro de uma tradição poéti­ca de van­guar­da (ou tradição de rup­tura, como quer Octávio Paz) que no Brasil ren­deu movi­men­tos como o Mod­ernismo, a Poe­sia Conc­re­ta e o Trop­i­cal­is­mo. Por causa do tem­po históri­co de sua eclosão (anos 70 e 80), por vezes é erronea­mente situ­a­do den­tro da Poe­sia Mar­gin­al, movi­men­to ao qual nun­ca se fil­iou (não gos­to da poe­sia de Caca­so, um dos líderes da poe­sia mar­gin­al car­i­o­ca dos 70/80, afir­mou, em entre­vista ao jor­nal­ista Aramis Mil­larch, em 1986) e con­tra o qual escreveu uma série de ensaios no livro “Anseios Críp­ti­cos” (1986).

    Lemins­ki her­dou a briga com os neo­con­cre­tos. Ape­sar de propa­gar a teo­ria da arte como  inuten­sílio, nun­ca fez ape­nas arte pela arte. É o que se com­pro­va na canção Ver­du­ra, veta­da pela cen­sura em 1978.

    De repente
    me lem­bro do verde
    da cor verde
    a mais verde que existe
    a cor mais alegre
    a cor mais triste
    o verde que vestes
    o verde que vestiste
    o dia em que te vi
    o dia em que me viste
    De repente
    ven­di meus filhos
    a uma família americana
    eles têm carro
    eles têm grana
    eles têm casa
    a gra­ma é bacana
    só assim eles podem voltar
    e pegar um sol em Copacabana

    O poeta Fab­rí­cio Mar­ques asso­cia o ver­so de repente me lem­bro do verde ao Trop­i­cal­is­mo, conectan­do o verde cita­do com uma das cores-sím­bo­lo do Brasil:

    todas as suas nuances e con­tradições (a cor mais alegre/ a cor mais triste). Desse modo, o poe­ma atinge um tom quase lisér­gi­co, no qual ressaltam ecos do trop­i­cal­is­mo: super­ba­cana, de Cae­tano Veloso, e ai de ti, Copaca­bana, de Torqua­to. Ocorre então uma inver­são paródi­ca do nacional­is­mo, prin­ci­pal­mente na segun­da estrofe, que fun­ciona como uma espé­cie de críti­ca políti­ca avant la let­tre à emi­gração de brasileiros em bus­ca de mel­hores condições de vida, numa pro­gressão desen­f­rea­da, prin­ci­pal­mente para os Esta­dos Unidos, nos anos que se seguiram à primeira pub­li­cação do tex­to em livro (1981).

    A asso­ci­ação com o verde trop­i­cal­ista não é a úni­ca pos­sív­el. A cor verde e triste é a ”grana” que seduz a família a vender o fil­ho para os amer­i­canos. O verde triste trans­for­ma tudo em mer­cado­ria, até as relações afe­ti­vas. Triste ain­da o verde do uni­forme dos mil­itares, cujos cen­sores enten­der­am a iro­nia. A canção só pas­sou pelo cri­vo em 1981, quan­do foi grava­da por Cae­tano Veloso. Mas a refer­ên­cia aos poe­mas trop­i­cal­is­tas é inex­a­ta. Em vez de Super­ba­cana e Ai de mim, Copaca­bana, a asso­ci­ação mais ine­bri­ante pode­ria ser Quan­do o san­to guer­reiro entre­ga as pon­tas, de Torqua­to Neto:

    nada de mais:
    o muro pin­ta­do de verde
    e ninguém que pre­cise dizer-me
    que esse verde que não quero verde
    lírico
    mais planos e mais planos
    se desfaz:
    nada demais
    aqui de den­tro eu pego e furo a fogo
    e luz
    (é movimento)
    vos­so sis­tema pro­te­tor de incêndios
    e pin­to a tela o muro diferente
    porque uso como quero min­ha lentes
    e fil­mo o verde,
    que eu não temo o verde,
    de out­ra cor:
    diari­a­mente encaro bem de perto
    e escar­ro sobre o muro:
    nada demais

    Lemins­ki deg­lute antropofagi­ca­mente o Bis­po Sardinha, como que­ria Oswald, can­tan­do, com dó de peito o momen­to históri­co do iní­cio da diás­po­ra glob­al. O sen­ti­men­to de dor (por ver seu igual par­tir e se par­tir) não fratu­ra o poeta, que final­iza: só assim eles podem voltar e pegar um sol em Copaca­bana, com a con­sciên­cia de que a Ale­gria é a Pro­va dos Nove, como can­ta­va Oswald, ou seja, a úni­ca for­ma de resistên­cia a um regime desigual que estim­ula­va o despa­tri­a­men­to só pode­ria ser a iro­nia, trazen­do a capa de um fal­so con­formis­mo. Desse modo, mes­mo nun­ca ten­do se desli­ga­do de sua ter­ra natal, Lemisn­ki par­tic­i­pa dass ago­nias da vida nacional em seu insilio1.

    O críti­co Sil­viano San­ti­a­go esclarece que o bor­dão antropofági­co vin­cu­la-se com a catarse do ago­ra: “o ressurg­i­men­to de um cor­po que não estaria mais com­pro­meti­do com a éti­ca protes­tante do tra­bal­ho, um cor­po que recusa, inclu­sive, […] a col­o­niza­ção do futuro. Esse cor­po, então, estaria fin­can­do mais e mais o pé no ago­ra: nesse sen­ti­do, um cor­po que é fruição.” Esta ideia estaria lig­a­da à emergên­cia das mino­rias sex­u­ais nos anos 70: “De cer­ta for­ma, na nos­sa sociedade oci­den­tal, em par­tic­u­lar, o praz­er esteve muito vin­cu­la­do a uma cer­ta nor­mal­iza­ção de con­du­ta sex­u­al, e quan­do essa con­du­ta não era nor­mal­iza­da as pes­soas se sen­ti­am enorme­mente infelizes.”

    Paulo Leminski
    Paulo Lemins­ki

    O críti­co fala de um cor­po não reprim­i­do, de pura ale­gria, em con­trapon­to com a tradição críti­ca que colo­ca o pre­sente como esta­do de martírio. O sofri­men­to cul­tua­do pelos gru­pos políti­cos de esquer­da no Brasil tin­ha como pro­je­to de redenção a pos­si­bil­i­dade de uma utopia social. San­ti­a­go se posi­ciona con­tra este esta­do de pobreza: “Inver­tendo os ter­mos, dizen­do que o pre­sente pode ser vivi­do, pode ser vivi­do ale­gre­mente, sem as amar­ras da repressão, estaríamos descondi­cio­nan­do a pos­si­bil­i­dade de um pen­sa­men­to dito utópi­co.” Nos ver­sos de Leminski:

    praz­er
    da pura percepção
    os sentidos
    sejam a crítica
    da razão
    (Dis­traí­dos Vencer­e­mos, 1987)

    Esta ide­olo­gia está em coal­izão com a microp­olíti­ca do dese­jo de Felix Guat­tari e o com­por­ta­men­to aqui-ago­ra do movi­men­to hip­pie dos anos 70, que vul­gar­iza con­ceitos de filosofias ori­en­tais, como o hin­duís­mo e o zen-bud­is­mo. Os hip­pies trazem a ideia do praz­er na real­i­dade do pre­sente, em que a utopia não se adia, em que o esta­do par­adis­ía­co é vivi­do todos os dias. A poe­sia de Lemins­ki con­strói a catarse do ago­ra con­tra a repressão do pre­sente – no con­tex­to históri­co, a saí­da da ditadu­ra mil­i­tar para a ditadu­ra da econo­mia glob­al. Con­tra um sis­tema no qual a poe­sia é ape­nas o dese­jo, os artefatos de Lemins­ki tor­nam-se instru­men­to críti­co que cor­roem con­ceitos e faz­eres mumi­fi­ca­dos, como na genial inver­são dis­traí­dos vencer­e­mos do títu­lo de livro pub­li­ca­do em 1987, que car­naval­iza o bor­dão Unidos, vencer­e­mos.

    Um dos recur­sos usa­dos pelos poet­as para com­bat­er o regime repres­sor foi o humor. San­ti­a­go difer­en­cia dois proces­sos usa­dos nos movi­men­tos de poe­sia de protesto. O primeiro, a paró­dia, é um recur­so val­oriza­do como instru­men­to poten­cial de irrisão con­tra o poder insti­tuí­do, uma rup­tura. O segun­do, o pas­tiche, é uma der­risão que enfraque­ce o poder da críti­ca: A paró­dia sig­nifi­ca uma rup­tura, um escárnio com relação àquela estéti­ca que é dada como neg­a­ti­va. O pas­tiche não rechaça o pas­sa­do, num gesto de escárnio, de despre­zo, de iro­nia, escreve Santiago.

    A paró­dia tem o mes­mo grau de irrisão do insti­tuí­do pelo mote Tupy or Not Tupy, inscrito no Man­i­festo Antropofági­co de Oswald, em 1922. A lição mod­ernista foi incor­po­ra­da por Lemins­ki, que des­de sua aparição públi­ca nos jor­nais em Curiti­ba, achin­cal­ha o cul­to ao con­to e a figu­ra mon­u­men­tal­iza­da de Dal­ton Tre­visan, nos anos 70 e 80. Neste momen­to, seu embate não é con­tra as ino­vações de Dal­ton (a lin­guagem sin­téti­ca, a opção pela “cor local”, ado­tadas por Lemins­ki) e sim con­tra a insti­tu­cional­iza­ção de Dalton.

    Ferreira Gullar.
    Fer­reira Gullar

    A dor tão ele­va­da que é capaz de faz­er rir, evo­ca­da por Alice Ruiz no pre­fá­cio do livro La Vie en Close foi a táti­ca de uma guer­ril­ha que tem no riso, no chiste, no witz, na descon­strução de clichês e no aproveita­men­to de palavras de ordem seu núcleo. Este tipo de guer­ril­ha cul­tur­al seria her­ança do Trop­i­cal­is­mo. Para Ana Cristi­na César, a Trop­icália é a expressão de uma crise, uma opção estéti­ca que inclui um pro­je­to de vida, em que o com­por­ta­men­to pas­sa a ser ele­men­to críti­co, sub­ver­tendo a ordem mes­ma do cotid­i­ano. A ideia de enfrentar o sufo­co políti­co com as armas do cotid­i­ano foi legit­i­ma­da em Leminski.

    Dois adver­sários no cam­po da estéti­ca da poe­sia lutam con­tra um inimi­go comum. E fil­iam-se à tradição literária brasileira inserindo mais uma paró­dia da Canção do Exílio, descon­stru­in­do o nacional­is­mo orig­i­nal. Enquan­to a nação desa­parece, a infân­cia tor­na-se ter­ritório míti­co e o cor­po, o úni­co sacra­men­to, para Gullar. Já Lemins­ki percebe que até a infân­cia será ven­di­da, restando, para a poe­sia, sua úni­ca arma de luta: o praz­er de provo­car sentidos.

    Insílio: De acor­do com Paul Ilie, inner exilie são os que vivem o exílio em seu próprio país. O con­ceito nasce basea­do em sociedades autoritárias. Os insi­la­dos ficam pre­sos no país sofren­do os des­man­dos do regime. Ilie dis­cute o inner exilie da sociedade espan­ho­la sob o regime fran­quista, não exi­ladas de acor­do com o mod­e­lo clás­si­co, mas tiver­am a liber­dade restri­ta, sofren­do com a negação, dom­i­nação, anu­lação, intolerância.

