Tag: Os Famosos e os Duendes da Morte

  • Cine Belas Artes Apresenta: Noitão Mundos Paralelos

    Cine Belas Artes Apresenta: Noitão Mundos Paralelos

    O Noitão de março será ante­ci­pa­do para a primeira sem­ana do mês, e acon­te­cerá nes­ta sex­ta-feira, dia qua­tro de março, a par­tir das 23h50.

    Para quem pref­ere os pro­gra­mas mais tran­qui­los que a cidade ofer­ece na con­tramão do Car­naval, o Noitão é uma grande pedida.

    A pro­gra­mação, bati­za­da de Mun­dos Para­le­los, reúne cin­co filmes com per­son­agens viven­cian­do exper­iên­cias em ter­ritórios iso­la­dos, sejam eles no plano físi­co ou não. Vamos à seleção, começan­do pelos dois inédi­tos: Mis­tério da Rua 7, de Brad Ander­son; Cam­in­ho da Liber­dade, de Peter Weir; as repris­es Os Famosos e os Duen­des da Morte, do cineas­ta brasileiro Esmir Fil­ho; e o francês Eu Me Chamo Elis­a­beth, de Jean-Pierre Améris; mais o filme-surpresa.

    Mis­tério da Rua 7 é um sus­pense estre­la­do por Hay­den Chris­tensen, Thandie New­ton e John Leguizamo. O dire­tor é o mes­mo de O Operário (aque­le com Chris­t­ian Bale absur­da­mente magro). A história, ambi­en­ta­da em Detroit, é sobre um apagão que resul­ta no desa­parec­i­men­to da pop­u­lação local, da qual só sobraram as roupas e out­ros bens mate­ri­ais. Enquan­to isso, um pequeno grupo de sobre­viventes luta para não ser engoli­do pela escuridão, man­ten­do-se pro­te­gi­do por pequenos focos de luz arti­fi­cial. Um ver­dadeiro ter­ror para quem tem medo do breu. 

    Cam­in­ho da Liber­dade, pro­tag­on­i­za­do por Col­in Far­rell e Ed Har­ris, traz na direção a assi­natu­ra do mes­mo real­izador de grandes suces­sos como Sociedade dos Poet­as Mor­tos e O Show de Tru­man. Neste seu novo tra­bal­ho, ele nos leva para o ano de 1940, onde acom­pan­hamos a fuga de um grupo de sol­da­dos cap­tura­dos pelo exérci­to da União Soviéti­ca e man­ti­dos numa prisão na Sibéria. Para escapar, eles terão que traçar um lon­go e perig oso cam­in­ho de pedras, pas­san­do pelo deser­to de Gobi e pelo Himala­ia, até o Tibet, na Índia. Con­cor­reu ao Oscar 2011 de mel­hor maquiagem. 

    Os Famosos e os Duen­des da Morte, basea­do no livro homôn­i­mo de Ismael Canep­pele, que tam­bém aparece no filme como ator, é sobre a visão par­tic­u­lar que dois ami­gos ado­les­centes têm das suas vidas e do mun­do onde vivem, uma peque­na cidade do sul do Brasil. Um deles man­tém um rela­ciona­men­to vir­tu­al com uma meni­na da sua idade e é fã de Bob Dylan.

    O jovem dire­tor, que tem aqui a sua estreia em lon­ga-metragem, gan­hou fama instan­tânea com o cur­ta Tapa na Pan­tera, um fenô­meno de audiên­cia no Youtube, respon­sáv­el por traz­er a grande atriz Maria Alice Ver­gueiro de vol­ta aos holofotes. 

    Eu Me Chamo Elis­a­beth mostra uma meni­na de 10 anos que assiste ao dis­cre­to desmoron­a­men­to do casa­men­to dos pais, e vê a sua úni­ca irmã sair de casa para estu­dar num colé­gio inter­no. Solitária e intro­spec­ti­va, um dia ela con­hece alguém que se tornará seu úni­co e mel­hor ami­go. Tra­ta-se de um rapaz que fugiu de uma clíni­ca e foi parar no quin­tal da peque­na Elis­a­beth. Ao faz­er a descober­ta, a garo­ta aju­da o fugi­ti­vo a se man­ter escon­di­do numa cabana nos fun­dos da casa, levan­do comi­da e lhe fazen­do com­pan­hia, sem que ninguém jamais pos­sa saber.

