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  • TPB AFK: The Pirate Bay Away From Keyboard | Crítica

    TPB AFK: The Pirate Bay Away From Keyboard | Crítica

    TPB AFK: The Pirate Bay Away From Keyboard | CríticaO doc­u­men­tário TPB AFK: The Pirate Bay Away From Key­board (2013), dirigi­do pelo sue­co Simon Klose, acom­pan­ha o proces­so judi­cial por pirataria enfrenta­do pelos três cri­adores do site The Pirate Bay entre os anos 2008 a 2012. Talvez você este­ja se per­gun­tan­do “legal, mas o que eu ten­ho a ver com toda essa história?” e é aí que entra o pon­to prin­ci­pal do lon­ga. Ele não é a respeito da vida dos fun­dadores do site ou uma imer­são no mun­do do copy­right, mas sim um filme sobre a liber­dade de com­par­til­har e o futuro da própria internet.

    Para quem não con­hece, o The Pirate Bay é pos­sivel­mente o maior site de tor­rents da inter­net e, uma hora ou out­ra, aca­ba sendo um pon­to de para­da obri­gatória para quem cos­tu­ma faz­er down­loads. Mas se você pen­sou, ou só ouviu falar, que lá é ape­nas um paraí­so de arquiv­os ile­gais, onde você pode encon­trar prati­ca­mente tudo que quis­er para baixar, está com­ple­ta­mente engana­do. O seu propósi­to é sim­ples­mente pos­si­bil­i­tar o com­par­til­hamen­to de arquiv­os, mas o que os usuários vão faz­er com esse serviço, já é com­ple­ta­mente out­ra história.

    os fundadores do The Pirate Bay: Gottfrid, Peter e Fredrik
    os fun­dadores do The Pirate Bay: Got­tfrid (anaka­ta), Peter (brokep) e Fredrik (TiAMO)

    Ape­sar da ideia ini­cial de que assi­s­tir a um doc­u­men­tário sobre um proces­so judi­cial seja algo maçante e restri­to ape­nas para fãs da causa da inter­net livre, o óti­mo tra­bal­ho de edição de Per K. Kirkegaard, faz com que você prati­ca­mente não sin­ta o tem­po pas­san­do. Esta foi inclu­sive uma das maiores pre­ocu­pações do dire­tor, ele tin­ha fil­ma­do muito mate­r­i­al, mas não que­ria mostrar aqui­lo de uma maneira cha­ta, então criou um pro­je­to no Kick­Starter para con­seguir con­tratar um edi­tor profis­sion­al. Ele esti­mou o cus­to para isso de $25.000 e con­seguiu atin­gir essa meta em menos de três dias, con­seguin­do no total $51,424. Tam­bém vale a pena destacar a óti­ma tril­ha sono­ra cri­a­da por Ola Fløt­tum, que é sutil mas muito envol­vente. Para quem está pre­ocu­pa­do em não enten­der alguns ter­mos téc­ni­cos, há uma expli­cação deles durante o filme, então não pre­cisa se preocupar.

    O títu­lo do doc­u­men­tário veio da abre­vi­ação AFK (Away From Key­board — que seria algo como: Longe Do Tecla­do) que é uma oposição a ideia da sigla IRL (In Real Life — Na Vida Real), uti­liza­da por algu­mas pes­soas para des­ig­nar quan­do algo acon­tece no mun­do fora das telas dos com­puta­dores. O IRL sep­a­ra o on do offline, enquan­to o AFK vê o online ape­nas como uma exten­são do offline, ou seja, está inclu­so no que podemos perce­ber como real­i­dade e não como algo imag­inário ou fic­cional. Os três fun­dadores do site, como a maio­r­ia dos mem­bros do Par­tido Pira­ta, exibidos no doc­u­men­tário, se con­hece­r­am ini­cial­mente pela inter­net e o fato deles nun­ca terem se encon­tra­do pes­soal­mente, não foi um obstácu­lo para poderem cri­ar uma relação ver­dadeira de amizade e confiança.

