Tag: terror

  • A Pequena Sereia (2011), de Nicholas Humphries | Curta

    A Pequena Sereia (2011), de Nicholas Humphries | Curta

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    No con­to “O pescador e sua alma”, o escritor irlandês Oscar Wilde nar­ra a dramáti­ca história de amor entre seres de dois mun­dos dis­tin­tos: de um lado, o homem da ter­ra que, con­sum­i­do pela paixão, é capaz de abdicar da própria alma. Do out­ro, a encan­ta­do­ra sereia, figu­ra mitológ­i­ca que per­tence ao mar. Depois de infini­tos per­calços e dores, o apaixon­a­do pescador encon­tra a redenção através do amor.

    Hans Chris­t­ian Ander­sen, famoso cri­ador de con­tos de fadas, tam­bém abor­dou a figu­ra da sereia, apresentando‑a como uma criatu­ra que ama e sofre em dos­es cav­alares. Anos depois, adoçan­do con­sid­er­av­el­mente a história, os estú­dios Dis­ney imor­talizaram – e recri­aram — a per­son­agem de Ander­sen com o filme “A Peque­na Sereia”, em que a jovem prince­sa Ariel, rui­va, espir­i­tu­osa e trav­es­sa, vive queren­do desco­brir como é a vida fora do mar. Ela se apaixona per­di­da­mente por um príncipe humano e seus prob­le­mas começam.

    pequena-sereia-nicholas-humphries-posterEm 2011, a peque­na sereia ressurge sem enre­dos de amor; pelo con­trário, ela é a atração macabra de um freak show circense coman­da­do por um sujeito com aparên­cia de Mági­co de Oz. Esse é o pano de fun­do de “A Peque­na Sereia” (orig­i­nal The Lit­tle Mer­maid), cur­ta-metragem do dire­tor Nicholas Humphries em parce­ria com a roteirista Mea­gan Hotz, auto­ra da versão.

    As cenas ini­ci­ais do cur­ta car­regam nos­so imag­inário para den­tro de um pân­tano aban­don­a­do, salpic­a­do por luzes que bal­ançam como pên­du­los em meio à névoa. Uma sen­sação mias­máti­ca de hor­ror e podridão começa a per­cor­rer os olhos e descer até à gar­gan­ta. Pás­saros sobrevoam o lugar, pas­san­do como bólide pela ten­da do cir­co de hor­rores ergui­da no meio do nada.

    Den­tro do anfiteatro em ruí­nas, uma dúzia de almas curiosas obser­vam os movi­men­tos de uma sereia den­tro da dimin­u­ta ban­heira em que se encon­tra. Ao con­trário da beleza eston­teante imor­tal­iza­da pelos con­tos de fadas, a sereia do cir­co é uma criatu­ra híbri­da: car­ac­terís­ti­cas humanas se mis­tu­ram a ele­men­tos mar­in­hos, como cau­da e esca­mas. No lugar do ros­to par­nasiano, uma sequên­cia de cortes que lem­bram guelras.

    Diante da peque­na plateia, con­sti­tuí­da essen­cial­mente de tra­bal­hadores e pes­soas sim­ples, o sádi­co dire­tor do cir­co lança a semente da vio­lên­cia, bru­tal­izan­do e ridic­u­lar­izan­do a sereia. Um dos ele­men­tos mais inter­es­santes do cur­ta é a ausên­cia com­ple­ta de falas: todos os “diál­o­gos” são real­iza­dos por meio de ima­gens visuais e comu­ni­cação cor­po­ral — no caso da sereia, o olhar sig­ni­fica­ti­vo gri­ta sozinho.

    Diante da fal­ta de com­paixão do homem que a man­tém pri­sioneira e da dor de ter seu coração esma­ga­do pela indifer­ença, a sereia pre­cisa desco­brir uma for­ma de livrar-se dos con­stantes abu­sos, agar­ran­do-se à ideia de liberdade.

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    No filme, o tom sépia enfa­ti­za a nos­tal­gia quente, refleti­da em um ambi­ente arru­ina­do, mas que con­tin­ua des­per­tan­do inter­esse por con­ta da ten­tação humana em absorv­er o bizarro. Out­ro pon­to que merece destaque – tam­bém pelo uso do sépia — é a aura de sen­su­al­i­dade que bro­ta do descon­heci­do. A len­da do hip­nóti­co can­to da sereia tam­bém está pre­sente no cur­ta e tem sua primeira aparição escon­di­da em uma cena. No momen­to em que o espec­ta­dor a encon­tra, ele con­segue dialog­ar com a criatu­ra do mar.

    Dire­cio­nan­do o olhar para o ter­ror fan­tás­ti­co, Nicholas Humphries investe em efeitos visuais (luz, maquiagem e edição são pri­morosos) e na cri­ação de uma atmos­fera imag­i­na­ti­va e neb­u­losa. Para os fãs do escritor Stephen King e de séries como Amer­i­can Hor­ror Sto­ry, o cur­ta “A Peque­na Sereia” é um ver­dadeiro banquete.

    Assista o cur­ta “A Peque­na Sereia” abaixo:

    http://vimeo.com/27233664

     

  • Histórias Medonhas d’O Recife Assombrado, organização de Roberto Beltrão | Livro

    Histórias Medonhas d’O Recife Assombrado, organização de Roberto Beltrão | Livro

    Have you run your fin­gers down the wall and have you felt your neck skin crawl when you’re search­ing for the light? Some­times when you’re scared to take a look at the cor­ner of the room, you’ve sensed that some­thing’s watch­ing you.”