    O filme-sur­pre­sa, por sua vez, mescla romance e comé­dia e, por mais que não seja tão con­heci­do, não decepcionará.

    Cada espec­ta­dor só poderá assi­s­tir a três filmes, no máx­i­mo. Serão feitas seis seqüên­cias difer­entes, uma para cada sala, sem­pre incluin­do pelo menos um dos filmes inédi­tos. No ato da com­pra do ingres­so cada um escol­he a sua combinação.

    Para com­ple­tar o pro­gra­ma, nos inter­va­l­os entre as sessões os todos par­tic­i­pam de sorteios de brindes (camise­tas, filmes em DVD, etc.).

    Ao final da últi­ma sessão, por vol­ta das seis da man­hã do sába­do, o cin­e­ma ofer­ece um gos­toso café da man­hã para os sobre­viventes da maratona.

    Sinopses:

    Mis­tério da Rua 7
    (Van­ish­ing on 7th Street)
    EUA, 2010, cor, 91 min., 14 anos.
    Direção: Brad Ander­son
    Elen­co: Hay­den Chris­tensen, Thandie New­ton e John Leguizamo.

    Quan­do um apagão mer­gul­ha Detroit na escuridão total, só res­ta um pequeno grupo de pes­soas. A pop­u­lação da cidade desa­pare­ceu no ar, deixan­do para trás roupas e car­ros aban­don­a­dos. Logo, a luz do dia começa a desa­pare­cer com­ple­ta­mente. Reunidos em uma taber­na aban­don­a­da, os sobre­viventes percebem que a escuridão está do lado de fora para pegá-los e, ape­nas as fontes de luz podem man­tê-los seguros.

    Cam­in­ho da Liberdade
    (The Way Back)
    EUA, 2010, cor, 133 min., 14 anos.
    Direção: Peter Weir
    Elen­co: Col­in Far­rell, Dejan Angelov e Ed Harris.

    A história se pas­sa durante a Segun­da Guer­ra Mundi­al, em 1940, e segue um grupo de sol­da­dos pri­sioneiros que ten­ta escapar de um cam­po de tra­bal­ho na Sibéria, via­jan­do por uma ter­ra perigosa e descon­heci­da, pas­san­do por deser­tos e flo­restas, rumo a India e a liberdade.
    Con­cor­reu ao Oscar 2011 na cat­e­go­ria de mel­hor maquiagem.

    Os Famosos e os Duen­des da Morte
    Brasil, 2009, cor, 103 min., 14 anos.
    Direção: Esmir Filho
    Elen­co: Hen­rique Lar­ré, Ismael Canep­pele e Tuane Eggers.

    Um garo­to de 16 anos, fã de Bob Dylan, tem aces­so ao restante do mun­do ape­nas por meio da inter­net, enquan­to vê os dias pas­sarem em uma peque­na cidade rur­al de col­o­niza­ção alemã, no sul do Brasil. Mas uma figu­ra mis­te­riosa o faz mer­gul­har em lem­branças e num mun­do além da realidade.
    Mel­hor Filme (Júri e Críti­ca Inter­na­cional) do Fes­ti­val do Rio 2009.

    Eu me chamo Elisabeth
    (Je M’Ap­pelle Elisabeth)
    França, 2006, cor, 90 min., 14 anos.
    Direção: Jean-Pierre Améris
    Elen­co: Alba Gaïa Kraghede Bel­lu­gi, Stéphane Freiss e Maria de Medeiros.

    Elis­a­beth é uma meni­na de 10 anos que vive com os pais, que estão em proces­so de sep­a­ração, e com sua irmã mais vel­ha, que está prestes a par­tir para estu­dar. Há tam­bém uma empre­ga­da, que quase não fala. Elis­a­beth sente-se solitária até con­hecer um jovem, que surge em seu quin­tal. Ele está fug­in­do de uma clíni­ca e recebe a aju­da da garo­ta, que o esconde numa cabana nos fun­dos de sua casa. A par­tir de então ela pas­sa a pro­tegê-lo e a tratá-lo como con­fi­dente e seu mel­hor amigo.

    Trail­ers:

    Mis­tério da Rua 7
    httpv://www.youtube.com/watch?v=_eDWLYTHxvE

    Cam­in­ho da Liberdade
    httpv://www.youtube.com/watch?v=Jnbl8XN3xvQ

    Os Famosos e os Duen­des da Morte
    httpv://www.youtube.com/watch?v=4fBUjaii4kw

    Eu Me Chamo Elisabeth
    httpv://www.youtube.com/watch?v=nX2NgwY7duE

    Noitão ¨Mun­dos Para­le­los¨, no Belas Artes
    Sex­ta-feira, 04 de março, a par­tir das 23h50.
    Ingres­sos: R$ 20,00 (estu­dantes e idosos pagam meia-entra­da), à ven­da a par­tir das 14h da quar­ta-feira (antevéspera do evento).

