Tag: política

  • Revolta! | HQ da Semana

    Revolta! | HQ da Semana

    revolta-hq-da-semana-3

    Notí­cias sobre cor­rupção no gov­er­no não são nen­hu­ma grande novi­dade e estão cada vez mais pre­sentes no nos­so cotid­i­ano. É difí­cil não mostrar cer­ta indig­nação a respeito do assun­to em con­ver­sas com nos­sos con­heci­dos e ami­gos, fican­do a dis­cussão ain­da mais acalo­ra­da em bares, onde o efeito do álcool se une ao forte sen­ti­men­to de indig­nação. Quem aqui nun­ca pen­sou que talvez seria mais fácil se alguém colo­casse uma bala na cabeça dess­es políti­cos cor­rup­tos para resolver de vez a situação?

    É jus­ta­mente a notí­cia de uma pes­soa que resolveu tomar esta ati­tude, que cin­co ami­gos escu­tam na tele­visão enquan­to estão beben­do no bar, con­ver­san­do sobre suas revoltas com a situ­ação políti­ca do país. Na saí­da, eles acabam esbar­ran­do com esse mas­cara­do assas­si­no e a vida de todos atrav­es­sa uma pro­fun­da trans­for­mação. Assim começa “Revol­ta!”, uma HQ rote­i­riza­da e desen­ha­da pelo curitibano André Cal­i­man, pub­li­ca­da men­salmente, des­de out­ubro de 2012, em seu blog ofi­cial.

    revolta-hq-da-semana-2O pro­je­to ini­ciou antes das primeiras passeatas do país, quan­do ain­da paira­va no ar um cli­ma descon­fortáv­el de cal­maria. Na época, André (que é tam­bém escritor, ilustrador, car­i­ca­tur­ista e pro­fes­sor), que­ria faz­er algo mais autoral, que fos­se rel­e­vante e falasse sobre o momen­to atu­al brasileiro. Quan­do começou a pub­licar a história na inter­net, viu que ela pode­ria tomar pro­porções bem maiores e que tam­bém havia uma cer­ta urgên­cia para pub­licá-la, pois a real­i­dade esta­va se mostran­do coer­ente com suas ideias. Assim, decid­iu finan­ciar cole­ti­va­mente o seu tra­bal­ho, através do Catarse, para trans­for­má-lo em um livro, con­seguin­do inclu­sive atin­gir um val­or maior do que sua meta ini­cial em out­ubro de 2013.

    Além da arte muito bem tra­bal­ha­da, fei­ta inteira­mente a mão com nan­quim, a história é o grande destaque des­ta HQ. Com per­son­agens bem com­plex­os, não há aque­la divisão sim­plista de bom/mau e, por con­ta de várias revi­ra­voltas e sur­pre­sas, o enre­do prende o leitor de uma for­ma alu­ci­nante entre seus capí­tu­los. É aque­le tipo de leitu­ra que uma vez que você ini­cia, não con­segue mais parar.

    revolta-hq-da-semana-1

    Por enquan­to, a história ain­da não foi pub­li­ca­da por inteiro no blog da HQ, mas já está final­iza­da e em breve os apoiadores do pro­je­to no Catarse dev­erão rece­bê-la em suas casas. Pos­so afir­mar que não é fácil quan­do você se depara com o avi­so “Em breve” ao chegar no últi­mo capí­tu­lo disponív­el, mas a espera por cada novo capí­tu­lo está val­en­do a pena!

    Se você ficou inter­es­sa­do em saber um pouco mais sobre o autor e a obra, con­fi­ra a entre­vista com o André Cal­i­man que o inter­ro­gAção fez.

  • Espaço Livre: Marcelo Madureira e Rodrigo Chemin

    Espaço Livre: Marcelo Madureira e Rodrigo Chemin

    Espaco Livre Marcelo Madureira e Rodrigo Chemin

    Trazen­do a pro­pos­ta de dis­cu­tir a liber­dade nos mais vari­a­dos meios cul­tur­ais o Espaço Livre, do dia 10 de out­ubro na Bien­al do Livro Paraná 2010, trouxe o tema Liber­dade de Impren­sa e Expressão com os con­vi­da­dos Marce­lo Madureira, come­di­ante con­heci­do pelo pro­gra­ma Cas­se­ta & Plan­e­ta, e o pro­mo­tor de justiça Rodri­go Chemin.