    Monique Wadsted, a advogado que representa Hollywood no processo
    Monique Wad­st­ed, a advo­ga­do que rep­re­sen­ta Hol­ly­wood no processo

    Um dos motivos do dire­tor ter feito o filme, era que ele não con­seguia ver a relação que a indús­tria de mídia faz ale­gan­do que o com­par­til­hamen­to de arquiv­os é uma ameaça à cria­tivi­dade. Para ele, o aces­so irrestri­to à cul­tura era o cerne da rev­olução online, onde qual­quer expressão artís­ti­ca imag­ináv­el pudesse aflo­rar cria­ti­va­mente. De um lado, seus ami­gos artis­tas estavam sofren­do pela redução nas ven­das, mas por out­ro, as pos­si­bil­i­dades de pro­duzir, com­er­cializar e dis­tribuir a arte deles tin­ha muda­do fun­da­men­tal­mente para mel­hor. Ele ficou então pen­san­do que dev­e­ria haver for­mas de con­stru­ir uma próspera econo­mia dig­i­tal, que incor­po­rasse essas novas fer­ra­men­tas, em vez de crim­i­nal­izá-las. Com este doc­u­men­tário Simon espera lev­an­tar ques­tion­a­men­tos a respeito desse proces­so legal e tam­bém dos já real­iza­dos con­tra pes­soas que com­par­til­havam arquiv­os, para que este cenário mude.

    Simon Klose no vídeo da campanha do KickStarter
    Simon Klose no vídeo da cam­pan­ha do KickStarter

    Esse foi um dos motivos para que que o doc­u­men­tário fos­se dis­tribuí­do sob a licença BY-NC-SA da Cre­ative Com­mons, assim qual­quer um pode com­par­til­har e mod­i­ficar com atribuições, mas não pode faz­er uso com­er­cial da mes­ma. Simon até fez um post no blog do doc­u­men­tário expli­can­do detal­hada­mente porque ele escol­heu esta licença. O dire­tor incen­ti­va não só que as pes­soas façam o down­load, mas que tam­bém com­par­til­hem e remix­em o filme, crian­do out­ras obras. A mes­ma pro­pos­ta tam­bém foi fei­ta, e inclu­sive o remix foi parte da pro­dução, pelo doc­u­men­tário RIP!: Um Man­i­festo Remix, do canadense Brett Gay­lor, provavel­mente o primeiro doc­u­men­tário aber­to (open source) cri­a­do.

    Câmera pirata no Festival
    Câmera pira­ta no Festival

    TPB AFK: The Pirate Bay Away From Key­board foi lança­do dia 8 de fevereiro de 2013 no 63º Fes­ti­val Inter­na­cional de Filmes em Berlim e tam­bém simul­tane­a­mente na inter­net, uma ati­tude total­mente con­dizente com toda a filosofia do site. Inclu­sive uma pes­soa que foi ao fes­ti­val fez uma fil­magem pira­ta do mes­mo, gru­dan­do uma câmera na cadeira com sil­ver tape, cap­tan­do além do filme com­ple­to, o bate-papo com o dire­tor após a exibição. Veja o mes­mo no YouTube ou faça o down­load via tor­rent.

    Des­ta vez se você ficou inter­es­sa­do em assi­s­tir o filme, não vai ter somente a pos­si­bil­i­dade de assi­s­tir ao trail­er logo abaixo, como tam­bém vê-lo na ínte­gra leg­en­da­do pelo YouTube. Se quis­er tam­bém pode faz­er o down­load em difer­entes qual­i­dades (480p, 720p e 1080p) e baixar a leg­en­da separadamente.

    Trail­er:

    Filme Com­ple­to:
    httpv://www.youtube.com/watch?v=eTOKXCEwo_8

  • Crítica: Valente

    Crítica: Valente

    As prince­sas em bus­ca de seus príncipes encan­ta­dos ficaram pre­sas nos anti­gos con­tos de fadas que você lia quan­do cri­ança. A moda que vem se desen­vol­ven­do há algum tem­po é a total descon­strução dos estereóti­pos de per­son­agens das sagas felizes para sem­pre, total­mente adap­ta­dos há um mun­do real onde há von­tades, dese­jos e opiniões. Em Valente (Brave, 2012, EUA), ani­mação aguarda­da da Disney/Pixar, o enre­do não foge do novo mote e traz a prince­sa Meri­da, que son­ha emcav­al­gar livre pela flo­res­ta empun­han­do seu arco e flecha, deixan­do para trás casa­men­tos arran­ja­dos e ativi­dades de damas.

