A partir do dia dois de junho, o artista Maikon K apresenta seu solo Corpo Ancestral no Teatro Londrina, no Memorial de Curitiba. O trabalho cumpre temporada até dia 14 de junho, de terça a domingo, às 19h com entrada gratuita. Nos sábados e domingos são realizadas sessões extras às 17h.
Corpo Ancestral é uma dança de Maikon K, em colaboração com os artistas Kysy Fischer, Faetusa Tezelli, Fábia Regina e Beto Kloster. Neste trabalho, o artista investiga suas memórias e mitologias pessoais para criar um “corpo de passagem”. A dramaturgia se constrói na relação com a plateia, que se localiza perto do performer, e na criação de um fluxo de imagens e sensações.
A primeira versão de Corpo Ancestral estreou em 2013. Segundo o artista, com este projeto, sua investigação tem como ponto de partida o corpo xamânico. “Busco com este trabalho, um corpo “devir”, capaz de construir diversas realidades através do som não verbal, do movimento, de signos visuais e atividades ritualizadas. Um corpo sem identidade fixa, em constante transformação, que expressa as forças e arquétipos que nele habitam”, argumenta o performer Maikon K.
Seu trabalho situa-se nas fronteiras entre dança, performance e ritual, elegendo o corpo como matriz simbólica e campo de experimentação. Em 2015, sua dança-instalação “DNA de DAN” foi selecionada pela artista sérvia Marina Abramovic para integrar a mostra “Oito Performances”, dentro da exposição Terra Comunal.
As apresentações de Corpo Ancestral acontecem de 2 a 14 de junho, de terça a domingo, sempre às 19h, no Teatro Londrina, no Memorial de Curitiba. Nos sábados e domingos ocorrem sessões extras às 17h. A oficina “Corpo do Abismo” será oferecida gratuitamente ao público em geral, no dia 13 de junho, compartilhando as práticas de criação do artista. Os interessados devem mandar e‑mail para maikonk[arroba]gmail[ponto]com .
Serviço: Corpo Ancestral de Maikon K.
Teatro Londrina — Memorial de Curitiba
de 2 à 14 de junho às 19h
sessões extras aos sábados e domingo às 17h
Entrada Franca
Para mais informações ou quaisquer dúvidas, favor entrar em contato.
Victor Hugo (41) 9684–9506
Eu sou a mosca que pousou em sua sopa. Eu sou a mosca que pintou pra lhe abusar. (…) E não adianta vir me dedetizar. Pois nem o DDT pode assim me exterminar. Porque você mata uma e vem outra em meu lugar.
Raul Seixas em “Mosca na Sopa”
Sinônimo de incômodo e desprezo, a mosca é um dos insetos mais rechaçados do convívio social. Ela transtorna reuniões familiares, importuna tradições de ordem e controle, desnuda as estruturas assépticas. A mosca na sopa, personificação adotada pelo compositor e músico brasileiro Raul Seixas, é uma anarquista pública e notória: sua presença é hostilizada, mas independe de aceitação; por mais que seja intimidada, violentada, aprisionada e degolada, ela volta em múltiplos pares. E é com tamanha persistência e deboche que elas, as famigeradas moscas, comunicam sua mensagem.
No final da década 1970, as moscas também marcavam presença física e metafórica em território brasileiro. Para os agentes da ditadura militar, todo e qualquer elemento subversivo que atentasse contra a ordem, o governo e o trinômio “tradição – família – propriedade”, deveria ser sumariamente extinto. Naqueles anos de portas fechadas, entre a periferia de Recife e Olinda, cidades do Nordeste brasileiro, o diretor Hilton Lacerda ambientou a história de uma trupe de artistas que criava um universo próprio de irreverência, zombaria e autoria no teatro-cabaré Chão de Estrelas, criação inspirada pelo grupo de teatro Vivencial Diversiones, que existiu entre 1972 e 1981.
Na ficção, o sistema protocolar de regras, ordens, hierarquia e disciplina do sistema militar, exercia influência angustiante em um tímido recruta nascido e criado no interior de Pernambuco, tornando-lhe penoso e mortífero o dever de sustentar uma máscara que mal lhe cabe no rosto. Esse é o fio condutor da pólvora que explode em “Tatuagem” (Brasil, 2013), filme do cineasta pernambucano Hilton Lacerda em sua estreia como diretor depois de longa experiência como roteirista. A trama traz como pano de fundo o romance entre o agitador cultural e performer Clécio Wanderley, interpretado pelo ator Irandhir Santos, e o soldado raso Arlindo Araújo, conhecido como Fininha, personagem vivido por Jesuíta Barbosa.
