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  • Crítica: Morgue Story — Sangue, Baiacu & Quadrinhos

    Crítica: Morgue Story — Sangue, Baiacu & Quadrinhos

    Morgue Story

    Ter­ror não é um gênero muito explo­rado pelo cin­e­ma brasileiro, e quan­do é geral­mente con­segue pouquís­si­ma divul­gação e suporte/fomento para a sua pro­dução, cain­do sem­pre no rótu­lo de cin­e­ma B. Morgue Sto­ry (Brasil, 2009), de Paulo Bis­ca­ia Fil­ho, com­pro­va que se é pos­sív­el pro­duzir um óti­mo filme, com ele­men­tos de ter­ror trash de qual­i­dade, sem pre­cis­ar de inves­ti­men­tos grandiosos (exatos cen­to e vinte e seis mil e qua­tro­cen­tos reais) e em pouquís­si­mo tem­po (onze dias).

    Ana Argen­to (Mar­i­ana Zanette), uma car­tunista (cujo nome é uma hom­e­nagem ao cineas­ta Dario Argen­to) de rel­a­ti­vo suces­so com suas HQs que tem como per­son­agem um zumbi caol­ho, Tom (Ander­son Faganel­lo), um catalép­ti­co que vende seguros, e Doutor Daniel Tor­res (Lean­dro Daniel Colom­bo), um médi­co legista com méto­dos e gos­tos bas­tante pecu­liares, são os per­son­agens prin­ci­pais que, pelo aca­so do des­ti­no (ou não), se encon­tram em um necrotério. Com um enre­do muito bem con­struí­da e mon­ta­da, com várias revi­ra­voltas e flash­backs, é pos­sív­el acom­pan­har cer­tos even­tos pela óti­ca de cada per­son­agem, que aca­ba tornando‑a ain­da mais diver­ti­da. Isso sem falar em algu­mas cenas de quadrin­hos ani­madas, que dão um toque espe­cial ao longa.

    Morgue Sto­ry foi basea­do em uma peça de teatro homôn­i­ma muito bem suces­si­da, pela Vig­or Mor­tis, que faz pesquisa em cima do teatro de hor­ror. Ape­sar da atu­ação dos per­son­agens beirar muitas vezes ain­da o teatral, ao exagero dos dial­o­gos, uma car­ac­terís­ti­ca típi­ca de filmes exploita­tion, a fil­magem con­seguiu romper a bar­reira dos pal­cos e o resul­ta­do ficou bem cin­e­matográ­fi­co. A qual­i­dade da imagem é óti­ma, o que não cos­tu­ma ser muito fre­quente em gravações dig­i­tais, mas por con­ta do abu­so de efeitos espe­ci­ais, para dar uma impressão de filme anti­go com câmera amado­ra, o resul­ta­do final foi um pouco prej­u­di­ca­do de tão over que ficou.

    Morgue Sto­ry é engraça­do não só pelas situações/personagens que beiram ao absur­do e efeitos pra lá de trash, mas prin­ci­pal­mente dev­i­do aos diál­o­gos, com um humor áci­do e sar­cás­ti­co, que lem­bram os filmes do Taran­ti­no. Resu­min­do: uma óti­ma exper­iên­cia, tan­to para quem pro­duz­iu quan­to para quem assiste, do cin­e­ma brasileiro.

    Con­fes­so que quan­do assisti ao trail­er de Morgue Sto­ry pen­sei que só con­seguiria vê-lo amar­ra­do com uma parafer­nália esti­lo a do Laran­ja Mecâni­ca, onde é impos­sív­el fugir e fechar os olhos. Mas eu esta­va com­ple­ta­mente engana­do. E se você teve a mes­ma sen­sação após o trail­er, não desista, vale a pena!

    Como o filme está com uma divul­gação lim­i­ta­da, a exibição do mes­mo em algu­mas cidades está sendo feito prin­ci­pal­mente pela con­ver­sa entre os exibidores e o públi­co, e o espec­ta­dor pode ser fun­da­men­tal nesse proces­so de divul­gação. Se con­hecer algu­ma exibido­ra local que pode­ria estar inter­es­sa­da no filme, entre em con­ta­to com a respon­sáv­el pela dis­tribuição do mes­mo, Diana Moro da Vig­or Mor­tis, para ver a pos­si­bil­i­dade de exibição.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=E4MrFkjc7Gs