A animação em stop-motion é uma das mais antigas técnicas da história do cinema. Ela já fora usada nas primeiras décadas em filmes como Viagem à Lua e King Kong, quando a sétima arte ainda dava seus primeiros passos. Mas, alguns artistas foram fundamentais para o desenvolvimento desse processo, e na década de 60, Jan Svankmajer surge como expoente da mistura de stop-motion com surrealismo crítico. Neste seu curta-metragem, Dimensões do Diálogo (Dimensions of Dialogue, República Tcheca, 1982), ele faz uma forte crítica aos problemas de comunicação numa sociedade onde cada um quer que prevaleça suas próprias ideias.
Por um momento esqueça nomes como Tim Burton, Terry Gillian ou Irmãos Quay quando ouvir falar de animações em stop-motion ou surrealistas. Jan Svankmajer é o nome chave que representa todos esses idealizadores de animações atuais. Ele foi, e é ainda, uma forte influência para todos que dão vida ao que a primeira vista parece ser impossível de ser animado. Em Dimensões do Diálogo, o curta é dividido numa trilogia fantástica: Factual , Passionate e Exhausting, todos focados no diálogo e na dificuldade de comunicação nas relações humanas. O diretor se utilizou dos mais diversos materiais, desde vegetais até esculturas em barro, e todos os elementos funcionam em tamanha harmonia que é impossível vê-los como simples objetos.
O ambiente sombrio que vê-se hoje em Tim Burton, com elementos kafkianos e com tendências fortes em Edgar Allan Poe, vê-se já nas primeiras animações de Svankmajer, que consegue dar vida aos objetos e materiais que aos olhos não treinados são simplesmente inertes. O diretor não poupa críticas utiliza o universo surrealista como uma ótima desculpa para criticar os tabus da sociedade. Dimensões do Diálogo é um dos seus mais incríveis trabalhos, mostrando que o egoísmo é um fator forte na má comunicação das relações.
httpv://www.youtube.com/watch?v=ocj4-y6sc9o&feature=related
httpv://www.youtube.com/watch?v=YaMIR7uRTLo&feature=related