Promoção encerrada!
Author: Daniel Kossmann Ferraz
-
Crítica: Como Treinar Seu Dragão
Soluço, assim como a personagem Alice (de Alice no País das Maravilhas), não quer aceitar as regras de seu mundo, um lugar onde o medo, o rancor e a violência prosperam. Ele então decide mudar, junto com seu amigo dragão Banguela, todo o modo de viver da sua pacata cidadezinha em Como Treinar O Seu Dragão (How to Train Your Dragon, EUA, 2010), com roteiro e direção de Chris Sanders e Dean Deblois. A história foi baseada na série literária, de mesmo nome, da escritora Cressida Cowell.
Assim como várias outras animações, que foram lançadas nos últimos tempos, esta também é para todas as idades. Neste caso, um dos principais temas é o questionamento a respeito da tradição. “Porque guerreamos contra aquele ‘povo estranho’? Pois desde a época do meu bisavô foi assim e eles mataram muitos de nossa família, por isso vou me vingar deles!”, a violência gerando mais violência. Não haveria uma outra alternativa para este mundo onde guerras e armas são retratados como um jogo de videogame? Pois cada vez mais, falta o desconhecimento tão necessário para elas existirem.
A Dreamworks parece ter acertado em cheio com Como Treinar O Seu Dragão, se igualando (ou até superando) a sua rival Pixar em quesito de qualidade. E não é só da animação que me refiro, mas também da história, piadas e de seus personagens, muito carismáticos por sinal. Merecendo um especial destaque à qualidade da textura dos pêlos e cabelos, assim como seus movimentos, que ficaram com uma verossimilhança incrível. É impossível não ver o filme sem ficar apreciando esses, e outros, detalhes.
Em Como Treinar O Seu Dragão cada espécie foi trabalhada para que, além de possuírem suas próprias características de comportamento, terem ataques e forças diferentes, como em um jogo de RPG. Por exemplo, um dos personagens faz certa referência ao jogo quando fica citando todas as habilidades deles, que ele decorou do ‘manual’ dos dragões. E de assustador, os dragões viram amistosos e bonitinhos, muitas vezes até com características bem felinas. Já pensou como seria ter um “gatinho” voador cuspindo fogo dentro do seu apartamento?
Como Treinar O Seu Dragão mostra que se questionarmos o porquê das motivações/causas de certos eventos, poderíamos voar bem mais alto, o que literalmente acontece no filme.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete
- Marcelo Forlani, no Omelete
- Ronaldo D‘Arcadia, no Cinema com Rapadura
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=N‑uaTwkEvDM -
Crítica: O Livro de Eli
Eli (Denzel Washington) é um mochileiro solitário que percorre sempre em direção leste, num mundo pós-apocalíptico, protegendo um livro sagrado em O Livro de Eli (The Book of Eli, EUA, 2010), de Albert e Allen Hughes.Ao contrário de Farenheit 451, o vilão desta história, Carnegieo (Gary Oldman), está a procura de livros , em específico o que Eli carrega consigo não para destruí-lo, mas para usá-lo como uma “arma” para obter mais poder, que por sinal é a única crítica que o filme propões a respeito deste tema. Sobre este assunto, há também uma piadinha (pra não dizer uma crítica) onde Carnegieo manda queimar o livro “O Código da Vinci”, junto com outros livros, pois não possuem nenhum valor.
Assim como em vários outros filmes americanos, tudo acontece nos Estados Unidos e é lá que também está a salvação para a humanidade, como se não existisse mais nada, pelo menos significante, no mundo inteiro. Não há quase nenhuma explicação do que pode ter acontecido para o planeta estar naquela situação ou algum aprofundamento nos personagens do filme, ficando tudo muito supérfluo demais. Sem falar nos atos/conhecimentos extraordinários (para não dizer de super-heróis) dos personagens principais, que faz você pensar “como é que ele(a) teve tempo de fazer aquilo se.…?” ou “quando que ele(a) aprendeu a fazer isso?”, entre várias outras perguntas.
Em O Livro de Eli a fé, entre outros aspectos religiosos, é bastante enfatizada. Chegando até a se afirmar que a humanidade está fadada ao caos, destruição e ao não desenvolvimento intelectual devido à falta deste livro sagrado. Afirmação, no mínimo, forte, mas em um momento em que as religiões estão cada vez mais em “crise”, tudo parece ser válido para reafirmá-las.
Apesar de haver uma grande surpresa no final de O Livro de Eli, fica uma sensação estranha de que aquela revelação não convencimento dela. Aliás, este sentimento fica presente durante todo o filme. Por exemplo, neste futuro pós-guerra quase não se vê mulheres (contei seis), e as existentes são escravas, totalmente submissas. Como isto é possível se quem vai para a guerra são os homens e é sabido que elas são a maioria populacional no mundo? Uma visão bem machista deste cenário que, por quase não existirem mulheres, fica ainda mais apocalíptico.
O Livro de Eli, apesar de tudo, consegue ser um entretenimento razoável, sem muitas pretensões, com algumas cenas de ação muito bem feitas e as vezes até engraçadas.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete.
