Tag: Cinema

  • Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador (1993), de Lasse Hallström | Crítica

    Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador (1993), de Lasse Hallström | Crítica

    Tudo ao meu redor são ros­tos famil­iares, lugares des­gas­ta­dos, faces des­gas­tadas. (…) Os son­hos nos quais eu estou mor­ren­do são os mel­hores que já tive”
    (Mad World, com­posição do Tears for Fears na voz de Gary Jules).

    gilbert-grape-lasse-hallstrom-critica-posterCer­tos lugares são dev­as­ta­dos por catástro­fes nat­u­rais ou por exter­mínio béli­co. Mas existe um tipo de des­o­lação que chega sem alarde e se insta­la. Algu­mas vezes, ela nasce jun­to com o lugar. Há os que cor­rem deses­per­ada­mente para fugir. E há os que ficam. O filme Gilbert Grape – Apren­diz de Son­hador (orig­i­nal What’s Eat­ing Gilbert Grape?), do dire­tor sue­co Lasse Hall­ström, con­ta a história de um jovem que per­maneceu no mes­mo lugar, enter­ra­do pela roti­na de uma cidade onde o reló­gio parou.

    Gilbert (John­ny Depp) vive em Endo­ra, peque­na cidade engol­i­da pelo tem­po. Depois do suicí­dio do pai, ele assume a respon­s­abil­i­dade pelo sus­ten­to da família. E não ape­nas isso: Gilbert vive inte­gral­mente para cuidar de seu irmão Arnie (Leonar­do DiCaprio), um ado­les­cente com prob­le­mas men­tais, e de sua mãe (Dar­lene Cates), que sofre de obesi­dade mór­bi­da. Há ain­da duas irmãs, Amy (Lau­ra Har­ring­ton) e Ellen (Mary Kate Schell­hardt), criat­uras atra­pal­hadas que ten­tam aux­il­iar Gilbert, mas acabam cobran­do mais do que ajudando.

    A família de Gilbert Grape
    A família de Gilbert Grape

    Tra­bal­han­do como faz-tudo em uma mer­cearia, Gilbert leva Arnie a todos os lugares. O grande even­to do ano para os dois irmãos é a pas­sagem de trail­ers pela estra­da que cruza a cidade. Em uma dessas pas­sagens, um dos veícu­los que­bra e pre­cisa per­manecer na minús­cu­la Endo­ra por algum tem­po. Esse sim­ples fato for­tu­ito é o pon­to de trans­for­mação na cabeça de Gilbert, já que ele con­hece Becky, garo­ta via­ja­da e cos­mopoli­ta, que acom­pan­ha a avó em excursões pelo país. Vivi­da pela atriz Juli­ette Lewis, Becky é o con­trapon­to de Gilbert: enquan­to o jovem tem olhos tristes, pesa­dos pelas obri­gações que nun­ca ces­sam e pre­cisa con­viv­er com son­hos acor­renta­dos, a jovem é viva, inten­sa e efu­si­va. No lugar dos arrou­bos escan­dalosos, Becky ofer­ece out­ro tipo de carpe diem: ela apre­sen­ta para Gilbert a imen­sid­ão de um mun­do que está ali, expres­so no pôr do sol ou na pos­si­bil­i­dade de obser­var a poe­sia no invisív­el. Esse é um dos pon­tos inter­es­santes do filme.

    Leonardo DiCaprio, Johnny Depp e Juliette Lewis
    Leonar­do DiCaprio, John­ny Depp e Juli­ette Lewis

    O enre­do sem pirotec­nia começa a gan­har o coração do espec­ta­dor com a atu­ação sen­sa­cional de Leonar­do DiCaprio. Os gri­tos e brin­cadeiras de Arnie arran­cam emoções do peito e des­per­tam o olhar para a existên­cia inte­ri­or de pes­soas que fogem dos padrões con­sid­er­a­dos nor­mais. As lim­i­tações men­tais de Arnie não o impe­dem de sor­rir, ser feliz e procu­rar o car­in­ho incondi­cional do irmão. Pelo con­trário: o espec­ta­dor obser­va um ado­les­cente que con­segue viv­er em Endo­ra sem que a monot­o­nia da cidade o empurre para den­tro do poço. Nesse caso, a ignorân­cia do mun­do fun­ciona como uma benção. Indi­ca­do ao Oscar em 1994 na cat­e­go­ria de mel­hor ator coad­ju­vante, DiCaprio merece cada menção hon­rosa pela atu­ação. Ele alcança os gestos, olhares e padrões de com­por­ta­men­to de uma pes­soa com defi­ciên­cia men­tal. Na época com dezen­ove anos, o ator deixou muito vet­er­a­no de queixo caído.

    Johnny Depp como Gilbert
    John­ny Depp como Gilbert

    Na pele de Gilbert, Depp mostrou ser o homem ide­al para viv­er o papel: os olhos melancóli­cos e pesa­dos de respon­s­abil­i­dade; o jeito afáv­el e ded­i­ca­do com o qual trata­va seu irmão e o dese­jo inces­sante de sair daque­le lugar. Todas essas emoções gan­haram con­tornos reais no ros­to de John­ny Depp, que ain­da não tin­ha sido pos­suí­do pelos tre­jeitos do famiger­a­do capitão Jack Sparow, per­son­agem que inter­pre­taria uma déca­da depois na série inter­mináv­el Piratas do Caribe. Mais boni­to do que nun­ca, Depp traz na expressão o deses­pero silen­cioso de Gilbert; sua inocên­cia mis­tu­ra­da ao comod­is­mo e o medo de aban­donar a sua benção e calvário: a própria família. Em Endo­ra, a família Grape é a per­son­ifi­cação da imo­bil­i­dade da cidade: a mãe obe­sa que não sai de casa há sete anos; a própria residên­cia da família, com­ple­ta­mente imutáv­el des­de que foi con­struí­da pelo pai; a rejeição de Gilbert em con­hecer o super­me­r­ca­do novo que abriu na cidade, ameaçan­do a sobre­vivên­cia do mer­cad­in­ho em que tra­bal­ha, e a roti­na de vida que leva: de casa para o tra­bal­ho e vice-ver­sa. Sua úni­ca dis­tração é o assé­dio con­stante da mul­her do cor­re­tor Carv­er, a dona de casa Bet­ty. Em uma das silen­ciosas crises exis­ten­ci­ais de Gilbert, Bet­ty rev­ela qual é o moti­vo de quer­er man­ter um caso com ele, aumen­tan­do con­sid­er­av­el­mente o caos inter­no do jovem Grape.

    Leonardo DiCaprio como o jovem Arnie
    Leonar­do DiCaprio como o jovem Arnie

     

    O lon­ga metragem sur­preende pela emoção sin­cera, dico­to­mias e dile­mas que podem estar per­to de nós. Muitas vezes, seguimos mecani­ca­mente os dias porque esta­mos pre­sos na con­fortáv­el bol­ha da vida ou em obri­gações pétreas que trans­for­mam nos­sas existên­cias em bura­cos vazios sem dire­ito à esper­ança. A feli­ci­dade de Arnie, seu modo ale­gre de viv­er, a “benção da ignorân­cia” e a capaci­dade de recomeçar os dias sem remor­so são um pon­to alto na mudança de per­spec­ti­va. O baixo orça­men­to de Gilbert Grape – Apren­diz de Son­hador provou que exis­tem emoções ocul­tas na epi­derme humana que aguardam a opor­tu­nidade de vir à tona, e inde­pen­dem de altos inves­ti­men­tos. O cin­e­ma abre espaço para essa pul­sação se manifestar.

  • O valor da humanidade em Antonio Skármeta

    O valor da humanidade em Antonio Skármeta

    Cena do filme 'O Carteiro e o poeta'
    Cena do filme ‘O Carteiro e o poeta’

    Em relação aos que viram o filme ‘O carteiro e o poeta’, poucos terão lido ‘Ardi­ente pacien­cia’ escrito pelo chileno Anto­nio Skármeta em 1985, e adap­ta­do para o cin­e­ma em 1994. Mas muitos lem­brarão o per­son­agem Mario Rup­po­lo, o carteiro que que­ria apren­der a escr­ev­er poe­mas com Pablo Neru­da, a quem entre­ga­va car­tas em Isla Negra, onde o poeta se exilou por razões políti­cas. Quan­do Neru­da vai emb­o­ra, Mario se casa e pas­sa a ter uma pro­fun­da con­sciên­cia social. Com saudades do poeta, gra­va os sons do mar e a bati­da do coração do fil­ho no ven­tre da esposa grávi­da e os envia ao céle­bre interlocutor.

    Em várias entre­vis­tas, Skármeta con­ta um episó­dio saboroso sobre o per­son­agem. Logo depois de rece­ber indi­cações ao Oscar, frus­trou uma jor­nal­ista de uma grande rede de tevê amer­i­cana, que o procurou para que a lev­asse até o ami­go de Neru­da. O escritor rev­el­ou que o carteiro era fru­to de sua imaginação.

    Pablo Neruda, Antonio Skármeta e Juan Rulfo (Foto: Sara Facio)
    Pablo Neru­da, Anto­nio Skármeta e Juan Rul­fo (Foto: Sara Facio)

    O chileno foi grande ami­go de Pablo Neru­da. Mas a faís­ca para a cri­ação de Mario pode ter sido dis­para­da num encon­tro com o escritor argenti­no Julio Cortázar, em Manágua. Ambos estavam lá para cel­e­brar a vitória dos san­din­istas, con­vo­ca­dos por Ernesto Car­de­nal. Apare­ceu  um carteiro, com um telegra­ma para Cortázar. Skármeta indi­cou o escritor, ao lado de um poste. O escritor mex­i­cano Augus­to Mon­ter­roso per­gun­tou: “Quem é o poste e quem é Julio?

