Category: Daniel Piza

  • A parceria entre Eduardo Baptistão e Daniel Piza

    A parceria entre Eduardo Baptistão e Daniel Piza

    Eduardo Baptistão
    Eduar­do Baptistão

    Dez anos. Esse foi o tem­po que durou a parce­ria entre o ilustrador Eduar­do Bap­tistão e o jor­nal­ista Daniel Piza. Durante esse perío­do, Bap­tistão foi respon­sáv­el pelas ilus­trações da col­u­na Sinopse, assi­na­da por Piza e pub­li­ca­da aos domin­gos no Cader­no 2 do jor­nal Estadão (Esta­do de S. Paulo).

    Pre­mi­a­do den­tro e fora do Brasil, Bap­tistão é dono de um traço incon­fundív­el, insti­gante e lúdi­co, car­ac­terís­ti­ca que impactou Daniel Piza. Gen­til­mente, Eduar­do abriu seu arqui­vo pes­soal para com­par­til­har com todos os leitores e leitoras do inter­ro­gAção algu­mas das ilus­trações que fez de Piza.

    Con­fi­ra tam­bém as impressões do ilustrador sobre a parce­ria de uma década:

    Começo da parceria

    Daniel já havia tra­bal­ha­do no Estadão no iní­cio dos anos 1990, depois pas­sou pela Fol­ha de São Paulo e Gaze­ta Mer­can­til. Voltou ao Estadão em 2000 como edi­tor exec­u­ti­vo e col­u­nista de cul­tura e esportes. No iní­cio da pub­li­cação — uma col­u­na sem­anal no Cader­no 2 -, ele procurou entre os ilustradores do jor­nal o esti­lo que mais se adap­ta­va à ideia que tin­ha, e acabou optan­do pelo meu. Durante todo o perío­do em que pub­li­cou a col­u­na Sinopse – pouco mais de 10 anos -, foram raros os domin­gos em que eu não a ilus­trei. Nes­sas ocasiões, em que eu esta­va em férias ou de fol­ga em algum feri­ado, quem nor­mal­mente me sub­sti­tuía era o meu ami­go e cole­ga Car­lin­hos Muller. Coube ao Car­lin­hos, por sinal, ilus­trar a últi­ma col­u­na que Daniel escreveu, pois eu cumpria a fol­ga de Natal.

    Daniel Piza no dia a dia

    Daniel gosta­va de con­ver­sar. Por ser um cara muito cul­to e infor­ma­do, eram sem­pre óti­mos papos! Não éramos ínti­mos a pon­to de abor­dar assun­tos pes­soais, mas sem­pre trocá­va­mos ideias sobre a col­u­na, sobre o tema pro­pos­to e, muitas vezes, eu lhe per­gun­ta­va se tin­ha algu­ma imagem em mente para a col­u­na da sem­ana. Ele sem­pre con­fiou na min­ha inter­pre­tação e me deu car­ta bran­ca para cri­ar. Em vez de enviar o tex­to por e‑mail, coisa que rara­mente fazia, Daniel prefe­ria levar o tex­to impres­so até a min­ha mesa, e sem­pre fazia algum comen­tário sobre o assun­to prin­ci­pal da col­u­na. Nes­sas ocasiões, eram tam­bém comuns as con­ver­sas sobre fute­bol, paixão que tín­hamos em comum, emb­o­ra fôsse­mos “rivais” – ele cor­in­tiano, eu palmeirense. Cheguei a jog­ar fute­bol com ele muitas vezes, nas peladas notur­nas orga­ni­zadas pelo pes­soal da redação. Daniel tin­ha muito bom domínio de bola e vocação de artil­heiro – mas, devo diz­er, isso era facil­i­ta­do pelo fato de jog­ar sem­pre “na ban­heira” [posição de impedimento].

    Repercussão das ilustrações

    É difí­cil falar sobre a reper­cussão das ilus­trações, porque rara­mente eu tin­ha algum retorno do públi­co sobre elas. De maneira ger­al, os leitores comen­tavam muito as col­u­nas, mas eram rarís­si­mos os comen­tários sobre as ilus­trações. Lem­bro de um desen­ho, de um fil­ho cor­ren­do em direção ao pai sen­ta­do no chão, que fiz para uma col­u­na sobre o dia dos pais, em que um leitor se declar­ou emo­ciona­do não só pelo tex­to, mas tam­bém pela imagem.

     'filho correndo para o pai sentado no chão'  (Eduardo Baptistão)
    Fil­ho cor­ren­do para o pai sen­ta­do no chão (Eduar­do Baptistão)

    Traços marcantes de Daniel Piza

    Algu­mas col­u­nas do Daniel eram escritas tão em primeira pes­soa que me sug­e­ri­am usar a figu­ra dele como per­son­agem da ilus­tração. Mas, nes­sas ocasiões, eu opta­va por ape­nas sug­erir o Daniel nos desen­hos, sem me pre­ocu­par muito com a semel­hança. No con­jun­to de ilus­trações que fiz para a col­u­na ao lon­go do tem­po, foram muitas em que o Daniel apare­cia de algu­ma forma.