    (Você já cor­reu seus dedos pela parede e sen­tiu a pele da sua nuca arrepi­ar quan­do está procu­ran­do pela luz? Algu­mas vezes, quan­do você está com medo de olhar no can­to da sala, você sente que algu­ma coisa está lhe obser­van­do. – tradução livre).

    historias-medonhas-do-recife-assombrado-livroNa músi­ca “Fear of the Dark”, com­pos­ta pela idol­a­tra­da ban­da Iron Maid­en, o medo do escuro con­some, gera angús­tia e provo­ca o ator­men­ta­do pro­tag­o­nista, que pas­sa a apre­sen­tar uma fobia incon­troláv­el. Para ele, a ausên­cia de luz rev­ela o pavor impalpáv­el e arrepi­ante da “certeza de que há alguém lá”, escon­di­do nas som­bras. Essa mes­ma ideia está pre­sente no livro “Histórias Medonhas d’O Recife Assom­bra­do” (edi­to­ra Bagaço, 2007, 127 pági­nas), coletânea de relatos, con­tos e cau­sos sele­ciona­dos por Rober­to Bel­trão. Os acon­tec­i­men­tos fazem refer­ên­cia à cidade de Recife, cap­i­tal de Per­nam­bu­co, con­heci­da no país como pal­co de fenô­menos sobre­nat­u­rais e ativi­dades fantasmagóricas.

    A ideia da coletânea nasceu da paixão de três jovens ami­gos pelo assun­to, impul­sion­a­dos pela leitu­ra do livro “Assom­brações do Recife Vel­ho”, de Gilber­to Freyre. Na época, os rapazes estavam plane­jan­do pub­licar um jor­nal ou escr­ev­er um livro sobre o tema, mas o assun­to foi abafa­do com o pas­sar do tem­po. No entan­to, no iní­cio de 2000, a temáti­ca voltou à tona com força total na vida do trio, resul­tan­do na cri­ação do site O Recife Assom­bra­do, espaço onde os inter­nau­tas podem colab­o­rar com depoi­men­tos, con­tos e nar­ra­ti­vas de ficção sobre exper­iên­cias inexplicáveis.

    Em 2002, o site foi indi­ca­do pelo insti­tu­to iBEST como um dos dez mel­hores sites pro­duzi­dos em Per­nam­bu­co. No espaço, os con­tos ficam lado a lado com quadrin­hos, relatos, nar­ra­ti­vas em áudio e links de vídeos. Todo esse mate­r­i­al foi sele­ciona­do pelo jor­nal­ista Rober­to Bel­trão, um dos rapazes do trio, e pub­li­ca­do como coletânea.

    The Haunted House (Daniele Montella)
    The Haunt­ed House (Daniele Montella)

    Histórias Medonhas d’O Recife Assom­bra­do” mis­tu­ra a ficção do uni­ver­so literário (con­tos) com relatos de teste­munhas, iden­ti­fi­cadas ou não. Entre lendas urbanas, estórias e ficções, o leitor entra em con­ta­to com o uni­ver­so intangív­el da vida após a morte, tema que con­tin­ua impres­sio­n­an­do e per­tur­ban­do o homem.

    Ghosts (Joe-Roberts)
    Ghosts (Joe-Roberts)

    Muito antes do pre­domínio do cin­e­ma, tele­visão, rádio e inter­net, as nar­ra­ti­vas orais eram respon­sáveis pela con­strução do con­hec­i­men­to e das exper­iên­cias, repas­sadas de ger­ação em ger­ação. Na roda de con­ver­sas, criat­uras medonhas exer­ci­am papel essen­cial na hora de “edu­car” cri­anças, repri­m­in­do-as. Cau­sos como “o vel­ho do saco” (sujeito que rap­ta e come cri­anças), “a loira do ban­heiro” (aparição que escol­he ban­heiros esco­lares para se mate­ri­alizar) e a “per­na cabe­lu­da” (per­na licantropa que agride transe­untes em ple­na madru­ga­da) eram repas­sa­dos de boca em boca, deixan­do os pequenos, assim como os mar­man­jos, ater­ror­iza­dos. Ativi­dades mediúni­cas, como a con­heci­da “brin­cadeira do copo” (uma supos­ta invo­cação de espíri­tos) são trans­mi­ti­das até hoje entre gru­pos, cau­san­do grande fris­son. Fan­tas­mas, chama­dos muitas vezes de ‘almas penadas’, ain­da são os campeões de audiên­cia no que se ref­ere a relatos fantásticos.

    Residên­cias mal assom­bradas, sons de gri­tos, choros, ranger de dentes, vul­tos brux­u­leantes e mor­tais apa­vo­ra­dos com a pos­si­bil­i­dade de con­ta­to com o além estão entre as nar­ra­ti­vas espal­hadas pelo livro de Bel­trão. Há sem­pre um espíri­to incon­for­ma­do para faz­er com­pan­hia a moradores apa­vo­ra­dos. Den­tre os relatos e con­tos, destaque para Casarão de Setúbal, O baú, O pré­dio do Espin­heiro, A casa, O caseiro e Madru­ga­da no quar­tel, por retratarem histórias de man­i­fes­tações para­nor­mais fazen­do asso­ci­ação a obje­tos e lugares. A série Haunt­ed Col­lec­tor, veic­u­la­da pelo canal de TV por assi­natu­ra Syfy, abor­da exata­mente essa conexão entre matéria (físi­co, cor­po) e ener­gia (espíri­to, metafísica).

    historias-medonhas-do-recife-assombrado-livro-3Na parte aber­ta­mente fic­cional, não pude deixar de notar a semel­hança entre o con­to “O demônio e a rosa”, escrito por Lil­iane Batista de Moura, com a ficção de Robert Louis Steven­son (1850–1894) em “Janet do pescoço tor­ci­do” (Thrawn Janet). Steven­son ficou con­heci­do mundial­mente pela nov­ela “O médi­co e o mon­stro” (The strange case of Doc­tor Jekyll and Mis­ter Hyde), pub­li­ca­da em 1886.

