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  • Crítica: O Exótico Hotel Marigold

    Crítica: O Exótico Hotel Marigold

    Você já imag­i­nou como serão seus dias quan­do se aposen­tar? Via­jar e acal­mar o rit­mo da vida estão entre as ativi­dades preferi­das de quem está na mel­hor idade. Mas um grupo de sete idosos ingle­ses resolve des­fru­tar seus dias longe de casa, na India, em um paraí­so anun­ci­a­do como O Exóti­co Hotel Marigold (The Best Exot­ic Marigold Hotel, Inglater­ra, 2011) que dá o nome do lon­ga dirigi­do por John Mad­den e basea­do no romance These Fool­ish Things (algo como “Estas coisas bobas”) de Deb­o­rah Mog­gach.

    Com o din­heiro cur­to, mes­mo ten­do tra­bal­ha­do uma vida inteira, a aposen­ta­do­ria do pequeno grupo que pro­tag­on­i­za o lon­ga nem de longe parece ser a mais son­ha­da durante a vida. Cheios de dile­mas que car­regam con­si­go, estão deci­di­dos a mudar de algu­ma for­ma. Cada um, com sua própria neces­si­dade, é seduzi­do pela pro­pos­ta de pas­sar o resto da vida em um lugar exóti­co e pul­sante, bem difer­ente da fria e buro­cráti­ca Inglater­ra que viver­am toda a vida. 

    O hotel Marigold fica na cidade de Jaipur, na India e o jovem Son­ny (Dev Patel) tem o son­ho de trans­for­ma-lo em um exóti­co resort para idosos do mun­do todo que procu­ram algo difer­ente das suas vidas comuns. E os sete primeiros hós­pedes serão per­feitos para a empre­ita­da do jovem que tam­bém vive o dile­ma de morar num país que tem um pé no pas­sa­do das tradições e out­ro na cres­cente modernização.

    O Exóti­co Hotel Marigold é nar­ra­do por Eve­lyn Greens­dale (Judy Dench) que tem um blog e nar­ra os dias e adap­tação em Jaipur. Ela nar­ra as trans­for­mações dela e de todos os per­son­agens que estão em ver­dadeiros momen­tos de tran­sição em que não somente a vel­hice é uma questão, mas tam­bém se ain­da res­ta tem­po de faz­er coisas que gostam, enten­der o sen­ti­do de feli­ci­dade e usufruirem dela.

    O enre­do de O Exóti­co Hotel Marigold é con­struí­do com bas­tante lev­eza, mes­mo que em alguns momen­tos o espec­ta­dor ten­ha a impressão que há desen­volvi­men­tos um pouco banais de algu­mas situ­ações. Mas de for­ma nen­hu­ma isso enco­bre a atu­ação do elen­co que parece estar muito bem com a sua idade — lem­bran­do que ele é for­ma­do por nomes como Tom Wilkin­son e Mag­gie Smith — dan­do bas­tante graça ao filme e atuan­do jun­to com o elen­co jovem como Dev Patel (Quem quer ser um Mil­ionário) que aparenta ter uma que­da pela comé­dia e que cria um equi­lib­rio inter­es­sante entre o grupo britâni­co e seus cos­tumes indi­anos apre­sen­ta­dos de for­ma bas­tante criativa.

    A India atu­al pode ser bem difer­ente dos livros de História e pan­fle­tos de tur­is­mo e é exata­mente esse mun­do de con­trastes que o grupo encon­tra assim que desem­bar­ca no país. As cenas da caóti­ca e exu­ber­ante cidade de Jaipur são mostradas na mes­ma veloci­dade em que os tok tok (moto­ci­cle­tas adap­tadas) atrav­es­sam as ruas, com muitas cores e a mis­tu­ra do anti­go e do novo na arquite­tu­ra local, for­mam o cenário para as peripé­cias emo­cionais do grupo. O lon­ga soma pon­tos usan­do uma fotografia bem nat­ur­al e deixan­do por con­ta do próprio lugar com sua geografia e espaço social darem o tom dos cenários. Afi­nal, a India esteve sob o dominio britâni­co no pas­sa­do o que ini­ciou a tran­sição das tradições milenares para a adap­tação à cos­tumes ocidentais.

