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  • Istambul – Memória e Cidade, de Orhan Pamuk | Livro

    Istambul – Memória e Cidade, de Orhan Pamuk | Livro

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    Capa do livro pela Com­pan­hia das Letras

    Nos últi­mos meses, o mun­do tem con­heci­do o poder da mobi­liza­ção pop­u­lar na Turquia, onde protestos reuni­ram quase 2,5 mil­hões de pes­soas. As cidades de Istam­bul e Ancara, esta últi­ma a cap­i­tal do país, con­cen­tram o maior número de atos de protesto con­tra o gov­er­no vigente. No Brasil, a situ­ação não tem sido difer­ente e, à semel­hança do que vêm acon­te­cen­do na Turquia, os movi­men­tos pop­u­lares estão sendo dura­mente reprim­i­dos por gov­er­nos autoritários e coercitivos.

    Antes dess­es impor­tantes acon­tec­i­men­tos soci­ais e políti­cos, a grande maio­r­ia dos brasileiros teve o primeiro con­ta­to com a cul­tura tur­ca através da afe­ta­da nov­ela glob­al Salve Jorge, com suas dançari­nas de olhos mar­ca­dos, cenários hiper­boli­ca­mente exóti­cos e uma pop­u­lação “arabesca”, bem ao gos­to dos fetich­es oci­den­tais. Diminuir a importân­cia de uma cul­tura transformando‑a em pro­du­to das indús­trias cul­tur­ais tem sido uma práti­ca incan­sáv­el de veícu­los de entreten­i­men­to e comu­ni­cação, bem como de insti­tu­ições sacra­men­tadas, que usam tudo o que podem para angari­ar lucros e difundir ideologias.

    Feliz­mente, não foi dessa vez que eu despen­quei no abis­mo desse esque­ma, pois meu inter­esse pela cul­tura tur­ca remete aos meus treze anos de idade, quan­do escutei pela primeira vez a músi­ca “Şımarık”, do can­tor e per­former Tarkan. De lá para cá, ten­ho sido guia­da por uma espé­cie de “mão invisív­el do des­ti­no” para tudo o que faz refer­ên­cia à Turquia: fiz grandes ami­gos em Istam­bul, Ancara, İzmir e Amas­ra, come­cei a apren­der a lín­gua do país e procu­rar por escritores, poet­as e músi­cos tur­cos. Foi assim que me deparei com Istam­bul – Memória e Cidade (orig­i­nal İst­anb­ul: Hatıralar ve Şehir), exten­so romance memo­ri­al­ista de Orhan Pamuk, primeiro escritor tur­co a rece­ber o Prêmio Nobel de Lit­er­atu­ra (ano de 2006). A edi­to­ra Com­pan­hia das Letras lançou a pub­li­cação brasileira em 2007, com tradução de Ser­gio Flaks­man e basea­da na tradução ingle­sa da obra, assi­na­da por Mau­reen Freely.

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    Orhan Pamuk

    As memórias auto­bi­ográ­fi­cas de Orhan Pamuk se mis­tu­ram a relatos de via­jantes oci­den­tais famosos, escritores tur­cos imer­sos em ruí­nas e tris­tezas e acon­tec­i­men­tos que mar­caram para sem­pre o coração da cidade mais famosa da Turquia. O livro é um apan­hado detal­ha­do da vida em Istam­bul com todas as suas belezas e decadên­cias, onde as ruas estão cer­cadas pelas man­sões dos anti­gos paxás, com­ple­ta­mente destruí­das pelo fogo e pelo tem­po; famílias ric­as dese­jam a qual­quer cus­to osten­tar uma imagem oci­den­tal­iza­da, desprezan­do tudo o que faz refer­ên­cia ao império otomano ou às tradições ori­en­tais. Entre citações de escritores tur­cos como Yahya Kemal, Reşat Ekrem Koçu, Ahmet Ham­di Tan­pı­nar e Ahmet Rasim, famosos por descreverem detal­h­es que até mes­mo uma boa parte dos “Istan­bul­lus” descon­hece, o pre­mi­a­do memo­ri­al­ista dá ao leitor um panora­ma ger­al da cidade que o viu nascer e crescer, capaz tam­bém de des­per­tar sen­ti­men­tos contraditórios.

    Orhan Pamuk nasceu em 1952, den­tro de uma família bur­gue­sa que entra­va grada­ti­va­mente em ruí­na finan­ceira. Jun­to com seu irmão mais vel­ho, Orhan cresceu rodea­do por par­entes e pela pre­sença autoritária da avó pater­na. Ape­sar das inten­sas dis­putas inter­nas pela posse de pro­priedades e bens, tios, tias, mães, pais, irmãos, sobrin­hos e avó se reu­ni­am na mesa de jan­tar e sus­ten­tavam as aparên­cias. Segun­do descrição con­ti­da no livro, esse tipo de com­por­ta­men­to inco­mo­da­va o escritor des­de pequeno, mas só ao pon­to de não inter­ferir em seu próprio mun­do. As brigas ger­adas no seio do Edifí­cio Pamuk trazi­am à tona a real­i­dade de uma sociedade des­gas­ta­da, arru­ina­da pelas mudanças que se oper­avam na ten­ta­ti­va de apa­gar o pas­sa­do, impon­do uma vida oci­den­tal­iza­da para esque­cer as ori­gens. A família Pamuk não era reli­giosa e não fix­a­va seus princí­pios em segui­men­tos tradi­cionais de obe­diên­cia cega, o que deixou espaço para um desen­volvi­men­to int­elec­tu­al e pes­soal maior. Orhan e seu irmão vivi­am no con­for­to de car­ros impor­ta­dos, esco­las caras e pas­seios famil­iares ao Bós­foro, desta­ca­do pelo autor como parte cen­tral da vida de qual­quer habi­tante de Istambul.