    A poe­sia tem sido a peça de resistên­cia, ao lon­go da obra de Skármeta. O liris­mo é um recur­so literário estratégi­co, usa­do para tratar questões espin­hosas, como a repressão políti­ca e o exílio. Assim é de ‘Ardente Paciên­cia’, ‘Não foi nada’ (No pasó nada, 1980) e ‘A insur­reição’ (La insur­ren­ción, 1985), os três pub­li­ca­dos no Brasil, a ‘Los dias de arco Iris’, (2011). As nov­e­las relatam parte da história recente do Chile, des­de o golpe de Augus­to Pinochet, que der­rubou o social­ista Sal­vador Allende, em 1973, ao proces­so de rede­moc­ra­ti­za­ção, em 1990. O escritor se vale de per­son­agens secundários, em ger­al jovens ou nasci­dos nas camadas pop­u­lares, para relatar dra­mas vivi­dos por pro­tag­o­nistas em protestos con­tra regimes de exceção.

    A obra de Skármeta cruza-se com a sua biografia. O escritor estu­dou Filosofia na Uni­ver­si­dade do Chile, ori­en­ta­do pelo filó­so­fo alemão Fran­cis­co Sol­er Gri­ma, dis­cípu­lo de Julián Marías e José Orte­ga y Gas­set. Ain­da na uni­ver­si­dade, atu­ou como dire­tor de teatro e mon­tou obras de Calderón de la Bar­ca, Gar­cía Lor­ca, William Saroy­an e Edward Albee. Gan­hou con­cur­sos literários nos jor­nais La Nación e El Sur. Traduz­iu Her­mann Melville, Jack Ker­ouac, Scott Fitzger­ald e Nor­man Mail­er.

    Antonio Skármeta
    Anto­nio Skármeta

    Em 1969, rece­beu o Prêmio ‘Casa de las Améri­c­as’ por ‘Desnudo en el teja­do’. Já havia pro­duzi­do um filme sobre o Movi­men­to de ação pop­u­lar e Unitária (MAPU), do qual era mem­bro. Incor­porou, mais tarde, a história à nov­ela ‘La insur­rec­ción’. Com o golpe mil­i­tar no Chile, exilou-se em Berlim, onde se dedi­cou ao cin­e­ma. Aí escreveu ‘O carteiro e o poeta’, primeiro para a rádio alemã e depois para o mun­do. Em 1989, voltou ao Chile, depois de 16 anos. Criou um pro­gra­ma de tele­visão chama­do ‘O show dos livros’.

    valor-humanidade-antonio-skarmeta-5Em 1994, estre­ou no cin­e­ma a segun­da ver­são de ‘O Carteiro e O Poeta’, com o títu­lo ‘El cartero de Neru­da’. O filme, dirigi­do por Michael Rad­ford e estre­la­do por Mas­si­mo Troisi, teve cin­co indi­cações ao Oscar. A par­tir daí, Skármeta pas­sou a ser recon­heci­do mundial­mente e rece­beu vários prêmios literários por suas obras: ‘Prêmio Inter­na­cional de Lit­er­atu­ra Bocac­cio’ (1996), por ‘No pasó nada’, ‘Pre­mio Alta­zor’ (1999), por ‘La boda del poeta’, e o ‘Grin­zane Cavour’, em 2003. Em 2006, rece­beu o ‘Pre­mio Inter­nazionale Ennio Fla­iano’ pelo “val­or cul­tur­al e artís­ti­co de sua obra”, em par­tic­u­lar pelo romance ‘El baile de la Vic­to­ria’.

    Se a maior parte dos escritores con­tem­porâ­neos se ren­dem à sedução neolib­er­al, pul­ver­izan­do sua obra no entreten­i­men­to para camadas médias, Skármeta resiste, fundin­do ficção e memória históri­ca. Utópi­co, o escritor crê na função social da arte: ’em momen­tos árdu­os da vida de um país, cel­e­brar a imag­i­nação do artista, que com­bi­na­da com a força da gente ati­va, pode pro­duzir mudanças lib­ertárias na sociedade’, afir­ma em entre­vista em 2011, pub­li­ca­da em seu site oficial.

    Além de ‘O carteiro e o poeta’, muitas nov­e­las suas foram adap­tadas para out­ras lin­gua­gens artís­ti­cas. ‘Ardi­ente Pacien­cia’ virou filme e ópera, can­ta­da por Plá­ci­do Domin­go, em Los Ange­les e um musi­cal inter­pre­ta­do pela Orques­tra Sin­fôni­ca de Lon­dres. ‘El plebisc­i­to’, orig­i­nal­mente tex­to para o teatro, com mon­tagem frustra­da em 2008, foi remon­ta­do na nov­ela ‘Los dias del arco iris’. A nar­ra­ti­va ‘Un padre de pelic­u­la’, que tem à frente um jovem que sente a fal­ta de seu pai, um francês que voltou a seu país, começa a ser fil­ma­do em 2015, pelo dire­tor e ator brasileiro Sel­ton Mel­lo.

    Sipho Sepamla e Antonio Skarmeta (1981)
    Sipho Sep­am­la e Anto­nio Skarmeta (1981)

    Uma car­ac­terís­ti­ca de suas obras são os per­son­agens de ape­lo pop­u­lar: pes­soas humildes, jovens tími­dos e tristes, pros­ti­tu­tas. Ess­es per­son­agens sofrem uma bru­tal trans­for­mação em suas vidas ao entrar em con­ta­to com o mun­do da alta cul­tura. A fricção entre a espon­tanei­dade da cul­tura pop­u­lar e as pro­fun­di­dade do con­hec­i­men­to eru­di­to aca­ba crian­do fig­uras trans­bor­dantes de humanidade, palpáveis como as que encon­tramos no cotidiano.

    Cri­ar ess­es tipos parece ter sido uma lição que Skármeta apren­deu do teatro e do cin­e­ma, para atrair o leitor médio. Graças à for­mação int­elec­tu­al e políti­ca, o escritor agra­da tam­bém o leitor exi­gente, ambi­en­tan­do sua ficção em con­tex­to históri­co. O encon­tro entre per­son­agens da baixa e da alta cul­tura põe em movi­men­to a ideia de que a lit­er­atu­ra pode trans­for­mar a real­i­dade através da edu­cação. Edu­car, nesse caso, é levar o leitor à con­sciên­cia social e à descober­ta da poe­sia, através da iden­ti­fi­cação com os per­son­agens mais ingênuos.

  • Ópera “Os Mestres Cantores de Nuremberg” e o Ballet Bolshoi “A Lenda do Amor” ao vivo

    Ópera “Os Mestres Cantores de Nuremberg” e o Ballet Bolshoi “A Lenda do Amor” ao vivo

    O dire­tor musi­cal do “The Met­ro­pol­i­tan Opera” em Nova York, James Levine, con­duz “Os Mestres Can­tores de Nurem­berg”, comé­dia cômi­ca do com­pos­i­tor alemão Richard Wag­n­er – de vol­ta ao Met pela primeira vez em oito anos. A atração será exibi­da ao vivo de Nova York na rede de cin­e­mas UCI, no sába­do, 13 de dezem­bro, às 15h (horário de Brasília).

    O fim de sem­ana na UCI ain­da terá a exibição do espetácu­lo “A Len­da do Amor” do Bal­let Bol­shoi no sába­do, dia 13, e domin­go, dia 14, às 15h30 (horário de Brasília). Fil­ma­do ao vivo em Moscou, a apre­sen­tação de 180 min­u­tos faz parte da tem­po­ra­da 2014 da reno­ma­da insti­tu­ição e tem como base o con­to de fadas ori­en­tal sobre a cza­ri­na Mehmene Banu. Em Curiti­ba (PR), as sessões da ópera e do balé serão exibidas nas salas do UCI Estação e do UCI Palladium.

    Ballet Bolshoi “A Lenda do Amor”
    Bal­let Bol­shoi “A Len­da do Amor”

    Em três atos, a ópera se pas­sa em Nurem­berg no sécu­lo XVI, e con­ta a história do cav­al­heiro Walther von Stolz­ing (Johan Botha) que está apaixon­a­do por Eva (Annette Dasch), a fil­ha do rico ourives Pogn­er (Hans-Peter Konig). Mas o pai de Eva prom­e­teu a mão da donzela ao vence­dor do con­cur­so de can­to orga­ni­za­do pela con­fraria dos Mestres Can­tores. Walther decide então apre­sen­tar-se nesse con­cur­so ape­sar de ter ape­nas um dia para se preparar. O papel prin­ci­pal fica a car­go de Johan Reuter, que inter­pre­ta o poeta alemão Hans Sachs, que aux­il­ia o mocin­ho na difí­cil missão.

    Já o espetácu­lo do Bol­shoi, dirigi­do por Yuri Grig­orovich, retor­na aos pal­cos após uma ausên­cia de dez anos. As cenas con­tam a história da Rain­ha Mekhmene Banu. Os aparta­men­tos reais estão mer­gul­ha­dos em luto porque Shryn, a irmã mais nova de Banu, está mor­ren­do. A prince­sa só será sal­va se a rain­ha der a Shyrin sua beleza. A rain­ha Banu, então, decide se sac­ri­ficar, mas logo se arrepende quan­do fica des­fig­u­ra­da e Shyrin se apaixona por seu amante, o pin­tor Fer­khad. O balé é um dos primeiros tra­bal­hos core­ográ­fi­cos de Grig­orovich e seu enre­do explo­ra o con­fli­to entre o amor e o dever.

