Tag: sean penn

  • Caça aos Gângsteres | Crítica

    Caça aos Gângsteres | Crítica

    Cada ger­ação tem seu filme de gâng­ster icôni­co e esper­amos que este seja o próximo.

    É com esta frase que o dire­tor Ruben Fleis­ch­er apre­sen­ta o seu novo filme de ação Caça aos Gâng­steres (Gang­ster Squad, EUA, 2013), que estre­ou dia 1 de fevereiro nos cin­e­mas brasileiros, com par­tic­i­pação de nomes de peso como Sean Penn, Ryan Gosling, Josh Brolin e Emma Stone.

    O filme se pas­sa no ano de 1949 quan­do um grupo de poli­ci­ais é sec­re­ta­mente for­ma­do para der­rubar Mick­ey Cohen (Sean Penn), um gân­ster que prati­ca­mente coman­da toda a cidade de Los Ange­les. Ape­sar de Cohen real­mente ter exis­ti­do, as sim­i­lar­i­dades com o mun­do real prati­ca­mente acabam por aí, o resto da história foi inspi­ra­da em rumores e, para trans­for­má-lo em um grande lon­ga de ação, uma boa dose de ficção.

    O prin­ci­pal destaque é o tra­bal­ho feito para recri­ar a Los Ange­les pós-guer­ra, que ficou sim­ples­mente fan­tás­ti­ca, mas acabou sendo total­mente ofus­ca­da pela pés­si­ma qual­i­dade do lon­ga em ger­al. A reunião do elen­co de peso, que é o grande chama­riz ao lado das cenas de ação, foi lit­eral­mente joga­da fora por um roteiro muito fra­co e uma pés­si­ma edição. Os per­son­agens são muito força­dos e total­mente rasos, não há qual­quer moti­vação real para suas ati­tudes que não sejam um ou out­ro pequeno acon­tec­i­men­to, ou uma pseu­do reflexão a respeito de uma situ­ação. Isso aca­ba tor­nan­do o filme real­mente cansati­vo, pois quan­do parece que algum deles vai se apro­fun­dar em algu­ma questão, ela é sim­ples­mente joga­da fora com a mudança de assun­to ou um corte seco.

    Mick­ey Cohen (Sean Penn) em um de seus ataques de raiva

    Não que eles dev­e­ri­am entrar em uma reflexão filosó­fi­ca e exis­ten­cial para jus­ti­fi­carem suas ati­tudes, mas um pouco de embasa­men­to faz mui­ta fal­ta. Aqui vale a pena tam­bém chamar a atenção para o malé­fi­co vilão, sim é para ser exager­a­do e repet­i­ti­vo, pro­tag­on­i­za­do por um Sean Penn com ros­to trans­fig­u­ra­do para enal­te­cer seus traços som­brios, que mes­mo colo­can­do os pul­mões para fora com seus ataques de rai­va, não con­seguiria assus­tar uma joan­in­ha de tão vazio que ficou seu personagem.

    Já o esquadrão anti-gâng­ster, é suposta­mente for­ma­do por profis­sion­ais que são sele­ciona­dos por terem cada um uma qual­i­dade espe­cial, pre­mis­sa com­ple­ta­mente esque­ci­da durante o desen­volver do enre­do. Na ver­dade, a grande espe­cial­i­dade do grupo parece ser enfraque­cer total­mente a capaci­dade de mira dos seus adver­sários, porque é incrív­el como eles são os úni­cos que con­seguem acer­tar alguém no meio de um tiroteio. Tam­bém é curioso notar que a equipe foi clara­mente escol­hi­da para abranger os difer­entes tipos de etnia, idade, tem­pera­men­to e nív­el de testos­terona, for­man­do um grupo total­mente inclu­si­vo e politi­ca­mente cor­re­to, ape­sar de atu­arem por trás da lei.

    A diver­si­dade do esquadrão anti-gângster

    Assim cheg­amos ao pon­to prin­ci­pal de Caça aos Gâng­steres, o uso e abu­so de prati­ca­mente todos os clichês pos­síveis de um filme de gâng­sters. Em vez de ter feito um super remix, como faz por exem­p­lo o Taran­ti­no em Djan­go Livre com o west­ern, ele sim­ples­mente repete inte­gral­mente as fór­mu­las com um toque dos clichês de vet­er­a­nos de guer­ra, sem­pre em bus­ca de mais vio­lên­cia, e do bom e vel­ho amer­i­can way of life. Assim, é con­tínua a sen­sação de que você já sabe exata­mente o que vai suced­er, porque é claro que nada de ruim real­mente pode acon­te­cer. Afi­nal, esta­mos na ter­ra do Tio Sam.

    Além das atu­ações pra lá de car­i­catas, os efeitos espe­ci­ais acabam cain­do no mes­mo prob­le­ma: muito se quer mostrar, mas real­mente pouco se sente. Uti­lizar cenas no esti­lo bul­let-time para adi­cionar mais dra­mati­ci­dade nas cenas de ação não é nen­hu­ma novi­dade, mas ain­da não havia vis­to nada tão sem sal uti­lizan­do esta téc­ni­ca. Pode até ter fica­do legal no trail­er, mas quan­do uti­lizadas den­tro da nar­ra­ti­va do filme, pare­cem terem sido colo­cadas de for­ma total­mente aleatória pois pare­cem com­ple­ta­mente per­di­das e sem grande acrésci­mo na sen­sação de peri­go ou ação.

