Tag: stop-motion

  • The Maker

    The Maker

    A ampul­heta do tem­po escoan­do e a neces­si­dade de cri­ar a obra per­fei­ta para que a vida ten­ha vali­do a pena, que algu­ma coisa per­maneça e con­tin­ue o que já foi feito. The Mak­er (2011), é um pre­mi­a­do cur­ta do estú­dio amer­i­cano Zeal­ous, tra­ta do tem­po como ele é, uma sucessão de even­tos e cri­ações que são con­tínuas, o eter­no retorno de for­ma positiva.

    O pequeno enre­do é pro­tag­on­i­za­do por uma criatu­ra bem ao esti­lo Tim Bur­ton, som­bria e ao mes­mo tem­po sim­páti­ca, um músi­co com o sím­bo­lo do Stradi­var­ius (famosa mar­ca de instru­men­tos de cor­da) na tes­ta. Ele corre con­tra o tem­po para dar vida a uma criatu­ra per­fei­ta, pelo menos aos seu olhos, alguém que con­tin­ue a músi­ca e a sua linhagem.

    A ani­mação é em stop-motion e cada detal­he de câmera colab­o­ra na con­strução do dra­ma que se dá através dos pequenos gestos do boneco e sua del­i­cadeza em manip­u­lar os obje­tos que darão vida à sua cri­ação além do vio­li­no, que é o instru­men­to mági­co da vida e é muito bem exe­cu­ta­do no cur­ta com a músi­ca “The Win­ter” de Paul Hal­ley. Neste vídeo você pode acom­pan­har um pouco do proces­so dos cri­adores na manip­u­lação da câmera e a magia que é fil­mar um stop-motion.

  • Crítica: ParaNorman

    Crítica: ParaNorman

    Os zumbis estão na moda. Essa é uma ver­dade des­de pelo menos a déca­da de 30 — você pode con­ferir uma lista sobre os mel­hores lon­gas do gênero aqui — onde se tem notí­cias dos primeiros filmes envol­ven­do as criat­uras que retor­navam post­mortem por algum moti­vo pen­dente. Para­Nor­man (EUA, 2012), dirigi­do por Chris But­ler e Sam Fell, a nova ani­mação dos estú­dios Lai­ka (que tam­bém fez Cora­line), une uma len­da envol­ven­do zumbis com a para­nor­mal­i­dade de um garo­to que man­tém diál­o­gos comuns com pes­soas mortas.

    Nor­man é um típi­co garo­to que sofre bul­ly­ing na esco­la por ser intro­ver­tido e apaixon­a­do por filmes de zumbis. Um de seus poucos ami­gos é Neil, um gordinho rui­vo que tam­bém não é lá muito pop­u­lar e que, segun­do ele, “tem troço pra caram­ba” para os out­ros zoarem. Os garo­tos vivem na peque­na cidade imag­inária de Blithe Hol­low, em algum lugar da Nova Inglater­ra, nos E.U.A., onde bruxas foram queimadas no sécu­lo XVIII. Sua vida se trans­for­ma dras­ti­ca­mente quan­do começa a ter visões estra­nhas de uma maldição que o povo da cidade acred­i­ta­va ser ape­nas uma len­da e ele é o úni­co que pode sal­var a cidade.

    A arte do stop-motion, se pen­sar­mos lá des­de o Jan Svankman­jer e vin­do até os dias atu­ais, com dire­tores como Tim Bur­ton e filmes como Mary & Max e, é claro, Cora­line, sofreu um tremen­do avanço na téc­ni­ca, (como por exem­p­lo o uso de uma impres­so­ras 3D para cri­ar cada uma das expressões faci­ais dos per­son­agens) per­mi­tiu que as mes­mas sejam muito mais tra­bal­hadas, não nec­es­sari­a­mente ten­den­do para um visu­al mais real­ista. Além dessa pre­ocu­pação com pequenos detal­h­es dos per­son­agens e dos cenários, Para­Nor­man tam­bém explor­ou a fil­magem em vários ângu­los nada usuais para filmes de stop-motion, que pro­por­cio­nou a mes­ma emoção e envolvi­men­to que só um lon­ga com pes­soas e cenários reais podem fazer.