- Roberto Cunha, no Adoro Cinema
- André Moreira, no VertigoPop
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=t3qJj_ljctE -
Crítica: Um Sonho Possível
Michael Oher (Quinton Aaron) era um adolescente negro, nascido em um bairro pobre, que provavelmente poderia estar preso ou morto se não fosse por Leigh Anne Touhy (Sandra Bullock), que o acolheu para dentro de sua família, em Um Sonho Possível (The Blind Side, EUA, 2009), o novo filme de John Lee Hancock, baseado em fatos reais.
Leigh é uma mulher bastante determinada e trabalhadora, tem como profissão decoradora, mãe de dois filhos e casada com um ex-atleta, Sean Tuohy (Tim McGraw). Eles são uma família bem sucedida financeiramente, possuem uma rede de restaurantes, e vivem uma vida ‘normal’ até o dia que se deparam com Michael, de camiseta e bermuda andando pela rua em pleno inverno, enquanto estavam indo para casa. Leigh, subitamente, toma a decisão de levá-lo junto e, o que inicialmente seria apenas um gesto de bondade na noite antes do feriado de Ação de Graças, tornou-se uma experiência que mudou a vida de todos.
Baseado no livro The Blind Side: Evolution of a Game, de Michael Lewis, Um Sonho Possível foi lançado, apropriadamente, nos Estados Unidos na época do feriado de Ação de Graças, uma data para reunir as famílias e, dependendo da crença, agradecer a Deus. Só que neste caso, a religião é apresentada de maneira bem explícita. O cristianismo está estampado em todo lugar, às vezes mais implicitamente, outras não. Curioso perceber que apesar de alguns personagens se utilizarem de intenções cristãs para justificar seus atos, surge a dúvida da sua veracidade (outras são confirmadas falsas) mas, apesar de tudo terminam com a imagem de bom samaritano. A estrutura familiar também é bastante reforçada, só que desta vez, com a mulher no comando e o marido fazendo, às vezes, o papel de mãe.
Tecnicamente o filme apenas repete a fórmula american way of life and hollywood style (jeito americano de viver e estilo hollywoodiano), recheado com trilha sonora para reforçar as emoções e, com uma linearidade quase impecável, sem grandes surpresas, para agradar o público de todas as idades (“dos 8 aos 80 anos”, como diria um produtor americano). Mesmo podendo ter abordado certos assuntos (preconceito, pobreza, educação, drogas e o próprio altruísmo), eles são rapidamente “fechados” assim que aparecem, de forma a não gerar qualquer incômodo ou inquietação. Afinal, você está lá para se entreter e ser feliz.
Um Sonho Possível é politicamente correto e inspirador para a produção de atos altruístas, de preferência por aqueles financeiramente favorecidas.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=qacQrxVl0Xo -
Crítica: Os inquilinos
Valter (Marat Descartes) mora na periferia de São Paulo e é um trabalhador braçal, sem carteira assinada, durante o dia, e à noite estuda em um curso supletivo, para tentar assim conseguir um emprego melhor. Mora junto com sua esposa, Iara (Ana Carbatti), e mais dois filhos pequenos, um menino e uma menina, em uma casa que seu próprio pai construiu “tijolo por tijolo”, segundo o próprio. A rotina de toda sua família é abalada quando três novos inquilinos se mudam para a casa ao lado. Poderia ser mais um filme sobre as dificuldades do cotidiano, não necessariamente brasileiro, de uma família tentando sobreviver “decentemente”, mas Os inquilinos (Os Inquilinos – Os incomodados que se mudem, Brasil, 2009), de Sérgio Bianchi, vai muito mais além.
Assim como as outras obras do diretor, aqui há também a contradição entre o que é falado e feito, de uma maneira cada vez mais sutil, ou seja, com situações que de tão comuns, não chamam mais muito a atenção. Soco no estômago é pouco para descrever este novo filme.
A primeira tomada do filme exibe uma magnífica árvore, cheia de folhas verdes, no meio de um enxame de casas simples, com seus tijolos á mostra, criando já aqui uma antagonia gritante. Seguindo a linha de pensamento do próprio subtítulo do filme (os incomodados que se mudem), vem a pergunta: a natureza seria a incomodada com os atuais “inquilinos” vizinhos? Ela deveria então se mudar? Mas ela já não estava aqui bem antes deles chegarem? A mesma dúvida fica sobrevoando durante toda a trama da família de Valter. Deveria então se mudar, principalmente se foi seu pai que construiu aquela casa, ou seja, ele chegou antes. É aí que se inicia um, sutil, questionamento sobre a propriedade em si, e até onde é o seu limite, com ótimas tomadas de Valter tentando afirmar em seu imaginário, ou não, sua posição de macho-alfa perante os vizinhos.
Apesar da violência ser um tema recorrente em Os inquilinos, não há nenhuma cena explícita, tudo acontece nas entrelinhas. O mais interessante é que todas aquelas situações são independentes de classe social, mas na periferia, ela parece mais óbvia. Há todo um clima de tensão, que infelizmente foi pobremente conduzido (assim como o suspense em geral). A violência, além de gerar o medo, também instiga a curiosidade perante ela, por exemplo em programas de televisão assistidos à noite pela família, que durante o dia faz de tudo para fugir dela.