    O que mais admi­ra­va no Daniel era a ver­sa­til­i­dade e a pro­dução cau­dalosa. Era notáv­el a sua capaci­dade de escr­ev­er sobre qual­quer assun­to, do fute­bol à culinária, da arquite­tu­ra à religião, da políti­ca à ciên­cia. E era notáv­el tam­bém a quan­ti­dade absur­da de col­u­nas, reporta­gens, resen­has, arti­gos e livros que ele escrevia, assim como a quan­ti­dade de livros lidos, de shows, con­cer­tos, peças e filmes assis­ti­dos e de dis­cos ouvi­dos para pro­duzir às vezes uma úni­ca col­u­na! Eu sem­pre o usa­va como refer­ên­cia, pelo tan­to que ele pro­duz­iu em tão poucos anos de vida em com­para­ção comi­go, qua­tro anos mais vel­ho e infini­ta­mente menos pro­du­ti­vo. Mas eu acred­i­to que ele era exceção e não parâmetro. Era, de fato, aci­ma da média.

    Veja abaixo as ilus­trações cri­adas pelo Eduar­do Bap­tistão de Daniel Piza:

  • Entrevista com o jornalista Daniel Piza ao programa Provocações (2000)

    Entrevista com o jornalista Daniel Piza ao programa Provocações (2000)

    Em novem­bro de 2000, o jor­nal­ista e escritor Daniel Piza (1970 — 2011) con­cedeu uma entre­vista dire­ta e polêmi­ca ao apre­sen­ta­dor do pro­gra­ma Provo­cações (TV Cul­tura), Antônio Abu­jam­ra.

    Nela, Daniel Piza fala sobre a práti­ca do jor­nal­is­mo cul­tur­al no Brasil e sua descar­ac­ter­i­za­ção: “O jor­nal­is­mo cul­tur­al, em ger­al, é o jor­nal­is­mo que eles chamam de var­iedades. Então, é a peque­na resein­ha [resen­ha] do últi­mo dis­co pop que saiu na Inglater­ra, ou uma entre­vista pingue-pongue com algum ator de Hol­ly­wood. Isso é o que chamam de jor­nal­is­mo cul­tur­al no Brasil”, dispara.

    Piza desta­ca que o públi­co brasileiro tem “medo de opinião, medo de dis­cussão, um públi­co que pref­ere o pop­ulis­mo, o ‘da boca pra fora’, do que real­mente você dis­cu­tir coisas que ten­ham a ver, que façam sen­ti­do, que digam respeito à qualidade”.

    As declar­ações do jor­nal­ista pos­suem um tom con­tro­ver­so, mas eru­di­ta­mente fun­da­men­ta­do, esti­lo que acom­pan­hou Daniel Piza durante toda sua car­reira. Essa é uma das car­ac­terís­ti­cas mar­cantes nas reflexões e dis­cur­sos que per­me­iam o tra­bal­ho de Piza, recon­heci­do como um dos maiores nomes do jor­nal­is­mo cul­tur­al brasileiro. Recon­hec­i­men­to e val­oriza­ção que con­tin­u­am após sua morte pre­coce, ocor­ri­da no final de 2011.

    Con­fi­ra a entre­vista na íntegra:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=H8HAIuMBq28

  • Mistérios da Literatura, de Daniel Piza

    Mistérios da Literatura, de Daniel Piza

    Foto: Damião A. Francisco
    Foto: Damião A. Francisco

    Em arti­go pub­li­ca­do em uma reno­ma­da revista cul­tur­al brasileira, o jor­nal­ista Daniel Piza escreveu sobre a influên­cia da leitu­ra na vivên­cia dos per­son­agens literários, crian­do ou destru­in­do deter­mi­na­dos mod­e­los com­por­ta­men­tais e proces­sos de sig­nifi­cação. Piza desta­cou a pre­sença dos livros na trans­for­mação e no des­ti­no de pro­tag­o­nistas famosos, como Emma Bovary (Madame Bovary, romance do francês Gus­tave Flaubert), Dom Quixote (per­son­agem do livro homôn­i­mo escrito por Miguel de Cer­vantes), Ham­let (cul­tua­da peça de Shake­speare) e Julien Sorel (O Ver­mel­ho e o Negro, de Stend­hal). Os exem­p­los são muitos.

    Em toda a história da lit­er­atu­ra, exis­tem per­son­agens for­t­ale­ci­dos e meta­mor­fos­ea­d­os por meio do encon­tro lib­er­ta­dor com a leitu­ra, peça-chave na mudança de vida e con­sciên­cia. Como desta­cou Piza, são as palavras vivas dos fol­hetins român­ti­cos que fazem Emma Bovary, por exem­p­lo, detes­tar a “existên­cia pela metade” que tem ao lado do frígi­do mari­do; as nov­e­las de cav­alar­ia encon­tradas em Amadís de Gaula são respon­sáveis por Dom Quixote, fidal­go son­hador, enveredar pela lou­cu­ra fan­ta­siosa com o intu­ito de viv­er uma existên­cia com sen­ti­do, por mais para­dox­al que isso pos­sa soar quan­do se tra­ta das aven­turas imag­inárias do cav­aleiro visionário e de seu fiel escud­eiro San­cho Pança.

