Para os amantes da animação é praticamente impossível não ser fã das produções da Escola de Gobelins, na França. A Gobelins L’école de L’image é referência mundial em curtas animados, sempre muito ousados e com linguagens próprias, formando renomados artistas para os maiores estúdios do mundo. Para finalizar o ano, a própria escola fez uma lista das melhores produções de 2010, e nessa leva, está o belo Trois Petit Points, em português Três Pequenos Pontos, produzido pelos alunos de graduação Lucretia Andreae, Alice Dieudonné, Tracy Nowocien, Florian Parrot, Ornella Prioul e Remy Schaepman
Para a Europa, as guerras sempre foram decisivas, infelizmente, para a formação da sociedade, da geopolitica e inclusive de países. Em Trois Petit Points, a guerra é mostrada pela ótica poética do cinema: a espera incansável de quem fica longe das trincheiras, e a depressão e o afetamento profundo de quem volta de lá. Uma costureira espera seu marido voltar, assim que o vê chegar, destruído em todos os sentidos, ela, só consegue pensar em usar seus dons de costurar, construir e juntar partes para que sua vida continue. Ele, pelo contrário, só vê tristeza e escuridão, como se não houvesse continuação após uma guerra.
Trois Petit Points é lindo, e talvez isso ainda nem o defina. O curta trabalha com a metáfora da reconstrução através de uma costureira que acredita salvar o mundo com sua agulha, contrastando com o marido, recém-chegado da guerra, se transformando, aos poucos, em um enorme corvo. Uma animação com jeitinho francês, lembrando muito os trabalhos de Sylvain Chomet, onde as palavras não tem quase nenhuma função perto da imagem.
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