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  • Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente, de Lourenço Mutarelli

    Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente, de Lourenço Mutarelli

    Quan­tas vezes você ficou olhan­do para o céu se per­gun­tan­do se não existe mais nada nes­ta imen­sa vastidão que é o uni­ver­so? Será que extrater­restres real­mente exis­tem? Então sente-se con­for­t­avel­mente na cadeira que você irá con­hecer a história de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente (Com­pan­hia das Letras, 2011), escrito e desen­hado por Lourenço Mutarel­li, que mar­ca o retorno do autor ao uni­ver­so dos “quadrin­hos”.

    Per­gun­tei como era o ET, se era como as ima­gens que con­hece­mos de humanoides cinzen­tos de olhos grandes. Ele disse que era mui­ta ignorân­cia pen­sar dessa for­ma. Disse que seria a mes­ma coisa que se um ser de out­ra galáx­ia avis­tasse um astro­nau­ta e achas­se que ele esta­va pelado.

    As primeiras per­gun­tas que surgem quan­do você pega um exem­plar na mão são: é um quadrin­ho? um livro ilustra­do? um obje­to de out­ro plan­e­ta? A respos­ta é sim­ples: nen­hum deles e todos eles ao mes­mo tem­po. Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente, segun­do o próprio Mutarel­li, tem o for­ma­to de tela de cin­e­ma, onde o tex­to par­tic­i­pa como uma leg­en­da em um filme. Mas o autor decid­iu ir além e con­ta que as ima­gens não tem necessári­a­mente haver com o tex­to que ire­mos ler, o que deve ter deix­a­do muitas pes­soas no mín­i­mo con­fusas. Mas aí entra a grande per­gun­ta, por que as fig­uras dev­e­ri­am seguir a mes­ma nar­ra­ti­va — se é que há uma — do tex­to? Como o livro é com­pos­to de ima­gens sequen­ci­ais, muitas vezes ele é clas­si­fi­ca­do como um quadrin­ho, ape­sar destas não estarem lit­eral­mente den­tro de quadros. Mas, acred­i­to que a obra como um todo tende mais para um exper­i­men­to artís­ti­co do que sim­ples­mente uma história em quadrinhos.

    O enre­do dele não pode­ria ser mel­hor resum­i­do do que o próprio títu­lo da obra sug­ere: Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente. É inter­es­sante notar quie nen­hum per­son­agem do livro tem pro­pri­a­mente um nome, todos são iden­ti­fi­ca­dos através de rótu­los genéri­cos como: pai, mão, tio, irmã, o tal de cabe­lo bran­co, … todos anôn­i­mos, assim como as fotos de descon­heci­dos que pai do nar­rador com­pra­va e guar­da­va em uma caixa, por um moti­vo que ele nun­ca entendeu.

    Um pouco antes de meu pai se encon­trar com o ET, quem mor­reu foi min­ha mãe. Con­to isso porque é um fato impor­tante. É engraça­do que, antes de min­ha mãe mor­rer, eu não perce­bia meus pais como indi­ví­du­os. Você sabe, eram meus pais e eu os via como uma mes­ma coisa. Como uma úni­ca coisa.

    Ape­sar de ser com­pos­to por tex­tos cur­tos, cada frase tem grande sig­nificân­cia, nada parece ter sido escrito a toa. É difí­cil muitas vezes não parar pen­sati­vo após ler algu­ma pági­na, fazen­do um pequeno inter­va­lo, as vezes até sem perce­ber, para refle­tir o sig­nifi­ca­do daqui­lo na nos­sa própria vida. As ima­gens de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente reme­tem bas­tante a um grande ban­co de lem­branças de uma ou mais vidas, onde cada uma tem uma car­ga emo­cional muito forte. É como se você entrasse em uma loja de obje­tos usa­dos e sen­tisse história bem par­tic­u­lar que cada obje­to car­rega con­si­go. Arrisco até a diz­er que cada ilus­tração pos­sui sua própria nar­ra­ti­va que é com­ple­men­tar ao texto.

    O autor comen­tou que a história surgiu quan­do o escritor Marçal Aquino, um ami­go seu, con­tou uma pia­da na qual havia um extrater­reste que fala­va “leve-me a seu líder” e essa frase ficou remoen­do em sua cabeça, por muito tem­po. Afi­nal, se algum ET chegasse e fizesse essa per­gun­ta a ele, para quem iria levar? Quem seria o seu líder? Então começou a ficar muito obceca­do com isso. Esse mes­mo ques­tion­a­men­to surge no meio de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente, com uma respos­ta que me fez lem­brar o humor e esti­lo de Ray Brad­bury em As Crôni­cas Mar­cianas, livro que aliás recomen­do muito.