Chão de Estrelas, o Moulin Rouge do subúrbio, a Broadway dos pobres, o Studio 54 da favela
“Tatuagem” fala de resistência política, criação explosiva, anarquista, debochada, livre; é uma afirmação do espaço daqueles que são esmagados por uma conjuntura armada, mas que resistem, queimam, renovam. Na trama, Chão de Estrelas nasce no seio da periferia, epígrafe acentuada no início do longa-metragem com a fala de Clécio ao destacar que o cabaré é “o Moulin Rouge do subúrbio, a Broadway dos pobres, o Studio 54 da favela”, em clara referência aos internacionalmente conhecidos, cultuados e caros ambientes de apresentação artística e corporal da época. É nesse perímetro de reinvenções que o diretor Hilton Lacerda detém o olhar, criando uma narrativa audaciosa.
Clécio e Fininha se conhecem por meio de Paulete (Rodrigo Garcia), irmão da então namorada do recruta. Enquanto Clécio dirigia um espetáculo debochado, Fininha vivia aprisionado nos ditames do quartel, detalhe exposto logo nos minutos iniciais, com a visão do rapaz enquadrado pelas barras dos beliches — efeito criado pela utilização do movimento de zoom-out. O envolvimento desse casal improvável, vai descortinando uma nova visualização e entendimento do mundo, abrindo espaço para as sensibilidades de dois universos distintos. Rodeado pela liberdade em todos os sentidos, Fininha vai, aos poucos, sentindo seu corpo como parte do processo artístico e vivencial que explode no teatro do Chão de Estrelas. Assim como o mitológico canto da sereia, a magia que nasce no cabaré começa a encantar o jovem recruta, mostrando-lhe um ambiente de troca de relações bem mais autêntico do que costumava vivenciar.
Cena do filme “Tatuagem” mostrando o “aprisionamento” de Fininha
No filme, o “cair da noite” assume uma simbologia extremamente importante ao abrir novas pontes de resistência. Pontes que podem ser observadas no público que frequenta o teatro-cabaré, formado por homossexuais, simpatizantes, militantes da luta de classes e intelectuais esquerdistas – esta última figura é adotada pelo professor Joubert (Sílvio Restiffe) e seus poemas de cunho político e libertário, além da sua produção experimental, feita com uma câmera Super‑8, direcionada para registrar os momentos marcantes de produção/apresentação dos números do Chão de Estrelas. É através da noite, do erotismo, da luxúria escancarada, do cuspe anárquico em forma de performances ousadas com o corpo e a linguagem, que “Tatuagem” vai traçando novas rotas de peregrinação de forma arrojada.
Hilton Lacerda
O diretor Hilton Lacerda vem de uma longa caminhada como roteirista, trazendo na bagagem filmes como “Febre de Rato” (2011), “Amarelo Manga” (2002), “Baixio das Bestas” (2006), em parceria com o cineasta Cláudio Assis, e “Cartola – Música para os Olhos” (2006), onde divide a direção com Lírio Ferreira. A energia em construir detalhes faz a assinatura de Lacerda um diferencial palpável em “Tatuagem”.
A opção por contar a história de amor entre dois homens ganha contornos autênticos: Clécio e Fininha dividem o afeto íntimo com os espectadores; o romance – claro, direto, cru – não está ali apenas para inquietar os que ainda desviam o olhar diante das cenas de beijo ou de sexo entre dois homens; o amor homossexual e o choque de vivências que ele representa (o agitador cultural e o militar) ultrapassam a acomodação da militância padronizada: nessa relação de polos opostos está o grito dos amores, grupos, movimentos, pensamentos, vidas e sentimentos rotulados como periféricos. É esse o elemento de pulsão levantando por “Tatuagem”, levando à derrocada da hegemonia das instituições sagradas e do desfile dos triunfantes. Para o palco e o público do Chão de Estrelas, não há lugar para preconceitos, não há mártires para castrações. O que existe no cabaré-teatro é o rompimento de tradições; um lugar onde múltiplas jornadas não se chocam, mas se complementam, tendo como exemplo máximo a figura de Clécio: diretor, poeta, agitador, anarquista, amante e pai.