    BIBLIOGRAFIA

    Livros

    • GULLAR, Fer­reira
      • Inda­gações de hoje. Rio de Janeiro: José Olym­pio Edi­to­ra, 1989.
      • Poe­ma sujo. Rio de Janeiro: José Olym­pio Edi­to­ra, 2013.
    • LEMINSKI, Paulo
      •  Capri­chos e Relax­os. São Paulo: Brasiliense, 1983.
      • Dis­traí­dos Vencer­e­mos. São Paulo: Brasiliense, 1987. (5ª edição 1995).
      • Anseios Críp­ti­cos, Curiti­ba: Cri­ar Edições, 1985.
      • Um Escritor na Bib­liote­ca, Curiti­ba: Bib­liote­ca Públi­ca do Paraná, 1985.
      • La vie en close. São Paulo: Brasiliense, 1991.
      • Poe­sia, paixão da lin­guagem. In: Novaes, Adau­to (Org.) Os sen­ti­dos da paixão. São Paulo: Cia das Letras, 1986.
      • Uma car­ta uma brasa através – car­tas a Régis Bon­vi­ci­no. 1976–1981 São Paulo: Ilu­min­uras, 1992.
    • SANTIAGO, Sil­viano
      • Nas Mal­has da Letra. São Paulo: Com­pan­hia das Letras, 1989.

    Doc­u­men­tos eletrônicos

  • Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda: irreverência e anarquismo | Análise

    Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda: irreverência e anarquismo | Análise

    Eu sou a mosca que pousou em sua sopa. Eu sou a mosca que pin­tou pra lhe abusar. (…) E não adi­anta vir me dede­ti­zar. Pois nem o DDT pode assim me exter­mi­nar. Porque você mata uma e vem out­ra em meu lugar.

    Raul Seixas em “Mosca na Sopa”

    Sinôn­i­mo de incô­mo­do e despre­zo, a mosca é um dos inse­tos mais rechaça­dos do con­vívio social. Ela transtor­na reuniões famil­iares, impor­tu­na tradições de ordem e con­t­role, desnu­da as estru­turas assép­ti­cas. A mosca na sopa, per­son­ifi­cação ado­ta­da pelo com­pos­i­tor e músi­co brasileiro Raul Seixas, é uma anar­quista públi­ca e notória: sua pre­sença é hos­tiliza­da, mas inde­pende de aceitação; por mais que seja intim­i­da­da, vio­len­ta­da, apri­sion­a­da e dego­la­da, ela vol­ta em múlti­p­los pares. E é com taman­ha per­sistên­cia e deboche que elas, as famiger­adas moscas, comu­ni­cam sua mensagem.

    tatuagem-hilton-lacerda-analise-posterNo final da déca­da 1970, as moscas tam­bém mar­cavam pre­sença físi­ca e metafóri­ca em ter­ritório brasileiro. Para os agentes da ditadu­ra mil­i­tar, todo e qual­quer ele­men­to sub­ver­si­vo que aten­tasse con­tra a ordem, o gov­er­no e o trinômio “tradição – família – pro­priedade”, dev­e­ria ser sumari­a­mente extin­to. Naque­les anos de por­tas fechadas, entre a per­ife­ria de Recife e Olin­da, cidades do Nordeste brasileiro, o dire­tor Hilton Lac­er­da ambi­en­tou a história de uma trupe de artis­tas que cri­a­va um uni­ver­so próprio de irreverên­cia, zom­baria e auto­ria no teatro-cabaré Chão de Estre­las, cri­ação inspi­ra­da pelo grupo de teatro Viven­cial Diver­siones, que exis­tiu entre 1972 e 1981.

    Na ficção, o sis­tema pro­to­co­lar de regras, ordens, hier­ar­quia e dis­ci­plina do sis­tema mil­i­tar, exer­cia influên­cia angus­tiante em um tími­do recru­ta nasci­do e cri­a­do no inte­ri­or de Per­nam­bu­co, tor­nan­do-lhe penoso e mortífero o dev­er de sus­ten­tar uma más­cara que mal lhe cabe no ros­to. Esse é o fio con­du­tor da pólvo­ra que explode em “Tat­u­agem” (Brasil, 2013), filme do cineas­ta per­nam­bu­cano Hilton Lac­er­da em sua estreia como dire­tor depois de lon­ga exper­iên­cia como roteirista. A tra­ma traz como pano de fun­do o romance entre o agi­ta­dor cul­tur­al e per­former Clé­cio Wan­der­ley, inter­pre­ta­do pelo ator Irand­hir San­tos, e o sol­da­do raso Arlin­do Araújo, con­heci­do como Fin­in­ha, per­son­agem vivi­do por Jesuí­ta Bar­bosa.

    Chão de Estrelas, o Moulin Rouge do subúrbio, a Broadway dos pobres, o Studio 54 da favela
    Chão de Estre­las, o Moulin Rouge do sub­úr­bio, a Broad­way dos pobres, o Stu­dio 54 da favela

    Tat­u­agem” fala de resistên­cia políti­ca, cri­ação explo­si­va, anar­quista, debocha­da, livre; é uma afir­mação do espaço daque­les que são esma­ga­dos por uma con­jun­tu­ra arma­da, mas que resistem, queimam, ren­o­vam. Na tra­ma, Chão de Estre­las nasce no seio da per­ife­ria, epí­grafe acen­tu­a­da no iní­cio do lon­ga-metragem com a fala de Clé­cio ao destacar que o cabaré é “o Moulin Rouge do sub­úr­bio, a Broad­way dos pobres, o Stu­dio 54 da favela”, em clara refer­ên­cia aos inter­na­cional­mente con­heci­dos, cul­tua­dos e caros ambi­entes de apre­sen­tação artís­ti­ca e cor­po­ral da época. É nesse perímetro de rein­venções que o dire­tor Hilton Lac­er­da detém o olhar, crian­do uma nar­ra­ti­va audaciosa.

    Clé­cio e Fin­in­ha se con­hecem por meio de Paulete (Rodri­go Gar­cia), irmão da então namora­da do recru­ta. Enquan­to Clé­cio diri­gia um espetácu­lo debocha­do, Fin­in­ha vivia apri­sion­a­do nos dita­mes do quar­tel, detal­he expos­to logo nos min­u­tos ini­ci­ais, com a visão do rapaz enquadra­do pelas bar­ras dos belich­es — efeito cri­a­do pela uti­liza­ção do movi­men­to de zoom-out. O envolvi­men­to desse casal improváv­el, vai descorti­nan­do uma nova visu­al­iza­ção e entendi­men­to do mun­do, abrindo espaço para as sen­si­bil­i­dades de dois uni­ver­sos dis­tin­tos. Rodea­do pela liber­dade em todos os sen­ti­dos, Fin­in­ha vai, aos poucos, sentin­do seu cor­po como parte do proces­so artís­ti­co e viven­cial que explode no teatro do Chão de Estre­las. Assim como o mitológi­co can­to da sereia, a magia que nasce no cabaré começa a encan­tar o jovem recru­ta, mostran­do-lhe um ambi­ente de tro­ca de relações bem mais autên­ti­co do que cos­tu­ma­va vivenciar.

    Cena do filme “Tat­u­agem” mostran­do o “apri­sion­a­men­to” de Fininha

    No filme, o “cair da noite” assume uma sim­bolo­gia extrema­mente impor­tante ao abrir novas pontes de resistên­cia. Pontes que podem ser obser­vadas no públi­co que fre­quen­ta o teatro-cabaré, for­ma­do por homos­sex­u­ais, sim­pa­ti­zantes, mil­i­tantes da luta de class­es e int­elec­tu­ais esquerdis­tas – esta últi­ma figu­ra é ado­ta­da pelo pro­fes­sor Jou­bert (Sílvio Res­tiffe) e seus poe­mas de cun­ho políti­co e lib­ertário, além da sua pro­dução exper­i­men­tal, fei­ta com uma câmera Super‑8, dire­ciona­da para reg­is­trar os momen­tos mar­cantes de produção/apresentação dos números do Chão de Estre­las. É através da noite, do ero­tismo, da luxúria escan­car­a­da, do cuspe anárquico em for­ma de per­for­mances ousadas com o cor­po e a lin­guagem, que “Tat­u­agem” vai traçan­do novas rotas de pere­gri­nação de for­ma arrojada.

    Hilton Lac­er­da

    O dire­tor Hilton Lac­er­da vem de uma lon­ga cam­in­ha­da como roteirista, trazen­do na bagagem filmes como “Febre de Rato” (2011), “Amare­lo Man­ga” (2002), “Baixio das Bestas” (2006), em parce­ria com o cineas­ta Cláu­dio Assis, e “Car­to­la – Músi­ca para os Olhos” (2006), onde divide a direção com Lírio Fer­reira. A ener­gia em con­stru­ir detal­h­es faz a assi­natu­ra de Lac­er­da um difer­en­cial palpáv­el em “Tat­u­agem”.

    A opção por con­tar a história de amor entre dois home­ns gan­ha con­tornos autên­ti­cos: Clé­cio e Fin­in­ha divi­dem o afe­to ínti­mo com os espec­ta­dores; o romance – claro, dire­to, cru – não está ali ape­nas para inqui­etar os que ain­da desvi­am o olhar diante das cenas de bei­jo ou de sexo entre dois home­ns; o amor homos­sex­u­al e o choque de vivên­cias que ele rep­re­sen­ta (o agi­ta­dor cul­tur­al e o mil­i­tar) ultra­pas­sam a aco­modação da mil­itân­cia padroniza­da: nes­sa relação de polos opos­tos está o gri­to dos amores, gru­pos, movi­men­tos, pen­sa­men­tos, vidas e sen­ti­men­tos rotu­la­dos como per­iféri­cos. É esse o ele­men­to de pul­são lev­an­tan­do por “Tat­u­agem”, levan­do à der­ro­ca­da da hege­mo­nia das insti­tu­ições sagradas e do des­file dos tri­un­fantes. Para o pal­co e o públi­co do Chão de Estre­las, não há lugar para pre­con­ceitos, não há már­tires para cas­trações. O que existe no cabaré-teatro é o rompi­men­to de tradições; um lugar onde múlti­plas jor­nadas não se chocam, mas se com­ple­men­tam, ten­do como exem­p­lo máx­i­mo a figu­ra de Clé­cio: dire­tor, poeta, agi­ta­dor, anar­quista, amante e pai.

    o performer Clécio Wanderley (Irandhir Santos) e o soldado raso Fininha (Jesuíta Barbosa)
    o per­former Clé­cio Wan­der­ley (Irand­hir San­tos) e o sol­da­do raso Fin­in­ha (Jesuí­ta Barbosa)

    A liber­dade e a vivên­cia con­sciente tam­bém estão pre­sentes no con­ceito de família apre­sen­tan­do no filme. Tuca — fru­to do rela­ciona­men­to do agi­ta­dor cul­tur­al com Deusa, mãe solteira, adep­ta dos mes­mos ideais — cir­cu­la livre­mente pelas dependên­cias do cabaré, obser­van­do os tra­bal­hos de pro­dução do pai. Em uma cena sig­ni­fica­ti­va, Clé­cio pede à Deusa que não tra­ga mais o meni­no ao cabaré pois aque­le “não é lugar para cri­ança”. Nesse gan­cho, a mãe responde que “não há lugar ade­qua­do, e sim edu­cação ade­qua­da”, fazen­do refer­ên­cia dire­ta a um mod­e­lo edu­ca­cional que apos­ta na liber­dade, con­sciên­cia e tolerância.