    Muitas das cenas de ação — sim, você leu cer­to mes­mo, cenas de ação! — não devem nada em relação a out­ros tipos de filmes. Aqui não só temos cenas de fuga a pé, que é sim­ples­mente eletrizante, mas tam­bém com uma bici­cle­ta andan­do em alta-veloci­dade, e pas­men, um car­ro cor­ren­do a toda veloci­dade na rua sendo ata­ca­do por um zumbi (que segun­do o Mak­ing Of não uti­li­zou dublê nes­ta cena perigosa). A com­plex­i­dade destas cenas é um cam­po pouco explo­rado no mun­do do stop-motion, que trouxe uma enorme riqueza para este filme.

    Para­nor­man é um lon­ga rec­hea­do de boas refer­ên­cias, prin­ci­pal­mente de filmes de ter­ror e de zumbis, e ain­da se propõe a tratar de um tema tão abstra­to, e muitas vezes tabu, que é a para­nor­mal­i­dade, e todos os seus sinôn­i­mos, depen­den­do das crenças de cada um. Além dis­so ele não subes­ti­ma em nen­hum momen­to o espec­ta­dor, muito menos o públi­co infan­til, sendo real­mente um filme de ter­ror sobre zumbis com uma temáti­ca leve e comovente sobre amizade e a aceitação em ser difer­ente de um padrão.

    No YouTube há um canal ofi­cial do Para­Nor­man onde tem muito mate­r­i­al extra, não só de Mak­ing Of do filme (como a cri­ação do Nor­man e tam­bém de uma lâm­pa­da do cenário) e tam­bém falan­do um pouco dos dire­tores e da própria Lai­ka, mas tam­bém out­ros vídeos engraça­dos com os per­son­agens do filme, como a Olimpía­da de Zumbis, ou então uma aula de como falar a lín­gua dos zumbis.

    Trail­er:

    Mak­ing Of:

    Nor­man:
    http://www.youtube.com/watch?v=mcESvy3XRis

    Con­stru­in­do uma lâm­pa­da do cenário:
    http://www.youtube.com/watch?v=vZyB1CaCBaE
    Olimpía­da de Zumbis:
    http://www.youtube.com/watch?v=qctRKfl7FS0
    Falan­do a lín­gua dos Zumbis:
    http://www.youtube.com/watch?v=V62mYl8dHN0

  • Cafeka

    Cafeka

    Atire a primeira pedra aque­le ou aque­la que ten­ha um tan­to de vício no café e até hoje não se sen­tiu meta­mor­fos­ea­do após goles da bebi­da mág­i­ca. Embar­can­do nes­sa, dig­amos, pre­mis­sa de que o café — e até a fal­ta dele — pode causar as mais diver­sas sen­sações e jun­tan­do ideias de Kaf­ka, com mui­ta imag­i­nação, que o cur­ta Cafe­ka (Brasil, 2011) traz uma meta­mor­fose inusitada.

    O roteiro de Cafe­ka é a meta­mor­fose de seres impreg­na­dos em copos — aque­les clás­si­cos de iso­por — de café. Estes seres surgem jus­ta­mente com gotas recém saí­das de uma cafeteira expres­sa e vão se meta­mor­fos­e­an­do em muitas out­ras fig­uras que estão aparente­mente pre­sas ness­es copos e dese­jam sair e cri­ar vida. Os sen­ti­dos de mutação e trans­for­mação são expos­tos de for­ma magis­tral insin­uan­do, de for­ma muito cria­ti­va, a demên­cia do uso abu­si­vo do café.

    Uma viagem que pode até ser non­sense para os poucos não apre­ci­adores da bebi­da mág­i­ca, mas que mes­mo assim não deixa de ser inter­es­sante. Cafe­ka é um stop-motion impecáv­el que mostra 400 copos em ple­na trans­for­mação inspi­ra­da na obra mais con­heci­da de Franz Kaf­ka, A Meta­mor­fose. A ani­mação lev­ou quase um ano para ser fei­ta e envolveu uma boa equipe orga­ni­za­da pelo estú­dio Alo­pra, de Por­to Ale­gre.