    Janet do pescoço tor­ci­do” e “O demônio e a rosa” falam sobre mul­heres amaldiçoadas por faz­erem pacto com o demônio, cuja aparên­cia e com­por­ta­men­to reme­tem a um esta­do “mor­to-vivo”, que enche de hor­ror todos os que se aprox­i­mam. A semel­hança entre Rosa e Janet é grande, des­de o aci­dente que sofrem até a aparên­cia físi­ca que adquirem.

    Em “Vírginia”, o con­to chama a atenção pelo caráter ultra­r­român­ti­co, onde é pos­sív­el localizar car­ac­terís­ti­cas como fuga da real­i­dade para o mun­do da fan­ta­sia, ide­al­iza­ção da mul­her ama­da, escapis­mo e con­sciên­cia da solidão. O nar­rador nun­ca chegou a con­hecer Virgí­nia, mul­her por quem se apaixo­nou, já que a moça mor­reu muitos anos antes. Ao olhar seu retra­to em uma lápi­de no cemitério, o pro­tag­o­nista começa a imag­i­nar a mor­ta e dese­já-la. A con­se­quên­cia desse amor tran­scende expli­cações razoáveis e cul­mi­na em ativi­dades paranormais.

    "Saturno devorando seu filho'' (Francisco Goya)
    “Sat­urno devo­ran­do seu fil­ho” (Fran­cis­co Goya)

    Histórias Medonhas” é inter­es­sante, diver­tido e, antes de provo­car ter­ror ou espan­to, inci­ta a imag­i­nação do leitor. São histórias de criat­uras bizarras e almas penadas que começam a causar pal­pi­tações na infân­cia, seguin­do para out­ras fas­es da vida com maior ou menor inten­si­dade. O mis­tério da morte ain­da obce­ca o homem, desafian­do sua pre­ten­são de explicar, à luz da ciên­cia, todos os fenô­menos que o cercam.

    Para quem é fasci­na­do pelas histórias de Edgar Allan Poe, Robert Louis Steven­son, Charles Dick­ens, Álvares de Azeve­do, Guy de Mau­pas­sant e Hen­ry James, as pági­nas de “Histórias Medonhas d’O Recife Assom­bra­do” vão con­seguir atrair, diver­tir ou, quem sabe, assombrar.

  • O Duplo (2012), de Juliana Rojas | Curta

    O Duplo (2012), de Juliana Rojas | Curta

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    A cineas­ta paulista Juliana Rojas tem con­quis­ta­do destaque no cenário cin­e­matográ­fi­co brasileiro com o cur­ta-metragem “O Dup­lo” (2012), tra­bal­ho pre­mi­a­do em Cannes e em diver­sos fes­ti­vais nacionais e estrangeiros. Na tra­ma, a pro­fes­so­ra Sil­via (Sab­ri­na Greve) é con­fronta­da com a imagem de seu dup­lo, uma espé­cie de clone soturno e neg­a­ti­vo, e entra em colap­so. A história toma por base o mito europeu con­heci­do como Dop­pel­gänger, que é con­sid­er­a­do um sinal nada aus­pi­cioso. Segun­do a len­da, quem vê seu dup­lo enfrenta o risco de maus pressá­gios e morte iminente.

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    A história do cur­ta foi basea­da em um depoi­men­to real sobre a aparição do Dop­pel­gänger, fato reg­istra­do no começo do filme e que dá o pon­tapé ini­cial para abrir as com­por­tas do uni­ver­so fan­tás­ti­co e das fábu­las de hor­ror, assi­natu­ra de Juliana. Assim como em “Lençol Bran­co” (2004) e “Um Ramo” (2007), tra­bal­hos pro­duzi­dos em parce­ria com o dire­tor Mar­co Dutra, a cineas­ta con­cil­ia com pre­cisão a triv­i­al­i­dade da vida de mul­heres que, abrup­ta­mente deses­ta­bi­lizadas, pre­cisam lidar de for­ma pavorosa com ele­men­tos sur­reais lig­a­dos ao macabro e à trans­for­mação físi­ca ou mental.

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    As ima­gens envel­he­ci­das e com tonal­i­dade mar­rom de “O Dup­lo” for­t­ale­cem a aura silen­ciosa e sin­is­tra que cer­ca a esco­la, espaço prin­ci­pal dos acon­tec­i­men­tos. Ao encar­ar o seu clone malig­no, os olhos da pro­fes­so­ra Sil­via gan­ham um bril­ho novo, algo que se move com a fero­ci­dade e carnific­i­na de um tubarão-bran­co. Há ele­men­tos de hor­ror e ten­são espal­ha­dos do começo ao fim dos vinte e cin­co min­u­tos do cur­ta, com destaque para a apoc­alíp­ti­ca cena em que a per­son­agem da atriz Gil­da Nomac­ce, pre­sença mar­cante nas pro­duções de Rojas, esti­ca e puxa o elás­ti­co de uma pas­ta de for­ma frenéti­ca e per­tur­bado­ra. Nestes poucos segun­dos que pare­cem durar uma eternidade, há a certeza abso­lu­ta do des­fe­cho trági­co. Sim­ples­mente fenomenal!