    Toda essa provo­cação clara e sub­ver­si­va deixa ras­tros pelo filme e encon­tra out­ra forte rep­re­sen­tante com a per­son­agem Paulete. É na ale­gria do escân­da­lo que Paulete ali­men­ta o son­ho de ser ator recon­heci­do, dan­do mais vida ao lon­ga-metragem com suas piadas espir­i­tu­osas, seus berros e gestos cor­po­rais esfuziantes. É difí­cil destacar uma úni­ca cena drama­ti­za­da pelo ator Rodri­go Gar­cía na pele de Paulete: ele con­segue faz­er os holo­fotes cir­cu­larem em torno de si, seja com expressões jocosas, canções despu­do­radas ou caras e bocas risíveis. Gar­cía tem o poder de trans­for­mar a car­i­catu­ra do artista gay trans­vesti­do em indu­men­tárias fem­i­ni­nas, em uma ver­dadeira meta­mor­fose artística.

    Rodrigo Garcia como a personagem Paulete
    Rodri­go Gar­cia como a per­son­agem Paulete

    Há mui­ta inten­si­dade e aut­en­ti­ci­dade em “Tat­u­agem” – fato que ren­deu suces­so de críti­ca, prêmios e menções hon­rosas para o filme e seus atores. Mais uma pro­va de que rotas alter­na­ti­vas são pos­síveis, tan­to no âmbito do pen­sa­men­to quan­to na ação. O audio­vi­su­al brasileiro pre­cisa de olhares difer­en­ci­ais, novas lin­gua­gens, desafios, pos­turas e riscos, não só da parte dos pro­du­tores, mas tam­bém de espec­ta­dores. Cin­e­ma é feito de sen­si­bil­i­dades e da per­sistên­cia de “moscas” que não se intim­i­dam com o que está dito e feito, trazen­do para si a tare­fa de ques­tionar a nat­u­ral­iza­ção do mun­do. Con­stru­ir panora­mas é como tat­u­ar a pele: na mar­ca eterniza­da, pas­sa­do, pre­sente e futuro se comu­ni­cam em um mes­mo traço. E é no cam­in­ho que per­corre esse traço que está o novo.

  • Eu confesso, sou poeta | Crônica

    Eu confesso, sou poeta | Crônica

    eu-confesso-sou-poeta-cronica
    Cerâmi­ca de Marce­lo Tokai

    Chegar em qual­quer lugar, mes­mo um ambi­ente prepara­do para rece­ber poe­sia é um desafio. Ten­ho que des­faz­er expec­ta­ti­vas. A primeira, em relação à etnia japone­sa. Vou logo dizen­do: não escre­vo haicai. Depois, explicar que sou poeta, não poet­i­sa. “Poeta, porque em poet­i­sa todo mun­do pisa”, como diz Leila Mic­co­l­is.

    Óbvio: “japone­sa” escreve haicai. Aí é que está: não sou japone­sa. Nasci no Brasil, nun­ca fui ao Japão. Meus qua­tro avós nasce­r­am no Japão. Por isso, sou san­sei: a ter­ceira ger­ação de imi­grantes japone­ses no Brasil. Até há um tem­po atrás teria paciên­cia para explicar o que é um nikkei. Palavra japone­sa que des­igna o descen­dente de japone­ses nasci­do fora do Japão. No Brasil, nipo-brasileiros. Nos EUA, nipo-amer­i­canos. No Peru, nipo-peru­anos. Netos de imi­grantes japone­ses são nativos do país que rece­beu seus avós.

    Mas ascendên­cia japone­sa “forçou a bar­ra” para que eu ori­en­tasse ofic­i­nas sobre haicai. Aí, pas­sei a estu­dar o tema e a escr­ev­er mais haicai. Não sou hai­jin — haicaís­ta prat­i­cante. Meus poe­mas ain­da não tem hai­mi — o sabor, aqui­lo que os mestres — Mat­suo Bashô, Kobayashi Issa, Yosa Buson e out­ros — diziam ser a essên­cia do poema.

    Teruko Oda, Masuda Goga e Nempuku Sato
    Teruko Oda, Masu­da Goga e Nem­puku Sato

    Nun­ca fiz parte de grêmios literários que prati­cam haicai. Con­heço Teruko Oda, sobrin­ha de Masu­da Goga, fun­dador do primeiro grêmio de haicai do Brasil, o Ipê. Goga apren­deu com Nem­puku Sato, o maior propa­gador do haiku o haicai tradi­cional japonês. Em 2008, para divul­gar o haiku no Brasil, pro­movi, pelo Nikkei Curiti­ba, o Con­cur­so Nacional de Haicai Nem­puku Sato, em parce­ria com a Sec­re­taria da Cul­tura do Paraná.

    Admiro poet­as que, com liber­dade de espíri­to trans­puser­am o haicai para o Brasil: Hele­na Kolody, Mil­lôr Fer­nan­des, Paulo Lemins­ki e Alice Ruiz. Admiro menos Guil­herme de Almei­da e descon­heço Afrânio Peixo­to e Fan­ny Dupré, cita­dos em estu­dos sobre a história do haicai no Brasil.

    A jor­nal­ista e poeta Karen Debertólis, em entre­vista para o pro­gra­ma de rádio “Con­tra­ca­pa”, disse que meus poe­mas pare­cem encadea­men­tos de haicais. Espé­cie de ren­ga, que é mes­mo um encadea­men­to de poe­mas. Mes­mo com essa pista, me sen­tia aliení­ge­na na poe­sia japonesa.

    eu-confesso-sou-poeta-cronica-livro-bichoNos anos 90, fiz cur­so de vídeo e a pro­fes­so­ra, doc­u­men­tarista de São Paulo, disse algo curioso: que eu, ten­do raízes japone­sas não pre­cisa­va escr­ev­er haicai ou can­tar em karaokê. Podia escr­ev­er letras de bal­adas e ser fã de jazz. Gostei do que ela disse. Me enco­ra­jou a escr­ev­er poe­sia em com­posições ready-made, como diz o críti­co Mar­tin Palá­cio Gam­boa, na antolo­gia argenti­na “Bicho de Siete Cabezas”, para a qual tive a hon­ra de ser sele­ciona­da e foi lança­da no começo desse ano, em Buenos Aires.

    O que não sabia e fui apren­der estu­dan­do, é que na poe­sia japone­sa é comum a com­posição de tex­tos em frag­men­tos, seja em diários (nik­ki), “ensaios” (zui­hit­su) ou poe­sia (haiku, tan­ka e out­ras for­mas). Um ami­go, de tan­to de ler meus poe­mas no Face­book, pôs na cabeça que ia pesquis­ar poe­sia con­tem­porânea de Curiti­ba. E disse que encon­trou a palavra sol em muitos de meus poemas.

    Perce­bi que, de modo trôpego e sem forçar a bar­ra do enraiza­men­to, estou voltan­do para um lugar que nun­ca pareço ter saí­do. E assim retorno, caiçara japone­sa, a uma onda fei­ta de lágri­mas. No Brasil a expressão é pie­gas, mas em japonês já foi usa­da em poe­ma, só por causa do tro­cadil­ho: onda é nami, e lágri­mas, nami­da. Não existe nada mais con­fortáv­el do que voltar pra casa, mes­mo que a casa seja a toda hora sacu­d­i­da por tsunamis e ressacas.

  • Entrevista com o jornalista Daniel Piza ao programa Provocações (2000)

    Entrevista com o jornalista Daniel Piza ao programa Provocações (2000)

    Em novem­bro de 2000, o jor­nal­ista e escritor Daniel Piza (1970 — 2011) con­cedeu uma entre­vista dire­ta e polêmi­ca ao apre­sen­ta­dor do pro­gra­ma Provo­cações (TV Cul­tura), Antônio Abu­jam­ra.

    Nela, Daniel Piza fala sobre a práti­ca do jor­nal­is­mo cul­tur­al no Brasil e sua descar­ac­ter­i­za­ção: “O jor­nal­is­mo cul­tur­al, em ger­al, é o jor­nal­is­mo que eles chamam de var­iedades. Então, é a peque­na resein­ha [resen­ha] do últi­mo dis­co pop que saiu na Inglater­ra, ou uma entre­vista pingue-pongue com algum ator de Hol­ly­wood. Isso é o que chamam de jor­nal­is­mo cul­tur­al no Brasil”, dispara.

    Piza desta­ca que o públi­co brasileiro tem “medo de opinião, medo de dis­cussão, um públi­co que pref­ere o pop­ulis­mo, o ‘da boca pra fora’, do que real­mente você dis­cu­tir coisas que ten­ham a ver, que façam sen­ti­do, que digam respeito à qualidade”.

    As declar­ações do jor­nal­ista pos­suem um tom con­tro­ver­so, mas eru­di­ta­mente fun­da­men­ta­do, esti­lo que acom­pan­hou Daniel Piza durante toda sua car­reira. Essa é uma das car­ac­terís­ti­cas mar­cantes nas reflexões e dis­cur­sos que per­me­iam o tra­bal­ho de Piza, recon­heci­do como um dos maiores nomes do jor­nal­is­mo cul­tur­al brasileiro. Recon­hec­i­men­to e val­oriza­ção que con­tin­u­am após sua morte pre­coce, ocor­ri­da no final de 2011.

    Con­fi­ra a entre­vista na íntegra:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=H8HAIuMBq28

  • Revolta! | HQ da Semana

    Revolta! | HQ da Semana

    revolta-hq-da-semana-3

    Notí­cias sobre cor­rupção no gov­er­no não são nen­hu­ma grande novi­dade e estão cada vez mais pre­sentes no nos­so cotid­i­ano. É difí­cil não mostrar cer­ta indig­nação a respeito do assun­to em con­ver­sas com nos­sos con­heci­dos e ami­gos, fican­do a dis­cussão ain­da mais acalo­ra­da em bares, onde o efeito do álcool se une ao forte sen­ti­men­to de indig­nação. Quem aqui nun­ca pen­sou que talvez seria mais fácil se alguém colo­casse uma bala na cabeça dess­es políti­cos cor­rup­tos para resolver de vez a situação?

    É jus­ta­mente a notí­cia de uma pes­soa que resolveu tomar esta ati­tude, que cin­co ami­gos escu­tam na tele­visão enquan­to estão beben­do no bar, con­ver­san­do sobre suas revoltas com a situ­ação políti­ca do país. Na saí­da, eles acabam esbar­ran­do com esse mas­cara­do assas­si­no e a vida de todos atrav­es­sa uma pro­fun­da trans­for­mação. Assim começa “Revol­ta!”, uma HQ rote­i­riza­da e desen­ha­da pelo curitibano André Cal­i­man, pub­li­ca­da men­salmente, des­de out­ubro de 2012, em seu blog ofi­cial.

    revolta-hq-da-semana-2O pro­je­to ini­ciou antes das primeiras passeatas do país, quan­do ain­da paira­va no ar um cli­ma descon­fortáv­el de cal­maria. Na época, André (que é tam­bém escritor, ilustrador, car­i­ca­tur­ista e pro­fes­sor), que­ria faz­er algo mais autoral, que fos­se rel­e­vante e falasse sobre o momen­to atu­al brasileiro. Quan­do começou a pub­licar a história na inter­net, viu que ela pode­ria tomar pro­porções bem maiores e que tam­bém havia uma cer­ta urgên­cia para pub­licá-la, pois a real­i­dade esta­va se mostran­do coer­ente com suas ideias. Assim, decid­iu finan­ciar cole­ti­va­mente o seu tra­bal­ho, através do Catarse, para trans­for­má-lo em um livro, con­seguin­do inclu­sive atin­gir um val­or maior do que sua meta ini­cial em out­ubro de 2013.