    Ficha téc­ni­ca
    “Os Mestres Can­tores de Nuremberg”
    Pro­dução: Otto Schenk
    Cenografia: Gün­ther Schneider-Siemssen
    Ilu­mi­nação: Gil Wechsler
    Coreó­grafo: Car­men de Lavallade

    SERVIÇO:
    Filme: Os Mestres Can­tores de Nuremberg
    Data: Sába­do, 13 de dezem­bro, às 15h (horário de Brasília)
    Val­or: R$ 60,00
    Tem­po de duração: 360 min

    Ficha téc­ni­ca
    “A Len­da do Amor”
    Músi­ca: Arif Melikov
    Libret­to: Naz­im Hikmet
    Core­ografia Orig­i­nal: Yuri Grigorovich

    SERVIÇO:
    Filme: Bal­let Bol­shoi : A Len­da do Amor
    Data: Sába­do, 13 de dezem­bro e dom­in­ho 14 de dezem­bro, às 15h30 (horário de Brasília)
    Val­or: R$ 50,00
    Tem­po de duração: 180 min

    CINEMAS:
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Maratona de filmes da trilogia “O Hobbit” em dezembro na UCI

    Maratona de filmes da trilogia “O Hobbit” em dezembro na UCI

    uci-transparente

    Os fãs da saga “O Hob­bit” já podem com­prar ante­ci­pada­mente os ingres­sos para a mara­tona de filmes que será exibi­da na rede UCI Cin­e­mas. Os três lon­gas – “Uma Jor­na­da Ines­per­a­da”, “A Des­o­lação de Smaug” e “A Batal­ha dos 5 Exérci­tos”, estarão em car­taz nos cin­e­mas da rede nos dias 8, 9 e 10 de dezem­bro, respec­ti­va­mente. Em Curiti­ba (PR), os espec­ta­dores podem acom­pan­har as sessões nas salas do UCI Estação e UCI Palladium.

    A mara­tona de “O Hob­bit” é uma ação de divul­gação para a estreia da últi­ma parte da trilo­gia, o lon­ga “A Batal­ha dos 5 Exérci­tos”, que chega aos cin­e­mas brasileiros no dia 11 de dezem­bro. A série de três filmes é de fan­ta­sia épi­ca e de aven­tu­ra dirigi­do, coe­scrito e pro­duzi­do por Peter Jack­son e basea­do no livro The Hob­bit de J. R. R. Tolkien, pub­li­ca­do em 1937.

    Os ingres­sos para a mara­tona dos filmes “O Hob­bit” já estão à ven­da na UCI, e podem ser adquiri­dos no site da rede UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendi­men­to dos cinemas.

    SERVIÇO
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    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
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    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
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  • UCI Cinemas exibe show “Queen Rock Montreal” em alta definição

    UCI Cinemas exibe show “Queen Rock Montreal” em alta definição

    Uma das maiores per­for­mances ao vivo do Queen pode ser vista em ver­são Ultra HD nas telas do UCI Cin­e­mas. Nos dias 24 e 29 de novem­bro, a rede de cin­e­mas que opera em salas nos shop­pings Estação e Pal­la­di­um, em Curiti­ba (PR), exibe “Queen Rock Mon­tre­al”, um dos shows mais inesquecíveis do grupo lid­er­a­do por Fred­die Mercury.

    A apre­sen­tação a ser trans­mi­ti­da ocor­reu em 1981, no Montreal’s Forum, no Canadá. Após ter o lon­ga grava­do em 35mm, esta nova ver­são foi remas­ter­i­za­da em Ultra HD, que pro­por­cionará uma exper­iên­cia de real­is­mo e mel­hor qual­i­dade de som para os fãs da ban­da. No repertório do show, estão hits como “We Will Rock You”, “Killer Queen”, “Under Pres­sure”, “Crazy Lit­tle Thing Called Love”, “We Are The Cham­pi­ons”, “Anoth­er One Bites The Dust” e “Bohemi­an Rhapsody”.

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    Queen Rock Mon­tre­al” fir­ma o ano em que a ban­da britâni­ca con­quis­tou a lid­er­ança das prin­ci­pais paradas dos EUA e da Inglater­ra ao mes­mo tem­po, além de ter lev­a­do cer­ca de 130 mil pes­soas ao Está­dio do Morumbi, em São Paulo, para assi­s­tir a per­for­mance do grupo.

    Os ingres­sos para as sessões exclu­si­vas já estão à ven­da na UCI, e podem ser adquiri­dos no site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendi­men­to dos cinemas.

    SERVIÇO
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  • Exibição, ao vivo, de “O Barbeiro de Sevilha” na UCI Cinemas

    Exibição, ao vivo, de “O Barbeiro de Sevilha” na UCI Cinemas

    A ópera “O Bar­beiro de Sevil­ha”, de Rossi­ni, estará nas telonas da rede UCI Cin­e­mas, neste sába­do (22). O espetácu­lo do Met­ro­pol­i­tan Opera House (MET) será exibido ao vivo e em alta definição, dire­to de Nova York, a par­tir das 15h55 (horário de Brasília), nos 16 com­plex­os da UCI em dez cidades brasileiras. Em Curiti­ba (PR), os espec­ta­dores podem acom­pan­har a trans­mis­são nas salas do UCI Estação e/ou do UCI Palladium.

    O Bar­beiro de Sevil­ha” prom­ete encan­tar a todos que forem assi­s­tir à obra do MET nos cin­e­mas. Com direção de Michele Mar­i­ot­ti, pro­dução de Bartlett Sher e cenografia de Michael Year­gan, a ópera apre­sen­ta a história do Conde Alma­vi­va, Doutor Bar­to­lo, Rosi­na, Alma­vi­va e Fígaro. Fazem parte do elen­co Michele Mar­i­ot­ti; Isabel Leonard, Lawrence Brown­lee, Christo­pher Malt­man, e outros.

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    Os ingres­sos para as óperas do MET cus­tam R$ 30 (meia-entra­da) e R$ 60 (inteira), e estão disponíveis no site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendi­men­to. A próx­i­ma apre­sen­tação de ópera nas salas da UCI acon­tece no dia 13 de dezem­bro, com o espetácu­lo “Os Mestres Can­tores de Nuremberg”.

    SERVIÇO
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  • Combo Especial “Jogos Vorazes: A Esperança — Parte 1”

    Combo Especial “Jogos Vorazes: A Esperança — Parte 1”

    combo-especial-jogos-vorazes-a-esperanca-parte-1A estreia da primeira parte da adap­tação de “A Esper­ança”, que fecha a saga Jogos Vorazes, será ani­ma­da na rede UCI Cin­e­mas. Os fãs mais fer­vorosos dos lon­gas-metra­gens estre­la­dos por Jen­nifer Lawrence na telona podem levar para casa, na com­pra de um com­bo de pipoca grande, refrig­er­ante grande e um choco­late Reese’s, um chaveiro exclu­si­vo no for­ma­to do tor­do que rep­re­sen­ta a pro­tag­o­nista. A pro­moção é vál­i­da a par­tir do dia 19 de novem­bro, data de estreia da pro­dução dirigi­da por Fran­cis Lawrence, nos cin­e­mas UCI Estação e UCI Pal­la­di­um, em Curiti­ba (PR).

    O pás­saro tal­ha­do no chaveiro ref­er­en­cia o broche que Kat­niss gan­hou no primeiro capí­tu­lo de Jogos Vorazes, dado por sua ami­ga Madge antes do torneio de sobre­vivên­cia iniciar.

    Jogos Vorazes: A Esper­ança – Parte 1” abre a adap­tação do ter­ceiro e últi­mo livro da série escri­ta pela norte-amer­i­cana Suzanne Collins. Neste lon­ga, Kat­niss terá que lutar para sal­var Pee­ta (Josh Hutch­er­son) após o tér­mi­no dos jogos de sobre­vivên­cia e terá que lid­er­ar as mudanças de uma nação empol­ga­da com sua coragem.

    Os ingres­sos já estão à ven­da na UCI, e podem ser adquiri­dos no site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendimento.

    SERVIÇO
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Vendas antecipadas para o penúltimo filme de “Jogos Vorazes”

    Vendas antecipadas para o penúltimo filme de “Jogos Vorazes”

    Os fãs da série “Jogos Vorazes” podem acal­mar um pouco a expec­ta­ti­va para a estreia de “Jogos Vorazes: A Esper­ança – Parte 1” na UCI Cin­e­mas. A rede de cin­e­mas já ini­ciou a ven­da dos ingres­sos para o penúl­ti­mo filme da saga pro­tag­on­i­za­da por Kat­niss (a vence­do­ra do Oscar, Jen­nifer Lawrence), que gan­ha sessões de lança­men­to às 0h01 de terça-feira (18/11) para quar­ta (19), nas salas do UCI Estação e UCI Pal­la­di­um, em Curiti­ba (PR).

    O lon­ga-metragem, que abre a adap­tação do ter­ceiro e últi­mo livro da série escri­ta pela norte-amer­i­cana Suzanne Collins, mostra Kat­niss após o tér­mi­no dos jogos de sobre­vivên­cia e des­ta vez terá que lutar para sal­var Pee­ta (Josh Hutch­er­son) e a nação empol­ga­da com sua coragem.