    Pintura de Melling, do livro "Voyage pittoresque de Constantinople et des rives du Bosphore"
    Pin­tu­ra de Melling, do livro “Voy­age pit­toresque de Con­stan­tino­ple et des rives du Bosphore”

    O livro vem reple­to de fotografias em pre­to e bran­co – exata­mente como o autor con­cebe a cidade -, além de traz­er um min­u­cioso tra­bal­ho de pesquisa. Para falar a ver­dade, Orhan Pamuk colo­ca para fora toda a obsessão de memo­ri­al­ista que o persegue, com 408 pági­nas de uma trav­es­sia lenta, melancóli­ca e silen­ciosa, escri­ta em tons de cin­za. Para o “olhar oci­den­tal”, é inter­es­sante con­hecer as impressões que o fab­u­loso pin­tor Antoine Ignace Melling teve de Istam­bul, através das ima­gens de suas obras repro­duzi­das no livro. Destaque tam­bém para comen­tários de Pamuk aos difer­entes relatos dos france­ses Gerárd de Ner­val, Theóphile Gau­ti­er e Gus­tave Flaubert sobre Istam­bul, influ­en­cian­do dire­ta­mente autores turcos.

    Orhan Pamuk
    Orhan Pamuk

    É inegáv­el a destreza e segu­rança com que Pamuk expõe as nuances que car­ac­ter­i­zam a sua cidade, procu­ran­do faz­er para­le­los com sua vida pes­soal. No decor­rer das pági­nas, o leitor tam­bém se depara com fotos do arqui­vo famil­iar, mostran­do Orhan e seu irmão pequenos, assim como os par­entes em ger­al. Par­tic­u­lar­mente, tive a sen­sação de que as palavras do autor trazem uma car­ga de melan­co­l­ia, con­fir­ma­da ain­da mais pelas fotografias das ruas cinzen­tas, degradadas e pouco ilu­mi­nadas de Istam­bul, assim como pelo triste olhar da mãe de Orhan, mul­her lindís­si­ma e de embaraço melancóli­co, eterniza­do pela imo­bil­i­dade fotográfica.

    Assim como o Brasil tem a palavra “Saudade” como um vocábu­lo úni­co, os “Istan­bul­lus” têm o ter­mo “Hüzün” para definir a inten­sa melan­co­l­ia que sen­tem. A importân­cia dessa palavra é tão grande para enten­der os sig­nifi­ca­dos da cidade que Pamuk dedi­cou um capí­tu­lo inteiro para esmi­uçar as mais difer­entes acepções para o ter­mo. Essa ‘tris­teza’ reflete uma rup­tura, um far­do cul­tur­al enorme, uma exper­iên­cia espir­i­tu­al que ultra­pas­sa o entendi­men­to e se trans­for­ma em poe­sia diária de quem res­pi­ra o ar do Bós­foro e cam­in­ha pelas ruas de casas de madeira queimadas, anti­gas mora­dias de paxás e por vielas que divi­dem lugar com ciprestes e cemitérios.

    Pintura de Melling, do livro “Voyage pittoresque de Constantinople et des rives du Bosphore”
    Pin­tu­ra de Melling, do livro “Voy­age pit­toresque de Con­stan­tino­ple et des rives du Bosphore”

    Istam­bul – Memória e Cidade parece ser uma ten­ta­ti­va de retorno e redenção de Orhan Pamuk, já que o próprio autor viveu momen­tos de con­fli­to e negação com relação à cidade. Seja em meio aos momen­tos da infân­cia, brigas de família, iní­cio da vida esco­lar e, anos mais tarde, entra­da desan­i­ma­da na fac­ul­dade de Arquite­tu­ra, Pamuk mostra o lado que per­tence aos ver­dadeiros nativos da cidade em pre­to e bran­co. No meio de tan­tas lem­branças, há tam­bém os estu­dos que o autor real­i­zou para escr­ev­er o livro, o qual­i­fi­ca­do con­hec­i­men­to históri­co que ele apre­sen­ta, a sua desen­f­rea­da bus­ca por arquiv­os públi­cos e tam­bém a par­til­ha de sen­ti­men­tos que mar­caram a sua vida, como a dolorosa sep­a­ração do ambi­ente famil­iar, quan­do começou a fre­quen­tar o colé­gio; sua neces­si­dade de expressão por meio de desen­hos e pin­turas e o inesquecív­el caso de amor que ele teve com uma garo­ta a quem dele­gou um pseudôn­i­mo curioso (Rosa Negra). Lamen­tavel­mente para o autor – e isso fica bem claro no decor­rer desse capí­tu­lo -, o romance não dá cer­to e a cul­pa recai em cima da opção de Pamuk pela arte.