    Meu pai disse que não só tin­ha vis­to como tin­ha con­ver­sa­do com ele. Per­gun­tei que idioma a criatu­ra fala­va. Ele disse que não fala­va idioma nen­hum. Disse que se comu­nicaram telepati­ca­mente. Fazia sentido.

    Em um bate-papo na Gibi­Con #0, que acon­te­ceu em Jul­ho de 2011 em Curiti­ba, quan­do per­gun­tei ao Mutarel­li sobre sua relação com o tema extrater­restres, ele comen­tou que anda meio obceca­do pela temáti­ca. Sem­pre que pos­sív­el esta­va acom­pan­han­do uma série de pro­gra­mas a respeito de ETs, como Aliení­ge­nas do Pas­sa­do, Arquiv­os Extrater­restres e Caçadores de Óvnis, todos exibidos pelo His­to­ry Chan­nel. Além dis­so, cada vez acred­i­ta mais no assun­to, mes­mo que ness­es pro­gra­mas eles nun­ca encon­trem nada e sem­pre dizem ter uma pro­va incrív­el no final de cada episó­dio, ape­sar de nun­ca terem na ver­dade. Admi­to tam­bém com­par­til­ho o mes­mo inter­esse pelo assun­to — só não sei se tão obsecada­mente tam­bém — e após a leitu­ra de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente ape­nas ficou mais forte ain­da a sen­sação de que faz tem­po não esta­mos mais sozinhos.

    Ape­sar de as ima­gens pare­cerem desconexas do tex­to em Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente, não acred­i­to que isto seja real­mente ver­dade. Uma segun­da leitu­ra da obra acabou con­fir­man­do ain­da mais essa sus­pei­ta, pois como a história ago­ra já era con­heci­da, cada uma das ilus­trações se encaixa em um ou out­ro momen­to da nar­ra­ti­va. A sen­sação era como se a ordem das ima­gens tivesse sido embar­al­ha­da e que as vezes as próprias ilus­trações eram uma con­tin­u­ação de uma nar­ra­ti­va com­ple­men­tar ao que esta­va escrito. Foi a mes­ma sen­sação que ten­ho quan­do vejo as cenas extras de um filme em DVD, com todo aque­le con­teú­do adi­cional, mas não essen­cial para o entendi­men­to da nar­ra­ti­va como um todo. Se já leu o livro, gostaria de saber qual a sua opinião a respeito deste ques­tion­a­men­to, as ima­gens e tex­to real­mente pare­ce­r­am ser total­mente desconexas para você?

    Esque­ci de diz­er que min­ha mãe não tin­ha hob­by. Ela gosta­va de assi­s­tir às nov­e­las, mas não pos­so diz­er que isso fos­se um hob­by. A meu ver, um hob­by se ref­ere a algo que você faz com as própias mãos.

    Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente é uma obra que no iní­cio pode pare­cer meio con­fusa e talvez até aleatória, mas que pos­sui uma sutileza e sig­nifi­ca­do extra­ordinário. Com um humor seco e ao mes­mo tem­po sen­sív­el, já car­ac­terís­ti­co do Mutarel­li, além de suas ilus­trações incríveis, o livro cer­ta­mente é um deleite que não deve ficar somente empoeiran­do na sua estante.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=j8ub2bppjgw

    A equipe do inter­ro­gAção par­ticipou do lança­men­to em Curiti­ba de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente e gan­hou um autó­grafo desen­hado do Mutarel­li espe­cial­mente para o site:

  • Entrevista: Pryscila Vieira

    Entrevista: Pryscila Vieira

    Neste Dia Inter­na­cional da Mul­her, nada mel­hor do que uma entre­vista com a curitibana, ilustrado­ra, design­er e car­tunista, Pryscila Vieira. Apaixon­a­da por humor grá­fi­co, Pryscila é cri­ado­ra da per­son­agem Ame­ly, a cati­vante boneca infláv­el que aparece toda terça-feira no jor­nal Fol­ha de São Paulo.

    Pryscila começou cedo sua car­reira pouco comum entre as mul­heres. Aos 14 anos já era char­gista de um jor­nal de Curiti­ba. Em 1996 ingres­sou na fac­ul­dade de Design da PUC-PR, con­cluin­do o cur­so em 1999.

