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Crítica: Chico Xavier
Chico Xavier é um personagem misterioso não apenas por causa da psicografia, mas também pela sua própria personalidade. No centenário do seu nascimento, e Sexta-feira da Paixão, foi lançado Chico Xavier (Chico Xavier, Brasil, 2010), dirigido por Daniel Filho, em sua homenagem, baseado no livro “As Vidas de Chico Xavier”, de Marcel Souto Maior.
O enredo foi dividido em duas histórias. A primeira é a do próprio Chico e, a segunda é a do casal Orlando (Tony Ramos) e Glória (Christiane Torloni). A impressão que fica,é que as duas têm muito pouco haver uma com a outra, que simplesmente foram juntadas por algum motivo mercadológico e não como um adendo à história. Apesar de, no final do filme haver a conexão, feita de forma apressada e atrapalhada, das duas narrações. O que mais incomoda é o fato da transição de uma para outra deixar em segundo plano trechos da entrevista “ao vivo” com o Chico no programa Pinga Fogo, da extinta TV Tupi. Qual era o tema principal do filme mesmo?
Além do fato do elenco estar repleto de caras já muito conhecidas das novelas brasileiras, Chico Xavier, também segue bastante a linha do cinema-novela, característica infeliz de muitos filmes nacionais (e principalmente do diretor). Quando aparecem algumas tomadas um pouco mais diferentes, alimentando esperanças de que poderia haver uma mudança, o estilo volta com toda sua força. Com direito a típicos dramalhões mexicanos , infantilização total não só da história, mas da própria inteligência do espectador, e ainda, momentos para causar sentimentalismos em todo o tipo de público.
Apesar do personagem Chico dizer várias vezes que os espirítos que o cercam são bons, nos momentos que se faz alusão á presença de algum deles, surge uma trilha sonora de suspense berrante, parecendo que você está assistindo aqueles filmes de suspense psicológico trash. Afinal, eles eram bons ou ruins? Só faziam o bem para quem acreditava neles? E falando em trash, a impressão que fica em Chico Xavier, é que não somente ele se passa por volta dos anos 80, mas que também foi filmado não muito longe desta época. As encenações e os efeitos foram pobremente produzidos, tornado-se muitas vezes totalmente ridículos e às vezes exagerados.
O interesse da distribuidora hollywoodiana (Sony) no projeto é, digamos, anterior ao próprio projeto. “Os livros religiosos são tão bem vendidos que sempre me perguntei por que não viravam filme.” (via Folha Online) Este trecho consegue muito bem resumir, e por que não confirmar, toda a agitação que a divulgação (para não falar na própria produção) do filme na mídia. Há uma “análise” interessante deste cenário, feita por Eduardo Escorel, chamada Chico Xavier, Promoção orquestrada I e II.
Como cinema, Chico Xavier, não merece nenhum destaque, mas como meio para divulgar melhor esta história, torna-se até que válido (dentro de vários limites, é claro). Mas é sessão pipoca-novela em tela grande garantida.
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