    Para sua maior como­di­dade, adquira seu ingres­so pela inter­net: www.ingresso.com.br

    Belas Artes
    Rua da Con­so­lação, 2423
    Tel.: 3258–4092
    São Paulo — SP

  • Crítica: Os Famosos e os Duendes da Morte

    Crítica: Os Famosos e os Duendes da Morte

    O ano de 2010 tem sido, defin­i­ti­va­mente, o ano de lança­men­to de pro­duções ousadas (e mar­avil­hosas) no cin­e­ma nacional. Seguin­do a leva dos filmes mais metafóri­cos e sen­so­ri­ais Os Famosos e os Duen­des da Morte (Brasil, 2010), de Esmir Fil­ho vem para entrar na lista dos lon­gas que ren­o­vam a lin­guagem cin­e­matográ­fi­ca brasileira.

    O lon­ga é basea­do, e livre adap­ta­do, do livro homôn­i­mo de Ismael Can­ne­pelle, que inclu­sive atua no filme. O pro­tag­o­nista seria mais um garo­to aparente­mente comum se não encar­asse de for­ma tão oníri­ca o seu sen­ti­men­to de deslo­ca­men­to. Ele mora numa cidade do inte­ri­or do Rio Grande do Sul, vive através das músi­cas do Bob Dylan, não tem muitos ami­gos e se acha deslo­ca­do do que ele chama de ¨um ban­do de colonos¨. A história dele se mis­tu­ra com as de out­ras pes­soas que sen­ti­am a mes­ma neces­si­dade de fuga dele. A bus­ca de uma vida vir­tu­al, as lem­branças e a iden­ti­fi­cação com a irmã de um ami­go fazem dele cada dia mais dis­tante do espaço geográ­fi­co em que vive.

    O filme É uma história sen­so­r­i­al, uma viagem lomo­grá­fi­ca pelo inte­ri­or do sul do país e pelos sen­ti­men­tos daque­les que vivem muitas vezes iso­la­dos, não de for­ma social, mas com uma solidão que se com­preende com as ima­gens bucóli­cas da peque­na cidade, que a câmera insiste em focar. Os Famosos e os Duen­des da Morte se apro­pria de maneira poéti­ca da lin­guagem literária do livro, transpon­do os sen­ti­men­tos do garo­to com cur­tas ima­gens exper­i­men­tais dos out­ros per­son­agens, deixan­do mais evi­dente a sua fuga, nem que seja por lem­branças que não pertençam a ele. A própria lin­guagem audio­vi­su­al é trata­da de for­ma met­alin­guis­ti­ca, pois o garo­to mescla as ima­gens vis­tas na inter­net com os sen­ti­men­tos e lem­branças que pos­sui, mostran­do a exper­iên­cia dele como espectador.

    Esmir Fil­ho acer­ta em Os Famosos e os Duen­des da Morte não somente por ousar adap­tar uma obra pouco con­heci­da escri­ta por um jovem, mas tam­bém por realçar a história com atores-per­son­agens da região, todos de primeira viagem. Os sotaques, os cos­tumes e o pas­seio das cenas pela cidade deixa tudo muito mais real, uma espé­cie de poe­sia doc­u­men­ta­da, mudan­do o foco cos­tumeiro do norte para o sul do país. Out­ro pon­to, que fun­ciona de for­ma retóri­ca no filme, é que nada fica claro demais nas cenas, é necessário o uso dos sen­ti­dos para se dese­jar ter respostas do que se vê na tela.

    Os Famosos e os Duen­des da Morte foi apre­sen­ta­do na Mostra Inter­na­cional de São Paulo de 2009 e rece­beu pre­mi­ações em inúmeros fes­ti­vais. Esse é o primeiro lon­ga de Esmir Fil­ho, que ficou con­heci­do pelo cur­ta-viral Tapa na Pan­tera de 2006. Uma bela estréia do jovem paulis­tano, com um filme que ousa mes­mo como cin­e­ma e abusa das sim­bolo­gias para os espec­ta­dores mais atentos.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=4fBUjaii4kw