A sexualização infantil, apesar de estar em segundo plano, é aos poucos conduzida durante a história, que começa da noticia televisionada do estupro de uma menina encontrada morta perto da região, até a chocante cena de sua filha, uma menina possivelmente com menos de 12 anos, dançando um funk com roupas justas, na rua junto com as amigas. O sexo onde não há sexo, que pode ser deturpado dependendo de quem o vê.
Sem ficar apontando dedos na cara e dando lições de moral, Os Inquilinos inquieta e provoca. Se for assistir, vá preparado para um ótimo cinema-denúncia de Bianchi.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete.
- Kelly de Souza, no blog da Livraria Cultura.
- Celso Sabadin, no CineClick.
- Marcelo Hessel, no Omelete.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=EDPvBvnMlPo
Entrevista com Sérgio Bianchi:
httpv://www.youtube.com/watch?v=QgIVpo1KJ9c
-
Crítica: Ilha do Medo
O ano é 1954, auge da Guerra Fria, onde novos e mais extremos tratamentos psiquiátricos, talvez influenciados pelos experimentos nazistas, são adotados. Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) é um policial federal e veterano da 2ª Guerra Mundial, que em conjunto com Chuck Aule (Mark Ruffalo), vai a Shutter Island investigar o desaparecimento de uma internada no manicômio judicial local. Esta é a trama principal de Ilha do Medo (Shutter Island, EUA, 2009), o novo filme de Martin Scorsese, um thriller psicológico misturado com estilos como policial e horror gótico.
O que inicialmente parecia ser apenas mais uma investigação, em um local macabro, transforma-se em uma imersão à loucura/sanidade humana. Não apenas questionando diferentes métodos de tratamento, e suas eficácias, o filme também incita a dúvida sobre o próprio conceito de loucura e, como tudo pode se transformar de acordo com o ponto de vista. Ele foi baseado no livro Ilha do Medo, de Dennis Lehane, lançado aqui no Brasil pela editora Cia das Letras.
Inicialmente, Ilha do Medo gerou a impressão de ser meio exagerado e bastante tendencioso, principalmente devido à trilha sonora impactante (que de tanto ser repetida, acaba-se acostumando). Quase da metade do filme para o final, o clima engata mais, ficando tudo mais natural, e a trama fica muito interessante. Mesmo abordando um tema já meio batido, consegue envolver bastante em toda a busca pela verdade na investigação de Teddy com o seu parceiro, trazendo apenas em breves momentos a sensação de estarmos acompanhando e analisando tudo de fora. Assim como, devido à ótima fotografia e edição, é possível facilmente imergir dentro do clima alucinógeno, e às vezes claustrofóbico, criado por Scorsese.
Ilha do Medo não é para quem está buscando ação e tiros, mas sim para quem quer imergir em uma trama cheia de ramificações inesperadas. Com um ótimo elenco, destacando a atuação de DiCaprio, esta é uma excelente oportunidade para (re)pensar na sua própria sanidade.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete.
- Maurício Muniz, no Anti Gravidade.
- Marcelo Hessel, no Omelete.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=xruhUAK5mbo
-
Crítica: O amor segundo B. Schianberg
Uma artista plástica e videomaker, Mariana Previato, e um ator, Gustavo Machado, são semiconfinados, durante 3 semanas, em um apartamento de São Paulo, com câmeras estrategicamente localizadas, recebendo apenas uma sinopse e algumas instruções do diretor. Parece um projeto interessante, não? Este é O amor segundo B. Schianberg, o novo filme de Beto Brant.
Baseado num personagem do livro Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Marçal Aquino, Benjamin Schianberg é um psicanalista e professor universitário, que tem como principal interesse, refletir sobre o comportamento amoroso a partir de observações da realidade, que está apenas presente como narrador (Felipe Ehrenberg) em áudio no filme. Sua filha Gala (Mariana Previato), por desejo do pai, seduz Félix (Gustavo Machado) para seu apartamento afim de ajudar nas pesquisas dele.
O amor segundo B. Schianberg cria uma sensação bem íntima com os pseudopersonagens, pois, usando praticamente só o som ambiente e oito câmeras “robotizadas”, que foram instaladas no apartamento, acompanhamos os momentos mais, e menos, íntimos do casal. Este não é mais um filme estilo reality show, ou até uma “casa (apartamento) dos artistas”, pois o foco é a (des)construção de um amor e, não simplesmente um Big Brother. Fica bastante a dúvida a respeito do real e do interpretado, e até mesmo se há qualquer tipo de direção. Tudo parece ser tão descompromissado e amador, criando a impressão de que ele poderia estar sendo exibido no Youtube, no canal de Schiamberg.