    Além da arte muito bem tra­bal­ha­da, fei­ta inteira­mente a mão com nan­quim, a história é o grande destaque des­ta HQ. Com per­son­agens bem com­plex­os, não há aque­la divisão sim­plista de bom/mau e, por con­ta de várias revi­ra­voltas e sur­pre­sas, o enre­do prende o leitor de uma for­ma alu­ci­nante entre seus capí­tu­los. É aque­le tipo de leitu­ra que uma vez que você ini­cia, não con­segue mais parar.

    revolta-hq-da-semana-1

    Por enquan­to, a história ain­da não foi pub­li­ca­da por inteiro no blog da HQ, mas já está final­iza­da e em breve os apoiadores do pro­je­to no Catarse dev­erão rece­bê-la em suas casas. Pos­so afir­mar que não é fácil quan­do você se depara com o avi­so “Em breve” ao chegar no últi­mo capí­tu­lo disponív­el, mas a espera por cada novo capí­tu­lo está val­en­do a pena!

    Se você ficou inter­es­sa­do em saber um pouco mais sobre o autor e a obra, con­fi­ra a entre­vista com o André Cal­i­man que o inter­ro­gAção fez.

  • Entrevista: André Caliman

    Entrevista: André Caliman

    andre-caliman-0Ini­cian­do o nos­so ciclo de entre­vis­tas com autores nacionais de Histórias em Quadrin­hos, con­ver­samos dire­ta­mente de Curiti­ba com o André Cal­i­man, que recen­te­mente teve seu pro­je­to “Revol­ta!” finan­cia­do pela platafor­ma Catarse.

    André tam­bém é escritor, ilustrador, car­i­ca­tur­ista e pro­fes­sor. Ele foi um dos cri­adores da revista Quadrin­hó­pole e tam­bém da revista Aveni­da, pos­suin­do vários de seus tra­bal­hos pub­li­ca­dos tan­to nacional­mente quan­to inter­na­cional­mente, como as HQs: “Rua”, “Fire”, “Seque­stro em Três Bura­cos” e “E.L.F”.

    Como surgiu a ideia de cri­ar “Revol­ta” e qual foi o estopim para o pro­je­to sair ape­nas do mun­do das ideias?

    Escrevi e desen­hei o primeiro capí­tu­lo em Out­ubro de 2012. A situ­ação não era a mes­ma que vive­mos ago­ra. Na ver­dade era bem o con­trário. Paira­va no ar uma cal­maria descon­fortáv­el. Pare­cia que um joga­va no out­ro a cul­pa por ninguém faz­er nada com relação aos escân­da­los de cor­rupção. Quan­tas vezes, em algu­ma dis­cussão políti­ca, eu ouvia alguém falar, não nec­es­sari­a­mente pra mim: “Ah, é?! E você, o que está fazen­do sobre isso?

    Out­ro comen­tário recor­rente era: “Quero ver quan­do chegar algum malu­co e matar ess­es ladrões!

    Nes­sa época eu que­ria faz­er um pro­je­to meu, e algo que fos­se rel­e­vante, que falasse sobre o momen­to atu­al e sobre essas pes­soas que eu encon­tra­va em bares, fac­ul­dades, etc. Imag­inei o que acon­te­ceria se as pes­soas se revoltassem. Ou ao menos, se uma pes­soa se revoltasse.

    O resto da história veio naturalmente.

    Você já pen­sa­va des­de o iní­cio em uti­lizar o crowd­fund­ing para via­bi­lizar uma ver­são impres­sa da HQ?

    Não, a ideia era sim­ples­mente escr­ev­er e desen­har e esper­ar que as pes­soas lessem. Eu não sabia muito bem no que isso ia dar. O primeiro capí­tu­lo, que retra­ta o bar que eu sem­pre fre­quen­ta­va e os ami­gos com os quais eu sem­pre esta­va, foi umas das coisas mais diver­tidas que já fiz. Quan­do a história foi toman­do cor­po e vi que seria um grande livro e pre­cisa­va ser pub­li­ca­do o quan­to antes, pois a real­i­dade se mostrou coer­ente com a ficção, o Catarse pare­ceu a mel­hor opção, me val­en­do do públi­co que já acom­pan­ha­va a HQ na internet.

    Como foi o plane­ja­men­to para cri­ar a cam­pan­ha deste seu primeiro pro­je­to de crowd­fund­ing? Onde você sen­tiu, ou sente, mais dificuldade?

    Revol­ta!” é uma HQ mais mar­gin­al, vio­len­ta, trans­gres­so­ra. E quan­do colo­quei ela no Catarse, me deparei com uma supos­ta obri­gação de torná-la com­er­cial, um pro­du­to que pre­cisa­va ser com­pra­do. E o desafio foi faz­er isso sem descar­ac­teri­zar a obra e sua intenção provoca­ti­va. Acho que deu certo.

    andre-caliman-3
    André tra­bal­han­do na HQ “Revol­ta!”

    Há vários pro­je­tos de HQs que con­seguiram ser via­bi­liza­dos graças a essa nova dinâmi­ca, para citar ape­nas alguns: “GNUT”, “RYOTIRAS OMNIBUS” e recen­te­mente o livro “Ícones dos Quadrin­hos”. Você acred­i­ta que o mod­e­lo de crowd­fund­ing pode ser, ou já está sendo, uma grande rev­olução no cenário nacional dos quadrinhos?

    Acho que sim, pois há muito tem­po são os próprios autores de quadrin­hos que fazem o mer­ca­do nacional. As edi­toras tem uma mis­te­riosa difi­cul­dade para apos­tar em coisas novas e autores novos. Então o Catarse vem como uma fer­ra­men­ta para tirar essa difi­cul­dade que os autores tem de atin­gir o seu públi­co e vender seu pro­du­to diretamente.

    Por que você decid­iu lançar a HQ gra­tuita­mente na inter­net? Você acred­i­ta que isto pode ter um impacto neg­a­ti­vo numa futu­ra ven­da da ver­são impres­sa de algum pro­je­to deste tipo?

    Acho que não. Pre­tendo man­ter o públi­co que começou a ler a HQ gra­tuita­mente no blog, fazen­do-os con­hecer mais do mate­r­i­al e eternizá-lo em suas prateleiras com o livro impres­so. Fora que essa incia­ti­va de pub­licar gra­tuita­mente tam­bém teve um intu­ito de atin­gir um públi­co mais amp­lo, que não está acos­tu­ma­do e com­prar quadrin­hos. Mes­mo porque, antes dis­so, pre­cisa saber que exis­tem bons quadrin­hos sendo feitos.

    andre-caliman-revolta

    Você já tra­bal­hou rote­i­rizan­do e desen­han­do (“FIRE” e “Aveni­da”), somente desen­han­do (“E.L.F.” e “Seque­stro em Três Bura­cos”) e recen­te­mente par­ticipou em um pro­je­to que ape­nas rote­i­ri­zou.  Qual você mais gos­ta de faz­er? Como foi tra­bal­har só escrevendo?

    Eu gos­to cada vez mais de escr­ev­er. E a atu­al­i­dade está me dan­do muitas ideias que quero abor­dar. Não con­si­go mais me sat­is­faz­er desen­han­do roteiros de out­ras pes­soas que falam de per­son­agens que já não exis­tem há cem anos.

    E, para mim, a úni­ca for­ma de ser um quadrin­ista com­ple­to é escr­ev­er e desen­har histórias próprias. Recen­te­mente eu escrevi um roteiro que foi desen­hado por uma quadrin­ista super tal­en­tosa daqui de Curiti­ba, a Mari­na Tye­mi, e gostei da experiência.

    Mas como disse, não é um tra­bal­ho autoral completo.

    Você tam­bém já pos­sui tra­bal­hos pub­li­ca­dos no exte­ri­or (“E.L.F.” e “Fire”), como foi essa experiência?

    Antes ain­da de me for­mar, come­cei a desen­har a série E.L.F. escri­ta pelo Jason Avery. Antes dis­so, eu havia feito ape­nas revis­tas inde­pen­dentes, então foi um momen­to de profis­sion­al­iza­ção do meu tra­bal­ho. Tin­ha mui­ta pre­ocu­pação com o resul­ta­do, e isso me fez crescer muito, pen­san­do novas for­mas de resolver meu desenho.

    Tam­bém foi muito bom ser bem remu­ner­a­do e pub­li­ca­do lá fora. É um mer­ca­do para o qual eu quero voltar, mas com pro­je­tos próprios.

    andre-caliman-1

    Falan­do em pub­licar no exte­ri­or, há planos de no futuro sair uma ver­são em inglês de Revolta?

    Sim. Mas antes pre­ciso pub­licar aqui. A história per­tence a este país e esse é o momen­to de ser pub­li­ca­da aqui. Mas num pas­so seguinte, com certeza.

    Acho que o tema da Revol­ta é uni­ver­sal. E os con­fli­tos dos per­son­agens da HQ com certeza são recon­hecíveis em qual­quer parte do mun­do. E isso fica prova­do com algu­mas críti­cas que rece­bo no blog onde a HQ é pub­li­ca­da. As pes­soas sem­pre criti­cam aqui­lo que as aflige, que as provo­ca. E na min­ha opinião, é isso que uma boa história deve causar nas pessoas.

    Quais são os autores e artis­tas que exercem algum tipo de influên­cia no seu trabalho?

    Muitos, mas eu pode­ria citar alguns: Hugo Pratt, Flavio Col­in, Vic­tor de La Fuente, Dino Battaglia, Lourenço Mutarelli.

    Se você pen­sar na sua tra­jetória até ago­ra no mun­do dos quadrin­hos, hou­ve algo especí­fi­co que te deixou extrema­mente revoltado?

    Algo óbvio: As edi­toras nacionais se empen­harem tan­to em repub­licar mate­r­i­al estrangeiro e não faz­erem muito esforço para apos­tar em algo feito aqui, muitas vezes com uma qual­i­dade maior.

    Inclu­sive autores brasileiros que estão acos­tu­ma­dos a pub­licar por edi­toras estrangeiras, que pos­suem tra­bal­hos autorais supe­ri­ores ao que fazem lá fora, encon­tram difi­cul­dade em achar espaço com as edi­toras daqui.

    Acho que a ati­tude a ser toma­da pelas edi­toras é: Apos­tar em coisas novas e inter­es­santes. Os autores já estão fazen­do isso, e se elas não os acom­pan­harem, vão ser deix­adas cada vez mais de lado.

    Na maio­r­ia das vezes que te vi desen­han­do Revol­ta, você esta­va com fone de ouvi­do. Que tipo de músi­ca você cos­tu­ma escu­tar para desenhar?

    Na maio­r­ia das vezes ouço palestras filosó­fi­cas. Hahaha

    Ouço todo tipo de música.

    Anal­isan­do o cenário atu­al de HQs, tan­to nacional­mente quan­to inter­na­cional­mente, quais são os quadrin­istas que mais estão chaman­do a sua atenção?