    Meri­da é tão cer­ta da sua fal­ta de aptidão em ser esposa de um valen­tão nórdi­co, reple­ta de afaz­eres domés­ti­cos, que toma suas próprias decisões para mudar seu des­ti­no. Des­de peque­na a garot­in­ha de lon­gos cachos ruiv­os demon­stra­va que gostaria de ser valente como seu pai, o rei Fer­gus — que inclu­sive lhe deu a primeira flecha — mas sua mãe deixa claro que o des­ti­no de uma prince­sa não pode ser muda­do, mas somente acata­do. Quan­do chega a hora de Meri­da arru­mar um mari­do, um ban­do de bár­baros de cére­bro pequeno, ela decide que pre­cisa con­vencer a sua mãe, nem que pre­cise usar de magia para isso.

    Claro que há a famosa bruxa da flo­res­ta que lhe dá uma boa magia em tro­ca de algo, mas o bacana é que essa é com­pos­ta de car­ac­terís­ti­cas mod­er­nas: Pref­ere gan­har din­heiro como carpin­teira, usa um alargador na orel­ha e tem um sis­tema de tele­mar­ket­ing de caldeirão, ele­men­tos que ger­am boas risadas em relação à vel­hin­ha. Mas como toda boa bruxa, ela é atra­pal­ha­da e deixa uma men­sagem sub­lim­i­nar para a prince­sa e isso é o que guia todo o lon­ga e as descober­tas fun­da­men­tais de uma história, que ape­sar de descon­struí­da, ain­da guar­da uma boa men­sagem no fim das contas.

    Ape­sar das rev­oluções quan­to aos clás­si­cos, o enre­do de Valente man­tém a tra­jetória de uma prince­sa recor­ren­do à magia para que seus dese­jos fun­cionem e, na ver­dade, é a magia que aju­da a enten­der mel­hor sua própria vida, nada demais se não fos­sem os per­son­agens muito bem car­ac­ter­i­za­dos. Reple­to de refer­ên­cia diver­tidas — inclu­sive um dos clãs que luta pela mão da prince­sa leva o nome de Mac­in­tosh, hom­e­nagem ao cri­ador da Pixar, Steve Jobs — e per­son­agens com boas tiradas, o lon­ga con­segue se man­ter firme até o fim, mes­mo não sendo a mel­hor pro­dução da Pixar.

    Obvi­a­mente que a ani­mação em ter­mos téc­ni­cos é impecáv­el, man­ten­do o nív­el da pro­du­to­ra que des­de que se jun­tou à Dis­ney, empres­ta muito das suas boas ideias con­tem­porâneas aos esti­lo clás­si­co da out­ra. Em Valente não fal­taram as famosas cenas musi­cais da Dis­ney, que ficaram um pouco estra­nhas dubladas, mas nada de grande relevân­cia. A ani­mação é uma boa opção de diver­são tan­to para cri­anças quan­to para quem as acom­pan­ha ou ape­nas para quem vai no cin­e­ma em bus­ca de algo mais menos barul­hen­to, reboots, piadas nacionais duvi­dosas e etc.

    Trail­er:

  • Território Jovem: Malvine Zalcberg e Ana Paula Vosne Martins

    Território Jovem: Malvine Zalcberg e Ana Paula Vosne Martins

    O que os ado­les­centes e jovens como um todo con­somem hoje? Como se dá os proces­sos de edu­cação para essa faixa etária? O even­to Ter­ritório Jovem, na Bien­al do Livro Paraná 2010, se dis­pôs a dis­cu­tir os temas per­ti­nentes a essa parcela de leitores que neces­si­tam de uma visão volta­da mais especi­fi­ca­mente para sua con­stante for­mação. E partin­do dessa pre­mis­sa, a psi­canal­ista Malvine Zal­cberg e a his­to­ri­ado­ra Ana Paula Vosne Mar­tins dis­cu­ti­ram O mun­do da meni­na, medi­a­do pelo repórter Omar Godoy, sobre um dos seg­men­tos mais ven­di­dos de lit­er­atu­ra infanto-juvenil.