o performer Clécio Wanderley (Irandhir Santos) e o soldado raso Fininha (Jesuíta Barbosa)
A liberdade e a vivência consciente também estão presentes no conceito de família apresentando no filme. Tuca — fruto do relacionamento do agitador cultural com Deusa, mãe solteira, adepta dos mesmos ideais — circula livremente pelas dependências do cabaré, observando os trabalhos de produção do pai. Em uma cena significativa, Clécio pede à Deusa que não traga mais o menino ao cabaré pois aquele “não é lugar para criança”. Nesse gancho, a mãe responde que “não há lugar adequado, e sim educação adequada”, fazendo referência direta a um modelo educacional que aposta na liberdade, consciência e tolerância.
Toda essa provocação clara e subversiva deixa rastros pelo filme e encontra outra forte representante com a personagem Paulete. É na alegria do escândalo que Paulete alimenta o sonho de ser ator reconhecido, dando mais vida ao longa-metragem com suas piadas espirituosas, seus berros e gestos corporais esfuziantes. É difícil destacar uma única cena dramatizada pelo ator Rodrigo García na pele de Paulete: ele consegue fazer os holofotes circularem em torno de si, seja com expressões jocosas, canções despudoradas ou caras e bocas risíveis. García tem o poder de transformar a caricatura do artista gay transvestido em indumentárias femininas, em uma verdadeira metamorfose artística.
Rodrigo Garcia como a personagem Paulete
Há muita intensidade e autenticidade em “Tatuagem” – fato que rendeu sucesso de crítica, prêmios e menções honrosas para o filme e seus atores. Mais uma prova de que rotas alternativas são possíveis, tanto no âmbito do pensamento quanto na ação. O audiovisual brasileiro precisa de olhares diferenciais, novas linguagens, desafios, posturas e riscos, não só da parte dos produtores, mas também de espectadores. Cinema é feito de sensibilidades e da persistência de “moscas” que não se intimidam com o que está dito e feito, trazendo para si a tarefa de questionar a naturalização do mundo. Construir panoramas é como tatuar a pele: na marca eternizada, passado, presente e futuro se comunicam em um mesmo traço. E é no caminho que percorre esse traço que está o novo.
O mito de Édipo, sob a releitura do dramaturgo, poeta e cineasta Jean Cocteau (1889–1963) no texto “A Máquina Infernal” (1934) serviu de inspiração para o espetáculo homônimo, da Gran Companhia D’Arte Dramática, que está com suas últimas apresentações no Guairinha.
Com adaptação, cenário e direção de Roberto, produção de Thadeu Peronne, incentivo do Banco do Brasil através da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba e apoio do Teatro Guaíra, a montagem conta a história de Édipo, personagem bem conhecido da mitologia grega, que mata o pai e casa-se com a própria mãe, mas trazendo a perspectiva de um jovem, com seu olhar egoísta, diante de uma máquina infernal que é o mundo.
O elenco conta com a participação especial de Rosana Stavis, além dos atores Gerson Delliano, João Graf, Joseane Berenda, Ludmila Nascarella e Marvhem HD. O figurino, de Paulinho Maia, e a sonoplastia, de Cesar Sarti, trazem elementos da Grécia antiga, mas com foco na contemporaneidade. A companhia conta ainda com uma assessoria de referências gregas, dada por Aimilia Koulogeorgiou.
“A Máquina Infernal” tem apresentações até o próximo sábado, dia 22, de quarta a sexta-feira, às 20h; Sábados, às 16h30 e 20h no Guairinha.
SERVIÇO:
“A Máquina Infernal”, da Gran Companhia D’Arte Dramática
Data: de 06 a 22 de março
Dias e horários: De quarta a sexta-feira, às 20h; Sábados, às 16h30 e 20h
Local: Guairinha – Rua XV de Novembro, 971 — Curitiba — PR
Ingressos: R$ 15,00 e R$ 7,50 + R$ 6,00 (taxa administrativa)
Classificação: 12 anos
Local de venda: Disk Ingressos 3315 0808 e quiosque nos shoppings Mueller, Estação, Total e Palladium
Ficha técnica:
Texto: Roberto Innocente, inspirado na obra de Jean Cocteau
Direção: Roberto Innocente
Elenco:
Gerson Delliano, João Graf, Joseane Berenda, Ludmila Nascarella, Marvhem HD e Rosana Stávis.