    A Esper­ança – Parte 1” prom­ete de ser um dos lon­gas-metra­gens do ano, com pre­visão de chegar a cer­ca de 1,4 mil salas em todo o Brasil, esta­b­ele­cen­do o recorde de maior lança­men­to de um filme no país. A segun­da parte – e a grande des­pe­di­da da série na telona – está com estreia mar­ca­da para o dia em 20 de novem­bro de 2015

    Os ingres­sos para as sessões de “Jogos Vorazes” já estão à ven­da na UCI, e podem ser adquiri­dos no site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendimento.

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  • Espetáculo do Balé Bolshoi, “La Bayadère”, nas telas da UCI

    Espetáculo do Balé Bolshoi, “La Bayadère”, nas telas da UCI

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    No próx­i­mo final de sem­ana, dias 8 e 9 de novem­bro, a rede UCI Cin­e­mas trans­mite a apre­sen­tação do balé Bol­shoi, “La Bayadère”. Com trans­mis­são em alta definição, o balé gan­ha destaque em 18 cin­e­mas da UCI em 10 cidades brasileiras. Em Curiti­ba (PR) os espec­ta­dores podem acom­pan­har as sessões nas salas do UCI Estação e do UCI Pal­la­di­um, a par­tir das 15h30 (horário de Brasília).

    O balé “La Bayadère”, um clás­si­co do Bol­shoi, con­ta a história de um amor impos­sív­el entre as per­son­agens Nikiya e Solor, ambi­en­ta­da em uma exu­ber­ante e mis­te­riosa Índia. A core­ografia orig­i­nal de Mar­ius Peti­pa gan­ha uma nova roupagem cêni­ca requin­ta­da com o coreó­grafo Yuri Grig­orovich. As dire­toras da com­pan­hia, Svet­lana Zakharo­va, como a apaixon­a­da Nikiya, e Maria Alexan­dro­va, como Gamzat­ti, trazem as per­son­agens deste balé român­ti­co à vida, jun­to com Vladislav Lantra­tov, no papel de Solor.

    Os ingres­sos para as sessões do Balé Bol­shoi cus­tam R$ 25 (meia-entra­da) e R$ 50 (inteira). Eles já podem ser adquiri­dos através do site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendimento.

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  • Boyhood: Da Infância à Juventude (2014), de Richard Linklater | Crítica

    Boyhood: Da Infância à Juventude (2014), de Richard Linklater | Crítica

    boyhood_infancia_juventude-richard_linklater-critica-posterFaz­er um filme que seja cin­e­matografi­ca­mente ino­vador não é algo triv­ial, muito menos quan­do se dese­ja que ele chame a atenção do grande públi­co das salas de cin­e­ma. Esse feito fica ain­da mais difí­cil quan­do não é uti­liza­do grandes efeitos espe­ci­ais ou nar­ra­ti­vas com­plexas, que podem muitas vezes afas­tar mais o públi­co do que o insti­gar. “Boy­hood: Da Infân­cia à Juven­tude” (Boy­hood, EUA, 2014) con­seguiu realizar todas essas proezas, e a ideia para criá-lo veio jus­ta­mente do dese­jo de não uti­lizar efeitos espe­ci­ais para sim­u­lar o envel­hec­i­men­to dos per­son­agens ou então uti­lizar difer­entes atores para rep­re­sen­tar a pas­sagem to tem­po em uma história sobre o amadurec­i­men­to da infân­cia à juven­tude (explic­i­ta­do no desnecessário sub­tí­tu­lo nacional). A solução encon­tra­da por Richard Lin­klater, que escreveu, dirigiu e pro­duz­iu o lon­ga, por mais malu­ca (e genial) que pareça, foi de fil­mar os mes­mos atores durante 12 anos, mais ou menos uma vez por ano.

    A história do filme é bem uni­ver­sal: acom­pan­hamos Mason (Ellar Coltrane), dos 5 aos 18 anos, assim como os out­ros per­son­agens que con­vivem com ele durante esse tem­po. Mas o foco da história não é somente o cresci­men­to de uma cri­ança, mas tam­bém sobre o proces­so de ser pai/mãe, prin­ci­pal­mente em um tem­po onde é cada vez mais comum casais se sep­a­rarem e os fil­hos acabam por ter duas, ou mais, pes­soas que cumprem o papel dos gen­i­tores. Não temos aqui a tradi­cional estru­tu­ra, nor­mal­mente sim­plista, de um enre­do de cin­e­ma, onde é fácil iden­ti­ficar os altos e baixos do desen­volvi­men­to do per­son­agem prin­ci­pal, que vai atrav­es­san­do as suas difi­cul­dades para, no final do lon­ga, chegar a uma con­clusão da história, seja ela pos­i­ti­va ou não. Ape­sar de Lin­klater ter um obje­ti­vo bem definido para o lon­ga, o roteiro do lon­ga esta­va sem­pre bem aber­to para poder acom­pan­har parte das decisões de vida toma­da pelo ator prin­ci­pal. O dire­tor até brin­ca que se Ellar decidisse virar um luta­dor, o filme provavel­mente iria acom­pan­har isso de algo for­ma, mudan­do dras­ti­ca­mente de rumo.

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    A vida é um sopro, dizia Oscar Niemey­er, e é jus­ta­mente assim que acom­pan­hamos o pas­sar do tem­po em “Boy­hood: Da Infân­cia à Juven­tude”. Vamos pulan­do de um ano ao out­ro, algu­mas vezes com acon­tec­i­men­tos mais impac­tantes, out­ras vezes ape­nas com a mudança da fol­ha cal­endário como fato mar­cante. Quan­do menos percebe­mos, já se pas­saram vários anos. Tudo isso sem qual­quer indi­cação explíci­ta, nada de “um ano depois” ou a data carim­ba­da na tela. Tiran­do uma ou out­ra fes­ta de aniver­sário e acon­tec­i­men­tos mar­cantes da história, como a can­di­datu­ra do pres­i­dente Oba­ma e a febre do Har­ry Pot­ter, que aju­dam a cri­ar uma noção mel­hor da tem­po­ral­i­dade dos even­tos. Isso tam­bém ocorre pela escol­ha da tril­ha sono­ra, com os hits que mar­caram cada época, que aliás é uma das grandes vir­tudes do filme, com ban­das como Cold­play, The Hives, Foo Fight­ers, Cat Pow­er, Arcade Fire, entre outros.

    O que mais chama a atenção em relação ao tem­po, é acom­pan­har como a aparên­cia dos per­son­agens vão se trans­for­man­do. Difí­cil diz­er se o fato de saber que todas essas mudanças são reais, as tor­nam mais impres­sio­n­antes do que se não tivesse essa infor­mação. Mas acred­i­to que seria muito difí­cil, se não impos­sív­el, causar o mes­mo impacto através dos méto­dos tradi­cionais de envelhecimento.

    Fotos de Mason em diferentes anos
    Fotos de Mason em difer­entes anos

    De iní­cio, Mason esta mais para um obser­vador de tudo que acon­tece em sua vol­ta, sem­pre com um olhar bem aten­to, mas sem qual­quer poder de ação. São mudanças de cidade, sep­a­ração dos pais, novas esco­las… Tudo acon­tece a par­tir da sua per­spec­ti­va, na qual muitas coisas pare­cem não ter muito sen­ti­do, elas sim­ples­mente acon­te­cem. Com o tem­po, ele vai amadure­cen­do, não só perceben­do mais a com­plex­i­dade da real­i­dade a sua vol­ta, mas tam­bém começan­do a ter um efeito maior sobre ela. Isso é crescer.

    Se assemel­han­do bas­tante com a vida fora das telas do cin­e­ma, “Boy­hood: Da Infân­cia à Juven­tude” é um filme uni­ver­sal e muito sen­sív­el. Difí­cil não refle­tir sobre as próprias escol­has, e aque­las que ain­da podemos faz­er, depois e durante a imer­são de 12 anos con­den­sa­dos em quase três horas da vida de Mason, um per­son­agem que ain­da tem uma vida toda pela frente.

  • UCI Cinemas exibe ópera e balé neste final de semana

    UCI Cinemas exibe ópera e balé neste final de semana

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    No próx­i­mo final de sem­ana, a pro­gra­mação da rede UCI Cin­e­mas terá sessões espe­ci­ais de músi­ca clás­si­ca e de balé, com apre­sen­tações do Teatro Bol­shoi e do Met­ro­pol­i­tan Opera House. No sába­do (18), às 14h55, o espetácu­lo “As Bodas de Fígaro” do MET será trans­mi­ti­do ao vivo nas salas do UCI Estação e do UCI Pal­la­di­um. Tam­bém no sába­do e no domin­go (19), às 15h30, será a vez de “A Fil­ha do Faraó”, que abre a tem­po­ra­da 2014/2015 de apre­sen­tações de balé do Bolshoi.

    Em “As Bodas de Fígaro”, o dire­tor musi­cal do ME, James Levine, rege uma nova ani­ma­da pro­dução da obra pri­ma de Mozart; dirigi­da por Richard Eyre, que deter­mi­na a ação dessa clás­si­ca comé­dia domés­ti­ca, ambi­en­ta­da em Sevil­ha, em um solar do sécu­lo XIX, só que durante os anos doura­dos do final da déca­da de 1920. O ele­gante baixo-barítono Ildar Abdraza­kov lid­era o elen­co no papel prin­ci­pal do empre­ga­do esper­to, jun­ta­mente com Marlis Petersen como sua noi­va Susan­na; Peter Mat­tei como o Conde mul­heren­go para quem eles tra­bal­ham, Mari­na Poplavskaya como a melancóli­ca Con­dessa e Isabel Leonard como o libidi­noso pajem Cherubino.