    Gan­hou o primeiro lugar no Salão de Humor Uni­ver­sitário de Piraci­ca­ba, bem como nos dois anos seguintes. Em 1998 coor­de­nou a Bien­al de Humor do Mer­co­sul, com os prin­ci­pais nomes do humor grá­fi­co. Esta exposição itin­er­ante pas­sou pelas prin­ci­pais cidades do Brasil, Paraguai e Argenti­na. Na sequên­cia, ilus­trou as pági­nas da Gaze­ta do Povo, onde per­maneceu durante qua­tro anos. Atual­mente, torce para que os leitores não façam con­tas com datas citadas a fim de desco­brir sua idade, não rev­e­la­da nem com tor­tu­osas cóce­gas nos pés.

    Con­fi­ra abaixo a entre­vista com a car­tunista que com­ple­ta esse ano, duas décadas de carreira.

    Como e quan­do começou o seu envolvi­men­to com o desenho?

    Ten­ho uma história comum entre vários car­tunistas: desen­ho des­de cri­anc­in­ha. E con­tin­uo com idade men­tal de 10 anos. Só que eu desen­ha­va mel­hor aos dez anos… Eu acho. Meus famil­iares ado­ravam que eu desen­has­se quan­do cri­ança, porque assim fica­va “qui­eta”. Min­ha mãe olha­va para meus desen­hos e acha­va tudo lin­do. Meu pai ao con­trário, sem­pre acha­va um defeito. Por causa da min­ha mãe me acha­va o máx­i­mo, mas ia logo cair na real com a críti­ca con­tun­dente de meu pai.
    A par­tir do momen­to que quis seguir car­reira profis­sion­al, ficaram pre­ocu­pa­dos com meu futuro. Não tin­ham sequer ideia das infini­tas pos­si­bil­i­dades que um desen­hista pode optar ao lon­go de sua car­reira. Na ver­dade, nem eu tin­ha. Segui instintos.

    Gostaria que falasse um pouco do seu cotid­i­ano como car­tunista. Como fun­ciona o ”proces­so de cri­ação” das tir­in­has, ideias novas, inspiração,etc.

    Gos­to de saber sobre o com­por­ta­men­to humano. Faço isso com análise críti­ca e muitas vezes impiedosa. É dev­er do car­tunista ter um pon­to de vista difer­en­ci­a­do de qual­quer out­ra pes­soa e expressá-lo de maneira con­tun­dente, mas sutil. Difí­cil é encon­trar a dose exa­ta de impiedade e delicadeza.
    Já o tra­bal­ho de exe­cução não tem glam­our nen­hum. É a entre­ga de um pro­du­to todos os dias. Se eu ten­ho que man­dar uma tir­in­ha diária para um jor­nal até as seis da tarde, bas­ta pen­sar, desen­har e enviar. Não tem aque­la luz div­ina, não tem momen­to de inspi­ração, não tem estre­lin­has tilin­tan­do ao redor de quem cria.
    Faz­er tir­in­ha baseia-se em ter a per­son­al­i­dade de um amigu­in­ho imag­inário no seu con­t­role. A par­tir daí é só deitar por cin­co min­u­tos, fechar o tex­to e ir para o com­puta­dor. Às vezes esbar­ro na preguiça e fecho os olhos por mais umas horas. Mas juro que é sem querer.

    Na sua opinião, quais os prob­le­mas enfrenta­dos para pub­li­cação de quadrin­hos em Curitiba?

    Curiti­ba é um celeiro de novos tal­en­tos nos quadrin­hos, prin­ci­pal­mente os de humor. Mas mes­mo assim, ain­da é val­i­da a pre­mis­sa de que ‘san­to de casa não faz mila­gre’ então, deve-se pub­licar fora de Curiti­ba, para ser val­oriza­do em Curitiba.
    Mas os órgãos vitais de pro­dução cul­tur­al ain­da estão basea­d­os em São Paulo e no Rio de Janeiro. Qual­quer autor que queira pub­licar e faz­er suces­so deve avaliar a pos­si­bil­i­dade de pub­li­cação nesse eixo.
    Em 2011 Curiti­ba pas­sou a inve­stir mais nos quadrin­hos, orga­ni­zan­do um dos mel­hores even­tos da área, que foi a Gibi­con. Um suces­so! E em 2012 tem mais. Isso acabou um pouco com aque­la sen­sação de que a cidade pega­va carona no suces­so avali­a­do e garan­ti­do por ‘men­tores cul­tur­ais’ de SP e RJ. Temos novos tal­en­tos e com a Gibi­con, podemos projetá-los.