    Barış Akarsu
    Barış Akar­su

    Min­ha exper­iên­cia com a leitu­ra desse livro foi bas­tante pos­i­ti­va, mas pre­ciso men­cionar a vagarosi­dade na sequên­cia de alguns capí­tu­los, que exigem grande esforço de con­cen­tração por parte do leitor, e tam­bém a lacu­na que sen­ti por não perce­ber nen­hum capí­tu­lo ou comen­tário mais detal­ha­do sobre a pro­dução musi­cal de Istam­bul, tão rica e diver­si­fi­ca­da. A Turquia tem pro­duzi­do os mais vari­a­dos tipos de músi­ca, e eu não pode­ria deixar de enfa­ti­zar o instru­men­tista Hüs­nü Şen­lendiri­ci que, a propósi­to, tem uma com­posição belís­si­ma chama­da  İst­anb­ul İst­anb­ul Olalı, e o fab­u­loso can­tor e per­former Barış Akar­su, vence­dor da série tele­vi­si­va Akade­mi Türkiye (Acad­e­mia Tur­ca), em 2004, com a inter­pre­tação prodi­giosa da músi­ca Islak Islak. Barış tam­bém atu­ou na série Yalancı Yarim (algo como “meu amante men­tiroso” ou ain­da “metade men­tiroso”), atingin­do um suces­so estron­doso até sua morte, aos 28 anos, viti­ma­do por um aci­dente de carro.

    Pintura de Melling, do livro “Voyage pittoresque de Constantinople et des rives du Bosphore”
    Pin­tu­ra de Melling, do livro “Voy­age pit­toresque de Con­stan­tino­ple et des rives du Bosphore”

    Como entu­si­as­ta da pro­dução cul­tur­al da Turquia, e sem esque­cer da importân­cia de Pamuk para a lit­er­atu­ra tur­ca como o autor mais ven­di­do do país, com obras traduzi­das para mais de sessen­ta lín­guas, recomen­do a leitu­ra de Istam­bul – Memória e Cidade porque, muito mais do que uma viagem ao pas­sa­do, essa obra con­strói pontes que, ao invés de dis­tan­cia­rem, aproximam.

  • Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera | Livros

    Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera | Livros

    Daniel Galera em seu quar­to romance, Bar­ba Ensopa­da de Sangue (Com­pan­hia das Letras, 2012), é pro­tag­on­i­za­do por um “homem forte e silen­cioso” como diria Tony Sopra­no. Assim como em Mãos de Cav­a­lo e Até o Dia que o Cão Mor­reu, temos uma nar­ra­ti­va onde a vio­lên­cia surge no cotid­i­ano con­fortáv­el da classe média. 

    Após o suicí­dio do pai, o pro­tag­o­nista decide viv­er um ano em Garopa­ba para se dedicar como instru­tor em uma acad­e­mia da região e se iso­lar de sua cidade natal, Por­to Ale­gre. Ao seu lado, temos a cachor­ra Beta, que per­ten­cia ao seu pai e que ele se recu­sou a sacrificar. 

    Diag­nos­ti­ca­do com uma doença neu­rológ­i­ca rara que o impos­si­bili­ta de guardar na memória o próprio ros­to e o das pes­soas com quem vem a se rela­cionar, o pro­tag­o­nista leva con­si­go um álbum de retratos para lem­brar-se do ros­to dos ami­gos, da família e inclu­sive da sua própria face. 

    Eis um dos mis­térios do romance: Na con­ver­sa que teve com seu pai quan­do esse o infor­ma que ira tirar a própria vida, fica saben­do que seu avô, Gaudério, acabou se isolan­do na cidade de Garopa­ba nos anos 1960 e dev­i­do ao seu com­por­ta­men­to vio­len­to foi assas­si­na­do a facadas por vários nativos e seu cor­po nun­ca foi encon­tra­do. Desco­brir o que real­mente acon­te­ceu com ele é uma de suas metas, mes­mo que isso pos­sa colo­car sua vida em risco. 

    Daniel Galera
    Daniel Galera atingiu um nív­el téc­ni­co muito alto nesse romance real­ista e ambi­cioso, com per­son­agens fortes e caris­máti­cos (vide Bonobo, o bud­ista nada orto­doxo), descrições ric­as em detal­h­es, e parece jus­ti­ficar a razão do seu nome estar em voga ape­nas com a qual­i­dade da sua nar­ra­ti­va. O livro tem muitas semel­hanças entre os romances Mãos de Cav­a­lo e Até o Dia que o Cão Mor­reu, mas em nen­hum momen­to o autor está se autoplagiando. 

    Ninguém escol­he nada e mes­mo assim a respon­s­abil­i­dade é nos­sa” diz o per­son­agem prin­ci­pal em uma dis­cussão com a ex-namora­da. O cen­tro do romance tra­ta a questão de livre-arbítrio e deter­min­is­mo, tópi­co estu­da­do por David Fos­ter Wal­lace, uma grande influên­cia do escritor brasileiro e do qual traduz­iu recen­te­mente a coletânea Fican­do Longe do Fato de Já Estar Longe de Tudo.