    Ao escr­ev­er esse arti­go, Daniel Piza não pode­ria imag­i­nar que ele próprio se tornar­ia um per­son­agem-leitor com­ple­to e inspi­rador. Nem mes­mo a morte — que o arran­cou pre­co­ce­mente do con­vívio neste plano, em dezem­bro de 2011, aos 41 anos -, foi capaz de ter força sufi­ciente para retirá-lo da lem­brança de todos os que o amam e o admi­ram. E acred­i­to que ela nun­ca encon­tre espaço para exercer esse poder, tal é a grandeza da con­tribuição do jor­nal­ista para o uni­ver­so cul­tur­al. Daniel foi pro­lí­fi­co em todas as ativi­dades que se propôs a realizar, sejam elas suas pro­duções jor­nalís­ti­cas, a pub­li­cação de seus 17 livros em ape­nas duas décadas de car­reira, traduções e incon­táveis pesquisas. A enorme capaci­dade de praticar todas as for­mas de tex­to jor­nalís­ti­co (entre­vista, reportagem, críti­ca, crôni­ca, ensaio, polêmi­ca) e de optar pela inde­pendên­cia do espíri­to são alguns dos atrib­u­tos que o man­tém per­to do coração saudoso de seus leitores.

    2005 - Mistérios da LiteraturaComi­go não é difer­ente. Com o pas­sar do tem­po, sin­to ain­da mais fal­ta das ideias e opiniões expres­sas por Daniel nas col­u­nas diárias e sem­anais, assim como na anti­ga ansiedade que eu nutria sem­pre que o lança­men­to de um novo livro do jor­nal­ista era anun­ci­a­do. Diante dessa ausên­cia, bus­co alter­na­ti­vas humana­mente pos­síveis para vis­i­tar e revis­i­tar o uni­ver­so cri­a­do por Piza. Entre as opções deix­adas pelo escritor e jor­nal­ista, escol­hi “traz­er para per­to” o livro “Mis­térios da Lit­er­atu­ra: Poe, Macha­do, Con­rad, Kaf­ka” (edi­to­ra Mauad, 2005, pág.119), um tra­bal­ho que une reflexão e impressão sen­so­r­i­al, lin­guagem téc­ni­ca e memo­ri­al­is­mo. Divi­di­do em qua­tro capí­tu­los, o autor reg­is­tra nos títu­los de aber­tu­ra a essên­cia do que o leitor pode encon­trar em cada fase: os choques de con­sciên­cia e descober­ta impul­sion­a­dos pela leitu­ra de Edgar Allan Poe na ado­lescên­cia; a con­fusão men­tal e as desilusões humanas que começam a ser exper­i­men­tadas na fase juve­nil, tam­bém perce­bidas nos per­son­agens de Macha­do de Assis; os grandes riscos e escol­has obser­va­dos por Joseph Con­rad, sen­ti­dos na pele quan­do as respon­s­abil­i­dades e decisões batem à por­ta, e o eter­no uni­ver­so de incertezas que é a vida, uma solução mila­grosa que nun­ca chega, como bem refletiu Franz Kaf­ka em seus textos.

    A escol­ha dos qua­tro escritores uni­ver­sais não foi fei­ta de modo aleatório; lendo o livro de Daniel Piza, percebe­mos a conexão exis­tente entre os ideais que começavam a se for­mar no ado­les­cente que desco­briu o mun­do aos poucos, lev­an­tan­do questões sobre tudo o que insti­ga­va sua curiosi­dade ou o inco­mo­da­va. Assim como os per­son­agens clás­si­cos da lit­er­atu­ra, o jor­nal­ista e escritor paulis­tano perce­bia a leitu­ra como uma aven­tu­ra desafi­ado­ra onde podem ser descorti­nadas as “pos­si­bil­i­dades de lib­er­tação”. Daniel traçou muitos cam­in­hos e, cer­ta­mente, desco­briria out­ros tan­tos se tivesse tido tempo.

    Foto: Grupo Estadão
    Foto: Grupo Estadão

    No capí­tu­lo sobre Poe, o jor­nal­ista relem­bra momen­tos da sua infân­cia ao assi­s­tir os reg­istros guarda­dos em rolos de filme Super‑8, pos­te­ri­or­mente con­ver­tidos em DVD. Tais momen­tos são um autên­ti­co baú de tesouros famil­iar, lem­bra­do por Daniel com muito car­in­ho. Caçu­la em uma família de qua­tro irmãos, o jor­nal­ista cita as brin­cadeiras, peladas, aniver­sários, tem­po­radas na pra­ia, via­gens e fes­tas jun­i­nas vivi­das ao lado dos irmãos Sér­gio, Rena­to e Paulo. A infân­cia é lem­bra­da como uma fase doce, sem prob­le­mas ou amar­guras, reple­ta de inocên­cia e descober­tas, e que por isso mes­mo é difí­cil de aban­donar. O começo da ado­lescên­cia colo­ca todas as mar­avil­has por ter­ra, rev­e­lando um mun­do descon­heci­do e som­brio, tal qual a obra de Poe.