Direção de Produção: Thadeu Peronne
Figurinos: Paulinho Maia
Sonoplastia: Cesar Sarti
Iluminação: Rodrigo Ziolkowski
Cenário: Roberto Innocente
Confecção de Cenário: Equipe Versátil Andaimes e equipe Teatro Guaíra
Administração: Mazé Portugal
Projeto Gráfico: Ana Camargo Design
Ilustração: Márcia Széliga
Assessoria de Imprensa: Flamma Comunicação
Fotos: Chico Nogueira
Assessoria de referências gregas: Aimilia Koulogeorgiu
Vídeos: Amarildo Martins, Marvhem HD e GP7
Captação de Recursos: Thadeu Peronne
Incentivo: Banco do Brasil, Lei Municipal, Prefeitura e Fundação Cultural de Curitiba.
Apoio: Teatro Guaíra, SESI, Versátil Andaimes, Pizzaria Boca de Forno, Restaurante Bouquet Garni Curitiba, Padaria América e Academia Liv!
Dando continuidade à programação de outubro da Casa Selvática, que neste mês recebeu importantes nomes na discussão a respeito da identidade nacional, como o bailarino carioca André Masseno (que circula o país com seu solo O Confete da Índia) e a performer Giorgia Conceição (curitibana que apresentou seus números burlescos no evento Folia no Matagal). No próximo dia 17 de outubro o grupo curitibano O Estábulo de Luxo estreia a peça As Tetas de Tirésias — Vamos esbofetear Ulisses, com direção de Gabriel Machado e roteiro de Ricardo Nolasco.
O espetáculo cuja primeira versão estreou no Festival de Curitiba de 2012 e em 2014 — através do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2013 viaja o Brasil — é uma livre adaptação do drama surrealista do escritor francês Guillaume Apollinaire, que rememora com humor e distanciamento histórico os áureos tempos do teatro de revista e de rebolado (as variedades nacionais), que na década de 30, 40 e 50 agitavam o teatro brasileiro. Segundo o roteirista Ricardo Nolasco “a história oficial do teatro brasileiro não valorizou este formato teatral e sua característica extremamente popular”, nos últimos anos ele tem centrado seu trabalho em transportar essa proposta cênica para os dias de hoje, recebendo influências do mundo contemporâneo e da arte experimental. A potência do contato direto com o público, e também por este reunir várias linguagens, como a música, a dança e o teatro estão entre as motivações do roteirista.
Diferentemente das outras duas versões já apresentadas em Curitiba (uma no Festival de Curitiba em 2012 e outra na 8ª Mostra Cena Breve), assim como em Belo Horizonte no 13º Festival de Cenas Curtas, esta é protagonizada por três atrizes: Danielle Campos (atriz e diretora já destacada por suas atuações nas outras versões de As Tetas de Tirésias e em Wunderbar, espetáculo do grupo que foi apresentado no Festival de Curitiba deste ano), Leonarda Glück (atriz, diretora e dramaturga curitibana fundadora da extinta Companhia Silenciosa) e Patricia Cipriano (já premiada com o Troféu Gralha Azul, um dos destaques da safra de jovens artistas da cidade). As atrizes, presas em um mundo de representação e decadência, se revezam em papéis e situações na busca de recontar a história de Tereza, mulher que abandona o marido e se torna homem para ser soldado na revolução, chamando-se Tirésias.
“Tudo que acontece em cena é como que uma brincadeira entre essas atrizes, vedetes do antigo teatro de revista, decaídas e já cansadas de representar os mesmos papéis. Assim, a gente vai encontrando um modo de trazer para os nossos dias as discussões apresentadas no texto original, sempre brincando com essa referências aos clássicos do teatro, de Apollinaire a Heiner Müller”, conta a atriz Danielle Campos.
O espetáculo, relembrando a estrutura de quadros do teatro de variedades, todos os dias é aberto por um convidado diferente que realiza uma cena, entre estes já estão confirmados nomes como as atrizes Silvia Monteiro e Simone Magalhães, o poeta Ricardo Corona e Delminda Nolasco, avó do roteirista.