    Con­fi­ra o site da Alo­pra Estú­dio e fotos do Mak­ing Of de Cafe­ka.

  • A Tragédia Shakespearina (Uma Comédia)

    A Tragédia Shakespearina (Uma Comédia)

    Crises cria­ti­vas são mais que comuns para quem tra­bal­ha com pro­duções, seja o seg­men­to que for. Difí­cil mes­mo é imag­i­nar um escritor como Shake­speare em ple­na crise cria­ti­va ao escr­ev­er o clás­si­co Romeu e Juli­eta. E com essa ideia, a ani­mado­ra Anna Cohen hom­e­nage­an­do o enig­máti­co escritor, deu uma for­ma diver­ti­da ao A Tragé­dia Shake­spea­ri­na (Uma Comé­dia) sobre o impasse do autor em relação a decisão das vidas do casal mais con­heci­do das tragé­dias Shakespearianas.

    Em um quar­to reple­to de refer­ên­cias pop, porém incor­padas em ele­men­tos medievais, o escritor amas­sa papéis, um atrás do out­ro. A difi­cul­dade de Shake­speare em finalizar mais uma história de amor está o deixan­do impa­ciente. Ao sen­tar nova­mente em sua mesa nota que o casalz­in­ho cria vida em for­ma de bonecos pal­i­tos, dan­do sug­estões para que o escritor final­mente dê fim a peça. Sug­erindo situ­ações, algu­mas além da sua época, os bonecos pas­seiam por alguns finais prováveis, mas o escritor procu­ra algo além do sen­so comum.

    A Tragé­dia Shake­spea­ri­na (Uma Comé­dia) é ani­ma­do em stop-motion clás­si­co e em Flash, crian­do for­ma como tra­bal­ho final da dire­to­ra na for­mação pela Emu­na Col­lege, em Jerusalém. A téc­ni­ca é tra­bal­ha­da de for­ma sim­ples e a ani­mação tem alguns detal­h­es bem car­i­catos para dar for­ma diver­ti­da ao desen­ro­lar da crise como por exem­p­lo um car­taz, na frente da mesa, com uma pin-up medieval, dan­do um cli­ma bas­tante irôni­co e atem­po­ral. O cur­ta é uma diver­ti­da hom­e­nagem ao 395º aniver­sário de uma das fig­uras mais enig­máti­cas da história da Literatura.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=V2CjZgjLKNw

  • Vincent

    Vincent

    Tim Bur­ton é um dos maiores ani­madores da atu­al­i­dade, além de ser um cineas­ta que enche os olhos dos espec­ta­dores com filmes de real­is­mo-fan­tás­ti­co sen­sa­cionais. Declar­a­do fã de clás­si­cos ani­madores, como Jan Svankma­jer e Irmãos Quay, foi com Vin­cent (1982) que, com a téc­ni­ca stop-motion, deu iní­cio a um esti­lo úni­co que o mar­caria com o jeito ¨bur­tiano¨ de ani­mação.

    Vin­cent é a declar­ação fiel da admi­ração de Tim Bur­ton com o escritor amer­i­cano Edgar Allan Poe. O cur­ta con­ta a história do meni­no extra­ordinário Vin­cent que pref­ere trans­for­mar cães em zumbis e viv­er na escuridão do que brin­car lá fora. Parece que o próprio Tim Bur­ton rela­ta as suas exper­iên­cias com a obra de Poe trazen­do uma cri­ança anti­s­so­cial e fasci­na­da pelo bizarro. A nar­ra­ti­va em off é fei­ta pela clás­si­co ator Vin­cent Price, o ator que mais inter­pre­tou os per­son­agens do escritor amer­i­cano no cin­e­ma. E as coin­cidên­cias não param por aí, o ani­mador usou ain­da a métri­ca e rit­mo das poe­sias, trazen­do uma sonori­dade úni­ca, sem deixar de men­cionar a semel­hança físi­ca do pequeno Vin­cent com o escritor.

