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  • Crítica: Instinto de Vingança

    Crítica: Instinto de Vingança

    Instin­to de Vin­gança (Tell Tale, EUA/Inglaterra, 2010), dirigi­do pelo estre­ante Michael Cues­ta, pos­sui uma pre­mis­sa pra lá de pecu­liar: o recep­tor de um coração doa­do é toma­do por cer­tos dese­jos do anti­go dono do órgão.

    Ter­ry Bernard (Josh Lucas) é um homem que, ape­sar de todas as difi­cul­dades, con­tin­ua seguin­do em frente na esper­ança de uma situ­ação mel­hor. Ele foi aban­don­a­do pela mul­her, é um fra­cas­sa­do profis­sion­al­mente, cui­da da fil­ha que pos­sui uma doença genéti­ca muito rara e seu próprio esta­do de saúde é bem vul­neráv­el. Recen­te­mente con­seguiu um trans­plante de coração, sub­sti­tuin­do seu anti­go que logo iria fal­har, mas parece que o seu cor­po está mostran­do sinais de rejeição ao órgão. Sua úni­ca feli­ci­dade são as idas à Dra. Eliz­a­beth (Lena Head­ey), médi­ca de sua fil­ha, pela qual tem uma cer­ta queda.

    Até aí pode­ria ser mais uma história de super­ação, mas Instin­to de Vin­gança foge do padrão com Ter­ry começan­do a sen­tir dese­jos incon­troláveis de matar algu­mas pes­soas, que desco­bre serem os assas­i­nos do dono orig­i­nal de seu novo coração. Toda vez que encon­tra um deles, o seu coração começa a bater muito forte e ele começa a ser doma­do pela von­tade de vingança.

    Ape­sar de Instin­to de Vin­gança pos­suir uma ideia inter­es­sante, basea­da no con­to “o coração dela­tor”, do escritor amer­i­cano Edgar Allan Poe, sua insistên­cia em quer­er dar expli­cações para todos os acon­tec­i­men­tos durante o decor­rer do filme, com o uso exces­si­vo de flash­backs e enfa­ti­za­ção de cer­tos ele­men­tos, acabam tornando‑o monótono demais. E para pio­rar, fica total­mente explíc­i­to, e força­do, cer­tos diál­o­gos onde a função é mera­mente dar expli­cações á questões ain­da con­fusas da história para quem está assistin­do. Por que tan­to esse medo de deixar o espec­ta­dor ir desen­vol­ven­do os que­bras-cabeças jun­to com o lon­ga? Se for para faz­er um sessão “desliga­men­to men­tal”, então já nem se dev­e­ria começar pen­san­do em uma tra­ma min­i­ma­mente com­pli­ca­da. As atu­ações tam­bém não aju­dam muito, beiran­do uma “leitu­ra” de diál­o­gos mecânica.

    Instin­to de Vin­gança tem os ele­men­tos cer­tos para ter sido um bom filme trash, mas dev­i­do a seriedade na qual os temas são abor­da­dos, aca­ba por ser pouco envol­vente. No final, o lon­ga dá uma revi­ra­vol­ta (total­mente pre­visív­el para alguns), fazen­do um fechamen­to mais inter­es­sante, mas que não con­segue mudar a sen­sação ger­al produzida.

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=WQoBOu-Vfo4

  • Crítica: Cabeça a Prêmio

    Crítica: Cabeça a Prêmio

    Cabeça a Prêmio (Brasil, 2010), estréia do dire­tor Mar­co Ric­ca, basea­do em livro homôn­i­mo de Marçal Aquino, é um filme nacional que ape­sar de ter um enre­do mis­tu­ran­do dra­ma e poli­cial, com ele­men­tos já bem con­heci­dos, con­segue ousar e apre­sen­tar um resul­ta­do muito pouco convencional.

    Miro (Ful­vio Ste­fani­ni) é um poderoso cri­ador de gado, que tam­bém faz para­le­la­mente out­ros “negó­cios” jun­to com seu irmão Abílio (Otávio Müller). Para isso eles usam o pilo­to de aluguel Denis (Daniel Hendler), que tem um caso com a fil­ha de Miro, Elaine (Alice Bra­ga), e faz o trans­porte de mer­cado­rias pela fron­teira do país. Tam­bém há mais dois capan­gas, Albano (Cás­sio Gabus Mendes) e Brito (Eduar­do Mosco­vis), respon­sáveis por man­ter a ordem e servirem de guardas costas. Resu­min­do: uma peque­na família de mafiosos nacional.

    Cabeça a Prêmio prati­ca­mente não faz uso de tril­ha sono­ra, só em pou­cas tomadas de pais­agem e de con­tem­plação de algum per­son­agem tam­bém com a pais­agem, sendo bas­tante “cru” na exibição dos acon­tec­i­men­tos, geran­do uma con­tem­plação maior aos even­tos ocor­ri­dos. Acred­i­to até que ele pode­ria ter dis­pen­sa­do toda tril­ha sono­ra, pois quan­do ela se faz pre­sente aca­ba destoan­do com com cli­ma do filme em ger­al. As pais­agens gan­ham um destaque espe­cial no lon­ga, não só pela beleza com que foram fil­madas, mas pelo sig­nifi­ca­do que gan­ham com o silên­cio e vazio que o filme propõe.