    O que você acha do repertório nacional de quadrinhos?

    Pos­so avaliar ape­nas os quadrin­hos de humor. E gos­to da pro­dução nacional deles. Só acho que os car­tunistas têm que fugir da for­ma enlata­da de desen­har. Para isso, devem procu­rar meios mais cria­tivos de exe­cução do desen­ho, que não seja ape­nas usar os mod­os bási­cos do Pho­to­shop. Acho que deve haver uma redescober­ta do tra­bal­ho grá­fi­co do car­tunista. Todos os desen­hos têm me pare­ci­do iguais. Com os adven­tos da inter­net, muitos procu­ram inspi­ração fácil, o que tor­na a pro­dução visual­mente repet­i­ti­va e entediante.
    Já os roteiros estão cada vez mel­hores, mais ágeis, talvez por con­ta tam­bém da inter­net e da dis­sem­i­nação do humor por pro­gra­mas de TV e pop­u­lar­iza­ção de shows stand up comedy. 

    Para você, qual a mar­ca do seu tra­bal­ho que a difer­en­cia de out­ros (as) car­tunistas?

    Acho que vem da cri­ação de um per­son­agem que deve man­ter um dis­cur­so uni­forme. O per­son­agem é inigualáv­el, úni­co. Eu cor­ro o risco de ter um dis­cur­so coin­ci­dente com out­ro profis­sion­al de humor, se não estiv­er anco­ra­da num per­son­agem. Se tiv­er, a pia­da pas­sa a ser dele e não mais de uso comum. O per­son­agem é que faz o car­tunista, não o contrário. 

    Quais as influên­cias (car­tunistas, quadrin­istas, char­gis­tas, etc) no seu tra­bal­ho? Tem admi­ração por algum profis­sion­al em especial?

    Gos­to da obra de muitos car­tunistas. Mas se for para ir para uma ilha deser­ta com um car­tunista (a obra!) seria o Ziral­do, dono do esti­lo de comu­ni­cação mais flu­i­do que con­heço. Fala com cri­ança, com adul­to, com idoso, com todo mun­do com a mes­ma maes­tria. Seus desen­hos estu­pen­dos são a per­son­ifi­cação de suas ideias fina­mente arquite­tadas com equi­líbrio cal­cu­la­do entre razão e a mais doce inteligên­cia emo­cional. Diz­er que Ziral­do é um car­tunista, um escritor, um artista… isso tudo seria lim­i­tar um dos maiores cri­adores de nos­so tem­po a um sim­ples desígnio do que insu­fi­cientes palavras alcançam. Amém. 

    Quan­do e como você começou a perce­ber a sua predileção pelo humor gráfico?

    É tão intrínseco ao meu ser, que sequer con­si­go pon­tu­ar o iní­cio. Talvez meu líqui­do amnióti­co ten­ha sido nanquim.

    Como surgiu a ideia de cri­ar a tir­in­ha Ame­ly? Fale um pouco da personagem.

    Ame­ly é uma boneca infláv­el que foi bati­za­da sob esta graça por con­ta do sam­ba de Mário Lago inti­t­u­la­do “Ai que saudades da Amélia”. A tal Amélia deix­a­va saudades por ser uma mul­her de ver­dade, ou seja, um exem­p­lo de res­ig­nação fem­i­ni­na. Só que Ame­ly destrói o mito de que a “mul­her de ver­dade” deve se anu­lar em prol do seu par­ceiro. Ame­ly chega por encomen­da à casa de seu com­prador com dois grandes e irre­ver­síveis “defeitos de fab­ri­cação” segun­do o pub­li­co mas­culi­no: o primeiro é que ela pen­sa. O segun­do defeito é que ela fala… e muito!Isto a transpõe do pata­mar de “mul­her infláv­el” para o de “mul­her infalível”.

    Ame­ly tor­na-se “a mul­her de ver­dade”. Adquire von­tade, ini­cia­ti­va e inde­pendên­cia ape­sar de seus “pro­pri­etários” não esper­arem nada dela além do que um obje­to sex­u­al pro­por­ciona. Os quadrin­hos da Ame­ly tratam dos sen­ti­men­tos e pen­sa­men­tos de alguém que não esper­amos que os ten­ha, muito menos que os expresse tão vee­mente­mente. Infe­liz­mente no mun­do machista que vive­mos, algu­mas mul­heres ain­da se deparam com situ­ações semel­hantes na sociedade e no mer­ca­do de trabalho.