    Gipi, Sean Mur­phy, Dani­lo Beyruth, Cyril Pedrosa, Guazzel­li, Craig Thompson.

    Muito se dis­cute sobre os novos jeitos de se cri­ar quadrin­hos na web, adi­cio­nan­do ani­mações, inter­a­tivi­dade e até real­i­dade aumen­ta­da. Como você vê isso? Acred­i­ta que ain­da pos­sam ser chama­dos de quadrin­hos ou é out­ra coisa? Tem algu­ma dessas novas pos­si­bil­i­dades que você gostaria de explorar?

    Quan­do você muda de for­ma­to, é nat­ur­al que per­ca alguns ele­men­tos e gan­he out­ros. Acho que essas pos­si­bil­i­dades tem que ser bem aproveitadas. E se chegarem ao pon­to de se tornarem out­ra coisa que não quadrin­hos, óti­mo. Os quadrin­hos vão con­tin­uar do jeito que são.

    Não pen­so em nada do tipo ago­ra, mas é uma possibilidade.

    andre-caliman-2

    Na maio­r­ia de seus quadrin­hos você sem­pre aparece de algu­ma for­ma, as vezes você mes­mo é o per­son­agem prin­ci­pal das histórias e em out­ras as vezes aparece disc­re­ta­mente ape­nas em um desen­ho. Essa aparição é algo esti­lo Hitch­cock ou tem algum sig­nifi­ca­do específico?

    É inevitáv­el. Em todos os per­son­agens há um pouco de mim e quan­do eu retra­to a mim mes­mo, tem um pouco de out­ras pes­soas ali. E isso acon­tece porque gos­to de humanizar bas­tante meus per­son­agens, torná-los recon­hecíveis. A min­ha mel­hor ref­er­en­cia sou eu mes­mo e as pes­soas ao meu redor.

    No Revol­ta, além de você como refer­ên­cia para o “Ani­mal”, há tam­bém há seus ami­gos como inspi­ração para o visu­al dos per­son­agens. Até onde eles se mis­tu­ram com a realidade?

    No começo da HQ, eu que­ria que os per­son­agens fos­sem eles mes­mos, inteira­mente. Mas con­forme a história foi avançan­do, os per­son­agens foram se definin­do den­tro da tra­ma de for­mas difer­entes. E me dei a liber­dade de dar autono­mia aos per­son­agens, desvin­cu­lan­do-os em parte das pes­soas que os inspi­raram. Mes­mo assim, ain­da ago­ra quan­do vou desen­har os gestos dos per­son­agens ou colo­car uma fala nos balões, pen­so nos meus ami­gos que servi­ram de mod­e­lo. Isso enriquece e human­iza muito cada um dos personagens.

    Alguém já reclam­ou por ter se vis­to desen­hado em algum dos quadros da HQ?

    Não, todo mun­do gos­ta. (até agora)

    Você acha que é pos­sív­el a ideia prin­ci­pal do Revol­ta sair do papel e se trans­for­mar em realidade?

    Foi uma sen­sação estran­ha quan­do, em Jun­ho, eu vi na tele­visão as man­i­fes­tações no Brasil todo. Foi quase como se a HQ estivesse se tor­nan­do real­i­dade, pois esse era o cam­in­ho para o qual eu esta­va dire­cio­nan­do a trama.

    Quan­do eu par­ticipei das man­i­fes­tações, vi e sen­ti o que esta­va acon­te­cen­do, sabia que eu dev­e­ria aprox­i­mar ain­da mais a HQ da real­i­dade. Se antes eu havia inva­di­do as ruas, colan­do pági­nas nas pare­des, ago­ra as ruas pare­ci­am estar entran­do na HQ. As pes­soas que eu desen­ha­va gri­tan­do ago­ra gri­tavam de ver­dade. E eu deix­ei que elas entrassem de vol­ta nos quadrin­hos. E tudo fez muito mais sentido.

    Ain­da assim, é uma peça de ficção, e o que eu vi se tornar real­i­dade foi o cli­ma da HQ, a intenção de gri­tar, falar, se revoltar, recla­mar. E não se pre­ocu­par se tem um ban­do de gente dizen­do que tudo não pas­sa de uma ingenuidade, porque querem pare­cer cul­tas e con­tro­ladas, quan­do no fun­do o que querem é estar ali gri­tan­do jun­to, mes­mo na chu­va e depois de um dia de tra­bal­ho duro.

    andre-caliman-revolta-2
    Tre­cho da HQ “Revol­ta!”

    Vários quadros do Revol­ta são bas­tante cin­e­matográ­fi­cos, as vezes é quase pos­sív­el escu­tar o que está acon­te­cen­do em cada um deles. Isso me fez ficar imag­i­nan­do que tipo de tril­ha sono­ra a HQ teria. Qual seria a sua indi­cação de track­list per­fei­ta para escu­tar enquan­to se lê Revolta?

    Acho que de tudo um pouco, não con­si­go pen­sar em uma tril­ha especí­fi­ca. Mas pos­so diz­er que eu colo­caria algu­mas coisas épi­cas para os capí­tu­los que ain­da estão por vir.

    Quais fer­ra­men­tas físi­cas e vir­tu­ais você uti­liza para desen­har este projeto?

    Eu desen­ho tudo com pena e nan­quim em papel A3. Depois faço um trata­men­to no pho­to­shop e colo­co as letras. Gos­to de man­ter a sim­pli­ci­dade que os quadrin­hos permitem.

    andre-caliman-4

    Muito legal a sua ideia de colar algu­mas pági­nas pela cidade, como está sendo o retorno des­ta ini­cia­ti­va? Já pen­sou em colar eles em algum lugar bem inusi­ta­do mas ain­da não teve coragem?

    O retorno é muito bom. As pes­soas me man­dam e‑mails, comen­tam, mas a maior parte do retorno é silen­cioso. Eu gos­to de pen­sar que as pes­soas olham a pági­na cola­da em algum lugar, gostam ou des­gostam e voltam à sua vida normal.

    Eu sem­pre pen­so em colar onde as pes­soas pos­sam ler. Pon­tos de ônibus, pare­des de bares, fac­ul­dades. Eu faço isso ape­nas para as pes­soas lerem, e não para provo­car os donos de estabelecimentos.

    Mas eu gostaria de colar den­tro dos ônibus ou den­tro da prefeitura.

    Você já tem ideia no que quer tra­bal­har depois deste projeto?

    Primeiro eu vou tirar férias (cur­tas). Mas já tem alguns pro­je­tos quase acaba­dos que vão sair logo em segui­da do Revolta!

    Depois pre­tendo enveredar por quadrin­hos jor­nalís­ti­cos por um tempo.

    Mas tudo isso só depois de pub­licar o livro do Revol­ta!, que é a min­ha prioridade.

    andre-caliman-revolta-3

    Para finalizar a entre­vista: o sen­ti­men­to de revol­ta pode ser um grande catal­isador, o que te move a desenhar?

    Quan­do eu come­cei a ler, quadrin­hos e livros (lá na ado­lescên­cia), me sur­preen­di com a pos­si­bil­i­dade de con­hecer novas ideias e prin­ci­pal­mente pen­sar sobre elas, seja con­cor­dan­do ou dis­cor­dan­do. É isso que eu bus­co ago­ra como autor, abor­dar ideias, de várias for­mas. E com isso, sacio a min­ha neces­si­dade de me expressar.

    E o que me man­têm escreven­do e desen­han­do é ver que as pes­soas estão lendo.

    Por isso, agradeço a todos que acom­pan­ham o blog e que con­tribuíram no Catarse. O livro da “Revol­ta!” vai exi­s­tir graças a vocês.

    Obri­ga­do.

  • Dique (2012), de Adalberto Oliveira

    Dique (2012), de Adalberto Oliveira

    dique-cartazFazia cer­to tem­po que não me impres­sion­a­va com o cin­e­ma inde­pen­dente no Brasil. Esta­va acom­pan­han­do muitos filmes que não me tocavam, mas, ao artic­u­lar a curado­ria da Mostra “Panora­ma Per­nam­bu­co” (jun­to com os cineas­tas Jucélio Matos e Már­cio Farias) — exibi­da em Teresina-PI/2012 — algo inusi­ta­do acon­te­ceu, pois den­tro do pacote com belos filmes real­iza­dos naque­las ter­ras, surge com sur­pre­sa: Dique (um filme de Adal­ber­to Oliveira).

    Dique já par­ticipou de mais de vinte Fes­ti­vais pelo Brasil e pelo mun­do (dez inter­na­cionais), desta­can­do o 1° Fes­ti­val de Cine Lati­noamer­i­cano Inde­pen­di­ente de Bahía Blan­ca, 34º Fes­ti­val Inter­na­cional del Nue­vo Cine Lati­noamer­i­cano — Sec­ción Para­lela VANGUARDIAS, 2ª Mues­tra Inter­na­cional de Cine Inde­pen­di­ente, em Osorno no Chile e o 18° Festvídeo — Fes­ti­val de Vídeo de Teresina, onde tive o praz­er de par­tic­i­par da comis­são jul­gado­ra, em que foi pos­sív­el tornar o vídeo (em votação unân­ime) vence­dor do even­to na cat­e­go­ria Exper­i­men­tal, jun­to com out­ro tra­bal­ho de Adal­ber­to (Case). Ah, sem falar dos out­ros prêmios (mais de dez até o momen­to) con­quis­ta­dos por aí.

    Com direção, desen­ho sonoro e fotografia de Adal­ber­to Oliveira, cap­tação com hidro­fone de Thel­mo Cristo­vam, mix­agem e final­iza­ção de Adel­mo Tenório, pro­dução de Már­cio Farias e assistên­cia de pro­dução de Nico­las Oliveira, Dique é vídeo que prob­lema­ti­za o ato de ver e sen­tir. Tudo começa com a tela escu­ra, exa­lan­do um estran­ho ruí­do… o que nos pos­si­bili­ta artic­u­lar audição e pele, pois a nar­ra­ti­va abre espaço para explo­rar out­ros sen­ti­dos, além dos olhos e ouvi­dos. O que antes é um breve estran­hamen­to, tor­na-se (em segun­dos), imer­são completa.

    Somos lança­dos numa pais­agem dura, con­trastante, onde as pedras de Casa Caia­da dom­i­nam a cena. Aqui pos­so visu­alizar um exer­cí­cio paciente na bus­ca pelo supos­to equi­líbrio entre a crueza das pedras que demar­cam o litoral, com suas lin­has tor­tu­osas, atrav­es­sadas pela dis­per­são e des­en­con­tro das for­mas, fric­cio­nan­do a suavi­dade celeste de um céu que me remete às pince­ladas impres­sion­istas, em trân­si­to com os pré­dios que ras­gam o teto azul (ondas dis­tantes rev­e­lam a água como ele­men­to purificador).

    Entre a leveza e a crueza.
    Entre a lev­eza e a crueza.

    O som des­do­bra-se nas ima­gens em sequên­cia. Adal­ber­to vira-se con­tra a pais­agem ante­ri­or e olha deti­da­mente para as ondas — estas sel­vagens ao nos­so olhar – que acari­ci­am as pedras, vis­tas como home­ns solitários.
    Cortes rápi­dos inserem novos ele­men­tos à pais­agem sono­ra de Dique, ago­ra com nuvens pesadas ao fun­do e aves tími­das, sus­ten­ta­dos pela frieza dos pré­dios de uma cidade que aparenta uma leve sonolên­cia, com home­ns escon­di­dos no alto de seus andares, habi­tan­do no coração do dis­tan­ci­a­men­to, as sobras orgâni­cas que moram ali.

