Tag: medianeras

  • Hoy No Estoy

    Hoy No Estoy

    Há o provér­bio pop­u­lar de que a gra­ma do viz­in­ho sem­pre parece mais verde que a nos­sa e isso parece, de for­ma pos­i­ti­va, faz­er muito sen­ti­do quan­do falam­os do cin­e­ma argenti­no con­tem­porâ­neo. Um cin­e­ma revig­o­rante como vem provan­do vários títu­los que pas­sam por aqui, mas infe­liz­mente quase somente no cir­cuito alter­na­ti­vo. Um bom exem­p­lo foi o Medi­an­eras (2011), de Gus­ta­vo Taret­to, que antes do sen­sív­el lon­ga sobre o amor e solidão na labir­in­ti­ca Buenos Aires, já trata­va do tema em seus cur­tas e um deles é Hoy no Estoy, de 2007.

    Um jovem quer pas­sar pelo menos um dia des­perce­bido do mun­do. Aprovei­tan­do a arquite­tu­ra de Buenos Aires, os grandes arran­ha-céus, graf­fi­tis nos muros e pla­cas de pro­pa­gan­da ele vai se camu­flan­do pas­san­do longe do movi­men­to e das pes­soas. De for­ma muito diver­ti­da o pro­tag­o­nista faz uso de cada pequeno vão para que se encaixe nos espaços urbanos. Mas, e se alguém o encon­trar? E se não for o úni­co a quer­er ser invisív­el no caos da cidade?

    Hoy no Estoy é mais uma pro­va da obsessão nos roteiros de Gus­ta­vo Taret­to pela solidão urbana e como nos escon­demos no meio da labir­in­ti­ca arquite­tu­ra das grandes cidades. O argenti­no con­segue traz­er o tema de for­ma muito sutil e tocante. O fato do dire­tor ter sido fotó­grafo e ter tra­bal­ha­do com pub­li­ci­dade tan­to tem­po colaborou para que as locações urbanas fos­sem vis­tas de um ângu­lo bas­tante inti­mo. Quan­tos de nós não quise­mos ou não nos sen­ti­mos invi­siveis ao meio de tan­ta informação?

    httpv://www.youtube.com/watch?v=ph04uR8MKlk

  • Medianeras (2011), de Gustavo Taretto

    Medianeras (2011), de Gustavo Taretto

    Em tem­pos de amizades vir­tu­ais, rela­cionar-se pes­soal­mente com out­ras pes­soas tor­na-se uma tare­fa cada vez mais com­plexa para muitos. “Mas como encon­trar o amor se não sabes onde está?” este é o tema do filme argenti­no Medi­an­eras – Buenos Aires na Era do Amor Vir­tu­al (Medi­an­eras, Argenti­na, 2011), de Gus­ta­vo Taret­to.

    Medi­an­eras é nar­ra­do por Martín (Javier Dro­las), um jovem solitário cri­ador de sites que mora com seu cachor­ro em um pequeno aparta­men­to. O mun­do de Martín é a inter­net, ele com­pra sua comi­da, assiste filmes, estu­da, entra em sites de rela­ciona­men­to, se diverte, tudo vir­tual­mente para evi­tar o mun­do exter­no, por ser um fóbi­co em recu­per­ação. Quan­do é obri­ga­do a sair de casa, leva em uma mochi­la um número fixo de coisas que acred­i­ta que podem salvá-lo em algu­ma situ­ação de urgên­cia. Em frente ao seu edifí­cio, do out­ro lado da rua, vive Mar­i­ana (Pilar López de Ayala), arquite­ta, mas atual­mente dec­o­rado­ra de vit­rines, que ter­mi­nou recen­te­mente o seu rela­ciona­men­to de qua­tro anos e ago­ra vive entre seus manequins e caixas de papelão, com as coisas de sua anti­ga vida da qual ain­da não con­seguiu se recuperar.

    Os dois vivem na mes­ma cidade, pas­sam diver­sas vezes pelos mes­mos lugares, têm gos­tos e inter­ess­es em comum, mas ironi­ca­mente nun­ca percebem um ao out­ro. Essa relação de iso­la­men­to e solidão que os dois com­par­til­ham é rep­re­sen­ta­da metafori­ca­mente pela arquite­tu­ra de Buenos Aires. Os imen­sos pré­dios com as tais medi­an­eras, ou seja, as pare­des lat­erais, geral­mente esque­ci­das ou uti­lizadas para anún­cios pub­lic­itários (não sendo per­mi­ti­das janelas por questões de segu­rança), deix­am os ambi­entes escuros e muitas vezes melancóli­cos. Isso, de acor­do com Martín, é uma das prin­ci­pais causas dos prob­le­mas com os quais convive.

    Estou con­ven­ci­do de que as sep­a­rações, os divór­cios, a vio­lên­cia famil­iar, o exces­so de canais a cabo, a fal­ta de comu­ni­cação, a fal­ta de dese­jo, a apa­tia, a depressão, o suicí­dio, as neu­roses, os ataques de pâni­co, a obesi­dade, as con­trat­uras, a inse­guri­dade, a hipocon­dria, o estresse e o seden­taris­mo são respon­s­abil­i­dade dos arquite­tos e da con­strução civ­il. Destes males, sal­vo o suicí­dio, padeço de todos”

    Acom­pan­ha­da pela tril­ha sono­ra True Love Will Find You In The End de Daniel John­ston, a história de Martín e Mar­i­ana rep­re­sen­ta a solidão urbana, onde mes­mo rodea­d­os por mil­hares de pes­soas (mes­mo que vir­tu­ais), ain­da assim nos sen­ti­mos soz­in­hos. Mas Medi­an­eras não deixa de ser um filme otimista, pois seus per­son­agens não desistem do mun­do real e terão de super­ar bar­reiras inter­nas e exter­nas que os impe­dem de se encontrar.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=ntVyIw2n3jw&feature=related