    Aliás, é jus­ta­mente esse con­tex­to con­trastante que o grupo, com cos­tumes à moda ingle­sa bem enraiza­dos, se depara que con­strói a beleza do lon­ga. Trazen­do à tona o fato de que adap­tações e mudanças são bem-vin­das em qual­quer momen­to e que nada está molda­do em úni­co for­ma­to para sem­pre. O Exóti­co Hotel Marigold é um lon­ga sim­ples mas alta­mente sen­sív­el, que mostra e apos­ta em um novo públi­co e que com certeza vai agradar quem vai ao cin­e­ma em bus­ca de algo mais cal­mo ao meio de tan­to efeito espe­cial e barul­ho. Não vai mudar a sua vida, mas vai te faz­er pen­sar onde você vai quer­er estar no futuro.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=AcUz4Jke4zQ

  • Crítica: O Discurso do Rei

    Crítica: O Discurso do Rei

    Nada de novi­dade com filmes que fler­tam com a real­i­dade, parece que o selo ¨basea­do em fatos reais¨ tem lev­a­do um grande número de pes­soas para os cin­e­mas nas últi­mas tem­po­radas. O Dis­cur­so do Rei (The King’s Speech, Inglaterra/E.U.A/Austrália, 2010), de Tom Hoop­er, é um lon­ga que vem com essa pre­mis­sa, mas tra­bal­ha­do de uma for­ma tão pri­morosa que a figu­ra públi­ca do Rei George VI, pai da atu­al Rain­ha Eliz­a­beth, é a que menos importa.

    Albert (Col­in Firth), con­heci­do como Rei George VI em hom­e­nagem ao seu pai, jun­to com seu irmão, são os suces­sores ao trono da Inglater­ra. O cenário mundi­al vive o caos com o auge do Nazis­mo na Ale­man­ha e a Inglater­ra aca­ba de perder o seu rei. Albert enfrenta prob­le­mas em aceitar a sucessão pelo seu irmão mais vel­ho e ain­da lida com uma dis­femia na fala, esta sendo um fator fun­da­men­tal para um rei e seus dis­cur­sos. Jun­ta­mente com sua mul­her Liz (Hele­na Boham Carter), estão a procu­ra de meios para que pos­sa tratar e esse prob­le­ma e acabam por encon­trar o excên­tri­co Dr. Lionel Logue (Geofrey Rush), que usa os meios menos con­ven­cionais de tratamento.

    O Dis­cur­so do Rei pode­ria ser mais um lon­ga históri­co sobre um momen­to difí­cil do reina­do na Inglater­ra mod­er­na, mas o foco do enre­do se man­tém sem­pre em Albert, uma figu­ra públi­ca ten­tan­do lidar com seus prob­le­mas como um homem comum, car­i­catu­ra pouco atribuí­da a um rei. George VI e o o doutor Logue for­mam uma dupla excên­tri­ca, têm uma amizade que vai se fir­man­do com o pas­sar das situ­ações e ambos desen­volvem uma veia cômi­ca muito inter­es­sante durante o lon­ga. O espec­ta­dor oscila sua atenção nos dois per­son­agens prin­ci­pais inter­pre­ta­dos por Col­in Firth, como o rei pouco à von­tade nes­sa posição e reprim­i­do per­ante seu trau­ma de fala, ou ain­da, em Geofrey Rush, um homem sim­ples e bas­tante diver­tido ape­sar da seriedade inglesa/australiana, que toca fun­do em várias questões par­tic­u­lares para tratar de George.

    Ain­da, a pre­sença da Sra. Tim Bur­ton — Helen Boham Carter — não traz nada de pom­pas, como já cos­tumeiro quan­do ela está no elen­co. E isso é um fator que causa inter­esse, a atriz como esposa de Albert — ou Bert­tie, como ela chama — é uma figu­ra sin­gu­lar e amorosa, como uma boa esposa da época, mas isso sem gen­er­al­iza­ções e sim trata­do de for­ma simples.

    A fotografia de O Dis­cur­so do Rei retra­ta muito bem todo o charme da clás­si­ca e gél­i­da Lon­dres dos anos 20 e 30. Muito cin­za e cores derivadas, cenários com design de inte­ri­or min­i­mal­ista e de época são os pon­tos altos ali­a­dos com os planos ora foca­dos nas expressões das per­son­agens, ora com a câmera em posições ousadas nos can­tos do cenário. O duo de inter­pre­tação e tra­bal­ho téc­ni­co dão ao lon­ga boa parte da difer­en­ci­ação necessária para que não se torne mais um filme de época sim­plista e sim sobre pes­soas, suas relações e superações.

    Para efeitos de pre­mi­ações, O Dis­cur­so do Rei é um pra­to cheio prin­ci­pal­mente pelo fato de ser biográ­fi­co e com atu­ações certeiras. Não é mais um lon­ga comum, é ousa­do na medi­da cer­ta para atrair aos poucos um públi­co mais desacos­tu­ma­do com filmes min­i­mal­is­tas, e prin­ci­pal­mente, pela iden­ti­fi­cação de uma figu­ra públi­ca como um homem comum em bus­ca de super­ação, fator inegáv­el que vem atrain­do cada vez mais pes­soas ao cinema.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=3_6GnqyO1Y8k