    Estaria Adal­ber­to esta­b­ele­cen­do um canal de comu­ni­cação entre o orgâni­co e o inorgâni­co? Estari­am os caranguei­jos con­spir­an­do con­tra nós? Somos Home­ns-caranguei­jos ou Caranguei­jos-home­ns? A beira de Casa Caia­da fica mais escu­ra, o som abafa, pequenos crustáceos em mobi­liza­ção micro.

    Carangueijos-bailarinos.
    Caranguei­jos-bailar­i­nos.

    Mais uma vez o ele­men­to-água entra no filme: a chu­va. Ela atua como agente de limpeza e reor­de­na­men­to da pais­agem, que, ao cumprir seu papel, alivia as ten­sões e suaviza os ouvi­dos, através dos choques entre água-pedra. Preparação para out­ros exercícios.

    Rad­i­cal­mente, somos sur­preen­di­dos com caranguei­jos gigantes, no alto de seu Império, tor­nan­do os home­ns, coisas peque­nas, sem foco, igno­rantes de um mun­do para­le­lo que existe bem a sua frente, a um pas­so do balé som­brio, cor­tante, assus­ta­dor. A água invade a areia, todos desaparecem…

    Pré­dios enfileira­dos dom­i­nam a cena, abrindo espaço para o deslo­ca­men­to do olhar-Natureza para o olhar-Homem. Esta con­tradição é inter­mináv­el, cícli­ca, que faz do Homem um ser que nega àquela, mas ao mes­mo tem­po, depende dos seus recur­sos para afir­mar sua separação.

    O olho do cineas­ta con­tem­pla a cidade num exer­cí­cio remete aos capí­tu­los não lin­ear­es de “Can­to de Aves Pam­peanas 1”, do argenti­no Nicolás Testoni, artic­u­lan­do uma von­tade con­jun­ta em expres­sar a pais­agem – não-imo­bilista – como estru­tu­ra que se move para frente, redefinin­do o mosaico de impressões que nos­sos olhos procu­ram detec­tar na con­fusa mis­tu­ra de ele­men­tos de uma cidade que bro­ta, e nasce toda tor­ta… cam­baleante, cheia de cores, ten­sion­adas entre árvores sobre­viventes do impe­ri­al­is­mo urbano.

    Dique joga com con­trastes, rein­ven­ta as pais­agens e reforça sua inqui­etação con­stante — den­tro da min­ha leitu­ra pico­ta­da — Somos Home­ns-caranguei­jos ou Carangueijos-homens?

    Homens-Carangueijos?
    Home­ns-Caranguei­jos?

    O Sol vai cain­do, jun­to com a sobera­nia do Crustáceo-Rei. Der­ro­ta­do pelo tem­po (ali­a­do do silên­cio) inva­sor de cor­pos e car­caças, ele abre cam­in­ho para o lambe-lambe ger­al das moscas, dançan­do em cima das patas que implo­ram pelo últi­mo movimento.

    A noite dom­i­na. Lá longe, as ondas estão indifer­entes ao olho de Adal­ber­to, pois já estão acos­tu­madas com a sua estran­ha pre­sença, que antes era incô­mo­da, mas ago­ra, — pen­sam as ondas — “não podemos faz­er nada, pois não sabe­mos até que pon­to ele quer nos con­sumir”. E assim elas seguem som­brias, rudes, sel­vagens, tra­bal­hado­ras do mar.

    Dique final­iza sua tra­jetória escon­di­do nas pedras de Casa Caia­da, obser­van­do explosões aéreas arti­fi­ci­ais, bus­can­do enten­der as relações entre as duas pais­agens em diál­o­go con­stante: o Homem e a Natureza. Até que pon­to esta­mos hib­ridiza­dos? Até que pon­to exis­tem fron­teiras entre nos­sas patas e suas mãos? Um estu­do sobre as mudanças, o olhar que prob­lema­ti­za os dis­tan­ci­a­men­tos, um poe­ma visu­al que descon­strói nos­sas zonas de conforto.

    Uma certeza: o filme mais impor­tante que assisti em toda cam­in­ha­da real­iza­da até o momen­to nas min­has leituras do cur­ta-metragem brasileiro. Lá em Per­nam­bu­co, o cin­e­ma inde­pen­dente está fervil­han­do de Home­ns e Mul­heres que fazem um serviço sério. Tomem nota! Não adi­anta Adal­ber­to, seu filme saiu de Olin­da para con­quis­tar os olhos do mundo.

    Para mais infor­mações, visi­ta o blog ofi­cial do filme.

    Veja o trail­er abaixo:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=c1NCfN5BMK8

  • Companhia das Letras lança quatro novos selos

    Companhia das Letras lança quatro novos selos

    O mun­do livreiro — aqui inclui des­de livrarias, bib­liote­cas e claro, o mer­ca­do edi­to­r­i­al — vive a incerteza sobre o futuro do livro. Aqui no Brasil, o alarde não é de grandes pro­porções porque somente há pouco tem­po começamos um proces­so de democ­ra­ti­za­ção do livro com um cres­cente número de livrarias e edi­toras expandin­do suas alternativas.

    A Com­pan­hia das Letras, uma das maiores edi­toras do país, atua há 25 anos no mer­ca­do edi­to­r­i­al e há pouco menos de um ano anun­ciou sua junção com a famosa edi­to­ra ingle­sa Pen­guin, lança nesse ano mais qua­tro selos para dar con­ta do cres­cente mer­ca­do de livros que o Brasil vem apre­sen­tan­do. Mostran­do que o mer­ca­do está em pleno vig­or, seja no impres­so ou na con­strução da pop­u­lar­iza­ção do e‑book, o anún­cio de novos selos sem­pre deixa os leitores em polvorosa.

    O selo Para­lela vem para suprir um mer­ca­do cres­cente com best-sell­ers de ficção e não-ficção procu­ra­dos e de boa qual­i­dade. As tira­gens serão supe­ri­ores do que as nor­mais da edi­to­ra e serão lança­dos até dois títu­los por mês, começan­do já nesse mês de abril com o romance poli­cial Scar­pet­ta da escrito­ra Patri­cia Corn­well, e O sinal, livro sobre o San­to Sudário e a origem do Cristianismo.

    Os selos Seguinte e Boa Com­pan­hia serão mais volta­dos ao públi­co jovem, lançan­do até 12 títu­los por ano. O primeiro vai abranger o catál­o­go do selo Cia das Letras, onde famoso escritor Lemo­ny Snick­et (Desven­turas em Série), por exem­p­lo, é um dos nomes que pode ilus­trar o catál­o­go do Seguinte. Já a Boa Com­pan­hia vai edi­tar antolo­gias de clás­si­cos brasileiros para for­t­ale­cer a for­mação de leitores.

    E em 2013 a edi­to­ra pas­sa a edi­tar livros pelo selo Port­fo­lio Pen­guin, com cer­ca de 10 títu­los anu­ais, volta­do para o seg­men­to de mar­ket­ing, negó­cios e empreende­doris­mo em ger­al, com suas óti­mas traduções.

    A Com­pan­hia das Letras afir­ma que com o surg­i­men­to de novos e pequenos selos a edi­to­ra pas­sa a viv­er um novo momen­to de maior alcance de leitores, geran­do uma deman­da maior e com mais seg­men­tos. Torce­mos que sim!

  • Venda antecipada para “Os Vingadores” em 3D na UCI

    Venda antecipada para “Os Vingadores” em 3D na UCI

    A rede UCI deu iní­cio à ven­da ante­ci­pa­da dos ingres­sos para Os Vin­gadores, que estreia nos cin­e­mas de todo o país no dia 27 de abril. Os espec­ta­dores, amantes das histórias de super heróis, podem garan­tir uma poltrona para assi­s­tir ao mis­to de ação, aven­tu­ra e ficção na luta de uma equipe paci­fi­cado­ra para sal­var o planeta.

    Ao com­prar o ingres­so ante­ci­pada­mente, o cliente gan­hará um pôster com um dos per­son­agens do filme. São qua­tro opções para cole­cionar. A pro­moção é vál­i­da para as com­pras real­izadas na bil­hete­ria dos cin­e­mas UCI Estação e UCI Pal­la­di­um, ou nos ter­mi­nais de auto-atendimento.

    Os Vin­gadores, que cus­tou à indús­tria cin­e­matográ­fi­ca aprox­i­mada­mente US$ 150 mill­hões, é o primeiro filme da Mar­vel dis­tribuí­do pela Walt Dis­ney Pic­tures. O dire­tor de uma agên­cia inter­na­cional de paci­fi­cação (con­heci­da como Shield), Nick Fury se vê à frente da mis­são de recru­tar uma equipe capaz de livrar o plan­e­ta das ameaças de um inimi­go que prom­ete acabar com a segu­rança e a tran­quil­i­dade do mundo.

    Os ingres­sos de Os Vin­gadores estarão à ven­da nas bil­hete­rias dos cin­e­mas e no site www.ingresso.com.br. Para mais infor­mações sobre o filme e out­ras pro­gra­mações da UCI, acesse www.ucicinemas.com.br e www.ucicinemas.com.br/redes+sociais.

    Serviço:
    UCI Cin­e­mas Estação
    Endereço: Aveni­da Sete de Setem­bro, 2775 – Shop­ping Estação
    Atendi­men­to eletrôni­co: (41) 3595–5599
    UCI Cin­e­mas Palladium
    Endereço: Rua Pres­i­dente Kennedy, 4121, piso L3 – Pal­la­di­um Shop­ping Center
    Atendi­men­to eletrôni­co: (41) 3208–3344

  • Handmade

    Handmade

    Depois de assi­s­tir o cur­ta aí embaixo, diga aí, não parece tra­bal­ho de caras como o Michel Gondry, Spike Jonze e afins? Mas Hand­made (2008) é brasileiro e resul­ta­do do primeiro tra­bal­ho-não-com­er­cial de Denis Kamio­ka, ou mais con­heci­do como Cis­ma. O cur­ta é cheio de metá­foras del­i­cadas com boas dos­es de cria­tivi­dade, sen­si­bil­i­dade e toques de surrealismo. 

    O ciclo de vida de um rela­ciona­men­to, o encan­ta­men­to do íni­cio e as divergên­cias que vão ali­men­tan­do o fim de um casal mon­tam o enre­do de Hand­made, que é reple­to de min­u­ciosas ima­gens. O casal é inter­pre­ta­do por Luisa Love­foxxx (vocal­ista da ban­da Can­sei de ser Sexy) e Dan Nak­a­gawa (que tam­bém é cantor). 

    A direção de arte e a pós pro­dução são dois belos trun­fos de Hand­made, que segun­do Cis­ma era um tra­bal­ho que dev­e­ria ser total­mente o opos­to dos cos­tumeiros com­er­ci­ais que pro­duzia. O esti­lo viria a ser recon­heci­do nos próx­i­mos tra­bal­hos dele que con­tin­uar­i­am a usar metá­foras e surrealismo.

    Acom­pan­he mais tra­bal­hos do artista que merece atenção aqui.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=30Z1dPfYRZ0

  • Estreia de “Splice — A nova espécie” foi antecipada

    Estreia de “Splice — A nova espécie” foi antecipada

    A estreia de Splice — A nova espé­cie foi ante­ci­pa­da para o dia 14 de janeiro, o filme estreia no Brasil com 30 cópias.