    Além de Ame­ly, ain­da há out­ro per­son­agem nas tir­in­has, que inter­pre­ta o com­prador da boneca. Ele resolve adquirir uma mul­her infláv­el exata­mente porque desis­tiu de ten­tar com­preen­der as mul­heres de ver­dade. O com­prador tem a esper­ança de que Ame­ly será uma mul­her per­fei­ta, vis­to que não tem von­tade própria, logo não ten­tará jul­gá-lo. E tudo isso por um preço módi­co! Mas a solução per­fei­ta para sua crise dura pouco. Para seu deses­pero, Ame­ly recusa-se a ser um mero obje­to sex­u­al. Ela quer ser seduzi­da, quer pre­lim­inares, atenção, amor e car­in­ho como toda mul­her, afi­nal ela é uma mul­her de verdade.

    Ame­ly foi cri­a­da despre­ten­siosa­mente no natal de 2005, para ser pub­li­ca­da ape­nas no site de sua cri­ado­ra, a Pryscila. Mas a tal boneca agradou tan­to que começou a rece­ber con­vites, foi sele­ciona­da em con­cur­sos de humor grá­fi­co (Salão Car­i­o­ca, con­cur­so da Fol­ha de São Paulo) e hoje tam­bém é pub­li­ca­da diari­a­mente na maior rede de jor­nais do plan­e­ta, o grupo Metro Inter­na­cional. Tam­bém foi con­vi­da­da para várias exposições de quadrin­hos no mun­do todo (Peru, Espan­ha, Gré­cia, Colôm­bia) que tratam do uni­ver­so fem­i­ni­no e da luta pelos dire­itos iguais da mul­her, emb­o­ra Ame­ly defen­da exata­mente o con­trário: os dire­itos desiguais da mulher.

    Para quem está começan­do ago­ra a se envolver com o desen­ho, qual a dica que você daria?

    O primeiro con­sel­ho é: não dar con­sel­hos. Mas se for para sug­erir algo gener­i­ca­mente útil, acon­sel­ho que tra­bal­hem a estru­tu­ra bási­ca. Que leiam MUITO, que incansavel­mente aper­feiçoem-se na redação, no tex­to, no con­tex­to e que se esmerem na arte do desen­ho. Isso tudo nun­ca é demais. E quan­do sen­tir que o tra­bal­ho está com ess­es que­si­tos em equi­líbrio, exis­tem infini­tas pos­si­bil­i­dades de pro­jetá-lo. A inter­net é uma delas. Con­cur­sos de humor grá­fi­co, out­ra. Mas aí, o des­ti­no é uma fol­ha em bran­co que vai ser rabis­ca­da ou desen­ha­da com litros de nan­quim e suor.

  • Gibicon: Abertura da exposição ¨A Evolução em Imagens — desenhos de Jens Harder¨, em Curitiba

    Gibicon: Abertura da exposição ¨A Evolução em Imagens — desenhos de Jens Harder¨, em Curitiba

    Essa sem­ana — mais especi­fi­ca­mente na sex­ta-feira, dia 15 — começa o even­to de três dias, e em vários espaços da cap­i­tal Paranaense, denom­i­na­do Gibi­con — Con­venção Inter­na­cional de Quadrin­hos de Curiti­ba. O even­to pre­tende dar con­ta de dis­cu­tir o panora­ma atu­al dos quadrin­hos e con­ta com algu­mas ativi­dades prévias do even­to. No dia 14, acon­tece a aber­tu­ra da exposição A Evolução em Ima­gens, do ilustrador alemão Jens Hard­er con­tan­do, inclu­sive, com sua presença.

    O jovem quadrin­ista e ilustrador alemão fun­dou com alguns ami­gos o Mono­gatari, um grupo berli­nense de HQs. O esti­lo de Jens Hard­er fler­ta com o jor­nal­is­mo, design grá­fi­co, ani­mação e out­ros gêneros de ilus­tração. Segun­do o próprio, essa é mes­mo a intenção da nova safra de quadrin­hos europeus que bus­ca novas for­mas de nar­ra­ti­vas entre as ima­gens e a palavra.

    Aber­tu­ra da Exposição A Evolução em Ima­gens — Desen­hos de Jens Harder
    Às 18hs
    Local: Goethe Insti­tute — Curiti­ba — PR
    Rua Reinaldino S. de Quadros, 33, Alto da XV