Há um burburinho acontecendo, pois no mesmo há cenas de nu frontal, masculino e feminino, sexo, e palavrões. Mas é possível exibir, verossimamente, uma história de amor, desde o começo ao fim, sem esses elementos? Acredito que não! Chega a ser estranho ainda se deparar com comentários do tipo em um tempo onde tanto se fala sobre a liberdade sexual e a busca pela ‘verdade’.
É necessário estar aberto para uma experiência diferente da normal, ao se assistir O amor segundo B. Schianberg, mas para quem já viu algo do movimento Dogma 95, não irá estranhar tanto. Este é um filme bastante reflexivo sobre o amor, falso e verdadeiro, e, apesar de mais indiretamente, a respeito de um modo mais peculiar de se viver.
Outra críticas interessantes:
Pata mais informações informações sobre o filme, acesse esta página da TV Cultura.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=I1nB-jRZ8e4
Confira também outras críticas de filmes no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
-
Crítica: Confissões de uma Garota de Programa
Chelsea (Sasha Grey) é uma prostituta de luxo em Confissões de uma Garota de Programa (The Girlfriend Experience, EUA, 2009), de Steven Soderbergh, e assim como o título original sugere, ela oferece uma experiência mais diferente a seus clientes, a de uma namorada.
Este não é mais um daqueles filmes que somente retrata a história de uma prostituta que tem um namorado, neste caso Chris (Chris Santos), e todos os problemas que sua profissão pode provocar neste romance. O tema mais aparente é a crise financeira, que afeta todas as profissões, inclusive a de Chelsea, que é considerada a mais antiga de todas, e pessoas tentando superá-la. O casal também está procurando maneiras de ganhar mais dinheiro, nos seus respectivos trabalhos. Ele tentando vender planos mais caros, na academia que trabalha, e ela querendo investir mais em seu site e obter melhores qualificações em fóruns on-line que analisam o seu tipo de serviço.
Para quem não sabe, Sasha Grey é uma atriz pornô, e esta é a sua estreia como atriz. Soderbergh ao escolher ela, produziu um resultado bem interessante não só no próprio personagem, mas no filme inteiro também. Em uma tomada, um repórter a pergunta se é realmente possível um cliente conhecer quem é a Chelsea de verdade e, ela responde que, se alguém quisesse que ela fosse ela mesma, não estariam pagando. Aí vem a pergunta, é possível realmente saber quem é também, como pessoa, a própria Sasha Grey? Todos que a “conhecem”, também não estão de certa forma pagando por uma personagem?
A trama geral em si é bem simples, mas devido à edição bem feita, que a exibe de forma totalmente não linear, como se montasse aos poucos um grande quebra cabeça, estilo que remeteu bastante ao já utilizado em 21 Gramas, de Alejandro González-Iñárritu. A filmagem de Confissões de uma Garota de Programa, lembra muito um documentário, com movimentos constantes na câmera que, as vezes, fica bastante cansativo. As falas dos personagens, que foram semi-improvisadas, também ajudaram a criar esse aspecto mais documental.
Confissões de uma Garota de Programa não é mais um caso de uma Bruna Surfistinha, em seu diário ela escreve que tipo de roupa estava usando e alguns detalhes do encontro, mas nada relacionado a sexo. O interessante é que sexo está em todo lugar no filme, exceto que não há sexo. Uma ótima oportunidade para se (re)pensar sobre as relações, principalmente a incomunicabilidade dentro delas.
Confira também outras críticas de filmes no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=ZgB2Qx2n4i0
-
Crítica: Preciosa – Uma História de Esperança
A educação, tanto em casa quanto na escola, é um tema que nem sempre é abordado de maneira realística e geradora de discussões profundas, em filmes mais comerciais. Diferente de Preciosa – Uma História de Esperança (Precious: Based on the Book “Push” by Sapphire, EUA, 2009), de Lee Daniels, que, de forma crua e indigesta, não só a enfatiza, como fala também de outros assuntos delicados como: amor, abuso e homossexualismo.
Claireece Precious Jones (Gabourey Sidibe) é uma adolescente de 16 anos, obesa e negra. Ela vive com a sua mãe, Mary (Mo’Nique), que passa o dia inteiro em casa assistindo TV e a tratando como uma serviçal. A relação entre as duas é bastante confusa e violenta. A mãe a agride física e psicológicamente, afirmando que Claireece é burra e que nunca será melhor do que ela em nada. Um comportamento que acaba sendo incorporado pela garota.
Toda vez que Claireece encontra-se em um momento difícil, foge para um mundo imaginário onde é famosa e desejada por todos. Um lugar onde a sua presença realmente importa. Tudo isso acompanhado de uma trilha sonora “glamourosa”, remetendo á fama e ao sucesso, que também está presente nas tomadas que mostram o que realmente está acontecendo nessas situações, enfatizando a confusão, de certa forma esquizofrênica, da sua percepção da realidade. Acontecimentos que graças a ótima direção, conseguem mesmo mostrando pouco, dizer tudo.