    O Dup­lo” faz emer­gir a qual­i­dade de um tra­bal­ho que explo­ra o ter­ror e o fan­tás­ti­co de for­ma con­sis­tente, dan­do força a um gênero ain­da pouco difun­di­do entre as pro­duções nacionais.

    Assista abaixo ao curta:

  • Crítica: [REC]³ Gênesis

    Crítica: [REC]³ Gênesis

    Em 2007, o primeiro [REC] (Espan­ha, 2007) meio que abalou qual­quer um lig­a­do ao cin­e­ma de hor­ror. Durante cer­to perío­do, foi assun­to de qual­quer con­ver­sa que desvi­asse para o tema, e com muito méri­to. Não era ino­vador, não era rev­olu­cionário, mas era uma abor­dagem difer­ente de temas bati­dos (found footage, zumbis etc.). A acla­ma­da recepção ger­ou o óbvio remake amer­i­cano, Quar­ente­na (Quar­an­tine, EUA, 2008), que é desnecessário, porém muito bem exe­cu­ta­do, e a ain­da mais óbvia sequên­cia, [REC] Pos­suí­dos ([REC]², Espan­ha, 2009), que divid­iu opiniões, até tem seus defen­sores, mas, para mim, é um fra­cas­so retumbante. 

    Com­preen­sív­el que os parâmet­ros definidos por [REC] eram muito altos, o que difi­cul­taria a vida de qual­quer con­tin­u­ação, mas a coisa é MUITO ruim. Várias séries, espe­cial­mente den­tro do hor­ror, viver­am fenô­meno semel­hante nos anos 70/80, com um bai­ta primeiro filme e sequên­cias ruins/irregulares, mas que ain­da guar­davam cer­to charme – muitas vezes pela total inap­tidão envolvi­da, mas OK

    E aí cheg­amos a [REC]³ Gêne­sis (Espan­ha, 2012)… Enquan­to os dois primeiros foram ambos dirigi­dos pela dupla Paco Plaze e Jaume Bal­a­gueró, o ter­ceiro fica inteira­mente a car­go do primeiro (Bal­a­gueró diri­girá soz­in­ho o já temi­do quar­to – e, queiram os deuses, últi­mo – episó­dio da série). E sim, con­fir­man­do o que eu já temia, a coisa con­segue ficar pior. 

    Só para deixar explíc­i­to, o tex­to a seguir con­tém spoil­ers. O que não faz mui­ta difer­ença num filme que pri­ma pela obviedade durante todos os seus menos de 80 min­u­tos (só uns 70 efe­ti­va­mente de filme e mais uns 8 de inter­mináveis créditos…).

    A história de [REC]³ Gêne­sis se pas­sa durante o casa­men­to do casal de pro­tag­o­nistas menos caris­máti­co que eu vi em muito tem­po, Clara (Leti­cia Dol­era, que, pelo menos, é boni­ta) e Kol­do (Diego Mar­tin). Logo no iní­cio do filme somos apre­sen­ta­dos ao tio que está com a mão enfaix­a­da porque foi mor­di­do por um cão no vet­er­inário que pare­cia estar mor­to. E a lig­ação deste [REC]³ Gêne­sis com os out­ros dois filmes da série ter­mi­na aí. 

    Por mais alguns min­u­tos, somos apre­sen­ta­dos a uma série de per­son­agens desin­ter­es­santes, até que, durante a fes­ta, o tal do tio resolve desen­volver os sin­tomas da con­heci­da infecção e começar a atacar. E aí surgem tam­bém uns out­ros zumbis ( zumbis, infec­ta­dos, dá igual) do nada, sabe-se lá como, aparente­mente vesti­dos como se fizessem parte da fes­ta, mas já infectados. 

    Se as coisas seguis­sem por esse cam­in­ho dos primeiros 20 min­u­tos, seria mais uma sequên­cia ruim, ape­nas. Mas não, as novi­dades pul­u­lam a par­tir daí. A história pas­sa a girar em torno casal, que parece ter um tipo de lig­ação cós­mi­ca tão forte que faz com que um sin­ta o out­ro quase que telepati­ca­mente. E, óbvio, durante a con­fusão ini­cial, eles se separam. 

    E o glo­rioso Kol­do vai parar numa igre­ja, onde já se refu­gia­ram alguns sobre­viventes, já que os infec­ta­dos não podem pis­ar em solo sagra­do e são feri­dos com água ben­ta. E, den­tro da igre­ja, ao ver uma está­tua de São Jorge, o herói tem a bril­hante ideia de se vestir como uma espé­cie de cav­aleiro tem­plário (???) para ir atrás de sua ama­da Clara, que ele desco­bre estar na sala de con­t­role do lugar após ela infor­má-lo, via aut­o­falante, que está grávi­da. Sur­preen­den­te­mente, ele con­segue con­vencer um out­ro sujeito a se fan­tasiar e ir com ele, aparente­mente para ensi­nar o cam­in­ho. Sujeito este que, como um bom camisa ver­mel­ha (Star Trek, lem­bram?), vai mor­rer na primeira oportunidade. 

