Category: Cinema Clássico

  • O Vagabundo (1916), de Charles Chaplin | Análise

    O Vagabundo (1916), de Charles Chaplin | Análise

    vagabundo-charles-chaplin-analise-capaO primeiro plano do filme mostra aque­las car­ac­terís­ti­cas por­tas do tipo “saloon”. Depois de alguns segun­dos, por detrás das por­tas, surgem dois pés em um pas­so alarga­do, semel­hante ao de um pin­guim. É Chap­lin. Sim­ples assim. No lugar de sua car­ac­terís­ti­ca ben­gala, o Car­l­i­tos ago­ra está com um vio­li­no na mão. O filme é “O Vagabun­do” (The Vagabond), de 1916, real­iza­do para a pro­du­to­ra Mutu­al Film Cor­po­ra­tion. O cineas­ta Charles Chap­lin está com liber­dade total e recur­sos quase ilim­i­ta­dos, ain­da que com a “obri­gação” de pro­duzir 12 comé­dias de suces­so por ano. Sendo o ter­ceiro filme de um con­tra­to sub­stan­cial, já que o salário do primeiro ano fora de 670 mil dólares mais os bônus, em “O Vagabun­do” é pos­sív­el perce­ber uma ambição melo­dramáti­ca latente.

    Surgi­do em 1914, Car­l­i­tos (no orig­i­nal: Lit­tle Tramp) tem sua fac­eta sen­ti­men­tal ger­mi­na­da neste cur­ta. No enre­do, um vio­lonista itin­er­ante, Chap­lin, encon­tra uma jovem, Edna Purvionce, a primeira e eter­na musa do cineas­ta, apri­sion­a­da por um grupo de ciganos. Os dois fogem jun­tos e começam a morar na estra­da. Um pin­tor encon­tra Edna no meio da flo­res­ta e se encan­ta. Ele a hom­e­nageia em um quadro chama­do “A Irlan­da em pes­soa”. Quan­do este é expos­to em uma gale­ria, a mãe ver­dadeira de Edna recon­hece o retra­to de sua fil­ha. O pin­tor con­duz a mul­her ao encon­tro de Edna, que decide par­tir jun­to com ela, mas levan­do tam­bém o Vagabun­do. E tudo isso em 24 minutos!

    Com lon­gos planos aber­tos em uma câmera estáti­ca, o filme apre­sen­ta uma decu­pagem car­ac­terís­ti­ca do iní­cio do cin­e­ma. Os preenchi­men­tos dos enquadra­men­tos já demon­stram um artista em proces­so de sofisti­cação, o que fica níti­do logo na primeira gag (efeito cômi­co, pia­da) do filme. Car­l­i­tos toca seu vio­li­no em frente a por­ta de um bar, e, enquan­to isso, uma trupe de músi­cos chega em frente à out­ra por­ta do bar. Quan­do Car­l­i­tos aca­ba sua per­fo­mance, vai recol­her o din­heiro com os fre­quen­ta­dores do esta­b­elec­i­men­to. Pouco tem­po depois, um músi­co da trupe tam­bém vai pedir din­heiro, mas é rechaça­do já que momen­tos antes Chap­lin tam­bém tin­ha pedi­do din­heiro. Óbvio que isso aca­ba em mui­ta con­fusão e cor­re­ria. Mas o que me intri­ga, é como Chap­lin já pen­sa­va em usar o som como ele­men­to con­sti­tu­ti­vo de uma gag. E não só o som, mas a imagem. Há um enquadra­men­to, por exem­p­lo, em que é pos­sív­el ver, em primeiro plano, a trupe de músi­cos tocan­do e, em segun­do plano, no fun­do do quadro, um Chap­lin, bem pequeni­no, com seu vio­li­no. É uma con­strução dis­tin­ta, levan­do em con­ta­to a for­ma como eram usa­dos os planos gerais nos filmes daque­la época.

    Edna Purvionce, a primeira e eterna musa de Charles Chaplin
    Edna Purvionce, a primeira e eter­na musa de Charles Chaplin

    Ver Edna Purvionce na tela é sem­pre um praz­er, ain­da mais que em quase toda sua car­reira no cin­e­ma ela esteve ao lado de Chap­lin. O ros­to redon­do e afi­la­do da atriz, sem­pre soube faz­er caras e bocas per­feitas para os filmes do cineas­ta, cuja atu­ação encon­tra­va na per­for­mance de Edna uma figu­ra quase que ami­ga. Na ver­dade, olhar os dois na tela era, em muitos momen­tos, teste­munhar uma amizade artís­ti­ca. Em “O Vagabun­do”, Edna se desta­ca e real­mente incor­po­ra a “cigana escrav­iza­da”. Deixan­do de lado a aparên­cia angel­i­cal, a atriz está suja, com roupas ras­gadas e os cabe­los com­ple­ta­mente desengonçados.

