Filmes sobre a adolescência existem muitos por aí, principalmente para induzir adolescentes do que é legal fazer e/ou consumir no momento. As Melhores Coisas do Mundo (As Melhores Coisas do Mundo, Brasil, 2010), de Laís Bodanzky, inicialmente parece que pode ser classificado como mais um destes, mas passa bem longe desta classificação.
Mano (Francisco Miguez) tem 15 anos e gosta de fazer o que “todo adolescente” faz. Ele pode ser considerado como um adolescente comum, não estando no grupo dos mais populares nem dos mais “excluídos” (solitários). Tem vários amigos e uma melhor amiga, Carol (Gabriela Rocha), com os quais vive saindo e fazendo coisas juntas. Além disso, é apaixonado por uma das garotas mais populares da escola, mas não tem coragem de ir falar com ela. Até aí nada muito de diferente das história que já foi feita em outros filmes. O seu diferencial está na maneira de como vários temas como: homosexualismo e preconceitos em geral, bullying, relação entre pais e filhos, sexo (e o uso de camisinha), amor e vários outros assuntos são abordados, que ficou muito parecido ao que acontece fora das telas.
As Melhores Coisas do Mundo, consegue retratar com fidelidade esta certa fase da adolescência (os casos mais leves, é claro), principalmente por causa de seus atores, em alguns casos até estreantes, sem cair em representações forçadas e caricaturadas, algo relativamente comum em projetos educativos. Há apenas uma excessão, a do “ator” Fiuk, que fracamente (para não usar outros adjetivos) interpreta Pedro, o irmão de Mano. A impressão que fica é que ele foi escalado para o papel mais como uma estratégia de marketing do que qualquer outro motivo. Para intensificar a representação dessa fase, o filme faz também várias referências à objetos (reais e virtuais), gírias e situações vividas por eles. Não há nenhuma glamourização dos momentos vividos pelos personagens, o que é um diferencial bem interessante em relação a outros longa do gênero.
Apesar do filme ter propósitos educativos, não foi um aspecto que se sobressaiu sobre os outros. Alguns dos temas foram abordados de maneira bem breve, as vezes até implícitos, não chegando a ficar em nenhum momento aquela coisa chata de vídeo educativo, algo que, na minha opinião, é um dos grande méritos de As Melhores Coisas do Mundo. Além disso, ele foi tão bem dirigido que, parafraseando vários outras opinião que li e ouvi, “não parece filme brasileiro”, principalmente pela utilização de vários ângulos pouco convencionais e pela ótima edição e montagem.
As Melhores Coisas do Mundo é uma ótima realização brasileira e, apesar de ficar só no âmbito adolescente, vale a pena o ingresso.
Além dos Projetores:
O site oficial também foi muito bem feito, vale a pena visitar. O estilo visual lousa/caderno do material ficou legal para combinar com a temática proposta. Além de algumas ferramentas interativas, trilha sonora do filme tocando no fundo, exibição do que se está falando no twitter, está disponível para a visitação os blogs dos personagens Pedro e Dri. Pena que o material que foi apresentado no longa não está disponível nos blogs como parte do histórico (eu pelo menos não encontrei), assim como não há nada de muita relevância. Acredito que os produtores poderiam ter se utilizado muito melhor destas ferramentas como um meio de expansão da experiência proporcionada no filme, colocando muito mais material extra e informações interessantes a respeito do “dia-a-dia” dos personagens. Não é uma coisa trivial de se fazer, mas que se bem produzido, seria um catalizador de experiência para os espectadores e, é claro, uma ótima ferramenta de marketing. Aliás, isto não é só uma deficiência dos produtores brasileiros, mas dos outros países também.
Há também um projeto educativo criado a partir das temáticas abordadas, com o folder pra download no site (e que foi distribuído em algumas sessões), para pais e educadores. Mas, infelizmente, as informações ainda não foram disponibilizadas textualmente no site (está como: em breve), um erro que considero muito grave, pois parece um desleixo da parte de quem produziu o material.
Outra críticas interessantes:
- Joba Tridente, no Claque ou Claquete
- Marcelo Forlani, no Omelete
- Fred Burle, no Fred Burle no Cinema
Trailer: