A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao (Record, 2009), do escritor dominicano Junot Díaz, é o livro perfeito para quem gosta de história e de aprender sobre outras culturas. Esse romance aclamado como um dos melhores livros de 2008 rendeu à Díaz o Prêmio Pulitzer de ficção e esteve na lista dos livros mais vendidos do The New York Times por mais de vinte semanas, chegando ao segundo lugar.
Professor de criação literária do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e editor da Boston Review, Díaz já é considerado nos EUA como um dos escritores mais promissores de língua inglesa da atualidade. Sim, Junot Díaz escreve em inglês. O autor caribenho se mudou para o estado americano de Nova Jersey quando tinha apenas seis anos, o mesmo estado que cede cenário à grande parte do seu romance.
No começo de A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao, Oscar, o protagonista, é um menino tímido, fã de ficção científica, obeso e virgem – o típico nerd que não sai da frente do vídeo-game. Ele tem dois grandes sonhos: ser o J. R. R. Tolkien de sua geração e ter um grande amor que seja correspondido.

Há quem não acredite em fukú e culpe a depressão e tendências suicidas do Oscar, somadas ao azar de ter nascido um menino sensível e nerd na cultura latina de cultuação da figura do macho, pelo seu azar. Mas e de onde surgiu a má sorte dos seus parentes e, na verdade, de todos que cruzam o caminho de Oscar e companhia? O senso de misticismo, superstição, tradição e até mesmo mágica que persegue a família é o que faz deste drama uma obra inesquecível.
Esta epopeia de uma família imigrante conta um pouco da vida dos milhões de latinos que vivem tão longe de suas terras e parentes. Díaz faz extenso uso da língua espanhola (mantido na tradução para o português), gírias e palavrões no seu texto, fazendo possível identificar a classe social e nível de escolaridade dos personagens através da linguagem.
Possivelmente, o título do livro faz uma referência indireta ao conto “A Feliz Vida Breve de Francis Macomber”, em tradução livre, do escritor Hemingway. Essencialmente, o conto fala sobre coragem e covardia, dois dos temas mais recorrentes desta obra de Díaz.
O romance é recheado de notas de rodapé que dão uma aula de história dominicana e de referências culturais que vão de H. P. Lovecraft, Frank Herbert e Matrix a Paulo Coelho, A Noviça Rebelde, Gabriel García Marquez e Oscar Wilde — de onde surgiu o nome do nosso protagonista. Certamente foi necessária muita pesquisa, especialmente para manter os fatos relacionados ao Trujillato mais próximos o possível da realidade, como promete o autor. Eu associo de cara este livro com A Festa do Bode (Alfaguara, 2011), ficção do ganhador do Prêmio Nobel Mario Vargas Llosa que também retrata os últimos anos de poder de Trujillo.
Junot Díaz demorou onze anos para escrever a tumultuada vida breve de Oscar, que, na verdade, não é nem tão breve assim. Como disse Abraham Lincoln, não são os anos da vida que contam, mas a vida em anos.