    Daniel faz demor­a­da refer­ên­cia ao con­to Ligéia, pub­li­ca­do no livro “Histórias Extra­ordinárias”, e que o colo­ca em con­ta­to com espi­rais inten­sas de dese­jos, con­hec­i­men­to e emoção, sen­ti­men­tos que cos­tu­mam aflo­rar com ener­gia arrebata­do­ra nos ado­les­centes. Desen­vol­ven­do a capaci­dade de faz­er refer­ên­cias e esmi­uçar com refi­na­men­to detal­h­es téc­ni­cos, o escritor paulis­tano acres­cen­ta­va com­bustív­el à sede de ampli­ar a con­sciên­cia para o que lhe provo­ca­va a per­cepção e os sen­ti­dos. É tam­bém nesse capí­tu­lo que o leitor tem mais con­ta­to com a vida par­tic­u­lar de Daniel, seja por meio de acon­tec­i­men­tos felizes da infân­cia, como o bife de carne moí­da à milane­sa da avó Tone­ta, ou nas primeiras ten­sões, como a descober­ta da miopia.

    Foto: Pânico Band - Podcast
    Foto: Pâni­co Band — Podcast

    Já no capí­tu­lo ref­er­ente a Macha­do de Assis, escritor que Piza admi­ra­va e de quem se tornou bió­grafo, os dile­mas da fase juve­nil têm iní­cio. Ao lado do mun­do de obri­gações que começa a despon­tar, o autor faz menção às questões lev­an­tadas por Macha­do através de seus per­son­agens, per­di­dos em relações de enfrenta­men­to, ilusões de grandeza e inter­ess­es dis­farça­dos. O encan­ta­men­to com Macha­do acon­te­ceu por con­ta de uma desven­tu­ra: em 1986, Daniel foi atro­pela­do, e durante as sessões de fisioter­apia esbar­rou em “Quin­cas Bor­ba”. A par­tir desse momen­to, uma “lon­ga amizade uni­lat­er­al” começou a sur­gir. Piza parece ter apren­di­do com Macha­do de Assis que as más­caras caem e que o com­por­ta­men­to humano é mais difu­so e com­plexo do que pode­ria supor a nos­sa vã filosofia, como sen­ten­ciou Shake­speare em “Ham­let” e nos lem­brou Macha­do no con­to “A Cartomante”.

    É tam­bém nes­sas digressões “piza-macha­di­anas” onde des­cubro uma par­tic­u­lar­i­dade do jor­nal­ista que o aprox­i­ma da min­ha vivên­cia. Assim como Piza, ini­ciei o cur­so de Dire­ito esperan­do encon­trar algo que me com­ple­tasse, mas o que real­mente achei foi um rede­moin­ho de decepções. As min­u­tas de con­tra­to, as papeladas e leg­is­lações me asfix­i­avam, não dan­do espaço algum para a verve literária que tra­go flame­jante den­tro do peito. Desse modo, qual­quer bro­car­do jurídi­co pode­ria ser capaz de me matar.

    Daniel tomou out­ro cam­in­ho: encer­rou o cur­so e optou por procu­rar espaço den­tro do jor­nal­is­mo, que se rev­el­ou sua ver­dadeira paixão. No meu caso, a situ­ação já era de vida ou morte, então deci­di aban­donar os proces­sos e seguir a min­ha car­reira jor­nalís­ti­ca como profis­são diplo­ma­da. Con­fes­so que me emo­cionei bas­tante ao notar essa, den­tre out­ras, sim­i­lar­i­dades com o jor­nal­ista e escritor que mais admiro. Out­ro gos­to com­par­til­ha­do é o con­cor­ri­do pebolim, em que gastei horas dos meus recreios esco­lares pegan­do fila no salão de jogos do colé­gio para dis­putar uma par­ti­da. Em um vídeo com­par­til­ha­do pela fil­ha mais vel­ha de Daniel Piza, Letí­cia, em uma fan­page do face­book, o jor­nal­ista tira de letra o pebolim ao dis­putar uma par­ti­da com out­ros profis­sion­ais do Estadão, veícu­lo em que tra­bal­ha­va quan­do faleceu.

