Crítica: NINE

filme nine

Uma entre­vista, fil­ma­da em pre­to-e-bran­co, com um dire­tor de cin­e­ma falan­do sobre a sua própria visão do proces­so de pro­dução da arte cin­e­matográ­fi­ca, com fras­es que pare­cem ter saí­do de um livro de ano­tações (Notas sobre o Cin­e­matográ­fi­co) do dire­tor Robert Bres­son, dá iní­cio ao filme NINE (NINE, EUA, 2009), dirigi­do por Rob Mar­shall.

Gui­do Con­ti­ni (Daniel Day-Lewis[bb]) é este dire­tor, que está prestes a começar a rodar seu nono filme, quan­do lhe ocorre uma crise de blo­queio de cria­tivi­dade. Ele não tem a mín­i­ma ideia de como começar o roteiro, nem sobre o que o filme vai ser, sabe ape­nas que o títu­lo será Itália e que será fil­ma­do naque­le país. Enquan­to ten­ta super­ar esta crise, está sem­pre cer­ca­do e fan­tasian­do com as mul­heres que mais têm importân­cia na sua vida: a amante sen­su­al, Car­la (Pené­lope Cruz[bb]), a esposa ded­i­ca­da, Luisa (Mar­i­on Cotil­lard[bb]), sua musa, Clau­dia (Nicole Kid­man[bb]), a fig­urin­ista e con­fi­dente, Lil­li (Judi Dench[bb]), a repórter sedu­to­ra e esfuziante da Vogue (Kate Hud­son[bb]), a pros­ti­tu­ta esclare­ce­do­ra da sua juven­tude (Sta­cy Fer­gu­son[bb]) e a sua queri­da mãe (Sophia Loren[bb]). Para Gui­do, o olhar do dire­tor deve ser de uma cri­ança, que vai brin­can­do e escol­hen­do o que mais lhe dá praz­er de assi­s­tir, e é o con­ta­to com sua própria cri­ança que ele está bus­can­do para poder nova­mente dirigir.

Por ser basea­do no espetácu­lo teatral de suces­so da Broad­way com o mes­mo nome, que por sua vez, é uma releitu­ra do filme 8 ½, de Fed­eri­co Felli­ni[bb], criou-se mui­ta expec­ta­ti­va em torno dele, ain­da mais pelo fato de ser dirigi­do pelo mes­mo real­izador do suces­so Chica­go. Fica difí­cil clas­si­ficar NINE como um musi­cal, pois ele mais parece ser um amon­toa­do de tomadas com fil­ma­gens de um show de teatro cantado.

Ain­da não vi 8 ½, então não me sin­to a von­tade de faz­er qual­quer tipo de com­para­ção com coisas que já li a respeito do filme, mas ape­sar dis­to já me sin­to con­cor­dan­do com a opinião da críti­ca fei­ta por Nel­son Hoin­eff.

Fiquei com a sen­sação, nas partes musi­cal­izadas pelas atrizes fem­i­ni­nas, que pare­ci­am clipes de amado­ras onde, com muito esforço e din­heiro, ten­tavam pas­sar glam­our e sedução para as telas, mas no final acabavam por mostrar ape­nas gestos sin­croniza­dos e músi­cas vazias.

Os cenários, prin­ci­pal­mente durante as músi­cas, apre­sen­taram um efeito inter­es­sante dev­i­do a maio­r­ia das vezes mostrar suas partes incom­ple­tas, crian­do a impressão de estar assistin­do a um show den­tro de um teatro. Pare­cia haver sem­pre um gigan­tesco cenário que era cuida­dosa­mente tro­ca­do a cada ato.

Já os per­son­agens davam, na maio­r­ia das vezes, a sen­sação de estarem sem­pre atuan­do de uma maneira meio per­di­da diante da câmera, como se a própria crise de Gui­do, que não definia nen­hum papel para seus atores, estivesse fazen­do efeito sobre eles. Não foi nada agradáv­el ver Judi Dench em um papel tão vazio.

NINE pode até ser um filme para quem dese­ja ver belas atrizes em roupas mín­i­mas, fazen­do pos­es e bocas, e Daniel (Gui­do) cor­ren­do de um lado para o out­ro enquan­to can­ta, mas não para alguém que anseia por algo sedu­tor e com conteúdo.

Con­fi­ra tam­bém a críti­ca deste filme no blog Claque ou Cla­que­te, por Joba Tri­dente.

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