
De 9 a 11 de dezembro, os curitibanos terão a oportunidade de apreciar a ópera La Serva Padrona, na capela Santa Maria, sob direção musical de Alessandro Sangiorgi (foto) e direção cênica de Roberto Innocente, dois talentos da arte da Itália radicados no Brasil. Mas que ninguém ache que esta será uma ópera sisuda. La Serva Padrona é considerada uma pequena ópera cômica, um intermezzo, uma obra que era executada entre atos de óperas líricas e, portanto, já traz em si a característica de ser mais descontraída e menos formal.
La Serva Padrona conta a história de Uberto, que tem como criada uma jovem órfã, Serpina, que desperta a atenção de seu senhor. Por sua vez, Serpina é uma serva que toma bastante liberdade dentro de casa, enfrentando o mordomo mudo e de coração mole Vespone e o próprio Uberto, deixando alguns de seus afazeres de lado em sua rotina, sonhando em se casar com Uberto. Ao longo da trama, Uberto corresponde às intenções de Serpina, desejando se casar com ela, mas, a diferença social os impede de assumir qualquer compromisso.
A partir deste enredo repleto de reviravoltas, observa-se o entrelaçamento entre a ópera e a Commedia dell´Arte. O primeiro gênero trouxe muitas referências do segundo, e no caso de La Serva Padrona, as personagens remetem às características das personas das máscaras. É o caso do mordomo Vespone, que é mudo e só atua com mímicas e gestos, performance amplamente utilizada na Commedia.
A própria música de Pergolesi ajuda a aproximar esta grande obra de um gênero mais popular e verdadeiro, valorizando a paixão de músicos, cantores e atores. Pergolesi utiliza elementos sonoros e repetições nas árias, o que contribui para a aproximação com o público e seu envolvimento na trama. O cenário minimalista e os figurinos, que remetem ao século XVIII, fazem referência às peças de Isabella Andreini e de Biancolelli – dois grandes nomes da comedia dell´arte italiana – e ajudam a mergulhar no universo de La Serva Padrona, proporcionando um espetáculo leve e divertido.
A inovação desta versão de Innocente e Sangiorgi são dois prólogos, que ficaram a cargo do grupo Arte da Comédia com suas máscaras e personagens característicos (Franceschina, Arlequim e Doutor). Esses prólogos explicam ao público em português o enredo da ópera. Essas intervenções acontecem no início e na metade do espetáculo, tornando possível o entendimento das árias, interpretadas em italiano. Os cantores líricos também foram desafiados a oferecer mais do que uma impostação de voz impecável e a caracterização de seus personagens. Eles oferecem ao público uma interpretação divertida, mostrando sua capacidade de atuação teatral e uma forte carga de ironia, figura de estilo muito presente no gênero cômico. Ao lado de um quarteto de cordas, Sangiorgi também mostra um pouco mais das suas habilidades, tocando cravo.
Esta ópera marca a origem da ópera cômica, que continuou se desenvolvendo na metade do ano de 1700 e encontrou o ponto máximo em Rossini. A obra foi representada pela primeira vez em 1733 com grande sucesso, tendo como sua principal inovação a sonoridade que representa gestos, atribuída à genialidade de Pergolesi. Em Curitiba, Sangiorgi e Innocente já encenaram a ópera em 2006, mas não neste formato.
“Nossa intenção é levar essa ópera para o interior do Paraná, pois nesta região não há acesso a óperas líricas. La Serva Padrona seria um jeito de começar a difusão do gênero em todo o Estado”
, conta Innocente.
A produção do espetáculo é de Mirna Dequech Seleme, que conta com oito produções de ópera no currículo, além de festivais de Jazz, concertos e recitais no Brasil e exterior, como turnês na Europa e Oriente Médio e concerto no Carnegie Hall, em Nova Iorque.
Serviço:
Ópera — La Serva Padrone, de Giovanni Battista Pergolesi
Datas: 9, 10 e 11 de dezembro (de sexta-feira a domingo)
Horário: 20h30 (dias 9 e 10/12) e 18h30 (dia 11/12).
Local: Capela Santa Maria Espaço Cultural — Rua Conselheiro Laurindo, 273 Centro — Curitiba
Ingressos a R$ 15,00 e R$ 7,50 (meia entrada)
Informações: (41) 3321 2840
Ficha Técnica:
Direção musical – Alessandro Sangiorgi
Direção cênica – Roberto Innocente
Produção – Mirna Dequech Seleme
Assistência de produção — Daniel Liviski
Participação — grupo Arte da Comédia
Assessoria de imprensa — Flamma Comunicação
Design e Fotografia — Sian Sene
Iluminação — Nadia Moroz Luciani
Serpina – Luciana Melamed
Uberto – Sérgio dos Santos
Vespone – Roberto Innocente (ator)
Atores coadjuvantes — Vani Pampolini, Lucas Mattana e Guto Scheremetta
Músicos:
Cravo — Alessandro Sangiorgi
Violino I — Paulo E. Luckman
Violino I I — Thalita S. Ferronato
Viola — Ulrike Graf
Violoncelo- Felipe Parisi de Moraes