A importância de uma educação mais humana e menos genérica, para a formação e evolução pessoal, é retratada pela escola “Cada Um Ensina Um”, a qual Claireece é transferida após ser expulsa da anterior, por estar grávida de seu segundo filho. Lá, pela primeira vez em sua vida, sente-se como uma pessoa, graças à dedicação e atenção da professora Mrs. Rain (Paula Patton). Um dos métodos utilizado, durante e fora das aulas, é que os alunos escrevam em um caderno os seus pensamentos, que é muito parecido com a técnica usada pela personagem de Hillary Swank em Escritores da Liberdade, de Richard LaGravenese, para não só estimulá-los á escrever, mas também para refletirem sobre suas próprias vidas.
O tipo de abordagem utilizada para retratar esses temas, lembra bastante outros surpreendentes filmes como: A professora de piano, de Michael Haneke, que retrata também uma relação muito doentia, e dependente, entre mãe e filha e, Bad Boy Bubby, de Rolf de Heer, a história de um homem que ficou praticamente metade da sua vida trancado em um quarto, morando só com a mãe, desconhecendo tudo que existia no mundo. O enredo, de Preciosa, foi baseado no livro Push, de Sapphire, lançado no Brasil como “Preciosa”, pela editora Record.
Preciosa, apesar de ser um filme sobre superação, não cai na mesmice de apresentar os fatos sempre de maneira açucarada, passando a impressão de que ultrapassar certas barreiras é fácil, rápido e que geralmente terminam bem. Além disso, deixa claro que, não fazer nada é escolher um dos lados.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete.
- Leonardo Campos, no PasseiWeb, apesar dos spoilers há uma ótima análise mais profunda sobre violência e educação.
- Janaina Pereiras, no Cinemmarte.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=bmp0Dlz0HwY
Leonardo Campos -
Crítica: Um Olhar do Paraíso
Susie Salmon (Saoirse Ronan) é uma menina estuprada e assassinada, aos 14 anos, em uma época que, segundo ela, isso ainda não era normal, não fazia parte do dia-a-dia da polícia, nem havia foto de crianças desaparecidas nos pacotes de leite.
Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones, EUA/Nova Zelândia/Reino Unido, 2009), de Peter Jackson, retrata a vida de Susie antes e depois de morrer. Seu espírito fica preso em um “mundo intermediário”, uma espécie de limbo, onde a observação do mundo dos vivos é possível, até sentir que pode continuar adiante.
Quando vi o trailer, faz alguns meses, fiquei bem empolgado com o que poderia ser o filme, mas, apesar de algumas coisas muito boas, o saldo em geral foi mais negativo que positivo. A narrativa é muito adolescente, com um romancezinho exagerado, onde tudo é muito bonitinho e com vários, e desnecessários, flashbacks. O ponto forte são os efeitos especiais, retratando esse “mundo imaginário”, que também traz várias referências à elementos da história, que são belissimamente criados digitalmente, apesar da junção de certos elementos ter ficado extremamente brega.
Normalmente, os psicopatas em filmes, são caracterizados como personagens que incitam a curiosidade pelo seu jeito misterioso e obsessivo, assim também como certos personagens loucos. Aqui, George Harvey (Stanley Tucci), é totalmente vazio e, bem estereotipado visualmente e gestualmente. Havendo até a batida cena dele parado atrás de uma janela, observando sua próxima vítima. Para falar a verdade, não foi só ele, mas todos os personagens foram caracterizados de maneira muito fraca e superficial.
Um Olhar do Paraíso é extenso demais, cansando bastante, principalmente devido a muitas tomadas que parecem ser completamente desnecessárias, podendo apenas fazer parte dos extras do DVD, pois não acrescentam nada à história, parecendo às vezes até que são de outro filme.
Fico em dúvidas se o público alvo, adolescentes principalmente, irá mesmo gostar do filme, e entre o público mais velho, a opinião também não está sendo nada boa. Mas, apesar de tudo, Um Olhar do Paraíso vale ser visto, para quem tiver paciência, pelas estonteantes cenas produzidas digitalmente.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=wrfOO4PQ1FU
-
Crítica: Percy Jackson e o Ladrão de Raios
Percy Jackson (Logan Lerman) é um menino que tem dificuldades na escola, por causa da sua dislexia e déficit de atenção, e de adaptação em geral. Tem somente um amigo e não consegue entender porque sua mãe gosta do padrasto, mesmo ele sendo um cara totalmente intolerável e repugnante. Mas tudo muda em sua vida quando é atacado por sua professora substituta, Mrs Dodds (Maria Olsen), que na verdade é uma Fúria (também conhecida como Erínia), questionando‑o sobre o esconderijo dos Raios. Este incidente acaba revelando que ele é um semideus, filho de Poseidon (Kevin McKidd), e que as pessoas mais próximas têm ligações com todo este mundo de mitos e magias.
Esta é a base do enredo de Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson and the Lightning Thief, EUA, 2010), de Chris Columbus, inspirado na obra de Rick Riordan. As comparações desta história com Harry Potter são inevitáveis, ainda mais pelo fato de Columbus ter dirigido os dois primeiros filmes da série. Como não li nenhum dos livros, de ambas as séries, e só assisti ao terceiro filme do Harry Potter, fico bem limitado pra fazer qualquer tipo de comparação, mas achei bem mais atraente o fato do filme ter como tema principal as mitologias em vez de bruxaria.