    Com uma atmos­fera exóti­ca ambi­en­ta­da no sécu­lo 19, “A Fil­ha do Faraó” é uma das pro­duções mais notáveis do repertório do Bol­shoi. O balé con­ta a história do jovem inglês Lord Wil­son, que está via­jan­do pelo Egi­to quan­do uma forte tem­pes­tade irrompe. Ele é força­do a refu­giar-se na pirâmide mais próx­i­ma, onde a fil­ha de um dos faraós mais poderosos do Egi­to jaz sepul­ta­da. Lord Wil­son adormece e son­ha que a prince­sa voltou à vida.

    Os ingres­sos para as óperas do MET cus­tam R$ 30 (meia-entra­da) e R$ 60 (inteira) e os balés do Bol­shoi saem por R$ 25 (meia-entra­da) e R$ 50 (inteira). Eles podem ser adquiri­dos através do site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendimento.

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  • Metropolitan Opera House e Balé Bolshoi nos cinemas

    Metropolitan Opera House e Balé Bolshoi nos cinemas

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    Em out­ubro, a UCI Cin­e­mas dá iní­cio às exibições dos espetácu­los de balé e óperas das tem­po­radas 2014/2015 do Teatro Bol­shoi e do Met­ro­pol­i­tan Opera House. No dia 11 os fãs de músi­ca clás­si­ca podem assi­s­tir ao vivo à primeira ópera do MET, “Mac­beth”, dire­to de Nova York. Já nos dias 18 e 19, é a vez de “A Fil­ha do Faraó” abrir os espetácu­los de balé do Bol­shoi, que poderão ser assis­ti­dos com imagem em alta definição nas salas de cin­e­ma da rede. Ao todo serão 16 com­plex­os em dez cidades brasileiras a exibirem cada um dos espetácu­los. Em Curiti­ba (PR), as sessões acon­te­cem no UCI Estação e no UCI Palladium.

    Mac­beth” prom­ete encan­tar a todos que forem assi­s­tir à obra do MET nos cin­e­mas. A obra, com­pos­ta por Giuseppe Ver­di, é basea­da na história homôn­i­ma de William Shake­speare e teve sua primeira rep­re­sen­tação em 1847, nos pal­cos de Flo­rença. 147 anos depois, a tra­ma de poder e crime ain­da impres­siona a todos.

    Com uma atmos­fera exóti­ca ambi­en­ta­da no sécu­lo 19, “A Fil­ha do Faraó” é uma das pro­duções mais notáveis do repertório do Bol­shoi. O balé con­ta a história do jovem inglês Lord Wil­son, que está via­jan­do pelo Egi­to quan­do uma forte tem­pes­tade irrompe. Ele é força­do a refu­giar-se na pirâmide mais próx­i­ma, onde a fil­ha de um dos faraós mais poderosos do Egi­to jaz sepul­ta­da. Lord Wil­son adormece e son­ha que a prince­sa voltou à vida.

    Os ingres­sos para as óperas do Met cus­tam R$ 30 (meia-entra­da) e R$ 60 (inteira) e os balés do Bol­shoi saem por R$ 25 (meia-entra­da) e R$ 50 (inteira). Eles já podem ser adquiri­dos através do site da UCI, nos caixas de autoa­tendi­men­to e nos bal­cões de atendimento.

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  • Guns N’ Roses com show irresistível nas salas UCI

    Guns N’ Roses com show irresistível nas salas UCI

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    De Las Vegas dire­to para as salas de cin­e­ma da UCI. A icôni­ca ban­da Guns N’ Ros­es chega nos dias 1 e 2 de out­ubro a 16 salas de cin­e­ma da rede com a exibição do show “Apetite for Democ­ra­cy”. Em Curiti­ba (PR), os fãs da ban­da podem acom­pan­har as sessões, a par­tir das 20h30, nas salas do UCI Estação e do UCI Palladium.

    As ima­gens e som cap­tura­dos em 3D colo­cam o espec­ta­dor no mel­hor lugar da plateia des­ta eletrizante apre­sen­tação. Fil­ma­do durante a tem­po­ra­da de “Apetite For Democ­ra­cy”, comem­o­ran­do 25 anos de “Appetite for Destruc­tion” e qua­tro anos de “Chi­nese Democ­ra­cy”, o show imor­tal­iza o ícone do rock Axl Rose no auge de seu tal­en­to. Com a for­mação atu­al da ban­da inter­pre­tan­do alguns dos maiores suces­sos o Guns N’ Ros­es apre­sen­ta “Wel­come To The Jun­gle”, “Sweet Child Of Mine”, “Mr Brown­stone”, “Novem­ber Rain”, “Chi­nese Democ­ra­cy”, “Knockin ‘On Heaven’s Door” de Dylan, “Nigh­train”, “Live and Let Die” de McCart­ney, “Par­adise City”, e muitos out­ros sucessos!

    Os ingres­sos cus­tam R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira) e já estão à ven­da no site da rede UCI, nas bil­hete­rias e nos ter­mi­nais de autoa­tendi­men­to dos cinemas.

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  • “Deus Não Está Morto” em sessões exclusivas para grupos na UCI Cinemas

    Deus Não Está Morto” em sessões exclusivas para grupos na UCI Cinemas

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    Pro­duções hol­ly­wood­i­anas que dis­cutem a existên­cia de Deus cos­tu­mam ger­ar uma enorme reper­cussão entre os espec­ta­dores. Este caso tam­bém é visív­el em “Deus Não Está Mor­to”, que estre­ou nes­ta sem­ana nos cin­e­mas nacionais e que, na rede UCI Cin­e­mas, tam­bém pode ser con­feri­do em gru­pos fecha­dos que gostari­am de debater o tema.

    Na tra­ma, o jovem Josh Wheaton (Shane Harp­er) aca­ba de entrar na uni­ver­si­dade e con­hece um pro­fes­sor arro­gante que não acred­i­ta em Deus. Con­fi­ante em sua fé e em algo maior, ele é desafi­a­do pelo mestre a com­pro­var sua crença.

    Na UCI, o lon­ga-metragem do dire­tor Harold Cronk pode ser con­feri­do em gru­pos de, no mín­i­mo, 100 pes­soas em sessões fechadas às 10h30. Os ingres­sos pos­suem o val­or pro­mo­cional de R$ 13 e o com­bo pode ser adquiri­do no pacote por R$ 9.

    Mais infor­mações e reser­vas com Juliana, no email ucicorporate.pr@ucicinemas.com.br ou tele­fone (41) 9181.6921.

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  • Opções para toda a família no fim de semana da rede UCI Cinemas

    Opções para toda a família no fim de semana da rede UCI Cinemas

    Para quem dese­ja cur­tir um cin­e­m­inha neste final de sem­ana, a UCI exibe em suas salas as prin­ci­pais estreias da sem­ana. Em destaque, no UCI Estação e no UCI Pal­la­di­um, em Curiti­ba (PR), a rede apre­sen­ta os lança­men­tos “O Que Será de Nozes”, “As Tar­taru­gas Nin­ja” e “Não Pare na Pista — A Mel­hor História de Paulo Coel­ho”, além de out­ros títu­los que já estão ten­do suces­so de bil­hete­ria, como “Guardiões da Galáx­ia”, “Plan­e­ta dos Maca­cos: o Con­fron­to”, “Jun­tos e Mis­tu­ra­dos”, entre outros.

    Opção para toda a família, a ani­mação “O Que Será de Nozes?”, apre­sen­ta o teimoso esqui­lo Surly, que é expul­so de um par­que na cidade grande e pre­cisa encon­trar out­ras maneiras de sobre­viv­er. Mas o lugar dos seus son­hos está muito per­to dele: tra­ta-se de Mau­ry’s Nut Store, uma loja reple­ta de nozes, cas­tan­has, amên­doas, Então Surly reúne os ami­gos e bola um plano para invadir o lugar e roubar toda a comi­da para supor­tar o inverno.

    Tam­bém em destaque tem o filme “As Tar­taru­gas Nin­ja”, desen­ho já con­heci­do por muitos. Na história atu­al, afe­ta­dos por uma sub­stân­cia radioa­t­i­va, um grupo de tar­taru­gas cresce anor­mal­mente, gan­ha força e con­hec­i­men­to. Viven­do nos esgo­tos de Man­hat­tan, qua­tro jovens tar­taru­gas, treinadas na arte de kung-fu, Leonar­do, Rafael, Michelan­ge­lo e Donatel­lo, jun­to com seu sen­sei, Mestre Splin­ter, tem que enfrentar o mal que habi­ta cidade.

    Com estreia para essa sem­ana, “Não Pare na Pista — A Mel­hor História de Paulo Coel­ho”, o filme se con­cen­tra em três momen­tos dis­tin­tos da car­reira do escritor: a juven­tude, nos anos 1960 (perío­do em que é vivi­do pelo ator Rav­el Andrade); a idade adul­ta, nos anos 1980 (Júlio Andrade); e a maturi­dade, em 2013, quan­do refaz o Cam­in­ho de San­ti­a­go (Júlio Andrade, maquia­do). Usan­do como base depoi­men­tos do próprio Paulo Coel­ho, a história per­pas­sa os momen­tos mais mar­cantes da vida do autor, como os trau­mas, a relação com as dro­gas e a religião, sex­u­al­i­dade e a parce­ria com o músi­co Raul Seixas.