    O debate ini­ciou de for­ma acalo­ra­da por parte do come­di­ante que não poupou críti­cas ao atu­al sis­tema judi­ciário vigente. Para Madureira a Justiça brasileira neces­si­ta urgen­te­mente de ade­quações aos novos tem­pos, citan­do que ela age de for­ma muito vagarosa, con­ser­vado­ra e her­méti­ca, ain­da soan­do como um enig­ma para a maio­r­ia da pop­u­lação, que por não a enten­der aca­ba somente ten­do respeito. Ain­da, reforça a questão dela, assim como boa parte do sis­tema públi­co, estar cheia de fun­cionários par­a­sitários e que por con­ta dess­es deficits, a justiça no país ain­da anda a pas­sos lentís­si­mos e resolve pou­cas questões de urgência.

    Mas o foco da críti­ca de Marce­lo Madureira, na Bien­al do Livro Paraná 2010, foi as coibições que a impren­sa vem sofren­do por parte do gov­er­no e políti­cos. Para ele, a impren­sa tem a neces­si­dade de ser fiel ao seu públi­co e por causa dis­so os políti­cos acabam por agir de for­ma agres­si­va con­tra ela. Mas afi­nal quem são ess­es home­ns de poder que proíbem e cen­suram a impren­sa no país? Para Madureira o pon­to da questão se definiria em uma palavra: impunidade. Eles querem viv­er impunes de seus atos e, com a mídia, isso se tor­na prati­ca­mente impos­sív­el. Além dis­so, reforçou o poder da mídia nos momen­tos de decisão de poder, como as eleições.

    Em momen­to algum Marce­lo Madureira foi suave em seu dis­cur­so , sendo certeiro em suas críti­cas e comen­tários citan­do nomes de pes­soas envolvi­das em escan­dâ­los sobre cortes que a mídia vem sofren­do ao lon­go dos anos. Inclu­sive, fala que nun­ca na história do canal em que tra­bal­ha, hou­ve tan­tas proibições e pressões de cen­sura. O come­di­ante foi polêmi­co por expor com fer­vor as suas opiniões sobre a políti­ca e esse atu­al perío­do de eleições.

    Infe­liz­mente, Madureira foi ten­den­cioso quan­do ques­tion­a­do sobre a rede Globo e seus próprios meios sub­je­tivos de manip­u­lação. Não soube respon­der e desvi­ou o assun­to trazen­do a tona comen­tários agres­sivos sobre atu­ais can­didatos à presidên­cia do país. Este foi o pon­to fra­co do debate na Bien­al do Livro Paraná 2010, deixan­do claro que o assun­to políti­ca e liber­dade de impren­sa pode ser perigoso por ser um jogo de ide­olo­gias (e inter­ess­es) a serem defendidas.

    Já o pro­mo­tor Rodri­go Chemin deba­teu o assun­to em tom cal­mo. Logo no iní­cio con­cor­da com Madureira sobre a atu­al situ­ação da justiça no país. Mas tam­bém afir­ma que há uma nova ger­ação de pro­mo­tores assu­min­do atual­mente e que estes tem uma mis­são de desmisti­ficar mais de 500 anos de erros e ten­ta­ti­vas. Ain­da, afir­ma como é difi­cil depen­der, neste caso o Min­istério Públi­co do Paraná, dos orgãos supe­ri­ores que acabam por decidir tudo, como se fos­se uma ditadura.

    O pro­mo­tor de justiça afir­ma vee­mente a neces­si­dade da pop­u­lação ficar aten­ta e se tornar cada vez mais ques­tion­ado­ra quan­to aos atos dos rep­re­sen­tantes políti­cos e da própria Justiça, para assim tornar as decisões mais ágeis e pri­or­izadas aque­las com mais importân­cia. Ain­da, diz que a impren­sa real­mente tem papel fun­da­men­tal ness­es proces­sos, mas que ela deve ser infor­ma­ti­va e não ten­den­ciosa como muitos meios cos­tu­mam ser.