    Mas a Clara não está soz­in­ha na tal sala de con­t­role, está com o padre que cel­e­bra­va o casa­men­to. E ele mata a chara­da na hora: os infec­ta­dos são, na ver­dade, uma espé­cie de anjos caí­dos. Assim sendo, bas­ta uma oração para que eles con­gelem e parem de atacar. Ou seja, os zumbis mais con­ve­nientes do mun­do! E tam­bém desco­b­ri­mos que, na ver­dade, todos são um só. E que, refleti­dos no espel­ho, todos eles são como a meni­na Medeiros do primeiro filme…

    E a Clara, óbvio, escapa de tudo que lhe acon­tece, com a aju­da de um sujeito fan­tasi­a­do de Bob Espon­ja (ou John Espon­ja, por causa dos dire­itos autorais), até que ela resolve virar badass zom­bie hunter, arru­ma uma moto­sser­ra, arran­ca um pedaço do vesti­do e começa a arregaçar com os zumbis. Tipo uma Alice do Res­i­dent Evil on drugs, mas com um visu­al híbri­do de Jill Valen­tine e Ash do Evil Dead. \o/

    Então, cheg­amos a cena do reen­con­tro, quan­do ela está fug­in­do por um túnel, depois de det­onar uns zumbis, que não só pas­sa bem abaixo da coz­in­ha do lugar, onde Kol­do aca­ba de enfrentar o tio do iní­cio da história com uma bat­edeira, mas que tam­bém tem uma lig­ação dire­ta com esta coz­in­ha, com esca­da e tudo! Os infec­ta­dos a seguem pela esca­da e, assim como começou, o ímpeto de matar some dela, e bate o deses­pero para que o casal con­si­ga abrir logo a grade que os sep­a­ra. E eles con­seguem, claro. E a grade fica lá aber­ta, e eles se esque­cem que os bichos eram sim capazes de subir tam­bém. Mas os infec­ta­dos aparente­mente des­en­canam e vão emb­o­ra, porque o casal tem tem­po de se bei­jar, faz­er juras de amor blá blá blá, até que a coz­in­ha seja infes­ta­da de zumbis (que vier­am de todo lugar, MENOS do túnel onde já estavam). 

    Daí pra frente, nos últi­mos min­u­tos, a coisa con­tin­ua indo ladeira abaixo, mas aí já é spoil­er demais. Não que acon­teça algo que real­mente val­ha a pena ser vis­to, mas…

    Resu­min­do, [REC]³ Gêne­sis não só é ruim, é pior do que eu sequer con­seguia con­ce­ber. E é claro que ele, assim como o segun­do, tam­bém terá seus defen­sores. Se eu já não os enten­do em relação ao [REC] Pos­suí­dos, nem sei o que pen­sar quan­do a este aqui. A ten­ta­ti­va de comé­dia é patéti­ca, o hor­ror não causa um úni­co sus­to, menos ain­da a sen­sação de descon­for­to per­ma­nente do primeiro, e o gore não acres­cen­ta nada. 

    Den­tre os prin­ci­pais prob­le­mas de [REC] Pos­suí­dos, talvez o mais incô­mo­do para mim ten­ha sido a frustra­da ten­ta­ti­va de se colo­car as questões reli­giosas, “bem con­tra o mal”, coisas do gênero. Sim, o primeiro filme já dava a dica de que a coisa seria mais ou menos assim, mas nada fica explíc­i­to, o que muito con­tribuía para a história. O segun­do escan­car­ou e jogou no ven­ti­lador. E o ter­ceiro ele­va isso a uma potên­cia constrangedora. 

    Há muito, MUITO tem­po eu não via um filme tão ruim. E olha que eu sou bem cha­to e gos­to de bas­tante porcaria… 

    Trail­er:

  • The Toolbox Murders (1978), de Dennis Donnely

    The Toolbox Murders (1978), de Dennis Donnely

    The Toolbox Murders, 1978, de Dennis DonnelyLev­ei anos para assi­s­tir The Tool­box Mur­ders (EUA, 1978). Sem­pre me pas­sou a impressão de ser só mais um slash­er, como tan­tos que pipocaram depois do suces­so de Hal­loween. Não que isso seja ruim, muito pelo con­trário. Ape­nas não me pare­cia ter algo a mais. Jun­tan­do isso à fal­ta de leg­en­das disponíveis, o filme ficou encosta­do aqui por anos esperan­do a sua hora. Que chegou quan­do me toquei que The Tool­box Mur­ders foi lança­do meses ANTES de Hal­loween, no mes­mo ano de 1978. E que gratís­si­ma sur­pre­sa ao começar a rodar o filme!

    O caso é que The Tool­box Mur­ders se aprox­i­ma muito mais do ciclo de exploita­tions ultra-vio­len­tos dos anos 70, tipo os clás­si­cos The Last House on The Left, I Spit on Your Grave e, prin­ci­pal­mente, O Mas­sacre da Ser­ra Elétri­ca. Com este últi­mo, inclu­sive, divide o fato de ser ‘basea­do em uma história real’, inclu­sive com toda a irre­al­i­dade da história real apre­sen­ta­da. Aliás, con­fes­so que não ten­ho nen­hu­ma pista sobre qual é a tal história, caso ela real­mente exista. Mas o que impor­ta é o filme, então volte­mos a ele. 

    A ideia de um mon­stro que nada tem de sobre­nat­ur­al, que não vol­ta dos mor­tos. Pes­soas comuns envolvi­das em uma situ­ação extra­ordinária, algo que sem­pre me fas­ci­nou, com o adi­cional que só o baixo orça­men­to e a cria­tivi­dade seten­tis­tas con­seguiam proporcionar. 