    E Chap­lin é Chap­lin. Com planos aber­tos em meio a natureza, o vagabun­do como músi­co itin­er­ante é bril­hante, afi­nal, toda a fome e ener­gia do per­son­agem explode em uma per­for­mance mar­cante. O vio­li­no e o cor­po de Chap­lin se tor­nam um só. Car­l­i­tos inclu­sive chega a pas­sar o arco do instru­men­to em seu nar­iz! Com o vio­li­no, em momen­tos de har­mo­nia seu cor­po se move suave­mente, e em momen­tos de ten­são ele é con­traí­do e joga­do por uma força que, obvi­a­mente, Chap­lin se deixa levar, chegan­do inclu­sive a cair em uma bacia de água! Nes­ta cena, Chap­lin e Edna estão em rit­mos para­le­los. Enquan­to o vagabun­do se empol­ga com seu instru­men­to, a atriz tam­bém se deixa levar pela músi­ca, e no mes­mo instante em que o cor­po de Chap­lin se move de for­ma sel­vagem, Edna lava a roupa fre­neti­ca­mente. Pura sintonia!

    Chap­lin se livra dos ciganos que pren­di­am Edna e foge com ela, mas antes cospe na cara do cigano mal­va­do, inter­pre­ta­do pelo gigante Eric Camp­bel, porém de uma maneira “dis­tin­ta”, como aque­las belas está­tuas que jor­ram água pelos lábios. Em uma leve câmera baixa, Chap­lin toma as rédeas da car­ru­agem dos ciganos, e em um pequeno trav­el­ling (movi­men­to de câmara em que esta real­mente se deslo­ca no espaço) para trás, apre­sen­ta um boni­to plano com os “vilões” cor­ren­do deses­per­ada­mente pela estra­da. Depois, não há bons ou maus per­son­agens, somente descober­tas. Um pin­tor sem inspi­ração encon­tra Edna. Uma mãe des­o­la­da encon­tra sua fil­ha per­di­da. E o vagabun­do quase perde o que havia encontrado.

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    Um dos grandes trun­fos de Chap­lin se dá na for­ma como ele uti­liza o cenário em sua vol­ta, em uma espé­cie de trans­fig­u­ração da real­i­dade. Há filmes do perío­do Mutu­al em que esta car­ac­terís­ti­ca é lev­a­da a extremos, ver “A Casa de Pen­hores” (1916), mas em “O Vagabun­do”, Chap­lin alia este poder de trans­for­mação a uma sen­si­bil­i­dade român­ti­ca, o que vai ser a pedra de toque de obras pos­te­ri­ores, como “O Garo­to” (1921) e “O Cir­co” (1928). Assim, são notavéis os sim­ples momen­tos de Chap­lin preparan­do “uma coz­in­ha ao céu aber­to” em uma mesa impro­visa­da, que­bran­do ovos com um marte­lo e lavan­do min­u­ciosa­mente o ros­to man­cha­do e mal­trata­do de Edna.

    No final, o pin­tor retor­na, em um car­ro, com a mãe de Edna e um grupo de pes­soas que estavam na exposição para o local onde Chap­lin mora­va. A sen­ho­ra, niti­da­mente rica, resolve dar um maço de din­heiro para Car­l­i­tos, que, sem titubear, recusa e ain­da afas­ta a ofer­ta com a pal­ma de sua mãe dire­i­ta – eis a elegân­cia de um vagabun­do. Neste momen­to, o sem­blante do Car­l­i­tos muda. Na ver­dade não é somente Car­l­i­tos ali, mas tam­bém o próprio Chap­lin. Na cena, há 4 atores em um plano amer­i­cano (quan­do a pes­soa é enquadra­da do joel­ho para cima), mas é níti­do como o cor­po do Vagabun­do enche o quadro.

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    O críti­co e dire­tor francês François Truf­faut, escreveu que a primeira fase da car­reira de Chap­lin se per­gun­ta “Será que exis­to?”. Acred­i­to que out­ra per­gun­ta que tam­bém norteia esta fase é “Porque que eu exis­to?”, e no final de “O Vagabun­do” há uma respos­ta. Car­l­i­tos existe para aqui­lo: Abraçar Edna, tocar no próprio ros­to sur­pre­so pela par­ti­da da par­ceira, diz­er “Adeus peque­na garo­ta” (Good­bye Lit­tle Girl), sor­rir lev­e­mente e lev­an­tar a mão esquer­da, sem ace­nar, para um car­ro que leva a sua amada.