    O assun­to de liber­dade nos meios de comu­ni­cação, foco deste debate na Bien­al do Livro Paraná 2010, sem­pre é per­ti­nente, prin­ci­pal­mente em épocas, como ago­ra, de eleições e cen­suras. Em 2010, os come­di­antes de meios de comu­ni­cação foram cen­sura­dos em falar sobre os can­didatos, haven­do uma con­tra­parti­da dos profis­sion­ais que acharam injus­ta a cen­sura e con­seguiram seus dire­itos de expressão garan­ti­dos. Por­tan­to, há sim uma neces­si­dade de uma edu­cação con­sci­en­ti­zado­ra para a pop­u­lação para que nem políti­cos e muito menos mídia, pos­sam ten­den­ciar e/ou cen­surar as opiniões de cada um e os dire­itos de cidadão.

    O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

    Ouça a palestra com­ple­ta: (clique no link abaixo para ouvir ou faça o down­load)

    [wpau­dio url=“http://www.interrogacao.com.br/media/bienallivropr2010/EspacoLivre-Marcelo_Madureira-Rodrigo_Chemim.mp3” text=“Espaço Livre: Marce­lo Madureira e Rodri­go Chemin” dl=“0”]

  • Crítica: O Bem Amado

    Crítica: O Bem Amado

    o bem amado

    Basea­do na telen­ov­ela de suces­so da déca­da de 70, O Bem Ama­do (Brasil, 2010), dirigi­do por Guel Arraes, é uma das adap­tações nacionais mais aguardadas do ano para as telas do cinema.

    Na fic­tí­cia Sucu­pi­ra, o recém-eleito prefeito Odori­co Paraguaçu (Mar­co Nani­ni) tem como prin­ci­pal meta políti­ca con­stru­ir um cemitério para a cidade, mas não pode inau­gurá-lo até con­seguir um fale­ci­do. O tem­po vai pas­san­do e as coisas vão começan­do a com­plicar para ele, prin­ci­pal­mente dev­i­do a forte oposição que vai crescen­do. Afim de sal­var seu manda­to, está dis­pos­to a faz­er tudo que for preciso.

    O Bem Ama­do está sendo bas­tante comen­ta­do por ter sido lança­do jus­ta­mente em um ano de eleições. Afi­nal, nada mel­hor do que uma comé­dia, por ser bas­tante acessív­el e leve, para estim­u­lar o olhar críti­co em relação aos políti­cos. Infe­liz­mente o filme não traz nada de novo à reflexão sobre o assun­to, tudo que ele abor­da já foi vis­to e revis­to mil­hões de vezes, servi­do ago­ra mais ape­nas como algo para se dar risada.

    Algu­mas tomadas do lon­ga são bem engraçadas, como as diva­gações de Odori­co a respeito da inau­gu­ração do “faraôni­co” cemitério, mas as piadas em ger­al são as já bati­das em tan­tos pro­gra­mas de humor tele­vi­sivos. Além dis­so O Bem Ama­do investe pesada­mente em repetições e prin­ci­pal­mente nas inter­pre­tações escan­dalosas, cheias de gri­tos, que nas primeiras vezes até gera algu­mas risadas, mas depois fica muito cansati­vo. Ape­sar dis­so, as analo­gias rela­cio­nan­do Sucu­pi­ra e o Brasil, usan­do vídeos e ima­gens históri­c­as, esti­lo mock­u­men­tary (fal­so doc­u­men­tário), con­seguem dar um rit­mo mais acel­er­a­do, tor­nan­do a exper­iên­cia menos tediosa.

    Não cheguei a acom­pan­har a telen­ov­ela, então infe­liz­mente não pude faz­er nen­hu­ma com­para­ção em relação ao lon­ga. Se você chegou a ver os dois, gostaria de saber: o que você achou da adap­tação? Foi rel­a­ti­va­mente fiel?

