Em maio, quem quiser conferir um pouco do atual cinema francês terá uma grande oportunidade. A UCI Cinemas exibe a programação do Festival Varilux de Cinema Francês em cinco cidades do país. São 15 títulos que abordam os mais variados gêneros da dramaturgia francesa, entre eles alguns ainda inéditos no Brasil.
Entre os títulos de destaque da mostra, estão: “Pedalando com Molière”, “Renoir”, “Camille Claudel 1915”, “Os Sabores do Palácio” e “O homem que Ri”. Outros longas como “O Menino da Floresta”, uma das mais destacadas produções recentes da animação francesa, “A Datilógrafa”, de Régis Roinsard, e “Aconteceu em SaintTropez”, de Danièle Thompson, também fazem parte da programação.
Além de Curitiba (PR), a UCI também exibe o Festival Varilux em Ribeirão Preto, São Paulo, Fortaleza e Recife. Na capital paranaense as sessões acontecem no cinema UCI Estação, do Shopping Estação.
Programação do Festival na UCI em Curitiba
Para mais informações sobre o festival, os cinemas UCI e a programação completa, acesse o site da UCI e/ou as redes sociais da UCI. Os ingressos poderão ser adquiridos nas bilheterias, nos terminais de atendimento ou também pelo site da rede.
O longa Intocáveis (Intouchables, França, 2011), dirigido pela dupla Eric Toledano e Olivier Nakache, chega atrasado no Brasil — e só vem graças ao Festival Varilux- mostrando mais do jeito francês de fazer filmes com um apelo, digamos, comercial. O longa é uma comédia, com pitadas de drama, dignos de você sair inspirado do cinema.
O enredo, baseado no livro O Segundo Suspiro(Intrinseca), trata do refinado tetraplégico Philippe em busca de uma espécie de enfermeiro, um cuidador como se diz por aqui. Cansado dos mesmos tediosos homens, cheios de referências, formação e com pouca humanidade, ele resolve dar uma chance ao ocioso Driss, um senegalês que só entrou na fila para conseguir um seguro-desemprego. Os momentos que estas duas figuras distintas vão passar juntos — figuras de uma Paris polarizada entre o nativo e o imigrante — vão dar tom a várias descobertas simples do sentido de amizade, sem forçar nenhuma barra.
Intocáveis, apesar de ser rotulado como uma comédia e se passar na capital romântica de Paris, em nenhum momento o espectador enxerga a mitólogica capital a não ser em uma cena que a Torre Eiffel serve de simples elemento figurativo de algo mais interessante. As cenas entre o subúrbio da capital, onde vive Driss e sua grande família, e a mansão onde vive o rico Phillippe, não deixam que o longa abandone de lado os questionamentos de uma França contemporânea e nem um pouco romântica. Aliás, falando em não romantismo, o longa tem aquela beleza dramática de filmes de amizade que víamos — ah! os bons tempos americanos — na sessão da tarde em dramas como A Cura, ou ainda, Patch Adams.
O filme fez um grande sucesso logo que foi lançado e o ator Omar Sy, que faz Driss, chegou a desbancar o francês Jean Dujardim, de O Artista, na categoria de melhor ator no prêmio Cesar. De fato, Omar tem um carisma conquistador, as piadas do personagem são extremamente divertidas e ele trabalha muito bem com o veterano François Cluzet, formando uma boa dupla.
O cinema francês vai muito bem, obrigado. Mas, claro que os americanos não perderam tempo, com a crise de criação que carregam há anos, prometem para logo um remake do longa. Mas creio que Intocáveis, assim como muitos filmes agradáveis vindos ultimamente da França — vide o primoroso Minhas Tarde com Marguerite- tenha um charme peculiar, sensível sem ser dramático e difícil de ser reproduzido. Assista Intocáveis para sentir, pelo menos durante a duração do filme, que podemos ter grandes amigos em um mundo cheio de rótulo e divisórias. O Festival Varilux de Cinema Francês acontece de 15 a 23 de agosto de 2012 e o Intocáveis abre o evento.