Serviço:
As Tetas de Tirésias — Vamos esbofetear Ulisses
Com Danielle Campos, Leonarda Glück, Patricia Cipriano e artistas convidados
Datas e horários: de 17 de outubro a 03 de novembro, de quinta a sábado às 21h e domingos às 20h
Local: Centro Ccultural Casa Selvática — Rua Nunes Machado, 950
Volta em cartaz com apenas duas apresentações na Casa Selvática a peça “Branca de Neve em: Libelo Contra Vênus”. A peça que estreou no Festival de Curitiba 2013, articula, como pano de fundo, a história de uma apresentadora de TV que é obrigada a sorrir sob quaisquer circunstâncias. Ela é o arquétipo da mulher que a tradição da fábula ajudou a instituir e que o grupo teatral curitibano Sociedade Secreta Papa Joana, núcleo artístico composto de artistas residentes da Casa Selvática, tem estudado ao olhar para as camadas do feminino na sociedade contemporânea. Daí que sua estética de cena se utiliza dos arquétipos encontrados em cartas de tarô, na mídia televisiva e em contos de fada, numa investida não só temática mas temporal de pesquisa.
“Branca de neve em: Libelo Contra Vênus” é a segunda peça que a atriz Danielle Campos dirige em sua carreira. O cenário, cheio de pequenos objetos, ao mesmo tempo em que reproduz, ironiza o ambiente de um programa matinal televisivo para donas de casa ao misturar, entre panelas e legumes, pequenas estatuetas de anões. A pesquisa do grupo Papa Joana acaba descobrindo pulsões femininas contraditórias entre si e a diretora introjetou de tal maneira essas pesquisas que foi necessário dividir seu talento em duas mulheres — na direção de Branca de Neve, quem assume é o alter ego, o duplo de Danielle Campos: Daniela Passarinho – será ela uma apresentadora de TV? A estreia dela como diretora fora em 2012 com a peça “Medea: um Espetáculo Transgênero, Vingativo e Gotejante”, uma adaptação polêmica da tragédia de Eurípides que foi absoluto sucesso de público na Mostra do Coletivo de Pequenos Conteúdos do Festival de Curitiba de 2013. Em Medea já transpareciam influências estéticas ilustres que em Branca de Neve são potencializadas: do ator, diretor e habitante da Casa Selvática, Ricardo Nolasco (que atuou em Medea) e de Mauro Zanatta, premiado ator e diretor da Cia do Ator Cômico, da qual a atriz e diretora fez parte.
Casa Selvática é um espaço artístico e centro de pesquisas aberto em março de 2012. Reúne mais de 20 artistas residentes que compartilham seus processos criativos e desenvolvem projetos destinados a investigação de novas linguagens, sejam elas para a dança, teatro, literatura, artes visuais e performáticas, bem com suas respectivas fusões.
FICHATÉCNICA
Texto: Danielle Campos
Direção: Daniela Passarinho
Iluminação: Everton Britto
Sonoplastia e assistência técnica: Alexandre Lautert
Maquiagem: Angela Stadler
Cenário e Figurino: Sociedade Secreta Papa Joana
Estrelando: Janaína Fukushima e Daiane Cristina.
SERVIÇO: Branca de Neve em: Libelo Contra Vênus
Dias 25 e 26/05, sábado e domingo às 20h
R$ 10 (estudantes R$ 5)
Aceitamos somente dinheiro ou cheque
Local: Casa Selvática
Fone: 3013 5188 Rua Nunes Machado 950, Rebouças (próximo a praça Ouvidor Pardinho)
Tempo estimado de duração da peça: 60 minutos
Classificação Indicativa: 10 anos
A bilheteria abrirá 18:30h, venha beber algo adequado para o outono
Vagas pra estacionamento na rua em frente à Casa Selvática. Temos estacionamento para bicicletas.
Foi estendida a temporada da peça O Malefício da Mariposa até 17 de junho, com sessões sextas e sábados às 21h, e aos domingos às 19h, na Ave Lola Espaço de Criação, em Curitiba. Com o objetivo de se aproximar do público e incentivar a produção cultural da cidade, a companhia mantém um clima acolhedor antes dos espetáculos, oferecendo opções de sopa e vinho.