O filme mostra uma versão atualizada das mitologias, em conjunto com toda a modernidade do mundo atual, trazendo alguns resultados bem engraçados, como a utilização da parte espelhada de um iPod, para olhar a medusa, e um All Star com asas, para voar. O ritmo mais acelerado, como os mitos foram abordados, seguindo o fluxo das informações de hoje em dia, sem ficar se prendendo a longas explicações, também ficou bem interessante. Instigando mais facilmente a curiosidade de quem vê o filme, principalmente do público mais novo, para depois pesquisar, as informações, por si próprio.
Entretanto, há também uma aceleração na evolução dos personagens, que ficou, em certos momentos, atropelada. Não há, praticamente, aquela fase de transição que ocorre no conhecimento e aprendizado de uma nova técnica de luta, por exemplo. As coisas simplesmente vão acontecendo como se nada precisasse ser aprendido ou treinado. Isto lembra bastante alguns jogos de videogames, onde basta você ter o controle em mãos que, sem nenhuma ou quase nenhuma instrução, é possível fazer coisas incríveis com o seu personagem na tela. O que, de certa forma, pode dificultar o processo de envolvimento e possíveis identificações na jornada do herói Percy Jackson. Se a caracterização dos personagens, principalmente os deuses, e os cenários são pobremente elaborados, gerando a impressão de que você esta assistindo a uma montagem mal feita, da época grega, em um teatro barato, os efeitos especiais foram muito bem trabalhados, não havendo aquela sensação de que os seres mitológicos foram inseridos através da Chroma Key.
Percy Jackson e o Ladrão de Raios é um filme para quem está buscando por diversão e querendo conhecer, por alto, seres mitológicos vivendo no mundo atual. Além de ótimo, para instigar a curiosidade sobre este mundo de mitos e conhecimento, é perfeito para um entretenimento leve e engraçado.
O hotsite criado para a série (e usado para o filme também) possui informações sobre vários personagens, mas infelizmente cria certa confusão, pois vários detalhes não têm a ver com o que foi exibido no filme, mas sim com os livros. Ficou bem legal a ideia de criar um “perfil” de cada um desses personagens, parecido com o do Orkut, só que com informações adaptadas ao mundo atual, com uma lista de gostos para filmes, programa de TV, livros. Há até um espaço com comentário dos outros personagens da história. Mas tirando esta parte, o resto do site ainda possui um conteúdo e interatividade muito fraca com os visitantes, uma pena. Para quem se interessar, a Folha selecionou alguns personagens míticos do filme e colocou uma descrição sobre eles, segundo o Dicionário de Mitologia Grega e Romana (Jorge Zahar Editora), que pode ser vista clicando aqui.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
-
Crítica: NINE
Uma entrevista, filmada em preto-e-branco, com um diretor de cinema falando sobre a sua própria visão do processo de produção da arte cinematográfica, com frases que parecem ter saído de um livro de anotações (Notas sobre o Cinematográfico) do diretor Robert Bresson, dá início ao filme NINE (NINE, EUA, 2009), dirigido por Rob Marshall.
Guido Contini (Daniel Day-Lewis) é este diretor, que está prestes a começar a rodar seu nono filme, quando lhe ocorre uma crise de bloqueio de criatividade. Ele não tem a mínima ideia de como começar o roteiro, nem sobre o que o filme vai ser, sabe apenas que o título será Itália e que será filmado naquele país. Enquanto tenta superar esta crise, está sempre cercado e fantasiando com as mulheres que mais têm importância na sua vida: a amante sensual, Carla (Penélope Cruz), a esposa dedicada, Luisa (Marion Cotillard), sua musa, Claudia (Nicole Kidman), a figurinista e confidente, Lilli (Judi Dench), a repórter sedutora e esfuziante da Vogue (Kate Hudson), a prostituta esclarecedora da sua juventude (Stacy Ferguson) e a sua querida mãe (Sophia Loren). Para Guido, o olhar do diretor deve ser de uma criança, que vai brincando e escolhendo o que mais lhe dá prazer de assistir, e é o contato com sua própria criança que ele está buscando para poder novamente dirigir.
Por ser baseado no espetáculo teatral de sucesso da Broadway com o mesmo nome, que por sua vez, é uma releitura do filme 8 ½, de Federico Fellini, criou-se muita expectativa em torno dele, ainda mais pelo fato de ser dirigido pelo mesmo realizador do sucesso Chicago. Fica difícil classificar NINE como um musical, pois ele mais parece ser um amontoado de tomadas com filmagens de um show de teatro cantado.
Ainda não vi 8 ½, então não me sinto a vontade de fazer qualquer tipo de comparação com coisas que já li a respeito do filme, mas apesar disto já me sinto concordando com a opinião da crítica feita por Nelson Hoineff.