    Des­de o princí­pio do tra­bal­ho, eu que­ria que o romance explo­rasse de maneira implíci­ta a questão filosó­fi­ca da respon­s­abil­i­dade humana em uma visão de mun­do deter­min­ista, segun­do a qual tudo que acon­tece é ape­nas resul­ta­do inevitáv­el do que acon­te­ceu logo antes. É um assun­to que me inter­es­sa.” Diz o autor em uma entre­vista para o site do Jor­nal do Comércio

    O úni­co pon­to neg­a­ti­vo está no tra­bal­ho grá­fi­co do livro. De longe, uma das piores capas jamais feitas. Fora isso, a tra­ma de mais de 400 pági­nas não é em nen­hum momen­to cansati­va e uma das críti­cas feitas ao livro, da qual ele pode­ria ser menor e menos ver­bor­rági­co, é infundado.

    Bar­ba Ensopa­da de Sangue é um óti­mo romance, mas ain­da é cedo para diz­er qual é sua importân­cia para a lit­er­atu­ra brasileira. Ao mes­mo tem­po vemos uma pro­dução literária nacional dar pas­sos cada vez maiores (antolo­gias, feiras literárias, críti­cos aten­to ao que acon­tece no cenário nacional, etc.), ain­da não sabe­mos no que isso vai dar, pro bem ou pro mal. Ficamos no aguardo.

  • Crítica: Eu Sou o Número Quatro

    Crítica: Eu Sou o Número Quatro

    crítica eu sou o numero quatroDepois do suces­so das histórias român­ti­cas de vam­piros para ado­les­centes, ago­ra talvez se ini­cia um novo nicho a ser explo­rado: aliení­ge­nas. Eu Sou o Número Qua­tro (I Am Num­ber Four, USA, 2011), dirigi­do por D.J. Caru­so, desen­volve sua tra­ma focan­do prin­ci­pal­mente nas difi­cul­dades de aceitação den­tro de uma esco­la e, é claro, em um romance fenom­e­nal — e impos­sív­el — entre dois personagens.

    John Smith (Alex Pet­tyfer) é o dis­farçe do número Qua­tro entre os humanos, que está quase sem­pre acom­pan­hado de seu pro­te­tor Hen­ri (Tim­o­thy Olyphant). Os três primeiros mem­bros de sua raça foram assas­si­na­dos e ele é o próx­i­mo da lista. Enquan­to se esconde na tran­quila cidade Par­adise e vai desco­brindo seus poderes, con­hece a estu­dante Sarah Hart (Dian­na Agron) pela qual logo se apaixona. Mas, logo é local­iza­do pelos inimi­gos e ao lado da número Seis (Tere­sa Palmer), que tam­bém o encon­tra, ten­tam lutar jun­tas para sal­var sua espécie.

    Ape­sar de haver muitas pos­si­bil­i­dades de desen­volvi­men­to em torno do tema de aliení­ge­nas, Eu Sou o Número Qua­tro mal chega a tocar a super­fí­cie delas. Isso tan­to explici­ta­mente quan­to implici­ta­mente, pois muitas vezes o enre­do do filme em si foi mal tra­bal­ha­do, mas a riqueza visu­al ficou incrív­el, como acon­te­ceu por exem­p­lo em O Últi­mo Mestre do Ar. Uma ou out­ra vez se ten­tou faz­er uma refer­ên­cia inteligente ou engraça­da a série Arqui­vo X — que ficou ridícu­la — e a jogos de videogames, mas deixaram e muito a desejar.

    Isso sem falar na cur­va de apren­diza­do do per­son­agem prin­ci­pal que é sim­ples­mente absur­da. Parece que ele sim­ples­mente fez um down­load do pro­gra­ma “super poderes ver­são: número 4”, esti­lo Matrix, e pron­to, já sabia faz­er tudo. E eu acred­i­ta­va que em Per­cy Jack­son e o Ladrão de Raios isso já tin­ha sido bem rápi­do, mas Eu Sou o Número Qua­tro defin­i­ti­va­mente super­ou em questão de veloci­dade. Acred­i­to que este tem­po, a menos que ten­ha algu­ma razão espe­cial para ser difer­ente, é essen­cial para o desen­volvi­men­to da tra­ma do filme e todos os seus indivíduos.

    As atu­ações em Eu Sou o Número Qua­tro são muito fra­cas, a impressão que fica é que não hou­ve uma entre­ga total dos atores em relação a seus per­son­agens, que jun­tan­do ao fato de serem bem super­fi­ci­ais ape­nas piorou a situ­ação. O destaque de pés­si­ma atu­ação vai prin­ci­pal­mente para o ator Tim­o­thy Olyphant — alguém mais achou ele muito pare­ci­do com o Jim Car­rey? — que faz o papel de pro­te­tor de John, as cenas dele se indig­nan­do com algo ficaram engraçadas de tão ruins. Além dis­so, os efeitos espe­ci­ais tam­bém não são nada demais, chegan­do até a cansar um pouco pois você já sabe exata­mente o que esperar.