A novidade fica por conta do ingresso: O valor da contribuição fica a critério do espectador. Cada pessoa que for ao teatro, recebe um envelope no início do espetáculo e depositará a quantia considerada justa e “paga o quanto vale” pela arte que acabou de presenciar. “O propósito desta ação é engajar a sociedade civil em prol da arte, e assim contribuir com a continuidade de outros projetos desenvolvidos aqui na Ave Lola Espaço de Criação”, explica à coordenadora e diretora do espetáculo, Ana Rosa Tezza.
A peça retrata uma fábula em um inusitado jardim sob a ótica dos insetos que, assim como os seres humanos, têm suas ações e sensações impulsionadas pelo amor. “O espetáculo utiliza a poesia para se aprofundar no imaginário do público, dirigindo-se a pessoas de todas as idades”, revela Tezza.
Cenários, figurinos e bonecos são criações coletivas dos atores e de toda a equipe da Ave Lola. O espetáculo sob direção de arte de Cristine Conde, conta no elenco com Alessandra Flores, Janine de Campos, Val Salles e outros atores.
SERVIÇO:
Espetáculo teatral O Malefício da Mariposa
De 4 a 17 de junho – de sexta a domingo.
Horários: sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h.
Local: Ave Lola Espaço de Criação – Rua Portugal, 339 São Francisco – Curitiba – PR.
Informações: (41) 2112 9924 — http://avelola.com/
Ingressos: valores pagos a critério do público.
Sinopse O Malefício da Mariposa “A comédia que vamos apresentar é humilde e inquietante, comédia rota, dos que querem arranhar a lua e arranham o próprio coração.” Assim têm início uma aventura pelos meandros deste sentimento delicado e imenso, grande tema da literatura universal: o amor. Em O Malefício da Mariposa, Federico Garcia Lorca utiliza a fábula para retratar tudo o que envolve as relações afetivas com a originalidade e profundidade de poucos, dentro de um universo inusitado, o mundo dos insetos. Em meio à atmosfera poética de um estranho jardim, besouros, baratas, escorpiões, formigas e mariposas amam e sofrem de maneira muito parecida à nossa, seres humanos.
Para trazer à cena este texto poético, bonecos de diversas técnicas foram criados e desenvolvidos coletivamente durante o processo de montagem do espetáculo, um intenso e diário trabalho de imersão, para descobrir e se aprofundar no universo da obra, no imaginário destes seres do jardim e no encontro entre a linguagem do teatro de formas animadas e o trabalho com atores de carne e osso. Assim, cada personagem/inseto foi criado, interpretado e manipulado de acordo com a forma que corresponde à sua natureza. Um amor impossível é um problema para qualquer coração, seja de um poeta ou de um inseto, ou porque não, de um inseto poeta? Afinal, como diz o autor, “o amor nasce com a mesma intensidade em todos os planos da vida, e o mesmo ritmo da brisa nascida do ar tem a estrela da manhã, tudo é igual na natureza.”
Ficha Técnica O Malefício da Mariposa
Classificação: Livre
Direção: Ana Rosa Genari Tezza
Direção de Arte: Cristine Conde
Composição musical: JJ Lemêtre
Elenco: Alessandra Flores, Janine de Campos e Val Salles
Atriz aprendiz: Tatiana Dias
Cenários e Figurinos: Cristine Conde
Confecção de Bonecos: Alessandra Flores, Cristine Conde, Janine de Campos e Val Salles (aprendiz de feiticeiro: Helena Tezza)
Consultoria de Máscaras: Calu Monteiro
Sonoplastia: Ana Rosa Genari Tezza e Tatiana Dias
Iluminação: Rodrigo Ziolkowski
Assistente de Iluminação e operação de luz: Raul Freitas
Operação de som: Tatiana Dias
Documentação e direção audiovisual: José Tezza
Designer gráfico: Mateus Ferrari
Ilustração: Val Salles
Cenotecnia: Proscenium Cenografia
Costureiras: Sueli Matias e Tissa Muniz
Produção: Ave Lola Espaço de Criação
Federico Garcia Lorca nasceu na região de Granada, na Espanha, em 05 de junho de 1898, e faleceu nos arredores de Granada no dia 19 de agosto de 1936, assassinado pelos “Nacionalistas”. Nessa ocasião o general Franco dava início à guerra civil espanhola. Apesar de nunca ter sido comunista — apenas um socialista convicto que havia tomado posição a favor da República — Lorca, então com 38 anos, foi preso por um deputado católico direitista que justificou sua prisão sob a alegação de que ele era “mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver.” Avesso à violência, o poeta, como homossexual que era, sabia muito bem o quanto era doloroso sentir-se ameaçado e perseguido. Nessa época, suas peças teatrais “A casa de Bernarda Alba”, “Yerma”, “Bodas de sangue”, “Dona Rosita, a solteira” e outras, eram encenadas com sucesso. Sua execução, com um tiro na nuca, teve repercussão mundial.