    O iní­cio de The Tool­box Mur­ders é bru­tal. Uma série de mortes de mul­heres den­tro de um con­domínio de aparta­men­tos nas quais o assas­si­no uti­liza as ditas fer­ra­men­tas da caixa do títu­lo. É tudo cru, com níti­da fal­ta de recur­sos, mas sur­preen­den­te­mente efi­ciente. Marte­lo, pis­to­la de pre­gos, furadeira (aliás, o cli­ma do filme por algum moti­vo me lem­brou muito, o tem­po todo, de Driller Killer, obra-pri­ma do Abel Fer­rara) etc., tudo em uma espé­cie de pre­cur­sor dos méto­dos que seri­am uti­liza­dos em Sex­ta-Feira 13 dois anos depois. Curioso que uma das víti­mas é inter­pre­ta­da por Kel­ly Nichols, muda e worka­holic do cin­e­ma pornô dos anos 70 e 80 e que con­tin­u­a­va na ati­va no final dos anos 2000, do alto de seus quase 60 anos… Ao que me con­s­ta, este é seu úni­co tra­bal­ho fora do ramo pornográ­fi­co. E sua per­son­agem aparece úni­ca e exclu­si­va­mente nua. Boa sacada. 

    Um pon­to que chama bas­tante a atenção durante esta primeira parte do filme é a escol­ha da tril­ha sono­ra dos assas­si­natos. Todos ocor­rem com uma ‘músi­ca ambi­ente’, sem­pre algo pen­den­do para o coun­try bre­ga amer­i­cano, sem nen­hu­ma lig­ação com o que está acon­te­cen­do na tela. 

    Somente depois de ter­mi­na­da a série de assas­si­natos que começamos a con­hecer os per­son­agens. Mais especi­fi­ca­mente, con­hece­mos a família de Lau­rie Bal­lard (Pame­lyn Fer­din, cuja car­reira foi quase que total­mente con­struí­da com par­tic­i­pações na TV). E as apre­sen­tações param por aí, porque logo Lau­rie é seqüestra­da pelo assas­si­no e começa a mudança bru­tal de dire­ciona­men­to de The Tool­box Mur­ders.

    The Toolbox Murders, 1978, de Dennis Donnely

    O climão exploita­tion hard­core subita­mente dá lugar a um thriller den­so, arras­ta­do. Os assas­si­natos param, os per­son­agens são apro­fun­da­dos e o arreme­do de história apre­sen­ta­do até então começa a se desen­har com sur­preen­dente flu­idez. Pas­samos a acom­pan­har a ten­ta­ti­va do irmão de Lau­rie, Joey (Nico­las Beau­vy, que tam­bém foi mais atu­ante na TV, mas par­ticipou do genial The Cow­boys, de 1972, e foi a ver­são cri­ança do Richard Har­ris como Rei Arthur no inter­mináv­el e enfadon­ho Camelot), de desco­brir o que acon­te­ceu com ela. 

    Um pouco mais à frente no filme, vemos Lau­rie amar­ra­da a uma cama enquan­to o assas­si­no, ago­ra rev­e­la­do, mas óbvio des­de as primeiras cenas, lhe serve um café-da-man­hã, cita a Bíblia e expli­ca que está purif­i­can­do o mun­do com seus atos. OK. Ah, ele tam­bém expli­ca que seqüe­strou Lau­rie por ela lhe lem­brar sua fale­ci­da filha. 

    Os últi­mos 40 min­u­tos de The Tool­box Mur­ders podem repelir o expec­ta­dor casu­al de hor­ror ou fanáti­co por gore, pois são real­mente arras­ta­dos. O foco prin­ci­pal muda da inves­ti­gação para a psi­cose do assas­si­no para a bus­ca de Joey, mas sem se pren­der muito a qual­quer um deles. Par­tic­u­lar­mente, achei fasci­nante a for­ma como as coisas foram con­duzi­das pelo dire­tor Den­nis Don­nely, neste que é seu úni­co lon­ga (dirigiu inúmeros seri­ados até mea­d­os dos anos 90, inclu­sive vários episó­dios de As Pan­teras e Esquadrão Classe A). Mes­mo quan­do as coisas começaram a se arras­tar, em momen­to algum The Tool­box Mur­ders se tornou ente­di­ante, para mim. 

    The Toolbox Murders, 1978, de Dennis Donnely

    No ger­al, um thriller extrema­mente váli­do, que mere­cia um recon­hec­i­men­to maior do que o obti­do. Não decep­ciona em nen­hu­ma de suas ver­tentes, seja no exploita­tion ou no thriller, e tem um final incô­mo­do e sur­preen­dente. A últi­ma cena, que con­tin­ua rodan­do enquan­to sobem os crédi­tos, me foi bem inquietante.

    Boa direção, boas atu­ações (tem tam­bém o Cameron Mitchell, que esteve à margem de faz­er suces­so nos anos 50 mas acabou viran­do fig­ur­in­ha fácil dos filmes B anos depois, geral­mente em papeis per­tur­ba­dos), boa história. Ou seja, The Tool­box Mur­ders é alta­mente recomendado. 

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=WGZJjfjUqN0

  • Crítica: Terror na Água 3D

    Crítica: Terror na Água 3D

    Um grupo de ado­les­centes indo pas­sar um final de sem­ana em uma ilha iso­la­da para beber e cur­tir a vida nun­ca é só diver­são, prin­ci­pal­mente quan­do se tra­ta de um filme de ter­ror. Se diver­tir na água sal­ga­da do rio em Ter­ror na Água 3D (Shark Night 3D, EUA, 2011), dirigi­do por David R. Ellis, aca­ba não sendo mais uma opção quan­do um deles é ata­ca­do por um tubarão. Quan­do ten­tam sal­var o seu ami­go, desco­brem que não vai ser tão sim­ples quan­to pensavam…

    Não é pre­ciso ir muito longe para diz­er que Ter­ror na Água 3D é foca­do espe­cial­mente em seu públi­co alvo ado­les­cente, ansioso por ver carne — em ambos os sen­ti­dos — e sangue. E tem atra­tivos para ambos: os per­son­agens galãs com com­por­ta­men­to de príncipes pron­tos para res­gatar a prince­sa e ir para a igre­ja, assim como as várias tomadas com um zoom explíc­i­to nos tra­seiros femininos.