    Sinopse: Clive e Elsa são dois bril­hantes cien­tis­tas espe­cial­iza­dos na com­bi­nação de DNA e se dedicam a cri­ar espé­cies híbri­das de ani­mais para um lab­o­ratório far­ma­cêu­ti­co. Depois do suces­so de seu ulti­mo exper­i­men­to, deci­dem em seg­re­do dar um pas­so mais adi­ante e usar DNA humano para a cri­ação de um novo ser que os ajude a rev­olu­cionar a med­i­c­i­na mod­er­na. Mas a espé­cie resul­tante é muito mais que uma nova escala na árvore evo­lu­ti­va: uma sur­preen­dente criatu­ra que excede seus son­hos mais ambiciosos.

    Splice — A nova espé­cie é dirigi­do por Vin­cen­zo Natali (de O Cubo), estre­la­do pelo vence­dor do Oscar Adrien Brody e Sarah Polley.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=UKjHodkE_yw

  • Crítica: Cabeça a Prêmio

    Crítica: Cabeça a Prêmio

    Cabeça a Prêmio (Brasil, 2010), estréia do dire­tor Mar­co Ric­ca, basea­do em livro homôn­i­mo de Marçal Aquino, é um filme nacional que ape­sar de ter um enre­do mis­tu­ran­do dra­ma e poli­cial, com ele­men­tos já bem con­heci­dos, con­segue ousar e apre­sen­tar um resul­ta­do muito pouco convencional.

    Miro (Ful­vio Ste­fani­ni) é um poderoso cri­ador de gado, que tam­bém faz para­le­la­mente out­ros “negó­cios” jun­to com seu irmão Abílio (Otávio Müller). Para isso eles usam o pilo­to de aluguel Denis (Daniel Hendler), que tem um caso com a fil­ha de Miro, Elaine (Alice Bra­ga), e faz o trans­porte de mer­cado­rias pela fron­teira do país. Tam­bém há mais dois capan­gas, Albano (Cás­sio Gabus Mendes) e Brito (Eduar­do Mosco­vis), respon­sáveis por man­ter a ordem e servirem de guardas costas. Resu­min­do: uma peque­na família de mafiosos nacional.

    Cabeça a Prêmio prati­ca­mente não faz uso de tril­ha sono­ra, só em pou­cas tomadas de pais­agem e de con­tem­plação de algum per­son­agem tam­bém com a pais­agem, sendo bas­tante “cru” na exibição dos acon­tec­i­men­tos, geran­do uma con­tem­plação maior aos even­tos ocor­ri­dos. Acred­i­to até que ele pode­ria ter dis­pen­sa­do toda tril­ha sono­ra, pois quan­do ela se faz pre­sente aca­ba destoan­do com com cli­ma do filme em ger­al. As pais­agens gan­ham um destaque espe­cial no lon­ga, não só pela beleza com que foram fil­madas, mas pelo sig­nifi­ca­do que gan­ham com o silên­cio e vazio que o filme propõe.

    Sem flash­backs ou qual­quer tipo de recur­so para ten­tar explicar as moti­vações de cada per­son­agem, somos lit­eral­mente joga­do em situ­ações para, cada um, ten­tar encaixar por si mes­mo as peças do que­bra cabeça ao qual somos apre­sen­ta­dos. Infe­liz­mente o uso exces­si­vo des­ta téc­ni­ca em Cabeça a Prêmio acabou geran­do uma fal­ta de conexão com o enre­do em ger­al, resul­tan­do em um sen­ti­men­to de que muito está acon­te­cen­do, mas ao mes­mo tem­po nada real­mente se desenvolve.

    A riqueza e a ganân­cia, são mostradas lit­eral­mente com todo seu peso, amar­gu­ra e indifer­ença em relação a vida. Tudo é ape­nas um negó­cio, que na ver­dade nun­ca sabe­mos qual real­mente é, e as pes­soas são sim­ples­mente empre­ga­dos, ten­tan­do pis­ar em cima do out­ro a qual­quer opor­tu­nidade. Todos ess­es ele­men­tos são extrema­mente claros em Cabeça a Prêmio não por serem desta­ca­dos ao exces­so na tela, mas por pos­suírem uma sutileza muito marcante.

    Mes­mo Cabeça a Prêmio sendo uma pro­dução muito boa, com ele­men­tos não muito con­ven­cionais, o filme em ger­al parece que lit­eral­mente não acon­tece, no sen­ti­do de não agradar e cati­var, e tem pou­cas chances de con­seguí-lo em relação ao públi­co. Isso inclui tan­to os que bus­cam o mais con­ven­cional quan­to aos que querem coisas mais diferentes.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=GlAKBqKloKs

  • Crítica: O Bem Amado

    Crítica: O Bem Amado

    o bem amado

    Basea­do na telen­ov­ela de suces­so da déca­da de 70, O Bem Ama­do (Brasil, 2010), dirigi­do por Guel Arraes, é uma das adap­tações nacionais mais aguardadas do ano para as telas do cinema.

    Na fic­tí­cia Sucu­pi­ra, o recém-eleito prefeito Odori­co Paraguaçu (Mar­co Nani­ni) tem como prin­ci­pal meta políti­ca con­stru­ir um cemitério para a cidade, mas não pode inau­gurá-lo até con­seguir um fale­ci­do. O tem­po vai pas­san­do e as coisas vão começan­do a com­plicar para ele, prin­ci­pal­mente dev­i­do a forte oposição que vai crescen­do. Afim de sal­var seu manda­to, está dis­pos­to a faz­er tudo que for preciso.

    O Bem Ama­do está sendo bas­tante comen­ta­do por ter sido lança­do jus­ta­mente em um ano de eleições. Afi­nal, nada mel­hor do que uma comé­dia, por ser bas­tante acessív­el e leve, para estim­u­lar o olhar críti­co em relação aos políti­cos. Infe­liz­mente o filme não traz nada de novo à reflexão sobre o assun­to, tudo que ele abor­da já foi vis­to e revis­to mil­hões de vezes, servi­do ago­ra mais ape­nas como algo para se dar risada.

    Algu­mas tomadas do lon­ga são bem engraçadas, como as diva­gações de Odori­co a respeito da inau­gu­ração do “faraôni­co” cemitério, mas as piadas em ger­al são as já bati­das em tan­tos pro­gra­mas de humor tele­vi­sivos. Além dis­so O Bem Ama­do investe pesada­mente em repetições e prin­ci­pal­mente nas inter­pre­tações escan­dalosas, cheias de gri­tos, que nas primeiras vezes até gera algu­mas risadas, mas depois fica muito cansati­vo. Ape­sar dis­so, as analo­gias rela­cio­nan­do Sucu­pi­ra e o Brasil, usan­do vídeos e ima­gens históri­c­as, esti­lo mock­u­men­tary (fal­so doc­u­men­tário), con­seguem dar um rit­mo mais acel­er­a­do, tor­nan­do a exper­iên­cia menos tediosa.

    Não cheguei a acom­pan­har a telen­ov­ela, então infe­liz­mente não pude faz­er nen­hu­ma com­para­ção em relação ao lon­ga. Se você chegou a ver os dois, gostaria de saber: o que você achou da adap­tação? Foi rel­a­ti­va­mente fiel?

    Como entreten­i­men­to puro, ape­nas para dar risadas sem a mín­i­ma reflexão, O Bem Ama­do é o filme cer­to. Já para aque­les que não aguen­tam mais per­son­agens total­mente este­ri­oti­pa­dos, diál­o­gos bati­dos e situ­ações esti­lo “Zor­ra Total”, sugiro procu­rar out­ra coisa para assistir.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=ChmKFr1TQT8

  • Promoção online “Coincidências do Amor” na UCI Cinemas

    Promoção online “Coincidências do Amor” na UCI Cinemas

    A rede UCI Cin­e­mas, pre­sente nos shop­pings Estação e Pal­la­di­um, está pro­moven­do uma pro­moção online para o filme “Coin­cidên­cias do Amor”, que estre­ou na últi­ma sex­ta-feira (17), nos cin­e­mas brasileiros. Através do con­cur­so cul­tur­al, a rede pre­mi­ará a respos­ta mais cria­ti­va com um apar­el­ho Ipod Suflle. Para par­tic­i­par, bas­ta ser cadastra­do no site www.ucicinemas.com.br e respon­der a per­gun­ta de for­ma cria­ti­va: “Você acha que uma amizade pode se tornar um rela­ciona­men­to sério? Por quê?”. A pro­moção é vál­i­da até o dia 13 de out­ubro e, o resul­ta­do será divul­ga­do no dia 14 de out­ubro, a par­tir das 14h, no site do cin­e­ma.

    Os espec­ta­dores podem con­ferir nos próx­i­mos dias o filme “Coin­cidên­cias do Amor”, no UCI Estação. Para mais infor­mações e a pro­gra­mação com­ple­ta dos cin­e­mas UCI em Curiti­ba, no site da rede ou no twit­ter.

    Em “Coin­cidên­cias do Amor”, Kassie (Jen­nifer Anis­ton) é uma mul­her madu­ra e bem suce­di­da que sem­pre son­hou em ser mãe. Mas, infe­liz­mente, o homem cer­to ain­da não cru­zou o seu cam­in­ho. A vida segue até que ela, enfim, decide faz­er uma pro­dução inde­pen­dente. Seu mel­hor ami­go, Wal­ly (Jason Bate­man), é extrema­mente neuróti­co e não con­cor­da com a escol­ha de Kassie, mas por gostar demais dela opta por não atra­pal­har seus planos. Mas nem tudo nes­ta gravidez ocorre como plane­ja­do e as sur­pre­sas só estão começan­do a aparecer.

    Serviço:
    UCI Cin­e­mas Estação – Sala Dig­i­tal 3D (sala 5)
    Endereço: Aveni­da Sete de Setem­bro, 2775 – Shop­ping Estação
    Atendi­men­to eletrôni­co: (41) 3595–5599

    UCI Cin­e­mas Pal­la­di­um – Sala Dig­i­tal 3D (sala 4)
    Endereço: Rua Pres­i­dente Kennedy, 4121, piso L3 – Pal­la­di­um Shop­ping Center
    Atendi­men­to eletrôni­co: (41) 3208–3344

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=z_WWb1ma4go

  • Promoção “O Último Exorcismo” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    Promoção “O Último Exorcismo” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Para mar­car o lança­men­to de O Últi­mo Exor­cis­mo, que estreia dia 24 de setem­bro, o inter­ro­gAção, jun­ta­mente com a Espaço Z, estarão sorte­an­do 5 pares de con­vite do filme. Pro­moção vál­i­da para todo Brasil.

    A pro­moção vai até dia 9 de Out­ubro e os vence­dores serão noti­fi­ca­dos por email no dia seguinte.

    Sinopse: Quan­do o rev­eren­do Cot­ton Mar­cus chega à fazen­da de Louis Sweet­zer na Louisiana, ele espera realizar mais um exor­cis­mo de roti­na. Fun­da­men­tal­ista, Sweet­zer entrou em con­ta­to com o pre­gador, como um últi­mo recur­so, cer­to de que sua fil­ha ado­les­cente Nell está pos­suí­da por um demônio que deve ser exor­ciza­do antes que uma tragé­dia inimag­ináv­el acon­teça. Cot­ton per­mite que seu últi­mo exor­cis­mo seja fil­ma­do para a real­iza­ção de um doc­u­men­tário. Mas, ao chegar à fazen­da da família, ele se sur­preende ao perce­ber que nada se com­para ao ver­dadeiro mal que encon­tra lá. Ago­ra, tarde demais para voltar, as crenças do rev­eren­do Mar­cus ficam abal­adas até o âma­go, quan­do ele e a equipe de fil­magem pre­cisam encon­trar uma maneira de sal­var Nell e sal­varem-se tam­bém, antes que seja tarde demais.