    Sem flash­backs ou qual­quer tipo de recur­so para ten­tar explicar as moti­vações de cada per­son­agem, somos lit­eral­mente joga­do em situ­ações para, cada um, ten­tar encaixar por si mes­mo as peças do que­bra cabeça ao qual somos apre­sen­ta­dos. Infe­liz­mente o uso exces­si­vo des­ta téc­ni­ca em Cabeça a Prêmio acabou geran­do uma fal­ta de conexão com o enre­do em ger­al, resul­tan­do em um sen­ti­men­to de que muito está acon­te­cen­do, mas ao mes­mo tem­po nada real­mente se desenvolve.

    A riqueza e a ganân­cia, são mostradas lit­eral­mente com todo seu peso, amar­gu­ra e indifer­ença em relação a vida. Tudo é ape­nas um negó­cio, que na ver­dade nun­ca sabe­mos qual real­mente é, e as pes­soas são sim­ples­mente empre­ga­dos, ten­tan­do pis­ar em cima do out­ro a qual­quer opor­tu­nidade. Todos ess­es ele­men­tos são extrema­mente claros em Cabeça a Prêmio não por serem desta­ca­dos ao exces­so na tela, mas por pos­suírem uma sutileza muito marcante.

    Mes­mo Cabeça a Prêmio sendo uma pro­dução muito boa, com ele­men­tos não muito con­ven­cionais, o filme em ger­al parece que lit­eral­mente não acon­tece, no sen­ti­do de não agradar e cati­var, e tem pou­cas chances de con­seguí-lo em relação ao públi­co. Isso inclui tan­to os que bus­cam o mais con­ven­cional quan­to aos que querem coisas mais diferentes.

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=GlAKBqKloKs

  • Crítica: Ilha do Medo

    Crítica: Ilha do Medo

    ilha do medo

    O ano é 1954, auge da Guer­ra Fria, onde novos e mais extremos trata­men­tos psiquiátri­cos, talvez influ­en­ci­a­dos pelos exper­i­men­tos nazis­tas, são ado­ta­dos. Ted­dy Daniels (Leonar­do DiCaprio[bb]) é um poli­cial fed­er­al e vet­er­a­no da 2ª Guer­ra Mundi­al, que em con­jun­to com Chuck Aule (Mark Ruf­fa­lo[bb]), vai a Shut­ter Island inves­ti­gar o desa­parec­i­men­to de uma inter­na­da no man­icômio judi­cial local. Esta é a tra­ma prin­ci­pal de Ilha do Medo (Shut­ter Island, EUA, 2009), o novo filme de Mar­tin Scors­ese, um thriller psi­cológi­co mis­tu­ra­do com esti­los como poli­cial e hor­ror gótico.

    O que ini­cial­mente pare­cia ser ape­nas mais uma inves­ti­gação, em um local macabro, trans­for­ma-se em uma imer­são à loucura/sanidade humana. Não ape­nas ques­tio­nan­do difer­entes méto­dos de trata­men­to, e suas eficá­cias, o filme tam­bém inci­ta a dúvi­da sobre o próprio con­ceito de lou­cu­ra e, como tudo pode se trans­for­mar de acor­do com o pon­to de vista. Ele foi basea­do no livro Ilha do Medo, de Den­nis Lehane, lança­do aqui no Brasil pela edi­to­ra Cia das Letras.

    Ini­cial­mente, Ilha do Medo ger­ou a impressão de ser meio exager­a­do e bas­tante ten­den­cioso, prin­ci­pal­mente dev­i­do à tril­ha sono­ra impac­tante (que de tan­to ser repeti­da, aca­ba-se acos­tu­man­do). Quase da metade do filme para o final, o cli­ma enga­ta mais, fican­do tudo mais nat­ur­al, e a tra­ma fica muito inter­es­sante. Mes­mo abor­dan­do um tema já meio bati­do, con­segue envolver bas­tante em toda a bus­ca pela ver­dade na inves­ti­gação de Ted­dy com o seu par­ceiro, trazen­do ape­nas em breves momen­tos a sen­sação de estar­mos acom­pan­han­do e anal­isan­do tudo de fora. Assim como, dev­i­do à óti­ma fotografia e edição, é pos­sív­el facil­mente imer­gir den­tro do cli­ma alu­cinógeno, e às vezes claus­trofóbi­co, cri­a­do por Scorsese.

    Ilha do Medo não é para quem está bus­can­do ação e tiros, mas sim para quem quer imer­gir em uma tra­ma cheia de ram­i­fi­cações ines­per­adas. Com um óti­mo elen­co, desta­can­do a atu­ação de DiCaprio, esta é uma exce­lente opor­tu­nidade para (re)pensar na sua própria sanidade.

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=xruhUAK5mbo