    Entre 1914 e 1922, Charles Chap­lin pro­duz­iu 69 cur­tas. Deste perío­do, a min­ha fase favorita é a da Mutu­al. Nos 12 filmes feitos para pro­du­to­ra é pos­sív­el ver um cineas­ta fervil­han­do de ener­gia e ideias. No entan­to, nes­ta época o cineas­ta esta­va pre­ocu­pa­do em agradar o públi­co, o que fez com que muitos dos filmes da Mutu­al tivessem finais felizes, apres­sa­dos e mal con­struí­dos. Exem­p­lo dis­so é o des­fe­cho de “O Vagabun­do”. Acred­i­to que se o cur­ta ter­mi­nasse com Chap­lin de costas para a câmera, olhan­do o car­ro de Edna indo emb­o­ra, o efeito seria mais coer­ente com a pro­pos­ta do cur­ta: apre­sen­tar um vagabun­do que sem­pre está procu­ran­do um lugar onde pos­sa se encaixar. No final, Edna tem um insight e fica deses­per­a­da. O car­ro vol­ta e Chap­lin vai emb­o­ra jun­to com os out­ros per­son­agens. Foi algo muito rápi­do. Não que um final feliz seja um prob­le­ma, mas há um con­traste entre a epi­fa­nia de Edna e o com­por­ta­men­to que ela esta­va apre­sen­tan­do des­de que con­heceu o pin­tor. Porém, esta difer­ença não prej­u­di­ca a con­strução do per­son­agem de Chap­lin no cur­ta. “O Vagabun­do” é uma peque­na aven­tu­ra sen­ti­men­tal que ain­da pode emo­cionar, afi­nal, assim como a obra-pri­ma melo­dramáti­ca “O Garo­to”, este é “um filme com um sor­riso, e talvez uma lágrima…”.

    Assista ao filme com­ple­to abaixo:

  • Crítica: Um Bonde Chamado Desejo

    Crítica: Um Bonde Chamado Desejo

    O cin­e­ma e a lit­er­atu­ra sem­pre tiver­am uma estre­i­ta lig­ação, afi­nal o proces­so de cri­ação de um leitor per­ante uma obra literária é de con­strução da imag­i­nação. Com o surg­i­men­to do cin­e­ma, aumen­taram as pos­si­bil­i­dades de se ver atores/atrizes sendo dirigi­dos por grandes dire­tores e dan­do vida à grandes clás­si­cos da lit­er­atu­ra. E foi com essa pre­mis­sa que nas primeiras décadas do surg­i­men­to da séti­ma arte, a maio­r­ia da pro­dução era foca­da na adap­tação dos livros para a tela, ten­do seu auge na déca­da de 50, com grandes clás­si­cos Hollywoodianos .

    Ten­nessee Williams foi um dos dra­matur­gos mais adap­ta­dos pro cin­e­ma e tam­bém um dos mais pro­lí­fi­cos, muito a frente de sua época. Teve uma vida com­pli­ca­da por causa de seus prob­le­mas com o pai e com a esquizofre­nia de sua irmã. Sua depressão o lev­ou ao alcoolis­mo mas, ape­sar dis­so, ele sem­pre escreveu peças extrema­mente insti­gantes e desafi­ado­ras para os padrões de seu tem­po. Sua peça mais inter­es­sante talvez ten­ha sido Um bonde chama­do dese­jo (A street­car named desire) , que fez imen­so suces­so no teatro e foi adap­ta­da para o cin­e­ma, pelo dire­tor Elia Kazan , sob o títu­lo Uma rua chama­da peca­do (A Street­car Named Desire, EUA, 1951), con­tan­do com estre­las como a já famosa Vivien Leigh e o galã Mar­lon Bran­do.

    Blanche DuBois (Vivien Leigh) é uma mul­her inde­pen­dente e cheia de admi­radores, mas após perder sua pro­priedade e ter uma crise de “ner­vos”, ela vai morar com sua irmã mais nova, Stel­la (Kim Hunter) e seu cun­hado, Stan­ley (Mar­lon Bran­do). A del­i­cadeza de Blanche logo entra em con­fli­to com o com­por­ta­men­to agres­si­vo de Stan­ley, crian­do uma ten­são que nun­ca tin­ha sido expos­ta de tal for­ma no cinema.

    Claro que o roteiro de Uma rua chama­da peca­do foi bas­tante mod­i­fi­ca­do para o cin­e­ma, afi­nal a lit­er­atu­ra já era uma arte com mais liber­dade de ousa­dias do que o audio­vi­su­al e cer­tas questões do enre­do dev­e­ri­am ser adap­tadas para a sociedade da época. Algu­mas car­ac­terís­ti­cas que divergem do livro são bem visíveis, como a fal­sa inocên­cia de Blanche, que teve um caso com um aluno de 17 anos e teve uma enorme var­iedade de amantes. Ain­da, no orig­i­nal a questão da morte do mari­do de Blanche e o fato dele ser homos­sex­u­al ficam bem claros, mas como na déca­da de 50 ess­es assun­tos eram tabus, eles são bem implíc­i­tos. Pelo fato do lon­ga se focar de for­ma pri­morosa na ten­são entre Blanche e Stan­ley, estas lim­i­tações não afe­taram em prati­ca­mente nada o resul­ta­do final.