    Foto: Pânico Band - Podcast
    Foto: Dulce Helfer/Agência RBS

    Jun­to com o risco de viv­er, Daniel encon­trou nas nar­ra­ti­vas de Con­rad um espel­ho que ofer­ece muito mais do que reflexo, e sim uma eter­na bus­ca por cam­in­hos que não podem ser manip­u­la­dos, mas, ao con­trário, são vivi­dos no lim­ite. As refer­ên­cias aos livros “Coração das Trevas” e “Lord Jim” revisi­tam o tema do homem e sua natureza sel­vagem, um instin­to colo­ca­do à pro­va quan­do os extremos da cobrança físi­ca e emo­cional nos empurram em cima de cor­das bam­bas sem rede de pro­teção. Piza se detém em Con­rad jus­ta­mente pelo risco, pela procu­ra do descon­heci­do que parece sem­pre ter povoa­do a mente e o coração do jor­nal­ista. Nesse capí­tu­lo, Daniel fala do encan­to inesquecív­el de algu­mas das muitas via­gens que fez, rela­tan­do as sen­sações des­per­tadas, além de traz­er à tona a per­cepção da viagem como um pro­je­to, um ato com final­i­dades além do pas­seio e do tur­is­mo, e sim como opor­tu­nidade de conhecimento.

    A “fuga de olhos aber­tos” acon­tece quan­do percebe­mos o grande espaço de incertezas em que vive­mos, onde place­bos per­manecem dis­farça­dos de antí­do­tos mila­grosos. Ess­es pen­sa­men­tos emergem na pre­sença de Franz Kaf­ka e no modo per­tur­bador como o tcheco se rela­cio­nou com Piza por meio de obras como “Car­ta ao Pai”, “A Meta­mor­fose”, “Nar­ra­ti­vas do Espólio”, “O Silên­cio das Sereias”, “O Pião”, “O Proces­so” e “O Caste­lo”. Nesse painel de ideias, percebe­mos como Daniel encon­tra ressonân­cia na rup­tura pro­pos­ta por Kaf­ka no que diz respeito a sep­a­ração entre racional e irra­cional. Uti­lizan­do um aforis­mo de primeira ordem escrito por Daniel, “quan­to mais escrav­iza­do pelo cos­tume, mais o homem son­ha com o clarão sal­vador”. A real­i­dade é um mosaico de roti­nas, cos­tumes fab­ri­ca­dos con­scien­te­mente e repas­sa­dos de for­ma incon­sciente. Por isso mes­mo, for­ma um abis­mo pro­fun­do e perigoso. Ao ter­mi­nar de ler o capí­tu­lo, lem­brei da poe­sia que o rus­so Vladimir Maiakóvs­ki dedi­cou ao poeta Sier­guei Ies­siênin, que come­teu suicí­dio em 1925, na qual as letras finais falam: “É pre­ciso arran­car ale­gria ao futuro. Nes­ta vida mor­rer não é difí­cil. O difí­cil é a vida e seu ofício”.

    Foto: Daniel Deak
    Foto: Daniel Deak

    No final do livro, Daniel expõe um “Guia de Leitu­ra”, com indi­cações pre­ciosas de autores, livros e refer­ên­cias. Por sinal, no decor­rer de toda a obra, o leitor tem uma ampla lista de recomen­dações imperdíveis e cuida­dosa­mente pesquisadas. Tudo refletindo o esti­lo renascen­tista, de múlti­p­los inter­ess­es e curiosi­dades que fez de Daniel Piza um nome eterniza­do e desta­ca­do no jor­nal­is­mo brasileiro.

    Como leito­ra e admi­rado­ra, ler “Mis­térios da Lit­er­atu­ra” me deixou mais próx­i­ma do ser humano fan­tás­ti­co que foi Daniel Piza. Com o livro, con­segui me aprox­i­mar mais dos anseios que dom­i­naram a infân­cia, ado­lescên­cia e idade adul­ta do jor­nal­ista, desco­brindo semel­hanças com min­has próprias vivên­cias. Ness­es dois anos de ausên­cia, Daniel nun­ca deixou de inspi­rar a descober­ta de novas ideias, e toda vez que pen­so em cul­tura e arte, levo em con­ta o que acabei apren­den­do com ele por meio de uma “amizade uni­lat­er­al” (ter­mo que Piza usou ao falar do rela­ciona­men­to que travou com Macha­do de Assis através de sua obra). Aos 26 anos, amadureço dia após dias as min­has per­cepções, a capaci­dade de ler o mun­do alian­do inspi­ração e ques­tion­a­men­to, racional­i­dade e o sen­ti­men­to de ter meu coração saltan­do nas veias quan­do me deparo com um quadro de Leonid Afre­mov e Leonor Fini, ou com as com­posições de Erik Satie e do grupo The xx, ou ain­da quan­do leio Poe, Macha­do, Con­rad, Kaf­ka e out­ros muitos autores. Den­tre eles, aque­le que pas­sou os 41 anos da vida bus­can­do faz­er uma existên­cia de inde­pendên­cia de espírito.

    Se optar­mos por con­tar o tem­po da vida em ter­mos de anos, e não de qual­i­dade e de exper­iên­cias, Daniel Piza viveu pouco, pouquís­si­mo. Mas se olhar­mos pelo lado da pro­fun­di­dade e da inten­si­dade, Daniel fez cada segun­do da vida valer a pena; para si e para os outros.