Curitiba recebe no próximo sábado e domingo (6 e 7 de agosto) o espetáculo Réquiem, de Hanoch Levin, com direção do premiado Francisco Medeiros. A promoção é do Sesi Teatro, projeto que faz parte das ações culturais do Serviço Social da Indústria (Sesi) Paraná. O projeto traz à capital atrações de destaque no cenário nacional, como forma de valorizar, promover e difundir a cultura em suas diversas formas. As apresentações acontecem no Teatro Sesi/Cietep. Os ingressos estão disponíveis a R$30,00 e R$15,00 e, o estacionamento é gratuito.
Réquiem trata da desilusão de um marceneiro, artesão de caixões que, ao chegar à velhice, depara-se com a solidão e a sucessão de perdas que acumulou ao longo dos anos. Inspirada em três contos do autor russo Anton Tchekhov — O Violino de Rotschild, No Fundo Do Barranco e Angústia — Réquiem é estruturada em 15 cenas curtas interligadas por um eixo central de uma estrada e o percurso do velho por diferentes caminhos.
Crédito de Pablo Ferreira
Com um elenco de sete atores, os personagens não possuem nome, são chamados apenas de Velha, Bêbados, Prostitutas, Cocheiro, Mãe — arquétipos explícitos que aparecem ao personagem central – o Velho — numa sucessão de encontros, desencontros, nascimentos, mortes, zonas de luz e de trevas, curvas, desvios de rota, retornos.
O texto de Hanoch Levin aborda questões fundamentais de indagações dos homens, em todos os tempos, como o significado da morte e da vida, a solidão humana e as relações pessoais que são estabelecidas durante a vida. Desprovido de qualquer tipo de julgamento, Réquiem expõe estas questões para os espectadores de maneira simples, com personagens que tentam a todo o momento dizer o que realmente pensam, e vivem o presente da cena.
Sobre Hanoch Levin
Nascido em 18 de dezembro de 1943, Hanoch Levin é filho de emigrantes poloneses sobreviventes do Holocausto. Réquiem é uma de suas últimas peças e foi dirigida pelo autor do leito do hospital. A encenação feita para o Teatro Cameri – uma das mais importantes companhias do teatro israelense — permanece até hoje no repertório, tendo recebido inúmeros prêmios e apresentada nos mais importantes festivais do mundo e em constantes excursões pelo Oriente e pelo Ocidente. Hanoch Levin morreu em 18 de agosto de 1999. Nos últimos anos de sua vida foram publicados 17 volumes de seu trabalho: 11 volumes de peças teatrais, 3 de prosa, 2 de pequenas cenas e canções e um volume de poemas. Há ainda dois volumes de livros para crianças.
Sesi Teatro apresenta Réquiem
Data: 6 de agosto, às 20h
7 de agosto, às 19h
Local: Teatro SESICIETEP — Av. Com. Franco, 1341 – Jardim Botânico
Informações: 0800 6480088 ou pelo site
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada para trabalhador da indústria e funcionários do sistema FIEP, estudantes e terceira idade).
Local de venda: Disk Ingressos 3315 0808 e quiosque nos shoppings Mueller, Estação e Total Estacionamento gratuito.
Paulo Biscaia é conhecido por trabalhos num estilo de teatro mais extremo, em boa parte das vezes voltado ao terror, ao trash, ao lado B das narrativas. Em outros tempos poderia se dizer que ele tem uma tendência ao marginal — termo que virou cult nos tempos de hoje — mas o curitibano vem mostrado um pouco além disso com os trabalhos na Companhia Vigor Mortis e recentemente com a peça, de curta temporada em Curitiba, Os Catecismos de Carlos Zéfiro, escrito pelo próprio Biscaia em parceria com a atriz Clara Serejo.