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=fZGEJmrdH6M

  • Promoção “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    Promoção “Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    Wall Street: O dinheiro nunca dorme

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Para mar­car o lança­men­to de Wall Street: O Din­heiro Nun­ca Dorme, que estreia dia 24 de setem­bro, o inter­ro­gAção, jun­ta­mente com a Espaço Z, estarão sorte­an­do 5 pares de con­vite do filme. Pro­moção vál­i­da para todo Brasil.

    A pro­moção vai até dia 9 de Out­ubro e os vence­dores serão noti­fi­ca­dos por email no dia seguinte.

    Sinopse: Jacob “Jake” Moore (Shia LaBeouf) é um nova­to cor­re­tor da Bol­sa de Val­ores norte-amer­i­cana, que está namoran­do Win­nie (Carey Mul­li­gan), a fil­ha de Gor­don Gekko (Michael Dou­glas). Jake acred­i­ta que seu chefe, Bret­ton James (Josh Brolin), teve algu­ma lig­ação com a morte de seu men­tor. Gekko decide, então, aju­dar o jovem Jake em seus planos de vingança.

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=695gKYPs5Og

  • Promoção “Resident Evil 4: Recomeço” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    Promoção “Resident Evil 4: Recomeço” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Para mar­car o lança­men­to de Res­i­dent Evil 4: Recomeço, que estreia dia 17 de setem­bro, o inter­ro­gAção, jun­ta­mente com a Espaço Z, estarão sorte­an­do 5 pares de con­vite do filme. Pro­moção vál­i­da para todo Brasil.

    A pro­moção vai até dia 2 de Out­ubro e os vence­dores serão noti­fi­ca­dos por email no dia seguinte.

    Sinopse: Em um mun­do dev­as­ta­do por um vírus mor­tal, Alice con­tin­ua sua jor­na­da para encon­trar e pro­te­ger os poucos sobre­viventes que restaram. Lutan­do con­tra a Umbrel­la, a guer­ra se tor­na mais vio­len­ta e ela recebe aju­da ines­per­a­da de uma vel­ha amiga.
    O úni­co lugar que ain­da per­ma­ce aparente­mente seguro é Los Ange­les, até que a cidade é inva­di­da por mil­hares de zumbis que trarão ter­ror aos poucos vivos que ain­da restam, Alice está prestes a entrar em uma armadil­ha mortal.

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=slnfP3p-y0c&feature=fvst

  • Venda antecipada de ingressos para “Tropa de Elite 2” na UCI Cinemas

    Venda antecipada de ingressos para “Tropa de Elite 2” na UCI Cinemas

    tropa de elite 2

    A rede UCI Cin­e­mas abre ven­da ante­ci­pa­da, a par­tir des­ta sex­ta-feira (17), para a sequên­cia do lon­ga nacional “Tropa de Elite 2″, que estreia dia 8 de out­ubro. Tam­bém dirigi­do por José Padil­ha, “Tropa de Elite 2″ apre­sen­ta Wag­n­er Moura, como o famoso capitão Nasci­men­to; além dos atores André Ramiro, Maria Ribeiro, Mil­hem Cor­taz e Seu Jorge.

    A con­tin­u­ação de um dos filmes de maior suces­so do cin­e­ma nacional em 2007, traz o capitão Nasci­men­to, ago­ra mais vel­ho, como o secretário de Segu­rança Públi­ca, e, pai de Rafael, inter­pre­ta­do pelo jovem Pedro Van Held.

    Os clientes UCI podem com­prar ante­ci­pada­mente o seu ingres­so para “Tropa de Elite 2″, nas bil­hete­rias do UCI Estação e/ou UCI Pal­la­di­um, nos ter­mi­nais de autoa­tendi­men­to insta­l­a­do nos cin­e­mas ou no site.

    Serviço:
    UCI Cin­e­mas Estação – Sala Dig­i­tal 3D (sala 5)
    Endereço: Aveni­da Sete de Setem­bro, 2775 – Shop­ping Estação
    Atendi­men­to eletrôni­co: (41) 3595–5599

    UCI Cin­e­mas Pal­la­di­um – Sala Dig­i­tal 3D (sala 4)
    Endereço: Rua Pres­i­dente Kennedy, 4121, piso L3 – Pal­la­di­um Shop­ping Center
    Atendi­men­to eletrôni­co: (41) 3208–3344

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=gsZP9ZX3fsI

  • Crítica: B1 — Tenório em Pequim

    Crítica: B1 — Tenório em Pequim

    b1 tenorio em pequim

    Muitos doc­u­men­tários brasileiros acabam repetindo a fór­mu­la estilís­ti­ca da TV, como Globo Repórter e muitos out­ros, e se no tema pos­sui uma história de super­ação, já se colo­ca todo aque­le melo­dra­ma para enfa­ti­zar ain­da mais tudo. Feliz­mente, B1 — Tenório em Pequim (Brasil, 2010) dirigi­do por Felipe Bra­ga e Eduar­do Hunter Moura, pas­sa bem longe dessas descrições.

    Mes­mo sendo o úni­co atle­ta do mun­do a ter con­segui­do qua­tro medal­has de ouro con­sec­u­ti­vas nas Paraolimpíadas, o nome Antônio Tenório da Sil­va, judo­ca brasileiro, ain­da é descon­heci­do para grande parte das pes­soas do país (inclu­sive, eu era uma delas). Em B1 — Tenório em Pequim, acom­pan­hamos a tra­jetória do atle­ta des­de sua preparação para ser um dos can­didatos a par­tic­i­par das paraolimpíadas, até a sua luta final em Pequim.

    Para quem nun­ca teve con­ta­to com uma paraolímpia­da, em B1 — Tenório em Pequim vai con­hecer um pouco mais seu fun­ciona­men­to, e perce­berá que ela não é muito difer­ente da olimpía­da tradi­cional. Out­ra coisa inter­es­sante é que tam­bém há pes­soas que ten­tam burlar o sis­tema, só que em vez de ser por dopping, atle­tas fin­gem debil­i­dades, neste caso a difi­cul­dade de enx­er­gar, pois o val­or da medal­ha é igual, no mun­do esporti­vo. Além dis­so, tam­bém é expli­ca­do o porque do nome B1, pre­sente no títu­lo do filme, e qual as impli­cações dele.

    Durante todo o doc­u­men­tário, somos não somente apre­sen­ta­dos a todo esse mun­do do judô prat­i­ca­do por Tenório, mas tam­bém a sua própria pes­soa, den­tro e fora dos tatames. A par­tir de entre­vis­tas feitas para out­ras pes­soas, durante a fil­magem de B1 — Tenório em Pequim, e por depoi­men­tos feitos para o próprio filme, con­hece­mos um pouco mais da sua história, como por exem­p­lo dos aci­dentes que o tornaram cego, mas nun­ca de maneira melo­dramáti­ca. Parte do filme tam­bém foca em out­ros luta­dores, ape­sar de no final não ficar­mos mais saben­do qual foi o resul­ta­do deles na competição.

    Com a câmera muitas vezes estáti­ca, pos­suí­mos uma visão mais ampla das lutas, que dá uma liber­dade maior de escol­ha no que focar. Para quem não gos­ta muito do esporte, pode achar cer­tos momen­tos meio cansati­vo essas cenas, mas não chega a ser ente­di­ante. No final do filme há uma grande mudança de rit­mo, enquan­to na maior parte do tem­po temos prati­ca­mente só som ambi­en­tal, com uma tril­ha sono­ra bem agi­ta­da e e tomadas mais ráp­i­das, enfa­ti­zan­do o grande momen­to da com­petição, que aca­ba geran­do um estran­hamen­to. Além dis­so, há todo uma con­strução de um sus­pense total­mente desnecessário a respeito do resul­ta­do da com­petição, ape­sar de haver uma toma­da com uma saca­da muito boa.

    Um dos grandes prob­le­mas téc­ni­cos da equipe foi a difi­cul­dade em gravar o som, prin­ci­pal­mente pelo grande número de barul­ho no ambi­ente, e em alguns momen­tos as vozes dos per­son­agens é baixa demais, difi­cul­tan­do o entendi­men­to de cer­tos diál­o­gos. Talvez isso ten­ha se dado pelo uso de um equipa­men­to mais sim­ples, por ser uma pro­dução menor, mas mes­mo assim, se con­seguiu tirar um bom proveito dele. Um recur­so inter­es­sante uti­liza­do em cer­tos momen­tos do filme, foi que enquan­to a câmera foca­va uma luta, ouvíamos em destaque a voz do téc­ni­co. Isto se deve a uma afir­mação fei­ta por Tenório, durante o lon­ga, dizen­do que durante a luta a sua audição fica foca­da na voz do téc­ni­co, que é uma das coisas mais impor­tantes a se faz­er como luta­dor. Aliás, durante B1 — Tenório em Pequim, tam­bém somos apre­sen­ta­dos a voz de um pro­gra­ma de leitu­ra de tex­to para com­puta­dor, lendo cer­tos tre­chos do diário do Tenório, o que reforça o tem­po inteiro a importân­cia do som na sua vida.

    B1 — Tenório em Pequim é uma óti­ma opor­tu­nidade para não só con­hecer mais sobre uma figu­ra impor­tante no esporte brasileiro e o próprio fun­ciona­men­to das paraolimpíadas, mas tam­bém para acom­pan­har uma história de luta, per­sistên­cia e super­ação ape­sar de todas as difi­cul­dades e limitações.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=3C4njl-N45M

  • Promoção Karate Kid e MM’s ENCERRADA: ganhe kits e convites do filmes

    Promoção Karate Kid e MM’s ENCERRADA: ganhe kits e convites do filmes

    promoção karate kid mm

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Para mar­car o lança­men­to de Karate Kid, que estreia dia 27 de Agos­to, o inter­ro­gAção, jun­ta­mente com a Espaço Z e a MM’s, estarão sorte­an­do 3 pares de ingres­sos (para todo Brasil) e 5 kits com: 1 pacote de 200gr de choco­late ao leite de MM’s + 1 pacote de 200gr de amen­doim de MM’s + faixa Karate Kid + um par de ingres­sos (somente para Curiti­ba) do filme.

    A pro­moção vai até dia 20 de Setem­bro e os vence­dores serão noti­fi­ca­dos por email no dia seguinte.

    Sinopse: Refilmagem do lon­ga homôn­i­mo de 1984, Dre (Jaden Smith) vai com sua mãe para a Chi­na con­tra a sua von­tade para que ela pos­sa tra­bal­har. Ele não con­hece a lín­gua e tem difi­cul­dade de se rela­cionar com as cri­anças de lá. Ele sofre agressões ver­bais e psi­cológ­i­cas que não demor­am para chegar a agressão físi­ca. Ele con­hece Mr. Han (Jack­ie Chan) que se ofer­ece para ensi­nar man­darim e artes mar­ci­ais para o garoto.

    Em exibição nos cin­e­mas — Ver­i­fique a clas­si­fi­cação indicativa

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=CTzw0QV8R3g