Classe A no quesito filme com tiro, tapa e esculacho, é uma pena que O Último Boy Scout — Jogo de Vingança (1991) não tenha fincado raízes no coração das pessoas como Duro de Matar, por exemplo. Mesmo assim, não se trata de um filme menor.
Juntaram a melhor dupla para fazer o clichê clássico do gênero policial “eu-não-fui-com-sua-cara-de-início-mas-você-é-legal-e-vamos-ser-amigos-e-combater-o-crime-juntos”: Bruce Willis e Damon Wayans (o protagonista do seriado Eu a Patroa e As Crianças). Só por isso, o O Último Boy Scout — Jogo de Vingança já merecia ter recebido o prêmio Nobel por serviços prestados a humanidade.
Dirigido por Tony Scott (que também dirigiu Amor á Queima Roupa e Top Gun, risos) e com o roteiro assinado pelo MESTRE Shane Black (o cara que escreveu Máquina Mortífera merece todo meu aval bajulador nível Galvão Bueno), O Último Boy Scout — Jogo de Vingança conta a história do detetive Joe Hallenbeck (Willis) que não está em seus melhores dias. Cínico, anda bebendo e jogando além da conta, com problemas de relacionamento com a filha boca suja e ainda é coroado com um chifre da esposa.
A vida não é fácil. Nem para os personagens da ficção.
Quem meteu o galho na cabeça de Hallenbeck foi seu melhor amigo e sócio, que após despachar um trampinho para o pobre Joe, explode em um atentado a bomba em seu carro. Hallenbeck se sente um pouco vingado com isso, não podemos julga-lo. A tarefa ingrata nada mais é do que ficar de olho em uma dançarina (Halle Barry) que anda recebendo ameaças de uma rapaziada contravenção e que acaba sendo assassinada.
O namorado da morena que Joe banca o guarda-costas é Jimmy Dix (Wayans), ex-jogador de futebol americano que foi afastado do esporte devido à mutretas com apostadores. Como disse mais acima, os dois vão se estranhar um pouquinho ao se conhecerem, mas acabaram se unindo para combater o submundo do futebol americano.
Shane Black afirmou que o filme é a sua homenagem às histórias de Raymond Chandler com um toque anos 1990. A trama toda se passa em Los Angeles, local da maioria das histórias de Chandler.
O que mais contou a favor de O Último Boy Scout — Jogo de Vingança para mim, é o fator humor nele contido. As piadas são boas e parecem que, apesar de todas as confusões (cresci com os cacoetes da Sessão da Tarde, me deixa) que os personagens se metem, eles conseguem fazer alguma gracinha em determinada situação. Ou seja, o filme é auto-suficiente em frases de efeito e é possível que você queira usar pelo menos umas duas por dia em ocasiões que achar necessário.
Dito isso no parágrafo acima, lembrei do Daniel Galera, que escreveu o seguinte lá no blog do IMS:
Não se fazem mais filmes de ação como antigamente, hein. Acho que a última coisa válida mesmo foi a trilogia do Senhor dos Anéis, e Matrix, claro, cujas enxurradas de clones formam, junto com os filmes de super-heróis de quadrinhos, os três braços do grande rio dos filmes de ação medíocres e sem alma da última década (Eu quase gosto de alguns filmes do Tony Scott, todavia. Quase.) Caçadores de Emoção é um dos últimos exemplares de uma tradição quase extinta da qual fazem parte Predador, Duro de Matar, Aliens – O Resgate, Mad Max 2. Só filmão. Hoje em dia, ou pesam demais no verniz cerebral, como no Inception, que é um meta-filme de ação onde esqueceram de deixar a graça, ou fazem uns mashups de clichês preguiçosos e ineficazes.
Concordo com quase tudo dito acima. Não sou fã de Senhor dos Anéis e nem de Matrix e gosto dos filmes de Tony Scott (exceto Top Gun, claro), mas o que o Galera diz é verdade: estão matando a graça dos filmes de ação, que infelizmente, estão quase extintos.
Mas, assista O Último Boy Scout — Jogo de Vingança e mate a saudade do gênero. Cinco estrelas de cinco possíveis.
Abraço