    Difer­ente de vários out­ros filmes que dev­i­do a febre — dos pro­du­tores, não do públi­co — da ter­ceira dimen­são, Ter­ror na Água 3D soube usar muito bem esse recur­so, pos­suin­do alguns efeitos que ficaram muito bons. Ele tam­bém con­seguiu reunir alguns ele­men­tos de O Alber­gue e da fran­quia Jogos Mor­tais de for­ma bem inter­es­sante, mas não me apro­fun­darei nesse pon­to para evi­tar spoil­ers. Além dis­so, o mel­hor de tudo é que ele fez tudo isso sem grandes enro­lações, algo geral­mente muito comum nesse tipo de longa.

    Se deixar­mos de lado o fato que tubarões não ata­cam do nada e nem voam, Ter­ror na Água 3D con­segue cumprir muito bem o seu papel de filme de ter­ror, den­tro des­ta pro­pos­ta ado­les­cente é claro. Ele pode acabar tam­bém sendo uma boa opção tam­bém ir no cin­e­ma e ver alguns efeitos em 3D e se diver­tir um pouco com o absur­do de algu­mas situações.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=nHasmVd7yAs

  • Crítica: Doce Vingança

    Crítica: Doce Vingança

    Não é de hoje que os remakes tomam as telas dos cin­e­mas. Na déca­da de 80 tive­mos Scar­face, dirigi­do por Bri­an de Pal­ma e estre­la­do por Robert de Niro. Poucos sabem, mas este é remake de filme homôn­i­mo, data­do de 1932. Atual­mente, são vários os remakes que vemos por aí. Na maio­r­ia dos casos o resul­ta­do não é favoráv­el, mas às vezes os dire­tores “acer­tam a mão”. Um bom exem­p­lo dis­so é Doce Vin­gança (I Spit on Your Grave, USA, 2010) de Steve R. Monroe.

    A déca­da de 70 ficou con­heci­da pelos filmes que explo­ravam um lado mais vio­len­to e que­ri­am “chocar” a sociedade, para con­seguir atenção. Nes­sa déca­da tive­mos Pink Flamin­gos, Gar­gan­ta Pro­fun­da, 120 dias de Sodoma e out­ros filmes que mudaram a história do cin­e­ma, para o bem ou para o mal. Entre eles, tive­mos I Spit on your Grave (que aqui saiu como A Vin­gança de Jen­nifer). Com uma divul­gação tími­da, o VHS ficou per­di­do nas prateleiras das locado­ras, seja pela sua pés­si­ma pro­dução ou pela sua temáti­ca vio­len­ta demais até para os padrões da década.

    A escrito­ra Jen­nifer Hills se muda para uma cabana iso­la­da em uma peque­na cidade para ter­mi­nar seu livro. Um con­tratem­po num pos­to de gasoli­na faz com que ela des­perte o inter­esse e a ira de alguns moradores locais. Pouco depois, eles rumam para sua casa para estuprá-la e espancá-la. Dada como mor­ta, os home­ns esque­cem o caso e retomam suas vidas. Mas Jen­nifer esta­va viva, se recu­peran­do e plane­jan­do sua vigança. As cenas de estupro foram con­sid­er­adas fortes demais e o filme foi proibido em diver­sos país­es. Hoje ele pos­sui sta­tus de Cult e gan­hou o já cita­do remake.

    O enre­do é basi­ca­mente o mes­mo, com peque­nas mod­i­fi­cações. Doce Vin­gança foi alter­ado para cair no gos­to do públi­co que apre­cia o cin­e­ma hol­ly­wood­i­ano. As cenas de estupro foram amenizadas e as de vin­gança foram muito mais bru­tais. Há quem com­pare tais cenas com fran­quias do tipo Jogos Mor­tais e O Alber­gue, mas aqui é difer­ente. As cenas são bem encaix­adas e pos­suem um porquê de estarem lá.

    O prin­ci­pal­mente difer­en­cial entre o orig­i­nal e o remake, é que Doce Vin­gança pos­sui uma nar­ra­ti­va mais ágil. A ten­são cresce aos poucos, até cul­mi­nar na vin­gança, pro­pri­a­mente dita. Assim, prende a atenção de quem está assistin­do, fato que não acon­tece com o orig­i­nal (para que, não está acos­tu­ma­do com esse gênero de filme).

    Deixan­do a dis­cussão da éti­ca dos remakes de lado, Doce Vin­gança é um bom filme que deve agradar tan­to aos fãs xiitas do clás­si­co quan­to aos que ain­da não con­hecem o mes­mo. Um bom lon­ga de sus­pense atrai a atenção de quem está assistin­do pela cres­cente ten­são, e esse obje­ti­vo con­seguiu ser atingido.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=Y2YRY35WMc4

  • Promoção “O Último Exorcismo” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    Promoção “O Último Exorcismo” ENCERRADA: ganhe convites para o filme

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Para mar­car o lança­men­to de O Últi­mo Exor­cis­mo, que estreia dia 24 de setem­bro, o inter­ro­gAção, jun­ta­mente com a Espaço Z, estarão sorte­an­do 5 pares de con­vite do filme. Pro­moção vál­i­da para todo Brasil.