    Como uma sessão bas­tante pipoca para ado­les­cente ou adul­tos que gostam de tra­mas envol­ven­do prob­le­mas esco­lares e amores eter­nos e impos­síveis, Eu Sou o Número Qua­tro é uma óti­ma opção. Já se você esper­a­va ver algo difer­ente dis­so, nem que fos­se algu­ma cois­in­ha inter­es­sante sobre aliení­ge­nas ou belos efeitos espe­ci­ais, recomen­do forte­mente escol­her out­ro filme ou assi­s­tir a série Smal­l­ville.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=YwkVBUhlDkw

  • Crítica: Elvis e Madona

    Crítica: Elvis e Madona

    crítica elvis e madonaSão poucos os filmes de comé­dia român­ti­ca que con­seguem sair um pouco do padrão do gênero. Elvis e Madona (Brasil, 2010), dirigi­do por Marce­lo Laf­fitte, faz da inver­são de opções sex­u­ais dos per­son­agens prin­ci­pais, o grande chama­riz para o seu lon­ga sair do lugar comum.

    Elvis (Simone Spo­ladore) é uma moto­ci­clista que son­ha em ser fotó­grafo e em uma de suas entre­gas como “moto­girl” de uma piz­zaria, con­hece Madona (Igor Cotrim), uma cabel­ereira que son­ha em pro­duzir um show de teatro. Deste encon­tro inusi­ta­do, entre uma lés­bi­ca e um trav­es­ti, nasce uma história de amor nada convencional.

    Em Elvis e Madona temos todos os clichês das comé­dias român­ti­cas, mas por traz­er essa roupagem difer­en­ci­a­da, con­segue des­per­tar o lado cômi­co deles. Ape­sar dis­so, não traz nada mais inusi­ta­do, ou inteligente, sobre o assun­to. Graças a uma tril­ha sono­ra bem pre­sente e agi­ta­da, muitas situ­ações do lon­ga se tor­nam menos cansativas do que real­mente seri­am se não hou­vesse esse recur­so. Inclu­sive, uma de suas músi­cas é “Reflexo” da ban­da Beep-Polares, que é lid­er­a­da pelo próprio Igor Cotrim.

    O foco do filme é mes­mo a con­strução e o desen­volvi­men­to do amor entre esse dois per­son­agens, sem faz­er qual­quer ques­tion­a­men­to ou apro­fun­da­men­to em relação a opção sex­u­al de cada um deles. Ape­sar de em pou­cas cenas de Elvis e Madona haver um pre­con­ceito de out­ros per­son­agens, des­de incom­preen­são á repul­sa ficar mais aparente, essas situ­ações são rap­i­da­mente igno­radas ou concluídas.

    Elvis e Madona é um filme mais para diver­são, bem cin­e­ma pipoca, que ques­tiona com o con­ceito de casal mais usu­al, além é claro de tam­bém mex­er na feri­da do pre­con­ceito de muitos. Se você esta­va esperan­do algo mais ques­tion­ador e pro­fun­do sobre a questão de gêneros, este não é o lon­ga que você esta­va procurando.

    Após a exibição do filme no 7º Fes­ti­val de Verão do RS de Cin­e­ma Inter­na­cional, hou­ve uma con­ver­sa com o ator Igor Cotrim, que falou um pouco sobre como foi sua preparação para o papel e tam­bém como hou­ve a pre­ocu­pação de não faz­er algo que ficas­se car­i­ca­to ou este­ri­oti­pa­do, além de out­ros detal­h­es sobre a pro­dução do longa.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=SUqDKzzxzgM

  • Crítica: Esposa de Mentirinha

    Crítica: Esposa de Mentirinha

    Comé­dia român­ti­ca é um gênero que Hol­ly­wood gos­ta de inve­stir, prin­ci­pal­mente por ser sua gal­in­ha de ovos de ouro quan­do se tra­ta do públi­co fem­i­ni­no, gen­er­al­izan­do é claro. Esposa de Men­tir­in­ha (Just Go with It, EUA, 2011), dirigi­do por Den­nis Dugan, é mais um filme deste gênero que chama atenção jus­ta­mente pelos seus astros prin­ci­pais, Adam San­dler e Jen­nifer Aniston.

    Dan­ny Mac­cabee (Adam San­dler) é um cirurgião plás­ti­co que há vários anos ado­tou a téc­ni­ca de usar um anel de casa­do fal­so para con­quis­tar as mul­heres. Um dia, quan­do não esta­va usan­do o anel, encon­trou a bela jovem Palmer (Brook­lyn Deck­er), com quem logo se apaixona. A con­fusão começa quan­do ela desco­bre sem quer­er a aliança fal­sa e Dan­ny, para não ter que con­tar a ver­dade, diz que está se sep­a­ran­do e pede para que sua secretária Kather­ine Mur­phy (Jen­nifer Anis­ton) fin­ja ser sua esposa. Mas a cada dia que pas­sa, as men­ti­ras vão aumen­tan­do e mais pes­soas vão se envolvendo.