    E para quem quer aproveitar o cin­e­ma para um pro­gra­ma famil­iar, a UCI ofer­ece van­ta­gens espe­ci­ais, como o TKT Família. Na UCI, reunir a família é garan­tia de diver­são e tam­bém sinôn­i­mo de econo­mia. Isso porque, em qual­quer sessão ou dia da sem­ana, os pais e duas cri­anças (de até doze anos) podem aproveitar o pacote família, que resul­tam em até 30% de descon­to na com­pra dos ingres­sos. Além dis­so, os cin­e­mas da UCI ain­da ofer­e­cem o “Família com­bo”, com­pos­to por 4 pipocas mini e 4 refrig­er­antes de 500 ml. O TKT Família é váli­do para dois adul­tos e duas cri­anças (de até doze anos). Os adul­tos devem ser respon­sáveis pelos menores e a com­pra do tick­et deve respeitar a clas­si­fi­cação indica­ti­va do filme.

    Para mais infor­mações sobre os filmes e para con­ferir a pro­gra­mação com­ple­ta da rede UCI Cin­e­mas, acesse o site da UCI e/ou as redes soci­ais da UCI.

    SERVIÇO
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Amantes Eternos (2013), de Jim Jarmusch | Crítica

    Amantes Eternos (2013), de Jim Jarmusch | Crítica

    amantes-eternos-2013-de-jim-jarmusch-critica-posterSer imor­tal, ou pelo menos algo próx­i­mo a isso, é um dese­jo que inspi­ra muitas histórias e pesquisas, pas­san­do des­de abor­da­gens mais mís­ti­cas às mais tec­nológ­i­cas. Essa condição, além de ofer­e­cer várias pos­si­bil­i­dades, tam­bém lev­an­ta várias questões que são muitas vezes difí­ceis de se imag­i­nar dada a bre­v­i­dade de nos­so tem­po de vida. Como será que uma criatu­ra per­pé­tua se sen­tiria em relação ao cam­in­har da história da humanidade? E uma relação amorosa que durasse sécu­los? Estes são os dois fios con­du­tores da tra­ma de “Amantes Eter­nos” (“Only Lovers Left Alive”, Inglaterra/Alemanha/Grécia, 2013), dirigi­do e escrito por Jim Jar­musch.

    Pas­san­do longe da ficção cien­tí­fi­ca para cri­ar tal condição, Jar­musch traz um novo olhar a criatu­ra imor­tal­iza­da (nos dois sen­ti­dos) por Bram Stok­er: o vam­piro. Antes que alguns torçam o nar­iz, não se tra­ta de mais uma adap­tação pueril ou uma des­cul­pa para colo­car pes­soas em colantes pre­tos lutan­do entre si ou com mon­stros em câmera lenta. “Amantes Eter­nos traz nova­mente os vam­piros para o seu auge nas telonas, assim como fez “Entre­vista com o Vam­piro” (1994), de Neil Jor­dan, basea­do na obra da escrito­ra Anne Rice. Só que des­ta vez, o con­fli­to prin­ci­pal não é uma crise exis­ten­cial con­si­go mes­mo, mas sim com a espé­cie humana em ger­al, aqui apel­i­da­da car­in­hosa­mente de zumbis.

    Tal crise tem seus motivos mais que óbvios. Afi­nal, deve ser depri­mente ver, e as vezes tam­bém con­viv­er, com várias mentes bril­hantes que são igno­radas e até mor­tas por con­ta de suas ideias rev­olu­cionárias, para somente depois de décadas, serem final­mente escu­tadas, mes­mo que ape­nas par­cial­mente. Jun­tan­do isso a todo o con­hec­i­men­to que esta pes­soa iria acu­mu­lar durante sécu­los, cria-se uma situ­ação no mín­i­mo desan­i­mado­ra. Os dois per­son­agens prin­ci­pais de “Amantes Eter­nos são extrema­mente cul­tos, sem­pre lem­bran­do de seus ami­gos do pas­sa­do (Schu­bert, Gus­tave Flaubert, Shake­speare…) como se ontem hou­vessem con­ver­sa­do. Por con­ta dis­so, se tor­nam até meios esnobes, mas nun­ca sendo pedantes e sem­pre com um óti­mo sen­so de humor nas suas refer­ên­cias e brincadeiras.

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    Para sobre­viv­er todo esse tem­po, além da con­stante mudança de local, há algo ain­da mais impor­tante a ser preza­do: o anon­i­ma­to. Afi­nal, seria difí­cil, para não diz­er impos­sív­el, escon­der a “imor­tal­i­dade” sob qual­quer tipo de holo­fote. Ou seja, nada de virar astros de rock ou vig­i­lantes noturnos. Faz­er isso seria como se inti­t­u­lar “agente secre­to” quan­do todos sabem que seu nome é James Bond e que você é o 007. Mas voltan­do ao assun­to do lon­ga em questão… Adam vive em Detroit, uma cidade nos Esta­dos Unidos que atual­mente está prati­ca­mente aban­don­a­da, ten­do declar­a­do con­cor­da­ta no ano pas­sa­do. Com certeza um dos mel­hores lugares para alguém se escon­der atual­mente no EUA.

    Em “Amantes Eter­nos, acom­pan­hamos o casal Adam (Tom Hid­dle­ston, o óti­mo Loki de “Thor”), um músi­co ávi­do e genial, e Eve (Til­da Swin­ton, a imor­tal “Orlan­do”), uma amante da lit­er­atu­ra, ten­tan­do sobre­viv­er no mun­do atu­al. Mas a com­posição de músi­cas já não con­segue mais mas­carar a insat­is­fação de Adam em relação a vida e a humanidade e Eve vai vis­itá-lo para ajudá-lo nes­ta crise. Falan­do em músi­ca, a tril­ha sono­ra é um dos grandes destaques do lon­ga, sendo bas­tante som­bria mas ao mes­mo tem­po sedu­to­ra, um ver­dadeiro post-rock vampiresco.

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    Com uma fotografia bem som­bria, o filme se pas­sa quase todo em ambi­entes fecha­dos e mal ilu­mi­na­dos, sem­pre a noite é claro. Este foi o primeiro lon­ga fil­ma­do dig­i­tal­mente por Jar­musch, que tem sérias restrições a respeito desse for­ma­to por não pos­suir, segun­do ele, uma qual­i­dade boa para áreas aber­tas e com mui­ta ilu­mi­nação. Mas como neste lon­ga não há nada dis­so, acabou se adap­tan­do per­feita­mente a estas lim­i­tações. Out­ra curiosi­dade inter­es­sante é que den­tro do set de fil­ma­gens, não era toca­da nen­hu­ma músi­ca, foi ape­nas dis­tribuí­do um mix­tape entre a equipe.

    Para con­diz­er com todo o dis­cur­so da anon­im­i­dade e con­hec­i­men­to sec­u­lar dos per­son­agens, ess­es vam­piros não pos­suem visual­mente nada de extra­vante, ten­do ape­nas como difer­en­cial um cabe­lo bem ani­male­sco (que foi cri­a­do mis­tu­ran­do a par­tir da mis­tu­ra de cabe­lo humano com pêlo de cabra e iaque). O lon­ga tam­bém brin­ca com várias das con­cepções a respeito dess­es seres da noite, prin­ci­pal­mente com a maneira que eles se ali­men­tam, que é sen­sa­cional. Out­ro detal­he inter­es­sante está rela­ciona­do com a intro­dução de um novo, con­ce­bido pelo próprio dire­tor, para car­ac­ter­izá-los. Vamos ver se você percebe ou perce­beu qual é ele.

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    Resu­min­do em pou­cas palavras: se você gos­ta de filmes inteligentes e fica intri­ga­do com as pos­si­bil­i­dades de per­pé­tu­os sug­adores de sangue, é bem prováv­el que fique com­ple­ta­mente seduzi­do por “Amantes Eter­nos.

  • Cinema gratuito todos os domingos no Centro Cultural Sistema Fiep

    Uma opção aos domin­gos para um pro­gra­ma difer­ente em família é con­ferir as sessões gra­tu­itas do Cine Sesi Sede. A par­tir deste mês, filmes rep­re­sen­ta­tivos para a história do cin­e­ma gan­ham exibições todos os domin­gos, às 15 horas, no Cen­tro Cul­tur­al Sis­tema Fiep, na região cen­tral de Curiti­ba (Av. Cân­di­do de Abreu, 200).

    Nos dias 20 e 27 de jul­ho, a pro­gra­mação con­ta com “Matil­da”, de Dan­ny deVi­to, e “À Meia Luz”, de George Cukor, respec­ti­va­mente. Além do Cine Sesi Sede, o Sesi Cul­tura real­iza sessões gra­tu­itas todas as quin­tas-feiras com o Cineclube Sesi, no mes­mo lugar.

  • Jogas das finais da Copa na telona do cinema

    Jogas das finais da Copa na telona do cinema

    uci-transparente

    A emoção de ver um gol é gigante em jogos deci­sivos de Copa do Mun­do. Entre­tan­to, essa sen­sação será ain­da mais inesquecív­el se o torce­dor optar em assi­s­tir aos jogos de quar­tas, semi e a final do torneio em uma tela de alta definição na rede UCI, que opera com salas nos shop­pings Estação e Pal­la­di­um, em Curiti­ba (PR).