  • Daniel Piza: Legado e Saudades

    Daniel Piza: Legado e Saudades

    Daniel Piza por Eduar­do Baptistão

    So this house is emp­ty now There’s noth­ing I can do To make you want to stay So tell me how Am I sup­posed to live with­out you?

    This House is Emp­ty Now – de Elvis Costel­lo e Burt Bacharach

    O homem de cabe­los claros, lev­e­mente aver­mel­ha­dos, aparên­cia jovial, mas far­to em gestos e expressões car­regadas de uma maturi­dade muito aci­ma da sua idade, era só um pouco mais alto do que eu. Aque­le era Daniel Piza, dire­ta­mente dos livros, das impressões do jor­nal e da tela do com­puta­dor para o auditório de um dos shop­pings da cap­i­tal piauiense. Bem, essa história não começa com “era uma vez” e nem com um “final­mente”. Ela começa em 2009 e se desen­ro­la em Teresina, em março de 2011. Se ela vai ter um fim? Estou con­vic­ta de que não. Como sibilou a poet­i­sa Emi­ly Dick­in­son:“To see the Sum­mer Sky/ Is Poet­ry, though nev­er in a Book it lie/True Poems flee” (Ver o céu de verão é Poesia/embora nun­ca em um livro seja encontrada/Os ver­dadeiros poe­mas voam). Dito isso, vamos aten­der a ordem afe­ti­va dos acon­tec­i­men­tos. Teresina, 18 de março de 2011. Sex­ta-feira, últi­mo dia antes do final de sem­ana, o acla­ma­do sus­piro de alívio que tan­tos tra­bal­hadores, estu­dantes e até mes­mo os adep­tos do “ócio refi­na­do” esper­am em polvorosa, con­tan­do nos dedos. No meio dessa expec­ta­ti­va, às 9 horas da man­hã, eu rece­bi a notí­cia de que o jor­nal­ista Daniel Piza, então edi­tor-exec­u­ti­vo e col­u­nista cul­tur­al do jor­nal O Esta­do de São Paulo, estaria em Teresina para uma palestra exclu­si­va pro­movi­da pelo Fes­ti­val Artes de Março, even­to que reúne músi­ca, lit­er­atu­ra e exposições artís­ti­cas. Par­tic­u­lar­mente, aque­le seria o momen­to mais espe­cial da min­ha vivên­cia jor­nalís­ti­ca e literária até então. O sujeito que esta­va vin­do par­tic­i­par da pro­gra­mação cul­tur­al do fes­ti­val não era ape­nas um nome de respeito da equipe Estadão, ou o autor de inúmeros livros que me fiz­er­am pas­sar noites acor­da­da na ânsia de ter­miná-los para recomeçá-los nova­mente. O dia 18 de março de 2011 traria em ‘carne e osso’ min­ha grande inspi­ração nas águas ondu­lantes do Jor­nal­is­mo Cul­tur­al; o homem que me pro­por­cio­nou ver uma mudança níti­da na for­ma de infor­mar e par­til­har cul­tura, fazen­do com que o con­hec­i­men­to asso­ci­a­do à con­sciên­cia saísse de um plano da inex­istên­cia típi­ca dos que ficam em cima do muro, sem opinião, para um plano onde há cor­agem, há ini­cia­ti­va. E isso não se esquece.

    O mod­e­lo de inspi­ração começou a se for­mar no meu ínti­mo em março de 2009, dois anos antes e, ironi­ca­mente, no mes­mo mês em que vi Daniel Piza pela primeira vez. Na época, quase um ano e meio depois de ter começa­do o cur­so de Jor­nal­is­mo — um dos meus grandes pro­je­tos de vida -, eu esta­va às voltas com pesquisas bib­li­ográ­fi­cas e redação de um arti­go sobre cul­tura, jor­nal­is­mo, análise do dis­cur­so e exclusão social. Exata­mente nesse perío­do, uma das pro­fes­so­ras da fac­ul­dade me entre­gou um livro fino, com uma imagem à moda anti­ga na capa e com o títu­lo de Jor­nal­is­mo Cul­tur­al. Ao fol­hear dis­traida­mente o livro para começar min­has ano­tações, não con­segui mais parar. Devorei‑o em menos de 2 horas. Naque­le momen­to, tive a certeza de que gostaria e dev­e­ria saber mais sobre o escritor que retoma­va tão bem os primór­dios do Jor­nal­is­mo Cul­tur­al e esboça­va assun­tos polêmi­cos, como a sep­a­ração entre “alta cul­tura” e “baixa cul­tura” de for­ma lúci­da, ele­gante, inter­es­sante. O autor? Um sen­hor de nome Daniel Luiz de Tole­do Piza, nasci­do em São Paulo no ano de 1970 e for­ma­do em Dire­ito pela tradi­cional Fac­ul­dade de Dire­ito do Largo São Fran­cis­co (USP). Como o des­ti­no é ter­ra de ninguém, Daniel deu asas à tendên­cia jor­nalís­ti­ca que lhe perseguia e envere­dou pelos cader­nos de cul­tura do Esta­do de São Paulo, Fol­ha de São Paulo e Gaze­ta Mer­can­til, além de atu­ar como comen­tarista esportivo.