    Uma rua chama­da peca­do, mar­ca o retorno de Vivien Leigh aos cin­e­mas, após seu imen­so suces­so como Scar­lett O’Hara, em E o Ven­to Lev­ou, de Vic­tor Flem­ing. Já Mar­lon Bran­do, ain­da esta­va no começo de sua car­reira. A quími­ca entre os dois atores é tão forte que o filme foi con­sid­er­a­do eróti­co demais para a época, ape­sar de não haver con­ta­to algum entre Blanche e Stan­ley, mas a ten­são entre os dois é tão forte que se tor­na sexual.

    Fatos curiosos sem­pre cir­cu­lam em torno de filmes clás­si­cos, prin­ci­pal­mente nos anos 50 em que Hol­ly­wood vivia uma efer­vescên­cia cin­e­matográ­fi­ca. Vivien Leigh, por exem­p­lo, sofria de transtorno bipo­lar, e em diver­sos momen­tos ela não con­seguia dis­tin­guir a vida real da vida de sua per­son­agem. Segun­do as lendas, o dire­tor Elia Kazan se uti­li­zou desse fato para dar mais vida à Blanche de Uma rua chama­da peca­do. Mór­bido ou não, é mais uma das lendas que tor­nam o cin­e­ma hol­ly­wood­i­ano dessa época tão inter­es­sante. Não havia muitos recur­sos de imagem, de som e as maquia­gens eram muito sim­ples. A beleza das atrizes eram nat­u­rais e os “efeitos espe­ci­ais” eram mín­i­mos, dessa for­ma a atu­ação era o prin­ci­pal atra­ti­vo do filme. E nesse aspec­to, os per­son­agens de Bran­do e Leigh foram os mais per­feitos exem­p­los disso.

    Mes­mo que os filmes de aven­tu­ra estivessem fazen­do muito suces­so, assim como a ficção cien­tí­fi­ca, Uma Rua Chama­da Peca­do mudou com­ple­ta­mente o rumo desse seg­men­to. Diver­sos ele­men­tos con­sid­er­a­dos polêmi­cos na época estão nesse filme e mes­mo assim ele foi um enorme suces­so. Uma lição para os filmes atu­ais, que vivem repetindo a mes­ma fór­mu­la e não atingem o mes­mo pata­mar de atores e dire­tores, como Vivien Leigh, Mar­lon Bran­do, Elia Kazan e out­ros astros da época de ouro do cinema.

    Cena do Filme:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=2rYPjJIyKP8

  • Crítica: Os Incompreendidos

    Crítica: Os Incompreendidos

    os incompreendidos

    O ano de 1959 foi mági­co para o cin­e­ma Francês, pois o movi­men­to da Nou­velle Vague gan­ha­va força com a indi­cação de Os Incom­preen­di­dos (Les qua­tre cents coups, França, 1959) de François Truf­faut, em Cannes. Isto defin­i­ti­va­mente colo­ca­va o movi­men­to estéti­co, que lib­er­ta­va o cin­e­ma do puro entreten­i­men­to, na história do cin­e­ma mundial.

    O enre­do de Os Incom­pree­d­i­dos é prati­ca­mente uma auto­bi­ografia da infân­cia de Truf­faut. Antoine Doinel tem 14 anos e vive a tur­bulên­cia do íni­cio da ado­lescên­cia, enquan­to seus pais são ausentes e a esco­la repres­so­ra o tor­na cada dia mais dis­tante e com von­tade de ser inde­pen­dente. Na ten­ta­ti­va de fuga, Doinel e seu ami­go, e cole­ga de classe, René pas­sam a fal­tar aulas para ir ao par­que, ao cin­e­ma ou sim­ples­mente praticar peque­nas infrações para terem a sen­sação de estarem viven­do no lim­ite e com emoção.

    Os incom­preen­di­dos é a obra de estréia de Truf­faut, que até aque­le momen­to ape­nas escrevia críti­cas de cin­e­ma na revista Cahiers Du Cin­e­ma sob a tutela do críti­co, e “pai ado­ti­vo”, André Bazin. O filme traz uma visão intimista de um dos temas mais recor­rentes na obra do dire­tor: a infân­cia e o fim dela. Ape­sar do cli­ma muitas vezes ser de um doc­u­men­tário sobre os con­fli­tos da ado­lescên­cia, o dire­tor traz incríveis metá­foras sobre a liber­dade e incom­preen­são dos adul­to nes­ta fase de amadurecimento.

    Antoine Doinel, inter­pre­ta­do por Jean-Pierre Léaud, é a rep­re­sen­tação do pro­du­to de uma sociedade que o despreza e o subes­ti­ma. Por um lado, ele tem o desca­so de sua mãe e de seu pai ado­ti­vo que o vêem como um far­do pesa­do. De out­ro lado, a esco­la e todo o sis­tema edu­ca­cional (aliás uma grande críti­ca do dire­tor) que o obrigam a ser molda­do em um úni­co méto­do em que só existe uma respos­ta cer­ta para cada per­gun­ta. Truf­faut seguin­do as ideias de seu pro­fes­sor André Bazin, fez refle­tir em Os incom­preen­di­dos suas opiniões através do roteiro e das metá­foras em cenas inquietantes.