    A pro­moção vai até dia 9 de Out­ubro e os vence­dores serão noti­fi­ca­dos por email no dia seguinte.

    Sinopse: Quan­do o rev­eren­do Cot­ton Mar­cus chega à fazen­da de Louis Sweet­zer na Louisiana, ele espera realizar mais um exor­cis­mo de roti­na. Fun­da­men­tal­ista, Sweet­zer entrou em con­ta­to com o pre­gador, como um últi­mo recur­so, cer­to de que sua fil­ha ado­les­cente Nell está pos­suí­da por um demônio que deve ser exor­ciza­do antes que uma tragé­dia inimag­ináv­el acon­teça. Cot­ton per­mite que seu últi­mo exor­cis­mo seja fil­ma­do para a real­iza­ção de um doc­u­men­tário. Mas, ao chegar à fazen­da da família, ele se sur­preende ao perce­ber que nada se com­para ao ver­dadeiro mal que encon­tra lá. Ago­ra, tarde demais para voltar, as crenças do rev­eren­do Mar­cus ficam abal­adas até o âma­go, quan­do ele e a equipe de fil­magem pre­cisam encon­trar uma maneira de sal­var Nell e sal­varem-se tam­bém, antes que seja tarde demais.

    O sorteio já foi real­iza­do e os vence­dores serão comu­ni­ca­dos por email.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=fZGEJmrdH6M

  • Crítica: A Centopéia Humana

    Crítica: A Centopéia Humana

    a centopeia humana

    Por que será que o ser humano se inter­es­sa tan­to pelo grotesco? Parece que somos atraí­dos por aqui­lo que nos causa repul­sa. Foi de carona nes­sa questão que surgiu A Cen­topéia Humana (The Human Cen­tipede, Holanda/Reino Unido, 2009), de Tom Six. Longe de ser uma super­pro­dução, teve um cus­to bem baixo e foi fil­ma­do todo com câmera dig­i­tal, ele pos­sui um roteiro que ten­ta nos mostrar algo extrema­mente cru­el e de mau gos­to, mas não convence.

    Duas garo­tas norte-amer­i­canas estão pas­san­do férias na Europa quan­do o car­ro delas que­bra em um bosque da Ale­man­ha. Todos os clichês estão ali: usam pou­ca roupa, chove, está escuro e só há uma casa nas redondezas. Elas vão procu­rar auxílio e se deparam com um homem chama­do Dr. Heit­er, con­heci­do por ser o mel­hor cirurgião de gêmeos siame­ses. Aí começam os prob­le­mas das garo­tas. Elas são dopadas e trans­feri­das para o porão da casa onde existe uma espé­cie de con­sultório médi­co. Um japonês tam­bém é cap­tura­do um pouco depois delas e o Dr. Heit­er expli­ca seu propósi­to: ele quer tor­na-los trigêmeos siame­ses, lig­a­dos pelo sis­tema gástri­co. Assim como o títu­lo sug­ere, ele dese­ja cri­ar A Cen­topéia Humana.

    Não é de hoje que o cin­e­ma mostra essa relação do ser humano com sua natureza mór­bi­da. Não vam­piros ou mon­stros, ape­nas o ser humano e seus medos mais pro­fun­dos. Em 1920, O Gabi­nete do Dr. Cali­gari, de Robert Wiene, nos mostrou Cesare, um sonâm­bu­lo que era con­tro­la­do pelo Dr. Cali­gari e força­do a come­ter os mais diver­sos crimes. A mente doen­tia do ser humano foi clara­mente mostra­da neste filme.

    Já se vão 90 anos des­de este clás­si­co do ter­ror e diver­sos filmes com essa temáti­ca foram real­iza­dos. Thriller, de Bo Arne Vibe­nius, um filme sue­co sobre vin­gança foi um dos que mais se desta­cou nos anos 70, jun­ta­mente com Saló ou Os 120 dias de Sodoma, de Pier Pao­lo Pasoli­ni. Neles encon­tramos a clás­si­ca vio­lên­cia gra­tui­ta. O intu­ito era chocar, mes­mo com uma pon­ta de sen­ti­do moral. Out­ros como Pink Flamin­gos, de John Waters, usaram a comé­dia para mostrar o lado grotesco. Filmes mais recentes mostraram que essa temáti­ca ain­da é bas­tante atraente para o públi­co, e já foi mais do que prova­do que o mór­bido atrai o ser humano. Diari­a­mente nota­mos que a dor alheia chama a atenção, por que não mostrar isso num filme? Dread, de Antho­ny DiBlasi, e Mar­tyrs, de Pas­cal Laugi­er, tratam basi­ca­mente do mes­mo assun­to: uma pes­soa sofren­do pelo bem de out­ras ou para si mes­ma. A dor é colo­ca­da como um apren­diza­do nada saudável.

    A idéia em si de A Cen­topéia Humana é fan­tás­ti­ca, mas foi pouco desen­volvi­da. O médi­co é um louco que quer realizar seu plano. Pon­to. As cenas são todas como esper­a­do: bati­das na por­ta que ces­sam de repente, o vilão que aparece nos lugares mais ines­per­a­dos, a polí­cia que não con­segue aju­dar em nada e os gri­tos deses­per­adores das víti­mas. Em meio a tan­tos filmes desse tema, este peca por exces­sos de clichês e se tor­na ape­nas mais um filme de ter­ror que ten­ta assus­tar, mas não con­segue. E a segun­da parte do filme está pre­vista para breve.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=1G18A-ld41c