    Esposa de Men­tir­in­ha seria ape­nas mais uma comé­dia român­ti­ca volta­da prin­ci­pal­mente ao públi­co fem­i­ni­mo, se não fos­se pelo per­son­agem inter­pre­ta­do por Adam San­dler e algu­mas out­ras situ­ações pecu­liares, provavel­mente para tam­bém agradar ao públi­co mas­culi­no. Aliás, o ator ja é con­heci­do pelo seu humor exager­a­do e repet­i­ti­vo e, neste lon­ga, não é diferente.

    Todos os ele­men­tos de um tradi­cional filme de romance amer­i­cano estão pre­sentes em Esposa de Men­tir­in­ha, incluin­do um per­son­agem que ape­sar de canas­trão se mostra um óti­mo pai de família, e onde din­heiro não é um prob­le­ma para ele, prin­ci­pal­mente quan­do se tra­ta de con­quis­tar a sua mul­her ama­da. O roteiro tam­bém é bas­tante pre­visív­el, afir­man­do que tudo sem­pre aca­ba bem, para todos.

    Alguns filmes, ape­sar de serem tam­bém per­tencerem ao mes­mo gênero deste, con­seguiram fugir des­ta fór­mu­la pronta e já muito bati­da. Para citar alguns, temos o recente O Amor e out­ras Dro­gas, que foge das vel­has temáti­cas do esti­lo, Amor à Dis­tân­cia, engraça­do sem ser muito exager­a­do, e por fim Amor por Con­tra­to, com um roteiro e críti­ca ao con­sum­is­mo muito bem elaborados.

    O dire­tor Den­nis Dugan já fez vários tra­bal­hos com o ator Adam San­dler — como Gente Grande e Zohan — O Agente Bom de Corte — e quem gos­ta deste esti­lo, jun­tan­do com o públi­co de Sex and the City, provavel­mente tam­bém gostará de assi­s­tir Esposa de Men­tir­in­ha.

    Par­ticipe tam­bém da Pro­moção Esposa de Men­tir­in­ha e con­cor­ra a con­vites para ver o  filme de graça.

    Out­ras críti­cas interessantes:

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=QmL1mdzS544

  • Crítica: Atração Perigosa

    Crítica: Atração Perigosa

    crítica atração perigosa

    Atração Perigosa (The Town , EUA , 2010) é o segun­do filme dirigi­do pelo ator Ben Affleck, que des­ta vez tam­bém é o pro­tag­o­nista prin­ci­pal e um dos roteiris­tas. Basea­do no livro “O Príncipe dos Ladrões”, de Chuck Hogan, este lon­ga está sendo con­sid­er­a­do um retorno muito bem-suce­di­do, prin­ci­pal­mente como dire­tor, em sua car­reira cinematográfica.

    Doug MacRay (Ben Affleck) é o líder de um grupo de assaltantes de ban­co, da famosa cidade de Charlestown, con­heci­da por abri­gar um grande número desse tipo de ladrão. Durante um assalto, alguém aciona o alarme e eles mudam total­mente os planos decidin­do levar a ger­ente, Claire Keesey (Rebec­ca Hall), como refém. Após lib­ertá-la, desco­brem que ela mora na mes­ma cidade e, como medi­da de segu­rança, Doug começa a segui-la, mas logo em segui­da se vê apaixon­a­do por ela.

    Aqui temos todos os ele­men­tos de um filme de assalto mis­tu­ra­do com romance: o ban­di­do se apaixona por uma mul­her que esta­va envolvi­da num roubo, ele quer largar sua anti­ga vida para começar uma nova com ela, mas para isso pre­cisa praticar um últi­mo ato antes da redenção final. A grande difer­ença de Atração Perigosa é que não há toda aque­la sessão expli­can­do todo o plane­ja­men­to dos assaltos, como em Onze Home­ns e um Seg­re­do e afins, crian­do uma expec­ta­ti­va maior do que poderá acon­te­cer. Além dis­so, o filme tem como méri­to a human­iza­ção dos per­son­agens, os moradores da cidadez­in­ha pare­cem ver­dadeiros caipi­ras mod­er­nos amer­i­canos (será que o dente que­bra­do do Affleck era parte da “maquiagem”?).

    Ape­sar dele se esforçar, é difí­cil se con­vencer com a atu­ação de Ben Afl­leck, prin­ci­pal­mente como um “bru­ta­montes” anti-herói quan­do se está acos­tu­ma­do a ver ele em comé­dias “bonit­in­has”. O mes­mo equiv­ale para o agente do FBI Adam Fraw­ley (Jon Hamm), que parece bem per­di­do em seu papel de poli­cial incan­sáv­el pela ver­dade. Já o resto do elen­co de Atração Perigosa fez um tra­bal­ho muito bom.

    Um pon­to bem inter­es­sante em Atração Perigosa é a enfa­ti­za­ção de que, não impor­ta quão seguro e plane­ja­do seja um sis­tema de segu­rança, o pon­to mais fra­co dele sem­pre será o fator humano. De que adi­anta uma por­ta super espe­cial que só abre com chaves muito especí­fi­cas, se a família de quem tem a chave é ameaça­da e na mes­ma hora o seu deten­tor abre a por­ta? Para quem se inter­es­sa neste tipo de assun­to, recomen­do como leitu­ra o livro A Arte de Enga­nar, de Kevin Mit­nick, que fala jus­ta­mente sobre pes­soas espe­cial­is­tas em tirar van­tagem deste cal­can­har de Aquiles, os engen­heiros soci­ais.