    Seguin­do a risca as neces­si­dades de que­bra de nar­ra­ti­va cin­e­matográ­fi­ca, Os incom­preen­di­dos ousa sem pare­cer exper­i­men­tal demais ou con­fu­so. O filme con­ta com muitas cenas exter­nas nas ruas de Paris e com refer­ên­cias níti­das, como a cena em que Doinel cria um altar para o autor francês Hon­oré de Balzac, que deix­am claro que a Nou­velle Vague vin­ha para deixar o cin­e­ma com tons muito mais pes­soais. Jean-Pierre Léaud inter­pre­tou Doinel por aprox­i­mada­mente 20 anos e num total de cin­co filmes de François Truf­faut. Vale ressaltar que Léaud, quan­do jovem, tin­ha uma semel­hança muito grande com o dire­tor Francês.

    Qual­quer filme do movi­men­to Nou­velle Vague pode ser con­sid­er­a­do um grande mar­co na história do Cin­e­ma. Mas é em Os Incom­preen­di­dos, especi­fi­ca­mente que o cin­e­ma autoral, com car­ac­terís­ti­cas fortes sobre os pen­sa­men­tos do dire­tor-autor gan­ha força. Assim Como fazia Ing­mar Bergman, Truf­faut deu ao cin­e­ma uma série de filmes temáti­cos e artís­ti­cos refletindo seus pensamentos.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=i89oN8v7RdY

  • O Grande Ditador (1940), de Charles Chaplin

    O Grande Ditador (1940), de Charles Chaplin

    o grande ditador

    Em 1940 a Segun­da Guer­ra Mundi­al esta­va há 5 anos de ofi­cial­mente ter­mi­nar. Nesse ano o cineas­ta Char­lie Chap­lin lança­va O Grande Dita­dor (The Great Dic­ta­tor, USA, 1940), com um dos roteiros mais ousa­do, engraça­do e com forte críti­ca social sobre esse momen­to que real­mente mar­cou a história do cinema.

    Logo nos crédi­tos ini­ci­ais de O Grande Dita­dor somos avisa­dos que a semel­hança entre os per­son­agens do filme com a real­i­dade é uma mera coi­cidên­cia, o que sabe­mos não ser ver­dade. Chap­lin apre­sen­ta dois per­son­agens fisi­ca­mente idên­ti­cos, mas em situ­ações opostas. Ade­noid Hynkel é o grande dita­dor da Tomâ­nia, uma nação que afun­da­da numa crise pas­sa a crer em coisas como grandes líderes e raças supe­ri­ores. Já o out­ro, o inti­t­u­la­do bar­beiro de judeus (Car­l­i­tos), é o típi­co desajeita­do que perdeu a memória na guer­ra e não entende o que está acon­te­cen­do em Tomâ­nia e mais pre­cisa­mente no gue­to em que vive.

    O enre­do de O Grande Dita­dor é incrív­el, trazen­do o para­lelis­mo da vida dos dois per­son­agens, ambos inter­pre­ta­dos por Chap­lin, que fun­cionam como car­i­catos cômi­cos das fig­uras cen­trais da época. Hynkel e o Bar­beiro nun­ca se encon­tram, mas suas vidas estão interli­gadas, pois a vida de um sem­pre aca­ba estando em jogo com as decisões do outro.

    Nas primeiras cenas vemos o per­son­agem de Car­l­i­tos em meio a guer­ra, sem­pre per­di­do com cenas cômi­cas do front. Chap­lin deixa claro a banal­iza­ção com a seriedade da guer­ra e o mal uso das supos­tos poderes béli­cos. Logo isso fica ain­da mais níti­do com as cenas de dis­cussão, sobre acor­dos de “paz”, entre Hynkel e o nar­ci­sista Ben­zi­no Napaloni, dita­dor de Bac­téria, uma clara refer­ên­cia entre a relação de Hitler com Ben­i­to Mus­soli­ni da Itália.

    O Grande Dita­dor é cheio de cenas que reme­tem às situ­ações de ten­são que a Segun­da Guer­ra Mundi­al causa­va e, Chap­lin fez dis­so uma pelícu­la em que tudo parece mais cômi­co se vis­to desse ângu­lo inocente que a comé­dia traz. Para reforçar os gestos car­i­catos dos dois per­son­agens prin­ci­pais o dire­tor abusa das cenas lon­gas, e um pouco exager­adas, como os dis­cur­sos fer­vorosos de Hynkel numa lín­gua incom­preesív­el. O filme foi o primeiro do dire­tor usan­do o som das vozes. Chap­lin acred­i­ta­va que o som iria mudar o expres­sion­i­mo do cin­e­ma, o tor­nan­do mais banal.