Os Catecismos de Carlos Zéfiro é contado a partir da pesquisa que Juca Kfouri — na época editor da revista Playboy — escreveu sobre o underground quadrinista de estilo pornográfico — e em plena ditadura militar — que se popularizou graças à clandestinidade das bancas de jornal do Rio de Janeiro e a boemia carioca que sabia apreciar o trabalho do artista. A peça se propõe justamente a retratar o recorte da vida de Zéfiro, um suposto homem de família e sua dual vida como quadrinista clandestino.
Analisando do ponto de vista narrativo-literário — pois só conheço de leituras os trabalhos do diretor — Os Catecismos de Carlos Zéfiro mantém a narrativa linear que oscila entre o drama e a comédia, contando com a colagem de dois personagens narradores dos diálogos dos quadrinhos que funcionam como pausas da história, dando um ar cômico-erótico dos enredos oficiais picantes dos catecismos, interpretados por voz pela atriz Martina Gallarza e o ator Jandir Ferrari.
A interpretação dos atores fez jus ao estilo da época, principalmente a personagem de Clara Serejo que tinha uma caricatura bem típica das chamadas pin-ups com um pouco de exagero nos trejeitos. Não só Clara, mas o elenco todo estava caricato suficiente para dar luz aos personagens que davam vida à composição do cotidiano de Carlos Zéfiro. A única reclamação do público que assistiu a peça no dia 15 de maio, no Guairinha, foi o fato do personagem Nelson Rodrigues, interpretado por Jandir Ferreira, ter fumado no palco com o teatro fechado. Talvez pudesse ser um elemento repensado na cena, já que em espaços públicos não se pode priorizar somente a arte ou somente os espectadores.
O uso de elementos de cenário como o material multimídia, que alternava entre várias imagens dos quadrinhos de Zéfiro e outras que criavam situações de cena, deixaram à mostra a marca do diretor conhecido pela hibridização entre teatro, cinema, quadrinhos e pitadas de erotismo. Aliás, o uso desse material quebrou um pouco o ritmo — e sensação — de linearidade do teatro mais clássico que Os Catecismos de Carlos Zéfiro se propunha num primeiro momento, criando uma performance diferente no palco e sensações interessantes de espaço no espectador.
O foco do enredo de Os Catecismos de Carlos Zéfiro é a biografia do ilustrador, a apresentação do estilo picante da narrativa dele com a imagem de alguns quadrinhos, se atendo mais ao fato dele viver no anonimato e da relação dual dele como Alcides Caminha, o funcionário público e o quadrinista-marginal. A peça cumpre o que se propõe: apresentar, ou ainda, trazer à tona a figura desse personagem underground, que por motivos óbvios de repressão sexual — que hoje é aparentemente um assunto mais aberto e na moda — e pelo período de incomunicabilidade da Ditadura Militar, não ficou muito conhecido.
Um dos aspectos interessantes da proposta de trazer à tona Os Catecismos de Carlos Zéfiro é explicitar que os quadrinhos eróticos sempre foram underground, que é também considerado um grande mérito segundo os maiores fãs que contam que já foi praticamente cult as revistas de fotonovela pornô. Afinal, o que motivava alguém como o funcionário público Alcides Caminha a escrever suas aventuras sexuais naquela época e o que motiva alguém a escrever, colocando ele em voga de novo?
Claro que, uma análise narrativa não pode competir com uma análise mais profunda de atuação e dramaturgia em si, o espaço e tempo são diferentes e sabe-se da profundidade do trabalho de preparo como pesquisa e atuação que devem ser levados em conta. Portanto, Os Catecismos de Carlos Zéfiro é uma peça que entretem, gerando momentos de climax que mantém o espectador satisfeito através das convenções narrativas. Não deixa nada muito explícito, e ao meu ver esse elemento poderia ter tornado o trabalho bem genial, mas é uma obra que se propõe a tirar do anonimato o Carlos Zéfiro que viveu durante anos no imaginário dos seus fãs.
O sorteio já foi realizado e os vencedores serão comunicados por email.
Para marcar o lançamento de Pequeno Grande Encontro de Teatro para Crianças, que inicia dia 13 de outubro, o interrogAção juntamente com os realizadores do evento, estarão sorteando 10 convites (cada um válido para duas pessoas). Promoção válida somente para Curitiba.
Os convites serão sorteados em dias diferentes e os vencedores serão comunicados por e‑mail.