    As par­tidas entre Brasil e Colôm­bia, França e Ale­man­ha, Holan­da e Cos­ta Rica e Argenti­na e Bél­gi­ca estão com sessões con­fir­madas na sex­ta (4) e no sába­do (5). Os vence­dores destes jogos se encar­am nas semi­fi­nais, mar­cadas para os dias 8 e 9. A grande final acon­tece no dia 13 de jul­ho, no Está­dio do Mara­canã, no Rio de Janeiro. Todos os lances de todos ess­es jogos serão trans­mi­ti­dos ao vivo no UCI e os ingres­sos já podem ser adquiri­dos no site da UCI, nos ter­mi­nais de autoa­tendi­men­to e nas bilheterias.

    Filmes para toda a família

    Além da fase final do campe­ona­to de fute­bol, a quin­ta-feira (3) está agi­ta­da por con­ta das estreias de “Khum­ba 3D”, “O Espel­ho” e “Causa e Efeito”. No desen­ho “Khum­ba 3D”, um grupo de zebras despreza o jovem Khum­ba, que nasceu ape­nas com metade do cor­po listra­do. Para se sen­tir nor­mal, o ani­mal decide par­tic­i­par de uma jor­na­da em bus­ca de uma lagoa mág­i­ca, que pode cor­ri­gir sua diferença.

    Os out­ros lança­men­tos deste fim de sem­ana devem agradar difer­entes públi­cos. O lon­ga-metragem de ter­ror “O Espel­ho” é per­feito para o públi­co jovem e traz a história de Tim e Kaylie, que são dois irmãos que ten­tam provar que um grande espel­ho é o respon­sáv­el pela morte de seus pais e de seus familiares.

    A pro­gra­mação do UCI Cin­e­mas tam­bém con­ta com o nacional “Causa e Efeito”, que colo­ca o espiritismo em foco, seguin­do a lin­ha de filmes como “Chico Xavier” e “E a Vida Con­tin­ua…”. Neste lon­ga, o foco é a vida do poli­cial Paulo, que perde a esposa e o fil­ho e se tor­na um assas­si­no de aluguel ao decidir recon­stru­ir sua vida seguin­do dicas de um padre, um pas­tor e um espírita.

    Serviço:
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
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  • Copa do Mundo no Cinema UCI em Curitiba

    Copa do Mundo no Cinema UCI em Curitiba

    A rede UCI preparou um lugar espe­cial para quem não garan­tiu um ingres­so na arquiban­ca­da e quer assi­s­tir aos jogos do campe­ona­to de uma maneira mais do que espe­cial: no escur­in­ho do cin­e­ma e em uma super telona. Serão exibidos dez jogos da fase de gru­pos em todos os com­plex­os da UCI, em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão Pre­to, Juiz de Fora, Recife, For­t­aleza, Sal­vador, Cam­po Grande, São Luís e Curiti­ba. Na cap­i­tal paranaense, as trans­mis­sões acon­te­cem nos cin­e­mas UCI Estação e UCI Pal­la­di­um, con­forme a programação.

    Para garan­tir os lugares com os ami­gos, já é pos­sív­el adquirir os tíquetes nos bal­cões de atendi­men­to, caixas de autoa­tendi­men­to e no site da rede. Tam­bém poderá ser con­sul­ta­da no site da UCI a pro­gra­mação para os jogos da 2ª fase da copa. O val­or dos ingres­sos é de R$ 15 (meia-entra­da) e R$ 30 (inteira).

    Cal­endário dos jogos:

    Copa do Mundo no Cinema UCI em Curitiba

    Serviço:
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
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  • Trilogia Nikopol (2012), de Enki Bilal | HQ

    Trilogia Nikopol (2012), de Enki Bilal | HQ

    Somos todos mon­stros de nós mesmos

    trilogia-nikopol-2012-de-enki-bilal-hq-capaAo ler “Trilo­gia Nikopol”, do Enki Bilal, nos deparamos com a seguinte reflexão gilber­tiana: “Quem hoje fala de futuro, sabe­mos que fala num tem­po que já é quase pre­sente, tal a rapi­dez com que esta­mos pas­san­do de pre­sente a futuro. Nun­ca mais do que hoje o homem viveu tem­po aparente só mod­er­no já tão alcança­do pelo pós-mod­er­no e ain­da influ­en­ci­a­do pelo pré-mod­er­no”. O que um per­nam­bu­cano tem em comum com um iugoslavo?

    Ao abrir “Além do Ape­nas Mod­er­no”, de Gilber­to Freyre, e ler esse tre­cho, fiquei com von­tade de escr­ev­er sobre Bilal, um autor muito novo e difí­cil pra mim, mas que me desafiou a for­mu­lar algu­mas con­sid­er­ações sobre sua trilogia.

    A Edi­to­ra Nemo fez um óti­mo tra­bal­ho ao reunir “A Feira dos Imor­tais”, “A Mul­her Armadil­ha” e “Frio Equador” num encader­na­do auda­cioso lança­do em 2012 por aqui, traduzi­do por Fer­nan­do Scheibe.

    Enlaçan­do resum­i­da­mente as histórias, Bilal afir­ma que “se suce­dem nos três livros, cacos obsedantes e grotescos de nos­so mun­do, deuses egíp­cios ver­gonhosa­mente mal­trata­dos, um homem com nome de cidade da Ucrâ­nia (…), uma emblemáti­ca e aber­rante mul­her de pele bran­ca e cabe­los azuis nat­u­rais, ani­mais, ver­dadeiros, fal­sos (…) uma pirâmide voado­ra (…) e tam­bém histórias de amor e son­hos de cin­e­ma”. Este é o mosaico que vamos explo­rar a seguir.

    Esta­mos em março de 2023, Paris. A atmos­fera “facis­ti­za­da” da cidade — mul­ti­povoa­da e sec­ciona­da em dis­tri­tos desiguais – é alter­a­da (em ple­na farsa eleitoral) pela aparição de uma pirâmide, esta­ciona­da no céu cinzen­to, pro­por­cio­nan­do um mal-estar cole­ti­vo aos habi­tantes, sobre­viventes desse “uni­ver­so de degenerescên­cia, mis­éria e imundície”.

    Os ocu­pantes da pirâmide voado­ra exigem com­bustív­el ao dita­dor Fer­di­nand Chou­blanc. O silên­cio dele a respeito do fato “não tran­quil­iza ninguém”.

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    No inte­ri­or da pirâmide, os deuses egíp­cios estão pre­ocu­pa­dos com o sum­iço de Hórus, con­de­na­do a perder sua condição eter­na por deserção e práti­cas sub­ver­si­vas con­tra a “ordem uni­ver­sal e a san­ta eternidade”. Nesse momen­to, Anúbis, Bes, Bastet e a cúpu­la inteira tra­mavam os cam­in­hos necessários para recap­turar Hórus e obri­gar Chou­blanc a ced­er com­bustív­el à pirâmide.

    O proces­so de nego­ci­ação entre o dita­dor e os deuses fica ten­so, pois Chou­blanc sug­ere algo nada amigáv­el: “Estou pron­to a ced­er-lhes todo o com­bustív­el de que vocês neces­si­tam, (…) mas sob a condição de que vocês me con­cedam a imor­tal­i­dade em con­tra­parti­da”, pro­pos­ta que é inter­romp­i­da brus­ca­mente pelo cha­cal: “Bas­ta, Jean- Fer­di­nand Chou­blanc! Está fora de questão con­trari­ar a ordem universal!”

    O dita­dor é expul­so da pirâmide, encer­ran­do as nego­ci­ações. Para­le­lo a esse acon­tec­i­men­to, o jor­nal “A Voz Legal” (instru­men­to pux­as­aquista de Chou­blanc) pub­li­ca um con­jun­to de notí­cias que pode tumul­tu­ar ain­da mais os rumos de Paris.

    A impren­sa local tra­ta das nego­ci­ações entre Chou­blanc e Anúbis com cin­is­mo e vista grossa — típi­co dos jor­nal­is­tas “lambe-botas” dos dias de hoje -, atribuin­do tal como proces­so à “fineza diplomáti­ca”, detur­pan­do o que teste­munhamos nos basti­dores piramidais.

    Corte para a lin­ha 4 (Met­ro­pol­i­tano): Porte D’Orléans de Clig­nan­court. Em proces­so de descon­ge­la­men­to, Alcide Nikopol ain­da não con­segue lem­brar como chegou ali. Joga­do na beira dos tril­hos, a úni­ca sen­sação que o tor­tu­ra é a forte dor na região da per­na amputa­da no aci­dente aéreo da sua cela criogêni­ca. Um sono de 30 anos.

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    Eis que Hórus surge para “aux­il­iar” Nikopol com o grave fer­i­men­to, mas como para tudo é pre­cis­ar tro­car, o pás­saro lança sua pro­pos­ta: ofer­e­cer uma “per­na” (de fer­ro, extraí­da dos tril­hos) para Nikopol, e este con­ced­er seu cor­po para hospedar o espíri­to de Hórus. “E foi assim que teve lugar, no dia 03 de março de 2023, no metrô Alésia, a posse do cor­po de Alcide Nikopol por Hórus de Hierakonópolis”.

    Tal encon­tro, pro­movi­do na primeira sequên­cia da trilo­gia (“A Feira dos Imor­tais”) ger­ou uma resul­tante de forças que irá sacud­ir a supos­ta tran­quil­i­dade do gov­er­no de Chou­blanc, ali­men­tan­do con­fli­tos políti­cos ter­restres e divi­nos, pren­den­do a res­pi­ração do leitor.