Fiquei com a sensação, nas partes musicalizadas pelas atrizes femininas, que pareciam clipes de amadoras onde, com muito esforço e dinheiro, tentavam passar glamour e sedução para as telas, mas no final acabavam por mostrar apenas gestos sincronizados e músicas vazias.
Os cenários, principalmente durante as músicas, apresentaram um efeito interessante devido a maioria das vezes mostrar suas partes incompletas, criando a impressão de estar assistindo a um show dentro de um teatro. Parecia haver sempre um gigantesco cenário que era cuidadosamente trocado a cada ato.
Já os personagens davam, na maioria das vezes, a sensação de estarem sempre atuando de uma maneira meio perdida diante da câmera, como se a própria crise de Guido, que não definia nenhum papel para seus atores, estivesse fazendo efeito sobre eles. Não foi nada agradável ver Judi Dench em um papel tão vazio.
NINE pode até ser um filme para quem deseja ver belas atrizes em roupas mínimas, fazendo poses e bocas, e Daniel (Guido) correndo de um lado para o outro enquanto canta, mas não para alguém que anseia por algo sedutor e com conteúdo.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
-
Crítica: O Lobisomem
Alguns personagens, que já há muito tempo fazem parte não só da cultura geral, mas dos medos mais primitivos, sempre estão sendo refilmados e adaptados. O Lobisomem (The Wolfman, Reino Unido/EUA, 2010), de Joe Johston, é mais um desses filmes.
Diferente do clássico original, dirigido por George Waggner, em 1941, este tem como cenário a Inglaterra Vitoriana. A história possui certas similaridades e, nesta versão, Lawrence Talbot (Benicio Del Toro) retorna da América para sua terra natal, a fim de ajudar na busca de seu irmão, a pedido da noiva dele, Gwen (Emily Blunt). Na sua busca por pistas, vai parar em um acampamento cigano, que é atacado por um monstro “desconhecido”. Durante o ataque, Lawrence é mordido quase que fatalmente no pescoço, se recuperando alguns dias depois, de uma maneira anormalmente rápida, na mansão de seu pai (Anthony Hopkins). Ele começa então a ser investigado pelo Detetive Aberline (Hugo Weaving), que acaba descobrindo a sua maldição.
Apesar do ótimo elenco, a atuação de cada um é muito fraca, mostrando pouca veracidade nos personagens, gerando um sentimento de muita distância e pouco envolvimento. A utilização da trilha, para produzir e manipular as emoções, é, de certa maneira, bem exagerada. As cenas que deveriam produzir “sustos”, apenas o fazem devido a uma brusca mudança, ou aparição de um som muito alto, às vezes até antes da cena em si, de fato, realmente acontecer. Chegando até a tornar ridículo alguns momentos de suspense.
A caracterização do lobisomem ficou bem no estilo da película de 1941, com um rosto mais “humanóide”, que me lembrou muito o personagem Chewbacca, do Star Wars, ficando às vezes até mais engraçado do que assustador. Há também um personagem no filme que é idêntico ao Smeagol, do Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, só que mais pobre visualmente. Assim como a transformação de homem para lobisomem que, apesar dos avanços nas técnicas de efeitos especiais, não surpreendeu nem um pouco. As tomadas do lobisomem atacando as pessoas lembraram aqueles filmes exploitation, com pedaços de corpo voando para todo lado. Apesar de algumas cenas parecerem engraçadas, incluindo algumas piadinhas também, não eram tão boas a ponto de provocar risada.
O Lobisomem é bem sessão da tarde, para quem quer ver alguns órgãos voando e suspense, que graças aos efeitos sonoros usados em demasia, não farão você dormir.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
-
Crítica: Invictus
O apartheid chegou ao fim na África do Sul e cabe ao recém-eleito presidente Nelson Mandela unir um país cheio de sequelas do regime anterior. Para isto ele decide investir em algo aparentemente sem relevância para a maioria de seus companheiros políticos, o rúgbi. É a partir desta história que Invictus (Invictus, EUA, 2009), o novo filme de Clint Eastwood, foi realizado.
Ao concretizar o seu ideal de criar um país arco-íris, onde pessoas de todas as cores pudessem conviver pacificamente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) fez, logo de início, mudanças dentro da sua própria equipe. Para isso, misturou antigos funcionários e agentes de segurança (brancos) do regime anterior com os novos funcionários (negros). Quanto ao time nacional de rúgbi, Springboks, esporte local preferido pelos brancos, é ainda visto, pela população que sofreu com ele, como um símbolo do apartheid. Mandela, apesar de tudo, percebe que esta pode ser uma ótima oportunidade para unir o país inteiro e, em parceria com o capitão da equipe, Francois Pienaar (Matt Damon), divulga o esporte por todo país, utilizando o lema: “um time, um país”.
Invictus é o terceiro trabalho de Eastwood com Freeman e, foi baseado na obra do jornalista e autor John Carlin, intitulada aqui no Brasil de “Conquistando o Inimigo”. Freeman, que foi produtor executivo em Invictus, já estava produzindo um filme sobre Mandela, havia alguns anos, a partir da autobiografia de Mandela (A Long Walk to Freedom, ainda inédito no Brasil). Mas estava tendo dificuldades para incluir toda a sua história e, quando estava a ponto de desistir, recebeu um resumo do livro de Carlin e percebeu que seria um bom modo de transmitir o espírito e o caráter de Mandela, numa história que se passa num período de menos de um ano. Depois que o roteiro ficar pronto, Freeman o enviou para Eastwood que de imediato se identificou com o material e aceitou dirigir o filme.
