Nick Hornby é um escritor inglês bastante conhecido por causa do livro Alta Fidelidade, que ganhou um versão para o cinema em 2000, estrelada por John Cusack. Adepto das referências pop, Hornby sempre traz enredos envolventes que tratam de assuntos rotineiros, mas com uma excelente dose de humor e uma narrativa bastante dinâmica. Seu livro mais recente Juliet, Nua e Crua (Editora Rocco, 2010) , exemplifica bem isso.
Tucker Crowe é um músico que fez bastante sucesso durante sua carreira, até que certo dia resolve abandoná-la e sumir completamente. Entre seus fãs há Duncan, um inglês obcecado com a carreira de Crowe (ele se considera um “crowelogista”), a ponto de viajar até os Estados Unidos para conhecer até mesmo um banheiro que o cantor usou. Tucker por sua vez, vive num local isolado com sua esposa e um de seus 5 filhos, Jackson.
Certo dia, Duncan recebe uma demo com versões de músicas de Crowe. Annie, sua esposa, comete a ousadia de ouvir o disco antes de Duncan e resolve escrever uma resenha a respeito da mesma, criticando a idolatria dos fãs de Crowe. Duncan decide publicá-la no fã site do cantor e pede que Annie coloque seu email para possíveis contatos. Ele esperava que ela recebesse críticas ferrenhas, mas quem escreve para ela é o próprio Crowe.
Em apenas um livro, Hornby conta a trajetória de diversos personagens e consegue entrelaçá-las de forma magistral. Além disso, ele traz as já citadas referências pop, fala de bandas como U2, fala em correspondências via email e outras tantas. Para explicar a carreira de Tucker Crowe, em Juliet, Nua e Crua, o escritor usa um perfil fictício retirado da Wikipedia. Também são mostrados ao leitor os emails que Crowe troca com Annie. Tive a oportunidade de ler o livro em sua língua original e na mesma, é bastante fluída. Com um inglês bastante coloquial, Hornby torna a leitura bastante agradável.
Juliet, Nua e Crua traz os melhores elementos que podem existir numa literatura contemporânea: agilidade da narrativa, personagens cativantes, referências da atualidade e um enredo que prende a atenção. Num oceano de livros que pouco trazem de novo, Hornby mostra que a literatura pode sim ser moderna com boas doses de humor, sem descambar para a mesmice.