    Ape­sar de Atração Perigosa não pos­suir nada de ino­vador, além de ser bas­tante pre­visív­el, con­segue man­ter a atenção do expec­ta­dor. Para aque­les que gostam de um romance, tam­bém não ficarão de mãos vazias, sendo que boa parte do desen­volvi­men­to da tra­ma é ded­i­ca­do a este gênero.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=xonrn-qqfzw

  • Café Literário: Heloisa Seixas e João Paulo Cuenca

    Café Literário: Heloisa Seixas e João Paulo Cuenca

    O leitor que nun­ca fora seduzi­do por um exce­lente romance, que atire a primeira pedra! Mes­mo que haja con­tro­vér­sias entre os escritores sobre a ¨util­i­dade¨ da leitu­ra, uma coisa é fato: a lit­er­atu­ra causa algu­ma espé­cie de sen­ti­do no leitor, uma ato de sedução ocorre no momen­to ínti­mo da relação leitor e obra. Foi com esse enfoque que os escritores Heloisa Seixas e João Paulo Cuen­ca, debat­er­am A sedução do romance: onde está sua força? no Café Literário, medi­a­do por Luis Hen­rique Pel­lan­da, do dia 09 de out­ubro, na Bien­al do Livro Paraná 2010.

    Heloisa Seixas é car­i­o­ca, romancista, cro­nista, tradu­to­ra e um de seus con­jun­tos de con­tos mais con­heci­dos é Pente de Vênus. A escrito­ra já escreveu con­tos para vários suple­men­tos cul­tur­ais e é casa­da com o escritor Ruy Cas­tro. Já João Paulo Cuen­ca, que tam­bém é car­i­o­ca, faz parte do rol de escritores bem cota­dos e con­tem­porâ­neos. Em breve terá um roteiro adap­ta­do pelo dire­tor Luis Fer­nan­do Car­val­ho e lançou recen­te­mente O úni­co final feliz para uma história de amor é um aci­dente, que faz parte do pro­je­to Amores Expres­sos.

    Os seg­re­dos de um bom romance literário nen­hum escritor con­ta. Já, nós leitores, podemos enu­mer­ar mil­hares de adje­tivos que nos fiz­er­am entor­pecer por deter­mi­na­da obra e/ou per­son­agens. Pen­san­do nes­sa situ­ação de leitor que Luis Hen­rique Pel­lan­da ini­ciou o bate-papo com os dois escritores, afi­nal o que os seduz­iu como leitor para pos­te­ri­or neces­si­dade de escrita?

    Para Heloisa Seixas a respos­ta foi ime­di­a­ta, con­tan­do da sua aprox­i­mação, segun­do ela pre­coce, aos 12 anos com a obra O Pri­mo Basilio, de Eça de Queiroz. Logo em segui­da, rela­ta de for­ma oníri­ca a iden­ti­fi­cação que hou­vera durante a leitu­ra com uma das per­son­agens que acabou a acom­pan­han­do durante cer­to perío­do. Inclu­sive, Heloisa con­ta de out­ras situ­ações em que estes per­son­agens a man­tinham numa real­i­dade onde as ficções, fos­sem de livros ou na TV, man­tinham uma por­ta aber­ta e de diál­o­go que somente ela como leito­ra podia aces­sar. Mas, defin­i­ti­va­mente, afir­ma que se não fos­sem as histórias con­tadas, e a cap­tura de atenção destas, ela jamais seria escrito­ra ou sen­tiria a neces­si­dade de cri­ar suas próprias narrativas.

    João Paulo Cuen­ca diz que Fer­nan­do Sabi­no com Encon­tro Mar­ca­do mudou a sua relação com a lit­er­atu­ra. O escritor con­ta que é um trági­co exis­ten­cial­ista, sem­pre fora assim, e esse livro somente reforçou essa neces­si­dade de ques­tion­a­men­to sen­ti­do des­de da infân­cia. Inclu­sive, ele expli­ca o ato de ler deve ter esse efeito, deve ger­ar um anti-equi­líbrio, um desapren­diza­do. A leitu­ra, e a lit­er­atu­ra para Cuen­ca, não devem sal­var ninguém e sim deses­ta­bi­lizar o sis­tema e até mes­mo causar descon­for­to. Para ele o autor nun­ca deve ser refer­ên­cia para nada e sim um grande cau­sador de polêmi­cas e questionamentos.

    A questão da função literária retornou muitas vezes no diál­o­go dos escritores. Ambos desa­cred­i­tam que o autor ten­ha algu­ma função especí­fi­ca na con­strução de um romance, inclu­sive, Heloisa comen­ta que a obra é até mes­mo uma con­strução egoís­ta de quem escreve. Para ela o romance é um dos atos mais ínti­mos do autor, pois mexe com os sen­ti­men­tos deste, sendo uma relação de amor e ódio do íni­cio ao fim. A car­i­o­ca brin­ca dizen­do que o escritor que acred­i­ta que sua lit­er­atu­ra é útil para algo, vendeu a alma ao diabo.