    Real­mente, com Vin­cent já se perce­bia o que viria pos­te­ri­or­mente nos tra­bal­hos do cineas­ta que traria a atmos­fera fan­tás­ti­ca, e muitas vezes assus­ta­do­ra, do cin­e­ma e da ani­mação, desta­can­do sem­pre a lit­er­atu­ra real­ista-fan­tás­ti­ca e ele­men­tos dos clás­si­cos filmes de hor­ror do íni­cio do sécu­lo. Tim Bur­ton é de auto­ria e fan­ta­sia indis­pen­sáveis na vida de qual­quer cinéfilo.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=QkmKhd_h3lk

  • Dimensões do Diálogo

    Dimensões do Diálogo


    A ani­mação em stop-motion é uma das mais anti­gas téc­ni­cas da história do cin­e­ma. Ela já fora usa­da nas primeiras décadas em filmes como Viagem à Lua e King Kong, quan­do a séti­ma arte ain­da dava seus primeiros pas­sos. Mas, alguns artis­tas foram fun­da­men­tais para o desen­volvi­men­to desse proces­so, e na déca­da de 60, Jan Svankma­jer surge como expoente da mis­tu­ra de stop-motion com sur­re­al­is­mo críti­co. Neste seu cur­ta-metragem, Dimen­sões do Diál­o­go (Dimen­sions of Dia­logue, Repúbli­ca Tcheca, 1982), ele faz uma forte críti­ca aos prob­le­mas de comu­ni­cação numa sociedade onde cada um quer que prevaleça suas próprias ideias.

    Por um momen­to esqueça nomes como Tim Bur­ton, Ter­ry Gillian ou Irmãos Quay quan­do ouvir falar de ani­mações em stop-motion ou sur­re­al­is­tas. Jan Svankma­jer é o nome chave que rep­re­sen­ta todos ess­es ide­al­izadores de ani­mações atu­ais. Ele foi, e é ain­da, uma forte influên­cia para todos que dão vida ao que a primeira vista parece ser impos­sív­el de ser ani­ma­do. Em Dimen­sões do Diál­o­go, o cur­ta é divi­di­do numa trilo­gia fan­tás­ti­ca: Fac­tu­al , Pas­sion­ate e Exhaust­ing, todos foca­dos no diál­o­go e na difi­cul­dade de comu­ni­cação nas relações humanas. O dire­tor se uti­li­zou dos mais diver­sos mate­ri­ais, des­de veg­e­tais até escul­turas em bar­ro, e todos os ele­men­tos fun­cionam em taman­ha har­mo­nia que é impos­sív­el vê-los como sim­ples objetos.

    O ambi­ente som­brio que vê-se hoje em Tim Bur­ton, com ele­men­tos kafkianos e com tendên­cias fortes em Edgar Allan Poe, vê-se já nas primeiras ani­mações de Svankma­jer, que con­segue dar vida aos obje­tos e mate­ri­ais que aos olhos não treina­dos são sim­ples­mente inertes. O dire­tor não poupa críti­cas uti­liza o uni­ver­so sur­re­al­ista como uma óti­ma des­cul­pa para criticar os tabus da sociedade. Dimen­sões do Diál­o­go é um dos seus mais incríveis tra­bal­hos, mostran­do que o egoís­mo é um fator forte na má comu­ni­cação das relações.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=ocj4-y6sc9o&feature=related

    httpv://www.youtube.com/watch?v=YaMIR7uRTLo&feature=related

  • Guy Walks Across America

    Guy Walks Across America

    Guy Walks Across America

    Guy Walks Across Amer­i­ca, da pro­du­to­ra amer­i­cana Con­scious Minds, é uma ani­mação ousa­da que traz um homem atrav­es­san­do os E.U.A. em menos de 2 min­u­tos. O cur­ta se trans­for­mou em um viral, patroci­na­do pela empre­sa de jeans Levi’s, que fez muito suces­so pela sua cria­tivi­dade e técnicas.

    Há muito tem­po que o ter­mo ani­mação não des­igna mais somente filmes com desen­ho ani­ma­do (clás­si­cos ou em 3D) ou sobre dar vida a seres fan­tás­ti­cos. O pix­i­la­tion é uma ram­i­fi­cação do stop-motion, que ani­ma jus­ta­mente coisas que já exis­tem no mun­do real, tais como seres humanos, ani­mais e obje­tos, lhes dan­do uma veloci­dade própria.