    Nikopol e Hórus. Dois deser­tores, dois inimi­gos do poder, dois cor­pos em per­fei­ta sin­to­nia e con­ju­gação. Cor­pos e espíri­tos unidos, Hórus começa sua empre­ita­da e define para Nikopol seus obje­tivos na Ter­ra: depor Chou­blanc e con­stru­ir seu império. Após burlar todas as bar­reiras, final­mente Hórus manip­u­la a mente do gov­er­nante e vai dire­to ao ponto:

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    O pro­longa­men­to da história (ini­ci­a­da nos anos 80) segue com “Mul­her Armadil­ha”, expon­do a fase de Nikopol dois anos após seu inter­na­men­to (eles e Chou­blanc enlouque­ce­r­am com a exper­iên­cia men­tal via-Hórus).

    Através de um lev­an­ta­men­to hemero­grá­fi­co da época, Bilal cos­tu­ra o panora­ma políti­co do perío­do que Hórus/Nikopol pro­movem o golpe à Chou­blanc, para situ­ar o leitor historicamente.

    Após ser con­de­na­do e iso­la­do numa câmara criogêni­ca, Hórus é lib­er­ta­do aci­den­tal­mente e vol­ta com tudo, rein­cor­po­ran­do-se ao cor­po de Nikopol, à contragosto.

    Para­le­lo a este núcleo nar­ra­ti­vo, Bilal nos apre­sen­ta mais dois per­son­agens: o fil­ho de Nikopol (idên­ti­co, com a mes­ma idade do pai) e Jill, uma mul­her bran­ca, de lábios, lágri­mas e cabe­los azuis. Hórus artic­u­la um encon­tro entre Jill e Nikopol, ini­cian­do um triân­gu­lo amoroso-sex­u­al muito útil para os obje­tivos da ave. Os três via­jam ao Egi­to, em bus­ca de um escon­der­i­jo ade­qua­do para escapar da pirâmide voado­ra, que está caçan­do nova­mente Hórus.

    A Mul­her Armadil­ha” bus­ca con­stru­ir um espaço de con­vivên­cia entre os per­son­agens, crian­do os laços necessários para desen­volver as afe­tivi­dades entre Jill e Nikopol, habil­mente con­tro­la­da por Hórus, que visu­al­iza em Jill uma arma potente para con­cretizar seus planos megalomaníacos.

    E assim, Hórus foge do Cairo (Anúbis desco­bre seu escon­der­i­jo) com sua artil­haria pro­te­gi­da: o seu império ini­cia aqui, pois a ponte para a eternidade esta­va dev­i­da­mente acer­ta­da. Jill acred­i­ta que:

    Nos­sa par­ti­da pre­cip­i­ta­da, provo­ca­da pela chega­da da Pirâmide voado­ra ao Cairo, tin­ha um cer­to ar de jogo que não me desagra­da­va. Isso me per­mi­tia, em todo caso, não me faz­er per­gun­tas demais sobre o nasci­men­to de min­has estra­nhas relações com a dupla Nikopol/Hórus, sobre a qual ignoro até hoje, quase tudo”.

    A nave segue rumo ao “Frio Equador”, onde os dois se sep­a­ram e o amor vira son­ho de cin­e­ma. Bilal gos­ta de pro­duzir novos hor­i­zontes para suas histórias, tran­si­tan­do dos quadrin­hos para o cin­e­ma sem­pre que pos­sív­el. É o que podemos con­ferir em adap­tações audio­vi­suais como Bunker Palace Hotel (1989), Tykho Moon — Seg­re­dos da Eternidade (1996) e Immor­tel (ad vitam) (2004), basea­do na trilo­gia Nikopol.

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    Nas suas leituras cin­e­matográ­fi­cas, a adap­tação resul­ta numa “descon­strução” do núcleo nar­ra­ti­vo das HQs, para ger­ar um novo sen­ti­do aos per­son­agens em con­fli­to, como se fos­se uma “exten­são” do que lemos, um pós-história, o que arrisco a chamar de pós-história exper­i­men­tal, para efe­t­u­ar novos rabis­cos no cor­po dos atores, uma per­for­mance em proces­so de ree­scri­ta do tex­to orig­i­nal. Bilal acred­i­ta que suas tra­mas podem ir além dos desen­hos e faz uma exigên­cia: com­por novas pos­si­bil­i­dades aos seus mun­dos, ele quer músi­ca, movi­men­to, mise en scene. Out­ros des­fe­chos para cri­ar out­ras sensibilidades.

    A trilo­gia é recon­fig­u­ra­da num mix de histórias que cruzam out­ros inter­ess­es de Bilal no uni­ver­so Nikopol. Mais nomes, out­ras cores, ten­sões políti­cas ree­scritas surgem para o autor explo­rar livre­mente, tor­nan­do o cin­e­ma fun­da­men­tal para suas vivên­cias estéti­cas em andamento.

    O peso dos tons envel­he­ci­dos de um futuro em crise é sub­sti­tuí­do pela lev­eza azu­la­da de Jill e da ani­mação com­puta­doriza­da, que dis­tan­cia-se dos odores mal-cheirosos, da neve suja de lama, do con­cre­to mal con­ser­va­do e da imagem vis­cer­al expostas na HQ.

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    A pais­agem audio­vi­su­al de “Immor­tel (ad vitam)” é com­pos­ta por uma nova estru­tu­ra nar­ra­ti­va, que serve como suporte para con­stru­ir vari­a­dos exer­cí­cios de cri­ação na jor­na­da dos per­son­agens cen­trais. Aqui podemos sen­tir uma Jill menos rad­i­cal. Aqui ela é car­ente de suas ori­gens, amáv­el e frágil.

    Nos­so Nikopol é menos rús­ti­co, sedu­tor e firme em seus posi­ciona­men­tos per­ante Hórus. Este man­tém sua rigidez — como lemos na trilo­gia — crian­do sua platafor­ma de per­pet­u­ação e con­t­role do plan­e­ta a lon­go pra­zo, toman­do o cor­po de Nikopol como ponte para a vin­gança con­tra os deuses mag­istra­dos do Egi­to (no filme, tal ação é mais “explica­ti­va” do que no texto-base).

    Uma opor­tu­nidade para ampli­ar os hor­i­zontes cria­tivos de Paris pós-tudo. Um cam­in­ho sofisti­ca­do para per­pet­u­ar o lega­do de Hórus, mais difun­di­da ao públi­co não-leitor ou já fã do tra­bal­ho de Bilal (talvez os mais “lig­a­dos ao tex­to-HQ” não aceit­em este per­cur­so, mas, quem se impor­ta? Se o filme é uma par­ti­tu­ra regi­da pelo próprio cri­ador?). Goran Vejvo­da pro­duz uma sonori­dade-sen­so­r­i­al pen­e­trante em todos os momen­tos, cor­ta­da brus­ca­mente por um hap­py-end que deixa a dese­jar, mas nada prej­udique o con­jun­to da obra. Lança­do em 2004, “Immor­tel (ad vitam)” merece atenção e uma cuida­dosa análise com­par­a­ti­va com os quadrinhos.

    trilogia-nikopol-2012-de-enki-bilal-hq-4E assim, tomo essa obra como ele­men­to de reflexão sobre o mal-estar do autor per­ante o futuro, que se aprox­i­ma-chega de for­ma assus­ta­do­ra. Um futuro cin­za, demar­ca­do pela deses­per­ança do homem pelo homem, este ati­ra­do numa dis­pu­ta ani­malesca pelo con­t­role do Out­ro e de si.

    Vejo nes­ta trilo­gia a expec­ta­ti­va de um vir-a-ser despedaça­do, cor­pos endure­ci­dos pelo fas­cis­mo tri­un­fante, gov­er­na­do por tira­nos cada vez mais enlouque­ci­dos pelo poder. Uma sociedade regi­da pela sep­a­ração e vio­lên­cia aos “pan­fletários”.

    O homem e a mul­her: sui­ci­das em poten­cial. É pre­ciso tomar os com­prim­i­dos de Jill? Os gatos telepatas serão nos­sos mel­hores ami­gos em tem­pos de enges­sa­men­to do amor e do esgo­ta­men­to da con­fi­ança? Como escapar ao olho mor­tal do KKDZO? Seria a sel­va de Equador City o Eldo­ra­do pós-pós-tudo? As prisões criogêni­cas são penal­i­dades ou o pas­s­aporte para a fuga des­ta ger­ação? Hórus e Chou­blanc encar­nam tem­po­ral­i­dades que rev­e­lam rup­tura o con­tin­uís­mo com o pre­sen­tepas­sad­o­fu­turo? Nikopol é a zona inter­mediária do tem­po tríbio gilber­tiano? Nos­so des­ti­no está sela­do ao impul­so autode­stru­ti­vo? Somos Além de Ape­nas Mod­er­nos ou Aquém de Nos­sas Expectativas?

    Nikopol é uma “real­i­dade [insur­gente] na qual se cruzam sobre­vivên­cias, [pro­jeções] e ante­ci­pações”. Seu cor­po é a “fusão tem­po­ral [que] com­ple­ta [Hórus] e o per­eniza. Eterniza‑o em épocas para além e para aquém do pensamento”.

    Bilal provo­ca uma série de questões que somente as próx­i­mas ger­ações irão respon­der, num futuro bem próx­i­mo, pos­sív­el e cru­el. Nikopol nos deixa uma lição que fica clara aos leitores do pas­sado­p­re­sente: somos mon­stros de nós mesmos.