    Coleção da Mara com títu­los do autor

    À época, para saber mais sobre o jor­nal­ista, fiz o que qual­quer “indi­ví­duo-máquina” do sécu­lo XXI faria: dei uma “goog­lea­da” no nome Daniel Piza e desco­bri o blog pes­soal do autor e inúmeras out­ras infor­mações. Eu ain­da não sabia, mas, ao exe­cu­tar essa procu­ra, eu tin­ha encon­tra­do o jor­nal­ista que viria a ser a min­ha maior inspi­ração des­de então. Come­cei a procu­rar livros, tex­tos, arti­gos, ensaios, frag­men­tos, traduções. A lista é grande. Nos anos seguintes, adquiri os livros “Jor­nal­is­mo Cul­tur­al” (edi­to­ra Con­tex­to), “Mis­térios da Lit­er­atu­ra – Poe, Macha­do, Con­rad e Kaf­ka” (edi­to­ra Mauad), “Ora, bolas! – Da copa de 98 ao Pen­ta” (edi­to­ra Nova Alexan­dria), “Con­tem­porâ­neo de Mim – Dez anos da col­u­na Sinopse” (edi­to­ra Bertrand Brasil), “Noites Urbanas” (edi­to­ra Bertrand Brasil), “Amazô­nia de Euclides” (edi­to­ra LeYa) e “Dez Anos que Encol­her­am o Mun­do” (edi­to­ra LeYa). Ape­sar da pou­ca idade e cer­ca de vinte anos de car­reira, Daniel escreveu e pub­li­cou dezes­sete livros, além de assi­nar traduções das obras de Bernard Shaw, Her­man Melville e Hen­ry James, nomes de peso da lit­er­atu­ra mundial.

    Tweet do jogador Ronal­do sobre a morte de Piza

    Além de todas as láureas profis­sion­ais, Daniel Piza con­seguiu o impos­sív­el: provo­car min­ha curiosi­dade o sufi­ciente para ler e pesquis­ar sobre fute­bol, esporte que está longe de alcançar qual­quer incli­nação da min­ha parte. Com títu­los inusi­ta­dos, que mais pare­ci­am um anún­cio para o Col­iseu de Roma, o jor­nal­ista descrevia jogos, atle­tas, ambi­entes de com­petições e as tendên­cias do momen­to. Através dos tex­tos dele, eu soube, por exem­p­lo, quem é Ney­mar, qual a importân­cia real do Pelé (me des­culpem os doutos na vida esporti­va, mas devo con­fes­sar que não enten­dia nen­hu­ma reverên­cia ao Pelé até ler os escritos do Daniel) e por que alguns téc­ni­cos — e tor­ci­das — são tão indi­gestos. Daniel era cor­in­tiano apaixon­a­do e foi respon­sáv­el por reporta­gens exclu­si­vas, como o anún­cio da aposen­ta­do­ria do jogador Ronal­do, o Fenô­meno, de quem era ami­go. O jor­nal­ista, escritor e tradu­tor, fil­ho da Dona Edith e do Sr. Her­al­do Piza, e tam­bém, como ele mes­mo gosta­va de se descr­ev­er, “casa­do com Rena­ta Piza e pai de Letí­cia, Maria Clara e Bernar­do”, segu­ra­va muitos leitores horas a fio na frente do com­puta­dor, lendo e relen­do (a releitu­ra faz parte de um proces­so de apren­diza­do), arti­gos e matérias de con­teú­do impecáv­el, bem escrito e per­sua­si­vo. Todos os dias, às 7:15h da man­hã, eu cor­ria para o com­puta­dor para me man­ter infor­ma­da sobre as atu­al­iza­ções do blog que Daniel man­tinha. No tra­bal­ho, em algu­ma fol­ga, o esque­ma era o mes­mo. Lem­bro de ter aper­ta­do F5 ( o que cor­re­sponde à oper­ação de atu­al­iza­ção) no tecla­do umas seis vezes em um só dia esperan­do novas posta­gens. Quan­do via­ja­va ou me ausen­ta­va, procu­ra­va retomar as leituras per­di­das e “sub­ornar” com refrig­er­antes e doces caseiros o jor­naleiro da ban­ca que eu fre­quen­ta­va, para que ele guardasse pelo menos algu­mas edições do Estadão.