    Vale a pena con­ferir o mak­ing of da pro­dução de Guy Walks Across Amer­i­ca. Os dire­tores expli­cam de que for­ma tiver­am que adap­tar as idéias ini­ci­ais as difi­cul­dades encon­tradas para que a ani­mação fun­cionasse. Os equipa­men­tos em uso foram sim­ples o que deixa um gos­to de empol­gação em tam­bém cri­ar um tra­bal­ho assim.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=lzRKEv6cHuk

    httpv://www.youtube.com/watch?v=cp8t27oT_ww

  • A Flor Mais Grande do Mundo

    A Flor Mais Grande do Mundo

    Que Sara­m­a­go escrevia tex­tos tocan­do fun­do nas questões humanas, não é nen­hu­ma novi­dade. O por­tuguês, mor­to em jun­ho desse ano, cri­a­va ficções que brin­cavam e sim­ulavam, com belas metá­foras, a sociedade e o com­por­ta­men­to humano.  No ini­cio da déca­da de 70, ain­da no começo da car­reira, foi con­vi­da­do para escr­ev­er algo para cri­ança, e mes­mo temeroso do resul­ta­do, escreveu A flor mais grande do mun­do.

    O con­to infan­til, que faz sen­ti­do em qual­quer idade, rela­ta um meni­no curioso que desco­bre uma flor, em um vazio enorme, prestes a mor­rer de sede. Eis que o meni­no não se con­for­ma em ape­nas vê-la naque­la situ­ação. Sara­m­a­go ini­cia a nar­ra­ti­va já deixan­do claro que não tem o dom de con­tar histórias para os pequenos, pois existe uma neces­si­dade de se falar a lín­gua deles, em con­tar algo que lhes toque. Mas é impos­sív­el não ser toca­do pela belís­si­ma e sen­sív­el nar­ra­ti­va. Um dos pon­tos mais bacanas é a pro­pos­ta do escritor para que todos ree­screvam a história do seu jeito fazen­do que ela pos­sa con­tin­uar andan­do pelo mun­do nas mais diver­sas lin­gua­gens e estilos.

    Em 2006, o dire­tor galeano Juan Pablo Etchev­er­ry deu vida para o con­to de Sara­m­a­go, crian­do uma col­ori­da e boni­ta ani­mação em Plas­tili­na, uma vari­ação da ani­mação em stop-motion com mate­ri­ais maleáveis.

    Em 2009 Sara­m­a­go comen­tou sobre o cur­ta e con­to no seu blog.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=-KTL94Rl7CI

  • Minhocas

    Minhocas

    minhocas

    Nem sem­pre os adul­tos estão prepara­dos para respon­der as per­gun­tas, muitas vezes óbvias, das cri­anças. Em Min­ho­cas (2006), de Pao­lo Con­ti, Junior é uma peque­na min­ho­ca que até hoje não teve respostas conc­re­tas sobre seus ques­tion­a­men­tos e um dia, durante o almoço, resolve final­mente faz­er a per­gun­ta der­radeira, afi­nal, por que é proibido cavar para cima?

    A ani­mação, recomen­da­da para todas as idades, traz o ques­tion­a­men­to sobre o por quê das coisas, sendo uma espé­cie de filosofia ani­ma­da. Abor­dan­do prin­ci­pal­mente a difi­cul­dade dos adul­tos em explicar sobre o que fazem, quan­do são per­gun­ta­dos pelos pequenos, pois eles mes­mos mal enten­dem o real motivo.

    Min­ho­cas, foi ani­ma­do em stop-motion e gan­hou, entre out­ros prêmios, o Juri Infan­til do Ani­ma­Mun­di 2006. Esta em fase de desen­volvi­men­to um lon­ga basea­do no cur­ta, uti­lizan­do a mes­ma téc­ni­ca de ani­mação, feito inteira­mente por brasileiros. Veja tam­bém o site da pro­dução Min­ho­cas — O Filme.

