Que Saramago escrevia textos tocando fundo nas questões humanas, não é nenhuma novidade. O português, morto em junho desse ano, criava ficções que brincavam e simulavam, com belas metáforas, a sociedade e o comportamento humano. No inicio da década de 70, ainda no começo da carreira, foi convidado para escrever algo para criança, e mesmo temeroso do resultado, escreveu A flor mais grande do mundo.
O conto infantil, que faz sentido em qualquer idade, relata um menino curioso que descobre uma flor, em um vazio enorme, prestes a morrer de sede. Eis que o menino não se conforma em apenas vê-la naquela situação. Saramago inicia a narrativa já deixando claro que não tem o dom de contar histórias para os pequenos, pois existe uma necessidade de se falar a língua deles, em contar algo que lhes toque. Mas é impossível não ser tocado pela belíssima e sensível narrativa. Um dos pontos mais bacanas é a proposta do escritor para que todos reescrevam a história do seu jeito fazendo que ela possa continuar andando pelo mundo nas mais diversas linguagens e estilos.
Em 2006, o diretor galeano Juan Pablo Etcheverry deu vida para o conto de Saramago, criando uma colorida e bonita animação em Plastilina, uma variação da animação em stop-motion com materiais maleáveis.
httpv://www.youtube.com/watch?v=-KTL94Rl7CI