    O debate se deu ini­cio com inter­pre­tações ini­ci­ais das con­vi­dadas sobre o atu­al foco da lit­er­atu­ra infan­to-juve­nil em cima das meni­nas, qual o papel social dessas futuras mul­heres adul­tas e de que for­mas se posi­cionarão no mun­do depois dessas leituras. Malvine Zal­cberg acred­i­ta que a mul­her, hoje, é um sujeito fun­da­men­tal do nos­so tem­po, reforçan­do as atu­ais posições ocu­padas por ela per­ante a sociedade e que ela con­quis­tou isso sem deixar de ser, de cer­ta for­ma, fem­i­ni­na. Mas, rebate dizen­do que hoje, e que a lit­er­atu­ra atu­al tam­bém reforça essa ideia, a mul­her se tornou um sím­bo­lo de con­sumo e futil­i­dade, uma mescla da mul­her prim­i­ti­va, ante­ri­or às fem­i­nistas da décadas de 60 e 70, com a mul­her inde­pen­dente atu­al. Mas afi­nal, inde­pen­dente do quê?

    Ain­da, afir­ma que há uma neces­si­dade de difer­en­ci­ação da mãe e da fil­ha, que ambas devem com­preen­der queocu­pam papéis difer­entes no tem­po. A psi­canal­ista, na Bien­al do Livro Paraná 2010, reforça em muitos momen­tos as atu­ais relações psi­coafe­ti­vas dos pais e fil­hos e de como a meni­na enx­er­ga na mãe um pro­tótipo de futuro. Malvine tam­bém fala muito que a edu­cação somente se dá quan­do se ama e que isso pode facil­i­tar aos pais mod­er­nos edu­carem seus fil­hos, enten­den­do seus papéis sem pare­cerem dita­dores de um úni­co esti­lo de vida. E, se aten­do mais ao assun­to do papel da mulher/menina, ela diz que a questão do gênero fem­i­ni­no é muito mais sub­je­ti­vo que o mas­culi­no. É necessário par­tir da con­sciên­cia de que a mul­her é de fato difer­ente do homem, sendo issoum grande pas­so para o desen­volvi­men­to da chama­da igualdade.

    Ana Paula Vosne Mar­tins tem uma visão muito mais críti­ca e certeira sobre os atu­ais papéis das mul­heres. Ela acred­i­ta que hoje é muito mais fácil ser mul­her, que se vive uma liber­dade muito grande, inclu­sive para serem fúteis, prin­ci­pal­mente porque a tec­nolo­gia e o con­sumo dão uma aura de liber­dade, mas na ver­dade tiranizam. Para ela o mun­do é dos dois gêneros/sexos, não existe uma dis­tinção de ¨isso é coisa somente para meni­nos¨ ou vice-ver­sa. A his­to­ri­ado­ra acred­i­ta na edu­cação através da autono­mia, que ambos os sex­os devem apren­der a ser inde­pen­dentes e ativos. Ain­da, na Bien­al do Livro Paraná 2010, diz que a mul­her deve ser edu­ca­da a diz­er ¨não¨, mas tam­bém con­con­cor­da que somente a noção de difer­enças, a con­sciên­cia destas, é que podem de fato con­stru­ir uma con­vivên­cia mais igualitária.

    Quan­do ques­tion­adas o que de fato é necessário para a afir­mação de um papel fem­i­ni­no, as duas foram dire­tas. Para Malvine Zal­cberg existe a neces­si­dade da dis­tinção dos papéis da família e que há a pos­si­bil­i­dade da mudança de tendên­cias, afir­man­do a neces­si­dade da rein­venção do amor como for­ma da mul­her remod­e­lar seus con­ceitos. Já Ana Paula Vosne Mar­tins diz que a mul­her mod­er­na pre­cisa lidar mel­hor com as tira­nias pas­si­vas dos padrões de beleza, deven­do perce­ber que tem poder e usá-lo de for­ma inteligente.

    Mes­mo que os cam­in­hos que cheguem a dis­cussão da liber­dade da mul­her ven­ham de lugares difer­entes, as con­vi­dadas da Bien­al do Livro Paraná 2010 chegaram a um lugar-comum con­cor­dan­do na neces­si­dade da mul­her ter con­sciên­cia do seu desen­volvi­men­to e do seu papel, que sendo do mes­mo pata­mar, são difer­entes. E essa difer­ença não tem a ver com mino­rias ou maio­r­ias, mas sim­ples­mente com a distinção.

    O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

    Ouça a palestra com­ple­ta: (clique no link abaixo para ouvir ou faça o down­load)

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