    Daniel Piza e o fotó­grafo Tia­go Queiroz, em Sena Madureira (AC)

    Até que, coin­ci­den­te­mente, em março de 2011, Daniel Piza ater­ris­sou em solo piauiense pela primeira vez, com con­fer­ên­cia mar­ca­da para 19h. Lá esta­va a min­ha opor­tu­nidade úni­ca – e por isso mes­mo imperdív­el — de con­ferir o que o jor­nal­ista-refer­ên­cia dos meus tex­tos e arti­gos tin­ha a diz­er, ago­ra pres­en­cial­mente. Cheguei ao local com qua­tro horas de ante­cedên­cia — sem neces­si­dade, lógi­co — e fiquei flanan­do pela praça de ali­men­tação e livraria. Às 18h, já esta­va na por­ta, obser­van­do o entra e sai de profis­sion­ais da impren­sa e do col­u­nis­mo social piauiense, todos queren­do uma declar­ação, imagem ou gravação para seus respec­tivos veícu­los. Afi­nal, ali esta­va o autor de ensaios inter­es­santes sobre lit­er­atu­ra, onde um tra­bal­ho de pesquisa e a paixão o levaram a escr­ev­er a biografia de Macha­do de Assis.O fascínio pela união entre lit­er­atu­ra e jor­nal­is­mo o fez sair Amazô­nia a den­tro para per­cor­rer o cam­in­ho de Euclides da Cun­ha, ou ain­da ter atre­vi­men­to e, aci­ma de tudo, cor­agem, para dar opinião, apon­tar o dedo, diz­er o que pen­sa com respon­s­abil­i­dade e conhecimento.

    Ambi­ente de tra­bal­ho do Daniel Piza

    Daniel Piza con­seguia andar pelo fute­bol sem per­na de pau, dis­cor­rer sobre políti­ca com cer­ta pas­sion­al­i­dade, mas com força argu­men­ta­ti­va, e falar sobre músi­ca, lit­er­atu­ra, artes plás­ti­cas e arquite­tu­ra, aden­tran­do o uni­ver­so cul­tur­al como ninguém. Assim, fica difí­cil mes­mo não quer­er uma pon­tin­ha desse fenô­meno, que muitos insis­tem em chamar de herdeiro de Paulo Fran­cis, mas que ago­ra, depois da maturi­dade que vem com leituras e reflexões, pre­firo men­cionar como pro­tag­o­nista de seu próprio legado.Enfim, entrei no local da palestra, sen­tan­do em uma das primeiras filas, à esquer­da, e con­segui ver Daniel Piza conce­den­do entre­vis­tas, recon­hecen­do ter­reno e falan­do sobre cul­tura, cul­tura e mais cul­tura. Do meu lugar, obser­va­va as expressões e o tom de voz — baixo e explica­ti­vo –, imag­i­nan­do tam­bém que tin­ha me engana­do um pouco. Lem­bro de ter con­cluí­do que a tele­visão e a inter­net aumen­tam as pes­soas. Daniel era um pouco mais alto do que eu e sua expressão cor­po­ral trans­mi­tia serenidade.

    Daniel Piza e Mara Vanes­sa Torres

    No final do even­to, impul­sion­a­da por um ami­go men­tal­mente estáv­el – já que min­ha timidez me pren­deu solo abaixo -, tro­quei algu­mas palavras com Daniel Piza. Meu diál­o­go foi reple­to de palavras bal­bu­ci­adas, rec­headas de con­strang­i­men­to. Desnecessário. Notan­do min­ha timidez, o bió­grafo do grande Macha­do de Assis sim­ples­mente disse: “Não tem prob­le­ma. Eu tam­bém sou tími­do”. Desse momen­to, ape­nas um reg­istro feito com câmera de celu­lar. Tími­do, como todas as boas inspi­rações. Na man­hã do dia 31 de dezem­bro de 2011, 9 meses depois da vin­da de Daniel Piza à min­ha cidade, rece­bo um SMS tru­ci­dante às 8h da man­hã, dizen­do que Daniel tin­ha sido víti­ma de um AVC (aci­dente vas­cu­lar cere­bral). E com ele, lá se foi uma dose de saudade, de vas­to con­hec­i­men­to e de alguém que soube ser o máx­i­mo de encan­to em uma vida de des­en­can­to. Daniel Luiz de Tole­do Piza vive hoje no coração daque­les que o amam, nas feições de seus três fil­hos, no lega­do de obras pub­li­cadas, inúmeros tex­tos jor­nalís­ti­cos, arti­gos, opiniões, pre­fá­cios e nas hom­e­na­gens con­stan­te­mente prestadas. No dia 04 de jul­ho deste ano, a prefeitu­ra do Rio de Janeiro inau­gurou a Esco­la Munic­i­pal Jor­nal­ista e Escritor Daniel Piza, em Acari, zona norte da cidade. A insti­tu­ição de ensi­no fica situ­a­da em um bair­ro com menor Índice de Desen­volvi­men­to Humano (IDH) da cap­i­tal flu­mi­nense, aten­den­do alunos do 6º ao 9º anos do ensi­no fun­da­men­tal. Mes­mo de longe, Daniel con­tin­ua trans­for­man­do, crian­do e obser­van­do o mun­do através das palavras. Um gênio raro, con­ste­lação int­elec­tu­al de primeira grandeza. Que ele con­tin­ue fazen­do por muitos out­ros, inclu­sive por todos vocês, o que fez por mim: abrir a con­sciên­cia e des­per­tar o entendi­men­to para um mun­do novo.

    (…) Não deixar o des­en­can­to tomar con­ta é o mel­hor presente.

    Daniel Piza

    danielpiza-bibliografia

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