    Como entreten­i­men­to puro, ape­nas para dar risadas sem a mín­i­ma reflexão, O Bem Ama­do é o filme cer­to. Já para aque­les que não aguen­tam mais per­son­agens total­mente este­ri­oti­pa­dos, diál­o­gos bati­dos e situ­ações esti­lo “Zor­ra Total”, sugiro procu­rar out­ra coisa para assistir.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=ChmKFr1TQT8

  • Crítica: O escritor fantasma

    Crítica: O escritor fantasma

    O escritor fan­tas­ma (The Ghost Writer, França/Reino Unido/Alemanha, 2010), de Roman Polan­s­ki, está gan­han­do bas­tante destaque da mídia, mas pelo moti­vo erra­do, a vida pes­soal do próprio dire­tor em vez da obra em si. Mas deixan­do de lado qual­quer out­ro comen­tário sobre este assun­to, temos um filme onde o enre­do é basea­do no livro, de mes­mo títu­lo, de Robert Har­ris: um escritor fan­tas­ma (Ewan McGre­gor), ou ghost writer, é con­trata­do para escr­ev­er a biografia de Adam Lang (Pierce Bros­nan), o anti­go Primeiro Min­istro Britâni­co. Mes­mo saben­do que é o segun­do escritor a ser chama­do, pois o primeiro aparente­mente come­teu suicí­dio, isto não parece inco­modá-lo, afi­nal não é seu prob­le­ma e vão pagar muito bem.

    Sem­pre quan­do um serviço envolve muito din­heiro, já é esper­a­do que vai vir com­pli­cações pela frente. Esta é a úni­ca pista que temos em O escritor fan­tas­ma, de que há algo a mais por trás do que esta­mos acom­pan­han­do. E falan­do em entre­lin­has, muito se tem cog­i­ta­do que Adam Lang seria inspi­ra­do no Tony Blair (prin­ci­pal­mente no livro), e o próprio filme faz algu­mas refer­ên­cias, às vezes bem explíc­i­tas, de out­ros per­son­agens políti­cos (vamos ver quem desco­bre eles) em situ­ações bem recentes. Ape­sar do foco não ser polit­ica­gens, este tema vai muito além de ide­l­o­gias, ques­tio­nan­do a própria noção de quem real­mente são essas fig­uras públi­cas e como elas vivem.

    Pos­suin­do um clima/ambiente que lem­brou bas­tante a Ilha do Medo, de Mar­tin Scors­ese, há tam­bém várias pis­tas espal­hadas durante todo o filme (prati­ca­mente nen­hu­ma toma­da é em vão), só que des­ta vez o resul­ta­do da tra­ma não fica logo óbvio no começo. O escritor fan­tas­ma pos­sui o tipo clás­si­co de enre­do em que todos são sus­peitos até que o cul­pa­do final seja encon­tra­do, pois o argu­men­to “até que se prove o con­trário” pode ser, e é, facil­mente for­ja­do o tem­po inteiro. Mas o lon­ga não chega a ser um poli­cial, e o próprio per­son­agem prin­ci­pal nega seu papel como a de um dete­tive par­tic­u­lar e suas ati­tudes tam­bém não con­dizem com a de um.

    A decisão de não citar em momen­to algum o nome do escritor fan­tas­ma foi mui­ta boa, pois como o mes­mo disse: “um escritor fan­tas­ma ser con­vi­da­do para a estréia de um livro que escreveu é o mes­mo que con­vi­dar sua amante para ir no seu próprio casa­men­to”. Esta é uma das várias fras­es irôni­cas que acom­pan­ham o lon­ga, trazen­do um ar sar­cás­ti­co o tem­po todo.

    O escritor fan­tas­ma não subes­ti­ma em nada a capaci­dade do seu espec­ta­dor, não se uti­lizan­do em nen­hum momen­to de flash­backs, e/ou qual­quer tipo de refer­ên­cia para enfa­ti­zar algo, deixan­do para quem assiste faz­er as próprias lig­ações e mon­tar o grande que­bra cabeça do enre­do. Este é um filme que após ter­mi­na­do, você ain­da fica ain­da por um bom tem­po pen­san­do sobre as mais prováveis teo­rias de des­do­bra­men­to que pode­ri­am ter acon­te­ci­do e que con­tin­u­am depois de seu final.

    Para quem está procu­ran­do um filme de sus­pense e de inves­ti­gação, O escritor fan­tas­ma é uma óti­ma escol­ha. Mas este­ja prepara­do para entrar no mun­do de um fan­tas­ma, onde algu­mas coisas entrarão e sairão sem mui­ta expli­cação. Elas serão ape­nas meros vul­tos de um per­son­agem que na ver­dade não existe, ou pelo menos não deveria.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=HqCeeiUzQP8