    Emma Stone e Ryan Gosling são a dupla român­ti­ca do filme

    Depois do Ruben Fleis­ch­er ter feito o óti­mo Zum­bilân­dia (2009), fica até difí­cil de acred­i­tar que foi ele quem dirigiu Caça aos Gâng­steres, de tão fra­co que é. Para um filme que pre­tendia mar­car uma ger­ação, como por exem­p­lo fez Scar­face (1983) de Bri­an De Pal­ma, este com certeza será icôni­co no abu­so e mau uso de clichês.

    Se você não gos­ta de spoil­ers ou de infor­mações demais antes de assi­s­tir um filme, recomen­do que não veja o trail­er ofi­cial, pois ele não só aca­ba entre­gan­do muitas das mel­hores cenas de ação, como tam­bém mostra algu­mas cenas cru­ci­ais que podem estra­gar as várias sur­pre­sas que o lon­ga ten­ta criar.

    Para os apre­ci­adores de design, vale a pena assi­s­tir aos crédi­tos do filme que foram mon­ta­dos no esti­lo dos cartões postais da época.

    Caça aos Gâng­steres — Com­er­cial de TV

    httpv://www.youtube.com/watch?v=m72cJm8DYUg

  • Crítica: Fora de Controle

    Crítica: Fora de Controle

    Fora de Con­t­role (What Just Hap­pened, E.U.A, 2008), dirigi­do por Bar­ry Levin­son, que out­ro­ra já dirigiu os exce­lentes Rain Man e Sleep­ers, é um lon­ga que mes­mo trazen­do uma reunião de estre­las do cin­e­ma, entre estas alguns como Bruce Willis, Robert de Niro e Sean Penn, não con­vence muito ape­sar de ser um filme sincero.

    O lon­ga tra­ta da roti­na, em duas sem­anas, na vida de Ben (Robert De Niro), um pro­du­tor de cin­e­ma, alta­mente paranói­co, que pre­cisa lidar com os mais estran­hos prob­le­mas diários. O per­son­agem de De Niro é um worka­holic nato, que além da sua vida pes­soal estar no lim­ite, pre­cisa num cur­to espaço de tem­po con­vencer um dire­tor a faz­er cortes no seu filme, para poder par­tic­i­par de Cannes, e ain­da, lidar com o ego de artis­tas temperamentais.

    O que deixa Fora de Con­t­role soar sem mui­ta orig­i­nal­i­dade é a sua nar­ra­ti­va arras­ta­da com muitos diál­o­gos desnecessários. A fotografia esta­va rel­a­ti­va­mente escu­ra e alguns recur­sos não fun­cionaram tão bem, como a clás­si­ca pas­sagem do tem­po através de acel­er­ação de cenas, inten­si­f­i­can­do ain­da mais esta sen­sação. Ain­da, ape­sar da tril­ha do filme ser bem pon­tu­al, acon­te­cen­do na maior parte do tem­po só quan­do Ben entra no car­ro e deixa o CD da tril­ha sono­ra do filme que está pro­duzin­do tocan­do, este ele­men­to fica bem destoa­do do lon­ga em si. Efeito pare­ci­do tam­bém foi uti­liza­do em Paler­mo Shoot­ing, de Wim Wen­ders, só que des­ta vez de maneira surpreendente.

    Ain­da que o filme não con­vença muito, vale ressaltar que Fora de Con­t­role tem algu­mas car­ac­terís­ti­cas inter­es­santes. Por exem­p­lo, em tratar da apresentação/crítica sobre as difi­cul­dades que os pro­du­tores da maior indús­tria do cin­e­ma amer­i­cano pas­sam todos os dias com os tem­pera­men­tos difí­ceis de estre­las, dire­tores e real­izadores num ger­al. Nes­sa situ­ação, destaque para Bruce Willis inter­pre­tan­do a si mes­mo, com um mal humor irôni­co que gera algu­mas risadas nas cenas em que aparece. E, até mes­mo a apa­tia de Ben, com aque­le olhar típi­co de Robert De Niro, faz o filme soar sin­cero e orig­i­nal em alguns momentos.

    Ten­ho perce­bido que nos últi­mos anos Robert De Niro vem agar­ran­do todos os pro­je­tos que lhe propõem, não obten­do muito suces­so na maio­r­ia, a não ser pelo incrív­el papel em Machete, que claro, con­ta com uma exce­lente direção de Robert Rodriguez. Talvez o erro este­ja na insistên­cia que os estú­dios de Hol­ly­wood vem fazen­do em reunir um cast grande de estre­las em filmes rel­a­ti­va­mente fra­cos em roteiro e argu­men­tos pouco con­vin­centes, pare­cen­do que os filmes são mais como pro­du­tos de uma rede de fast food, con­sum­i­dos pela aparên­cia anun­ci­a­da e não pelo con­teú­do em si. E nesse que­si­to, Fora de Con­t­role deixa a men­sagem bem clara.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=c3wla08D67c