    Na fil­mo­grafia do dire­tor havia o clás­si­co Tem­pos Mod­er­nos, de 1936, que já o mostra­va como pai das sáti­ras soci­ais. Dizen­do que a vida era uma comé­dia se vista de per­to, fez de seus filmes obras de arte, sem nen­hum tipo de gra­tu­idade, e muito rep­re­sen­tan­ti­vas sobre os fatos que estavam mudan­do o cur­so da humanidade. E mes­mo com toda essa “lev­eza” Chap­lin foi exi­la­do dos EUA, por con­ta desse filme.

    O Grande Dita­dor é um clás­si­co pela cria­tivi­dade e ousa­dia do dire­tor. Em um perío­do em que as artes pisavam em ovos e o cin­e­ma era lim­i­ta­do pelo cin­e­ma-pro­pa­gan­da-total­itário, ele produziu/dirigiu/atuou em um filme que até hoje parece ousa­do demais, porém com a sub­je­tivi­dade sufi­cien­te­mente sen­sív­el para a época.

    Enquan­to, nes­ta época, muitos filmes, livros e obras amer­i­canos prefe­ri­am vis­ar ape­nas o entreten­i­men­to, O Grande Dita­dor é mar­ca­do pela críti­ca social e fal­ta de sen­ti­do do futuro. A arte da época foi mar­ca­da pelas car­i­cat­uras do que pode­ria vir a ser o futuro, como fica claro em out­ras obras do dire­tor e em obras literárias visionárias que retratam o total­i­taris­mo como 1984, de George Orwell.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=3OmQDzIi3v0

  • Crítica: Freaks (Monstros)

    Crítica: Freaks (Monstros)

    freaks

    Na déca­da de 1930 o cir­co tin­ha um sinôn­i­mo bem difer­ente do que hoje, uma grande ten­da reple­ta de artis­tas e diver­são , mas sim o lar de pes­soas a margem da sociedade, que pos­suíam algum tipo de defi­ciên­cia físi­ca e men­tal. Em 1932, o dire­tor amer­i­cano Tod Brown­ing traz, Freaks (Freaks, USA, 1932), um filme que mar­caria toda a história do cin­e­ma e prin­ci­pal­mente o que se entende por cin­e­ma bizarro e de ousadia.

    O enre­do de Freaks (Mon­stros) traz um cir­co em que as prin­ci­pais atrações são as aber­rações (a palavra freaks nesse momen­to, deno­ta­va o sen­ti­do dis­so). Cleopa­tra (Olga Baclano­va) é a trapezista que man­tém um caso com o domador Hér­cules (Hen­ry Vic­tor), ambos sendo con­sid­er­a­dos em per­fei­ta saúde. Ela é ganan­ciosa e ao saber que Hans (Har­ry Ear­les), um anão do cir­co, irá rece­ber uma grande for­tu­na decide que irá con­quistá-lo e se sub­me­ter a casar com o pequeno freak para depois elim­iná-lo e ficar com todo o din­heiro. Mas Cleo, não con­ta que ali os freaks são uma peque­na comu­nidade e que se aju­dam muito uns aos out­ros e não vão deixar bara­to o fato dela estar usan­do o pequeno Hans para se dar bem.

    A tra­ma de Freaks é o tipi­co dra­ma envol­ven­do ganân­cia, mas tudo fica mais inter­es­sante por dois grandes motivos, um é a for­ma de como o roteiro con­duz a per­son­agem de Cleopa­tra, que nesse momen­to com mais dois per­son­agens faz parte do elen­co saudáv­el, porém até onde? Mes­mo sendo con­sid­er­a­dos nor­mais, no filme o casal Cleo e Hér­cules são pre­con­ceitu­osos e agem de todas as for­mas para se darem bem. O segun­do ele­men­to que deixa o roteiro muito inter­es­sante, e que fuda­men­tal­mente mar­cou o cin­e­ma para sem­pre, foi o uso de pes­soas comuns e não atores. Um filme real, sobre per­son­agens reais nas condições exatas do momen­to. Muitos boatos sur­gi­ram que foi um filme de mui­ta difi­cul­dade na gravação já que con­ta­va com mais de 90% do elen­co ser com por­ta­dores de algu­ma espé­cie de defi­ciên­cia, e que isso ger­a­va descon­for­to no restante da equipe.

    Se até hoje difi­cil­mente vemos filmes que expon­ham a real­i­dade além do que se con­ven­cio­nou como “nor­mal”, imag­ine no íni­cio do sécu­lo XX. As lendas e fol­clores pop­u­lares mist­i­fi­cavam ao extremo qual­quer ser, humano e até mes­mo ani­mais, que nascessem com algu­ma espé­cie de defi­ciên­cia no cor­po. Já em mea­d­os do sécu­lo XVII as pes­soas con­heci­das como aber­rações já eram moti­vo de gan­ho de din­heiro para donos de cir­cos, inclu­sive o dire­tor David Lynch expõe isso em O Homem Ele­fante. Mais tarde os EUA sofren­do uma enorme urban­iza­ção, em muitos casos a úni­ca saí­da para essas pes­soas era se abri­gar em cir­cos e ser mais uma atração destes.

