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  • Brutal Relax

    Brutal Relax

    Sen­hor Oli­vares é um cara bem pecu­liar, para não diz­er out­ras coisas, que sofre de algu­ma sín­drome ner­vosa e por con­ta dis­so recebe instruções do seu psiquia­tra para tirar férias em um lugar bem cal­mo e par­adis­ía­co, onde pudesse relaxar com­ple­ta­mente. O mais impor­tante, não impor­ta onde ele vá, é que fique sem­pre cal­mo e relaxado!

    Esta é a intro­dução de Bru­tal Relax (Espan­ha, 2010), dirigi­do por Adrián Car­dona, Rafa Den­grá e David Muñoz, um cur­ta que não é nada do que você pos­sa imag­i­nar ini­cial­mente. Afi­nal, o que pode­ria acon­te­cer de tão bizarro? Que tal: mon­stros sur­girem do mar e começarem a matar todo mun­do? Mas enquan­to Sr. Oli­vares está tran­qui­lo curtin­do a sua músi­ca, nada dis­so parece lhe afe­tar, até que algo o faz perder a paciên­cia e tudo a sua vol­ta muda.

    Durante os primeiros min­u­tos já é pos­sív­el perce­ber um cer­to humor, prin­ci­pal­mente pelo per­son­agem prin­ci­pal lem­brar um pouco o excên­tri­co Borat (EUA, 2006), com seu sor­riso exager­a­do, bigode saliente e cos­tumes pra lá de exóti­cos. E esse humor con­tin­ua após a aparição dos zumbis marí­ti­mos, mas puxan­do mais para o lado negro. Ape­sar de muitas situ­ações serem para lá de bizarras, é muito difí­cil não soltar algu­mas gar­gal­hadas de tão exager­adas que elas são. Aliás, o cur­ta merece um grande destaque por con­ta dos óti­mos efeitos espe­ci­ais pro­duzi­dos pela equipe, é lit­eral­mente de arran­car os olhos.

    Quase ia esque­cen­do de diz­er, Bru­tal Relax não é recomen­da­do para pes­soas com coração fra­co, aver­sas a cenas extrema­mente vio­len­tas e pro­te­toras dos dire­itos dos zumbis marinhos.

    O cur­ta foi exibido no FANTASPOA 2011 (Fes­ti­val Inter­na­cional de Cin­e­ma Fan­tás­ti­co de Por­to Ale­gre), even­to imperdív­el para quem gos­ta de cur­tas e filmes do gênero.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=f‑6znWUbWWw

  • Crítica: Freaks (Monstros)

    Crítica: Freaks (Monstros)

    freaks

    Na déca­da de 1930 o cir­co tin­ha um sinôn­i­mo bem difer­ente do que hoje, uma grande ten­da reple­ta de artis­tas e diver­são , mas sim o lar de pes­soas a margem da sociedade, que pos­suíam algum tipo de defi­ciên­cia físi­ca e men­tal. Em 1932, o dire­tor amer­i­cano Tod Brown­ing traz, Freaks (Freaks, USA, 1932), um filme que mar­caria toda a história do cin­e­ma e prin­ci­pal­mente o que se entende por cin­e­ma bizarro e de ousadia.

    O enre­do de Freaks (Mon­stros) traz um cir­co em que as prin­ci­pais atrações são as aber­rações (a palavra freaks nesse momen­to, deno­ta­va o sen­ti­do dis­so). Cleopa­tra (Olga Baclano­va) é a trapezista que man­tém um caso com o domador Hér­cules (Hen­ry Vic­tor), ambos sendo con­sid­er­a­dos em per­fei­ta saúde. Ela é ganan­ciosa e ao saber que Hans (Har­ry Ear­les), um anão do cir­co, irá rece­ber uma grande for­tu­na decide que irá con­quistá-lo e se sub­me­ter a casar com o pequeno freak para depois elim­iná-lo e ficar com todo o din­heiro. Mas Cleo, não con­ta que ali os freaks são uma peque­na comu­nidade e que se aju­dam muito uns aos out­ros e não vão deixar bara­to o fato dela estar usan­do o pequeno Hans para se dar bem.

    A tra­ma de Freaks é o tipi­co dra­ma envol­ven­do ganân­cia, mas tudo fica mais inter­es­sante por dois grandes motivos, um é a for­ma de como o roteiro con­duz a per­son­agem de Cleopa­tra, que nesse momen­to com mais dois per­son­agens faz parte do elen­co saudáv­el, porém até onde? Mes­mo sendo con­sid­er­a­dos nor­mais, no filme o casal Cleo e Hér­cules são pre­con­ceitu­osos e agem de todas as for­mas para se darem bem. O segun­do ele­men­to que deixa o roteiro muito inter­es­sante, e que fuda­men­tal­mente mar­cou o cin­e­ma para sem­pre, foi o uso de pes­soas comuns e não atores. Um filme real, sobre per­son­agens reais nas condições exatas do momen­to. Muitos boatos sur­gi­ram que foi um filme de mui­ta difi­cul­dade na gravação já que con­ta­va com mais de 90% do elen­co ser com por­ta­dores de algu­ma espé­cie de defi­ciên­cia, e que isso ger­a­va descon­for­to no restante da equipe.

    Se até hoje difi­cil­mente vemos filmes que expon­ham a real­i­dade além do que se con­ven­cio­nou como “nor­mal”, imag­ine no íni­cio do sécu­lo XX. As lendas e fol­clores pop­u­lares mist­i­fi­cavam ao extremo qual­quer ser, humano e até mes­mo ani­mais, que nascessem com algu­ma espé­cie de defi­ciên­cia no cor­po. Já em mea­d­os do sécu­lo XVII as pes­soas con­heci­das como aber­rações já eram moti­vo de gan­ho de din­heiro para donos de cir­cos, inclu­sive o dire­tor David Lynch expõe isso em O Homem Ele­fante. Mais tarde os EUA sofren­do uma enorme urban­iza­ção, em muitos casos a úni­ca saí­da para essas pes­soas era se abri­gar em cir­cos e ser mais uma atração destes.

    O filme de Tod Brown­ing foi basea­do em um con­to de Tod Rob­bins inti­t­u­la­do Spurs e que fora colo­ca­do no gênero hor­ror da época. O dire­tor, que havia dirigi­do um ano antes o clás­si­co Drácu­la com Bela Lugosi, nem de longe esper­a­va que o filme fos­se na época ban­ido até os anos 60, pois hou­ve muitos relatos de abor­tos e ataques cardía­cos com as sessões do filme. Ele só foi relem­bran­do em um fes­ti­val de Cannes como um dos filmes que mar­caram época e acabou entran­do para lista de filmes con­sid­er­a­dos cults pelos ciné­fi­los em sessões proibidas.

    Freaks se tornou um clás­si­co não por motivos grandes em téc­ni­cas cin­e­matográ­fi­cas mas sim por um roteiro e ousa­dia inex­is­tentes na eṕo­ca, e até hoje tam­bém. Sem deixar nada gra­tu­ito demais, Brown­ing apre­sen­ta um filme com forte con­teú­do social e de enorme reflexão para uma sociedade que depois de muitas décadas ain­da se mostra no dire­ito de ide­alizar os con­ceitos de normalidade.

    Out­ra críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=bBXyB7niEc0