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  • Crítica: Amor por Contrato

    Crítica: Amor por Contrato

    A mídia ofer­ta prati­ca­mente tudo e os pro­du­tos surgem o tem­po todo, as vezes de for­ma pas­si­va e em out­ros momen­tos de modo agres­si­vo e obri­gatório, há um imper­a­ti­vo nos out­doors e cam­pan­has de TV. Amor por Con­tra­to (The Jone­ses, USA, 2009), do dire­tor Der­rick Borte, foca esse assun­to em um meio pas­si­vo e inclu­sive em uma situ­ação pecu­liar, numa família.

    Os Jones aparentam ser uma família comum ao son­ho amer­i­cano, mudam-se para um sub­úr­bio nobre, são inve­ja­dos pelos viz­in­hos que os vêem como a feli­ci­dade per­fei­ta, rica e feliz. Tudo isso seria real se os Jones não fos­sem parte de uma cam­pan­ha pub­lic­itária, no esti­lo con­heci­do como self-mar­ket­ing, que foca em cam­pan­has mais indi­re­tas que por out­ro lado obtém um resul­ta­do muito supe­ri­or ao esti­lo comum de mar­ket­ing, val­orizan­do exata­mente o que o usuário espera e sente em relação ao produto.

    Kate Jones (Demi Moore) é a cabeça pen­sante do pequeno grupo e a mel­hor vende­do­ra, segui­da pelos jovens que rep­re­sen­tam seus fil­hos e em últi­mo lugar está o estre­ante Steve Jones (David Duchovny), pai dessa supos­ta família, um expe­ri­ente nego­ci­ador de car­ros, mas pés­si­mo nesse ramo de self-mar­ket­ing. Os qua­tro tem alguns meses para faz­er crescer a ven­da de pro­du­tos em seg­men­tos especí­fi­cos, que vão des­de car­ros até jóias e pequenos cos­méti­cos. Tudo pode­ria dar cer­to nesse meio tem­po se os Jones não fos­sem pes­soas comuns con­viven­do em situ­ações comuns, sendo lev­a­dos a ques­tionar até que pon­to vale­ria a pena sem­pre desem­pen­har um papel que gera uma reação em cadeia nas pes­soas em sua volta.

    O mar­ket­ing pesa­do e indi­vid­ual é o foco de Amor por Con­tra­to, o que lev­an­ta, em muitos momen­tos, sen­ti­men­tos assus­ta­dores sobre quem são real­mente as pes­soas que con­vive­mos, fazen­do ques­tionar se não somos parte de uma grande cam­pan­ha pub­lic­itária de for­ma pas­si­va, todos os dias. Claro que a comé­dia fun­ciona muito bem durante o filme, uma fór­mu­la que já fun­cio­nou, mes­mo que de for­ma difer­ente, no óti­mo Show de Tru­man (1998) de Peter Weir. Muitas situ­ações diárias, em que sabe­mos que deter­mi­na­da situ­ação surge exata­mente para causar impacto e dese­jo, são tão sutis no nos­so dia a dia que é impos­sív­el não cair na risa­da com taman­ha orig­i­nal­i­dade no filme. A tril­ha sono­ra e o desen­ro­lar dos acon­tec­i­men­tos são pon­tos chaves, tam­bém. Não optan­do por músi­cas pop­u­lares, como cos­tumeira­mente Hol­ly­wood faz, a tril­ha sabe bal­ancear de for­ma orig­i­nal cada cena, crian­do cli­mas que fun­cionam muito bem no decor­rer do filme

    Amor por Con­tra­to tin­ha tudo para ser mais um filme no grande vol­ume de lança­men­tos de fim de ano nos cin­e­mas. Mas a sur­pre­sa é boa, prin­ci­pal­mente por tratar de um assun­to pecu­liar para a época de lança­men­to, 24 de dezem­bro no Brasil, ques­tio­nan­do a família e as relações de con­sum­is­mo surgi­das com a neces­si­dade de se ter tudo que se vê nas mídias e nas pes­soas com quem se con­vive. Além de ser uma comé­dia inteligente, ele cumpre um papel inter­es­sante ao mostrar que as pes­soas são facil­mente manip­u­ladas, prin­ci­pal­mente se forem estim­u­ladas a faz­er parte de um padrão social.

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    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=ZRnxoNQZA5Q