    O debate se deu, como um todo, de for­ma muito aber­ta e bem ref­er­en­ci­a­da com as obras dos dois escritores e as obras que influ­en­cia­ram o cam­in­ho de ambos. A relação leitor/livro/autor é total­mente dinâmi­ca e só é fun­cional quan­do os três tra­bal­ham jun­tos. Out­ra metá­fo­ra inter­es­sante vin­da de João Paulo Cuen­ca é que o ato de escr­ev­er um romance é como estar num labrir­in­to escuro onde a luz, no fim, fica oscilan­do. É esse proces­so de descober­ta do próprio autor que aca­ba por refle­tir na descober­ta do leitor no livro, ambos bus­cam algo na obra. E enfim, o debate pro­va que não há uma úni­ca for­ma de sedução da lit­er­atu­ra para com o leitor, ela é um mecan­is­mo que faz girar os saberes o tem­po todo, fazen­do sur­gir essa sen­sação de exper­iên­cia a três: leitor/livro/autor.

    O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

    Ouça a palestra com­ple­ta: (clique no link abaixo para ouvir ou faça o down­load)

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  • Crítica: Encontro Explosivo

    Crítica: Encontro Explosivo

    encontro explosivo

    Filmes com muitas explosões, car­ros, motos, armas e tiros para todo o lado, sem fal­tar uma boa dose de romance, estão cada vez mais comuns. Encon­tro Explo­si­vo (Knight and Day, EUA , 2010), de James Man­gold, é mais um deles que, ten­tan­do agradar um públi­co maior, se jun­ta a esta macar­rona­da de gêneros, com a super fór­mu­la: ação + comé­dia + romance — sangue + cen­sura = super público.

    June Havens (Cameron Diaz) é uma amer­i­cana sim­ples, boni­ta, de cer­to modo ingênua e medrosa, que tra­bal­ha em uma ofic­i­na restau­ran­do car­ros anti­gos. Roy Miller (Tom Cruise) é um agente secre­to (o mel­hor deles é claro), muito seguro e do tipo bonitão que encan­ta as mul­heres. Ess­es dois per­son­agens, total­mente opos­tos um do out­ro, ao lit­eral­mente se tombarem no aero­por­to, se apaixon­am e acabam se envol­ven­do em uma aven­tu­ra que vai mudar total­mente a vida de ambos. Lin­do não? Os opos­tos se atrain­do, um cara cav­al­heiro e inteligente, sal­van­do a lin­da donzela de sua vida paca­ta e sem aventuras.

    Mis­tu­ran­do sem­pre tomadas de ação com romance e comé­dia, Encon­tro Explo­si­vo não desagra­da nesse aspec­to, mas erra por pos­suir um rit­mo fra­co, difi­cul­tan­do uma imer­são maior nos acon­tec­i­men­tos do filme. E como comé­dia ele tam­bém deixa a dese­jar, não saben­do uti­lizar muito bem cer­tos ele­men­tos da cul­tura ger­al, como foi feito em Esquadrão Classe A de Joe Car­na­han, con­segue ape­nas algu­mas risadas per­di­das ao lon­go dos acon­tec­i­men­tos. Um pon­to de destaque é a tril­ha sono­ra do filme, que ficou muito legal, prin­ci­pal­mente com algu­mas músi­cas da ban­da Gotan Project, que mis­tu­ra tan­go com alguns ele­men­tos mais modernos.

    Prin­ci­palmene depois de Mis­são Impos­sív­el (os três), e mais algum out­ro filme do gênero, Tom Cruise parece que está chegan­do ao modo Deus, onde ele con­segue faz­er o impos­sív­el até com uma bala de men­ta e um clips de papel (Mac­gyver que se cuide) e é prati­ca­mente imor­tal e infalív­el. Encon­tro Explo­si­vo pode­ria ter se saí­do muito bem se tra­bal­has­se ess­es ele­men­tos de herói agente secre­to super ultra bonzão de maneira sat­i­riza­da ou diver­ti­da, como por exem­p­lo o exce­lente Dupla Implacáv­el de Pierre Morel, mas fal­ha jus­ta­mente por levar a sério demais todos ess­es ele­men­tos. James Bond, Jason Bourne e até mes­mo Ethan Hunt, pare­cem meras baratas com­para­das com Roy Miller.

    Encon­tro Explo­si­vo repete todas as fór­mu­las que já foram muito usadas e, por tam­bém ter bas­tante roman­tismo e a vel­ha história do príncipe encan­ta­do e da prince­sa, pode até agradar mui­ta gente jus­ta­mente por essa repetição. O públi­co alvo prin­ci­pal é o fem­i­ni­no, mas acred­i­to que se subes­ti­mou este públi­co, com uma visão as vezes até meio machista. Vocês, mul­heres, tam­bém acharam isso?

    Out­ra críti­cas interessantes:

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    httpv://www.youtube.com/watch?v=sPOy5KWVPgY