  • PAX

    PAX

    pax

    A intol­erân­cia está pre­sente em todos os con­vívios soci­ais. Guer­ras e con­fli­tos gerais surgem a par­tir desse sen­ti­men­to, e as relações reli­giosas cos­tu­mam estar no núcleo dis­so tudo. O cur­ta metragem Pax (2005), do dire­tor curitibano Paulo Munhoz, traz de for­ma bem humora­da, sar­cás­ti­ca e por vezes, muito próx­i­ma da ver­dade, um fic­tí­cio encon­tro entre alguns rep­re­sen­tantes reli­giosos mundiais.

    Pax é uma ani­mação em stop-motion, bem detal­ha­da, trazen­do rep­re­sen­tantes bem car­i­catos, das prin­ci­pais religiões atu­ais que se reunem para dis­cu­tir quais as pos­síveis soluções para que o caos não reine no mun­do atu­al. Obvi­a­mente uma reunião dessas é cheia de dis­cussões fer­vorosas com cada um defend­en­do seu pon­to de vista. Paulo Munhoz colo­cou boas dos­es de sar­cas­mo e críti­cas à sociedade mod­er­na neste cur­ta vence­dor de vários prêmios nacionais e internacionais.

  • Historietas Assombradas (para crianças malcriadas)

    Historietas Assombradas (para crianças malcriadas)

    Historietas Assombradas Para Crianças Malcriadas

    Talvez hoje as tradições orais não sejam mais tão inter­es­santes como eram há algum tem­po atrás. Mor­ríamos de medo do Saci, dos fan­tas­mas de lugares aban­don­a­dos, do Bicho Papão ou qual­quer um dos inúmeros seres estran­hos que somente as avós (bem vel­hin­has) sabi­am traz­er para nos­so imaginário.

    Em His­to­ri­etas Assom­bradas (para cri­anças mal­cri­adas) (2005), o ani­mador e ilustrador brasileiro Vic­tor-Hugo Borges traz a história de uma avó, um tan­to quan­to macabra, que já não sabe que histórias con­tar para faz­er a neta, teimosa e mima­da, dormir.

    Um stop-motion com 3D que demon­stra as níti­das refer­ên­cias com Tim Bur­ton e alguns tons de histórias de ter­ror do cin­e­ma Noir.

    His­to­ri­etas Assom­bradas (para cri­anças mal­cri­adas) gan­hou vários prêmios e Vic­tor-Hugo Borges tem um grande número de out­ras ani­mações exce­lentes. O cin­e­ma de cur­ta-metra­gens de ani­mação brasileiro, é con­sid­er­a­do hoje um dos mel­hores no mundo.

    Veja tam­bém o Myspace do Vic­tor-Hugo Borges.

  • Crítica: Mary e Max

    Crítica: Mary e Max

    Crítica: Mary e Max

    Diz-se que a solidão seja o mal do sécu­lo 21, e talvez seja. A informa­ti­za­ção e a glob­al­iza­ção facili­tam que nos sin­ta­mos menos soz­in­hos no mun­do, mas será mesmo?

    Somente em abril desse ano Mary and Max (Mary and Max, Aus­trália, 2009) estre­ou no país, mas a ani­mação em stop-motion já está rodan­do pela inter­net há meses, afi­nal a sua estréia ¨ofi­cial¨ acon­te­ceu há mais de um ano. Infe­liz­mente filmes (e ani­mações) não pro­duzi­dos por grandes estú­dios sofrem esse ¨atra­so¨ para chegar nas telas brasileiras, quan­do não são lança­dos somente em DVD.

    A ani­mação é cheia de pecu­liari­dades da vida adul­ta e é genial, diga-se de pas­sagem. O diretor/roteirista Adam Elliot deu vida a dois per­son­agens que ten­ho certeza que vão per­manecer na memória de qual­quer um que assista. Sep­a­ra­dos por uma dis­tân­cia de 2 con­ti­nentes, os per­son­agens pode­ri­am ser qual­quer um de nós. Mary é uma garot­in­ha de 8 anos, gordinha e solitária. Ela é tão soz­in­ha que tem um galo como ani­mal de esti­mação e mora no sub­úr­bio de Mel­bourne na Aus­trália. Já Max Horowitz é um obe­so judeu de 44 anos que sofre da Sin­drome de Asperg­er (um tipo de autismo), tem fobia de pes­soas e mora na caóti­ca Nova Iorque. Os dois tro­cam car­tas e desen­volvem uma amizade inco­mum que dura des­de a infân­cia de Mary e per­manece, mes­mo com altos e baixos, por 22 anos. A tro­ca de exper­iên­cias e de acon­tec­i­men­tos que aparente­mente são banais tor­nam-se chave para que um ajude muito o out­ro, mes­mo sem se dar con­ta disso.

