A formação de leitores é tema constante nas discussões sobre as formas de melhorar a educação no país. A média de livros lidos pelo brasileiro é de dois volumes por habitante, um número extremamente baixo se comparado com países europeus e outros países considerados desenvolvidos. Com isso se tem proliferado, em razoável escala, o número de feiras, jornadas e bienais literárias pelo país. Não diferente, em outubro desse ano aconteceu a primeira Bienal do Livro Paraná 2010, em Curitiba, contando com 10 dias de programação cultural para fomentar o setor e, principalmente, aproximar os visitantes do universo da literatura.
Pensando nisso, as atrações foram muitas e tentaram abranger as mais diversas discussões em torno do livro e da literatura com temas voltados a contemporaneidade e as experiências do leitor. Alguns destaques foi o Café Literário, que com a curadoria de João Pereira, do jornal Rascunho, trouxe autores contemporâneos discutindo temas pertinentes não só aos escritores, mas também aos leitores, os aproximando da literatura como objeto de estudo e discussão. O Evento Nobre trouxe, no sexto dia da Bienal do Livro Paraná 2010, o escritor Rubem Alves defendendo uma educação pelos sentidos e, no último dia, aconteceu uma bela homenagem ao crítico Wilson Martins. Já os debates mais ideológicos aconteceram no Espaço Livre, que no último dia debateu a liberdade de imprensa com Marcelo Madureira e o promotor Rodrigo Chemin. Além disso, a qualidade na produção artística para as crianças e jovens foi tema em dois dias do Fórum de Debates. Ainda, o Território Jovem, no décimo dia de Bienal, discutiu o mundo da menina, um dos temas mais presentes na literatura infanto-juvenil atual.
Um dos pontos fracos da Bienal do Livro Paraná 2010 foi a falta de presença das grandes editoras de vários segmentos literários, sendo que muitas daquelas anunciadas estavam somente presentes em estantes na forma de produto e não com uma representação oficial, o que era de fato realmente esperado pelos visitantes. Devido a forte presença de sebos e livrarias de ponta de estoque, a sensação era mais de se estar em uma feira de livros. Além disso, muitos leitores que buscavam descontos e diferenciações de compras, além de produtos mais inéditos, se decepcionaram com preços iguais com os encontrados fora dele e com a mesma oferta de opções, o que desestimulou o desejo de compra em geral. Será que ainda não foi percebido que se houver um desconto especial, por ser uma Bienal, haveria um aumento significativo nas vendas?
Há uma importância muito grande em apoiar, como visitantes, colaboradores, divulgadores e etc, eventos como a Bienal do Livro Paraná 2010 simplesmente pelo fato de ser em prol da multiplicação de valores culturais em um país que vive, e é formado, pela multiculturalidade. Pois a literatura é uma das ferramentas mais importantes para a formação de cidadania e do fazer-se ser humano.
Quem teve a oportunidade de participar dos bate-papos e discussões da Bienal do Livro Paraná 2010 dificilmente se sentiu de alguma forma arrependido, pois haviam muitas opções de ótima qualidade. Mas, infelizmente, para muitos que foram em busca de preços mais baratos e diversidade nas escolhas, saíram de mãos vazias e o desejo não saciado de adquirir algumas obras.
Outras opiniões de quem também participou:
- Paola Vannucci, no PAVANN
- Arthur ¨Tuca¨, no O leitor comum