Invictus é, principalmente, sobre Nelson Mandela, focando não somente suas virtudes como político e pessoa, mas também suas limitações e fraquezas. Ele possui uma mensagem muito positiva, deixando de lado aspectos e fatos negativos anteriores, reafirmando a frase dita por Mandela: “O que passou, passou. Agora vamos olhar para o futuro”. No entanto, em alguns momentos de tensão, as tomadas muito longas são bastante incômodas. A utilização de vários closes mostrando os rostos das pessoas, enquanto Mandela falava, ao invés de criar um sentimento de maior aproximação e compreensão desses personagens, criava um afastamento por parecer forçada demais essa proximidade. Vale a pena destacar as tomadas de rúgbi, muito bem filmadas e editadas, parecendo que você estava dentro da partida. O som direto, nessas horas, foi de grande ajuda, em vez de usar alguma música melosa, como a da trilha sonora, se ouvia somente o som da respiração dos jogares e dos seus movimentos. Esta foi uma preocupação do próprio Eastwood, onde os atores foram treinados pelo próprio Chester Williams, um dos jogadores do Springboks.
Invictus é bastante motivador e leve. Ele nos faz pensar no quanto podemos nos esforçar mais, para realizarmos nossos sonhos. Assim como, para nos lembrar, que não podemos ser egoístas na nossa jornada, pois todas as pessoas a nossa volta são importantes, não importa o trabalho que elas fazem.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
-
Crítica: Hanami — Cerejeiras em Flor
Como dar amor e felicidade a alguém que você ama e está prestes a morrer, se ele é fechado para qualquer aventura e emoção? É com este desafio que começa o filme Hanami — Cerejeiras em Flor (Kirschblüten, Alemanha, 2008) da diretora Doris Dörrie.
Trudi (Hannelore Elsner) descobre que seu marido Rudi (Elmar Wepper) está com uma doença terminal e, seguindo a sugestão do médico, decide fazer uma grande viagem de férias com ele. A questão é que Rudi gosta apenas de viver o convencional e de sua rotina: casa, trabalho, cerveja no fim do expediente. Apesar da idéia de viajar não lhe agradar muito, acaba concordando. Para ele não há grandes emoções nem vontades e o ator Elmar Wepper (Rudi) consegue passar muito bem essa situação com sua expressão rígida e um olhar perdido dentro de si. Trudi sempre quis visitar seu filho Karl (Maximilian Brückner) que mora no Japão e conhecer o Monte Fuji, mas Rudi nunca se interessou. Assim decide ir primeiro visitar seus outros filhos em Berlin para ver se seu marido se acostuma com a idéia de viajar ao oriente. Nas suas tentativas de fazer o marido se sentir bem com a viagem, Trudi acaba redescobrindo pequenos prazeres, como assistir a um espetáculo de Butoh, no teatro de Berlin, e dançar com seu marido, à noite. Trudi morre subitamente, quando estão visitando o litoral, e Rudi decide ir ao Japão para lhe prestar uma última homenagem. Lá é a época do Festival das Cerejeiras em Flor e, como o seu filho é muito ocupado, decide conhecer, por ele, mesmo o país. Nessa sua jornada encontra Yu (Aya Irizuki), uma garota que dança Butoh em um parque, com quem descobre o valor da amizade, o amor no sentido mais puro e o prazer de viver.
Uma metáfora muito significativa no filme é o Butoh, onde o movimento realizado não é ditado pelo que está fora, mas aparece na interação entre exterior e interior do mundo. A essência do Butoh baseia-se no mecanismo em que os dançarinos deixam de ser eles mesmos e tornam-se outra pessoa ou coisa. O que pode ser relacionado com o ritmo do filme que mostra uma face mais profunda de seus personagens, assim como dos ambientes em que eles estão, dando, às vezes, a impressão de um ritmo mais lento ou pesado.
Hanami é um filme sobre a brevidade da vida, assim como das flores de uma cerejeira. Na cultura japonesa a cerejeira era associada ao samurai, cuja vida era tão efêmera quanto a da flor que se desprendia da árvore. Associando esse significado com o do Butoh, percebemos que conhecer a nós mesmos é também dar a chance do outro entrar em nossas vidas.
Confira também a crítica deste filme no blog Claque ou Claquete, por Joba Tridente.
Trailer:
-
Entretendo-nos até a morte
Curiosidades:
- O livro “Amusing ourselves to death” ainda não possui tradução para o nosso idioma. Confira outros títulos de Neil Postman.
- O álbum musical “Amused to Death” de Roger Waters foi baseado neste livro. Existe um site bem interessante onde há a tradução de todas as letras do álbum junto com uma interpretação das mesmas.