    O filme de Tod Brown­ing foi basea­do em um con­to de Tod Rob­bins inti­t­u­la­do Spurs e que fora colo­ca­do no gênero hor­ror da época. O dire­tor, que havia dirigi­do um ano antes o clás­si­co Drácu­la com Bela Lugosi, nem de longe esper­a­va que o filme fos­se na época ban­ido até os anos 60, pois hou­ve muitos relatos de abor­tos e ataques cardía­cos com as sessões do filme. Ele só foi relem­bran­do em um fes­ti­val de Cannes como um dos filmes que mar­caram época e acabou entran­do para lista de filmes con­sid­er­a­dos cults pelos ciné­fi­los em sessões proibidas.

    Freaks se tornou um clás­si­co não por motivos grandes em téc­ni­cas cin­e­matográ­fi­cas mas sim por um roteiro e ousa­dia inex­is­tentes na eṕo­ca, e até hoje tam­bém. Sem deixar nada gra­tu­ito demais, Brown­ing apre­sen­ta um filme com forte con­teú­do social e de enorme reflexão para uma sociedade que depois de muitas décadas ain­da se mostra no dire­ito de ide­alizar os con­ceitos de normalidade.

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=bBXyB7niEc0

  • Crítica: Gilda

    Crítica: Gilda

    Gilda

    Após a Grande Depressão nos E.U.A. muitos filmes poli­ci­ais, reple­tos de intri­gas e sus­pense, foram feitos. Inspi­ra­dos nos filmes de ter­ror dos anos 30 e no Expres­sion­is­mo Alemão, eles se tornaram um imen­so suces­so de críti­ca e públi­co. Ess­es foram os chama­dos filmes Noir. E Gil­da (Gil­da, EUA , 1946), de Charles Vidor foi um dos filmes de maior destaque nes­sa época.

    Estre­lando Rita Hay­worth, como a sedu­to­ra pro­tag­o­nista, temos uma das primeira pelícu­las a explo­rar a sen­su­al­i­dade fem­i­ni­na sem cair na vul­gar­i­dade. John­ny Far­rell (Glenn Ford) é um vigarista e em um jogo de car­tas se envolve em prob­le­mas. Sua vida é sal­va por Ballin Mund­son (George Macready), dono de um famoso clube noturno na cidade de Buenos Aires. A amizade deles é abal­a­da quan­do Mund­son retor­na de uma viagem com a nova esposa Gil­da, que havia sido namora­da de Far­rell no passado.

    A Segun­da Guer­ra Mundi­al teve seu fim em 1945, esse fato influ­en­ciou dire­ta­mente no filme. Final­mente, o mun­do res­pi­ra­va um pouco de paz após tan­tos anos de caos, os bon vivants começaram a dar as caras e os cassi­nos se tornaram um refú­gio. A mul­her começa a con­quis­tar alguns de seus dire­itos e sua voz ecoa no cin­e­ma. Ela deixa de ser vista como um ser pas­si­vo e se tor­na cen­tro de atenções e discussões.

    O dire­tor Charles Vidor con­seguiu mesclar com maes­tria todo o cli­ma de sus­pense com a sen­su­al­i­dade de Gil­da. Rita Hay­worth se tornou mundial­mente famosa por causa de sua per­son­agem, que foi con­sid­er­a­da uma das primeiras femme fatales do cin­e­ma. Uma cena mem­o­ráv­el é a que ela can­ta Put the blame on Mame no cassi­no, ao reti­rar as luvas enquan­to dança. A canção foi cri­a­da jus­ta­mente para o filme e até hoje é lis­ta­da como um dos momen­tos mais sen­suais do cinema.

    Gil­da é um clás­si­co porque con­seguiu reunir todas as car­ac­terís­ti­cas do bom cin­e­ma: sen­su­al­i­dade sem vul­gar­i­dade, intri­gas e um bom sus­pense. Com­para­do com o cin­e­ma atu­al, ele pode ser con­sid­er­a­do um filme inocente. O sim­ples ato de tirar as luvas era con­sid­er­a­do obsceno, o que diz­er das ten­ta­ti­vas cin­e­matográ­fi­cas de hoje, que mostram atrizes nuas sem moti­vo aparente, que explo­ram a sen­su­al­i­dade da mul­her de for­ma vul­gar? São questões como essas que tor­nam Gil­da um filme eter­no, um ver­dadeiro clás­si­co do cinema.

