Para iniciar o 7º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional, foi escolhido o longa-metragem Lope (Lope, Espanha/Brasil, 2010) apresentado pelo próprio diretor Andrucha Waddington.
Lope de Vega é um jovem poeta que vive intensamente sua poesia, além de ser um grande amante. Para muitos, seu comportamento equivalia a de um louco, por não fazer sentido em relação a seus valores culturais. Além disso, fazia muitas coisas por impulso e adorava uma boa briga. Essas características lembram um pouco a vida do pintor Caravaggio, que também compartilhava dos mesmos gostos e perigos, vivendo intensamente a vida artística.
A construção de época em Lope realmente ficou incrível, a atenção aos detalhes foi total, principalmente para retratar a higiene da época. A escolha de certos ângulos mais inusitados — principalmente em relação ao enquadramento tão comum das novelas nacionais — proporcionou muitas vezes a sensação de realmente estar sendo um observador presente na história do protagonista. A trilha sonora, apesar de bem presente, é muitas vezes apenas sutilmente tocada ao fundo, intensificando mais ainda o efeito criado pela imagem. As cenas de ação são um belo exemplo onde não somos transbordados por um som frenético para criar o dinamismo desejado nessas situações. Infelizmente em algumas cenas mais dramáticas, o mesmo poderia ter sido repetido causando o mesmo efeito.
Lope é uma história de amor e de ruptura em relação as regras impostas pela sociedade. Apesar de se passar no século 16, seus elementos principais, o amor e a busca pela liberdade, estão longe de serem algo ultrapassado. Na Espanha ele foi lançado como um grande blockbuster, possuindo as já conhecidas características — e defeitos — deste tipo de longa. Mas, pela história ser de uma figura não conhecida por aqui, além de ser todo falado em espanhol, acabou sendo distribuído mais pelo circuito de arte, o que pode ser bem decepcionante para quem vai a estes locais procurando assistir algo mais diferente.
Infelizmente, pela primeira vez no festival, a sessão não foi feita a céu aberto no vão da Casa de Cultura Mário Quintana, o que não deixou que várias pessoas fossem conferir o filme, que causou uma bela reação dos espectadores durante o longa.
Leia também a entrevista com Andrucha Waddington, que fizemos antes do início a sessão do filme no festival.
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=k2jIj_zfwvQ