    O filme explo­ra a neces­si­dade de aceitação e amor, inde­pen­dente de quão difer­entes somos da maio­r­ia. Para Mary and Max o mun­do é estran­ho e difer­ente, e é jus­ta­mente esse sen­ti­men­to de desa­lo­ja­men­to e solidão que movi­men­ta as ima­gens mar­cantes do filme. Ambos não enten­dem porquê as pes­soas são com­pli­cadas e o porquê o mun­do parece tão ente­di­ante para aque­les que prestam atenção demais nos detalhes.

    A ani­mação é impecáv­el e os detal­h­es são cria­tivos. Fique aten­to para a refer­ên­cia dada a clás­si­ca per­son­agem de Audrey Hep­burn, em Bonequin­ha de Luxo, para mostrar uma noite melancóli­ca na Nova Iorque de Max. Há dois mun­dos trata­dos ali, a Aus­trália de Mary escu­ra em tons de mar­rom e a Nova Iorque em tons de pre­to, bran­co e cin­za. Afi­nal, nada mel­hor que estas cores para retratar a solidão e a dis­tân­cia. Em muitos momen­tos há obje­tos e detal­h­es em ver­mel­ho para dar destaque e sim­bolo­gia às cenas, sem con­tar a ilu­mi­nação e os enquadra­men­tos que reforçam ao espec­ta­dor a dis­tân­cia exis­tente entre os dois per­son­agens. Destaque para o nar­rador, Bar­ry Humphries, que dá mais sig­nifi­ca­do a história.

    A tra­ma é cheia de sin­gu­lar­i­dades que metaforizam situ­ações engraçadas e muitas vezes irôni­cas do cotid­i­ano. Inqui­etações como a de Mary sobre de onde vêm os bebês dá origem à tro­ca de car­tas e, ain­da, as expli­cações sobre a vida e amor que Max dá em suas car­tas nos fazem enten­der como tor­namos banais as peque­nas situ­ações diárias.

    Aliás, o enre­do nos remete muito a filmes como O fab­u­loso des­ti­no de Amélie Poulain, de Jean Pierre Jeunet, com dis­cussões sobre a sim­pli­ci­dade necessária das relações. A atmos­fera lem­bra muito as ani­mações de Tim Bur­ton, prin­ci­pal­mente a história de Vin­cent Mal­loy. Mas Elliot vai mais a fun­do tratan­do de per­son­agens mais reais e sim­plórios à primeira vista, mas com uma bagagem extrema e tocante quan­do obser­va­dos de per­to. O próprio dire­tor rela­ta que escreveu o roteiro basea­do numa exper­iên­cia pes­soal com um ami­go que man­teve con­ta­to por mais de 20 anos.

    Muito se comen­ta que os filmes em 3D tomarão con­ta do mer­ca­do, mas eu dis­cor­do, ain­da mais com lança­men­tos de pelícu­las tão boas em out­ros for­matos nos últi­mo anos. Nomes como Jan Svankma­jer, Tim Bur­ton e Michel Gondry vêm provan­do que o méto­do man­u­al encan­ta muito. Mes­mo sus­pei­ta a falar, sendo uma apaixon­a­da por stop-motion, devo diz­er que Mary and Max já é uma das grandes pro­duções feitas nos últi­mos tem­pos, tan­to tec­ni­ca­mente quan­to com o belís­si­mo e tocante roteiro.

    ¨As pes­soas, as vezes, me con­fun­dem. Mas ten­to não me pre­ocu­par com elas¨ (Max Horowitz)

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=KPULUwu0Wm8