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  • Crítica: Metrópolis

    Crítica: Metrópolis

    metropolis

    Metrópo­lis (Metrop­o­lis, Ale­man­ha, 1927), do dire­tor aus­tría­co Fritz Lang, é uma das pelícu­las que surgiu na déca­da de 20 e se tornou impor­tan­tís­si­ma para o surg­i­men­to do gênero de ficção cien­tí­fi­ca, trazen­do efeitos e pro­duções que até hoje soam rev­olu­cionado­ras e grandiosas. O filme foi basea­do num romance escrito por Thea Von Har­bou, na época esposa de Lang (inclu­sive ele foi par­ceiro na con­cepção da obra), e traz a história de uma cidade na efer­vescên­cia do imag­inário do que seria o sécu­lo XXI. Movi­da pelas máquinas, onde somente um úni­co homem dom­i­nar­ia um sem número de home­ns, que metaforizam o pro­le­tari­a­do submisso.

    Joh Fred­er­sen (Alfred Abel) é um homem que se con­sid­era inteligente e poderoso, a grande mente por trás da cidade de Metrópo­lis, a cidade super mod­er­na que fun­ciona impecavel­mente graças ao tra­bal­ho de cen­te­nas de home­ns tra­bal­han­do ard­u­a­mente no sub­so­lo. Joh tem um fil­ho, o jovem Fred­er (Gus­tav Fröh­lich) que ao desco­brir as condições em que se encon­tram os tra­bal­hadores no sub­so­lo da cidade con­hece Maria (Brigitte Helm), uma garo­ta que ali­men­ta esper­anças rev­olu­cionárias neles, e influ­en­cia o jovem Fred­er a virar uma espé­cie de mártir.

    Fred­er não poupa esforços em movi­men­tar ess­es tra­bal­hadores para que lutem por condições mel­hores, tor­nan­do Metrópo­lis uma ver­dadeira ode ao social­is­mo e a revol­ta pós rev­olução indus­tri­al, que segun­do os filó­so­fos mod­er­nos, mecan­i­zou o homem mod­er­no. Isto só seria vis­to nova­mente com tan­ta ênfase quase 10 anos depois com o filme Tem­pos Mod­er­nos, do britâni­co Charles Chap­lin. Ain­da, a nar­ra­ti­va con­ta com o inven­tor Rot­wang (Rudolf Klein-Rogge), uma espé­cie de cien­tista malu­co, bem comum nos estereóti­pos dessa época, que traz a tona a invenção de uma mul­her-robô (a Maschi­nen­men­sch), que a prin­ci­pio seria o encar­ne de Hel, a mãe de Fred­er, fale­ci­da esposa de Joh e amante do cien­tista. Esse robô con­duziria os home­ns ao seu des­ti­no, deixan­do claro a sen­sação pes­simista que Lang e Har­bou tin­ham do futuro dom­i­nador da tec­nolo­gia, que ain­da anda­va a pas­sos lentos nes­sa época.

    Sobre­tu­do, Metrópo­lis mar­cou a história do cin­e­ma pelo rev­olu­cionador modo de fil­mar. O filme foi o pre­cur­sor do uso do proces­so Schüff­tan, que con­sis­tia no uso de espel­hos para inserir os autores em cenários em miniatu­ra, a téc­ni­ca se igualou a febre do 3D hoje, mas nos anos 30. Diga-se de pas­sagem que nesse aspec­to Fritz Lang fez uma ver­dadeira obra pri­ma, com destaque para as cenas panorâmi­cas mostran­do a mod­er­na cidade com seus car­ros voadores e enormes arran­ha-céus mod­er­nos. A pro­dução de arte é uma das mais incríveis, des­de a con­strução da robô, já fei­ta pen­san­do na atu­ação e con­for­to da atriz, até os cenários exter­nos e cenas com cen­te­nas de fig­u­rantes, Metrópo­lis se mostra­va como um dos mais bem elab­o­ra­dos filmes da história do cinema.

    O filme é cheio de sacadas geni­ais com metá­foras de val­or críti­co imen­so. Para aque­le momen­to do cin­e­ma, a déca­da de 20, ain­da não se via muitos filmes com taman­ho teor profis­sion­al tan­to em ter­mos de téc­ni­cas de fil­magem, como em enre­dos detal­his­tas. Fritz Lang foi um per­cur­sor nesse cin­e­ma cuida­doso, não à toa foi um dos expoentes do Expres­sion­is­mo Alemão, traduzin­do em pelícu­las seu modo de ver o mun­do. Ele foi tam­bém um dos primeiros dire­tores a ir para Hol­ly­wood refilmar sua obra com o famoso “jeit­in­ho amer­i­cano” cos­tumeiro até hoje.

    Para quem se con­sid­era um grandioso fã de ficção cien­tí­fi­ca e se encan­ta facil­mente pela cria­tivi­dade, que mes­mo escas­sa hoje e somente pre­sente com mui­ta tec­nolo­gia, de dire­tores que cri­aram incríveis real­i­dades fan­tás­ti­cas, Metrópo­lis é obri­gatório para se enten­der a história do cin­e­ma e os mod­er­nos proces­sos de cri­ação atu­ais no audiovisual.

    Out­ra críti­cas interessantes:

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=UL0dys0wjjU