Tag: História em Quadrinho

  • Valente para todas | HQ da Semana

    Valente para todas | HQ da Semana

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    Quem nun­ca deu suas cabeçadas por causa de amor? Quem não meteu os pés pelas mãos, fez con­fusão, quem nun­ca teve dor-de-cotovelo? Quem acred­i­ta em amor?

    Se essas per­gun­tas mex­em com você, Valente para todas é um livro de quadrin­hos que vai te agradar em cheio. Valente, Dama, Bu, Prince­sa e out­ros per­son­agens pare­cem ape­nas mais um pun­hado de bich­in­hos fofin­hos, mas quan­do começar a ler as aven­turas dessa tur­ma vai perce­ber que ali tem muito mais do que fofura.

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    O autor, Vitor Cafag­gi, recria com ess­es sim­páti­cos per­son­agens situ­ações com as quais que todo mun­do que já foi ado­les­cente apaixon­a­do (ou apaixon­a­da) vai se iden­ti­ficar. Seu tex­to é óti­mo, os diál­o­gos são cati­vantes e a tra­ma, basea­da em um inusi­ta­do triân­gu­lo amoroso, não deixa largar o livro antes do fim.

    As histórias tem o for­ma­to de tiras em quadrin­hos, que fun­cionam muito bem quan­do reunidas em um só livro, man­ten­do coerên­cia e continuidade.

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    Valente para todas é o segun­do vol­ume de uma série, dan­do con­tinuidade às histórias de Valente para sem­pre. Graças a uma boa apre­sen­tação resu­min­do os even­tos ante­ri­ores, é per­feita­mente pos­sív­el ler e se envolver com as desven­turas do cãozinho.

    Cafag­gi pre­tende faz­er uma série com cin­co livros con­tan­do a saga de Valente. O final do segun­do vol­ume deixa o leitor ansioso pela continuação.

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    Tam­bém é pos­sív­el con­ferir todas as aven­turas do per­son­agem no blog do autor, que disponi­bi­liza sem­anal­mente atu­al­iza­ções das aven­turas de Valente.

    Para adquirir Valente para todas, entre em con­ta­to dire­to com o autor por e‑mail (vitor­cafag­gi [arrom­ba] gmail [pon­to] com) ou acesse o site da Comix , onde estão disponíveis os dois álbuns da série.

    Valente para todas
    Autor: Vitor Cafaggi
    Pub­li­cação independente.
    Preço: R$ 12,00

  • Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente, de Lourenço Mutarelli

    Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente, de Lourenço Mutarelli

    Quan­tas vezes você ficou olhan­do para o céu se per­gun­tan­do se não existe mais nada nes­ta imen­sa vastidão que é o uni­ver­so? Será que extrater­restres real­mente exis­tem? Então sente-se con­for­t­avel­mente na cadeira que você irá con­hecer a história de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente (Com­pan­hia das Letras, 2011), escrito e desen­hado por Lourenço Mutarel­li, que mar­ca o retorno do autor ao uni­ver­so dos “quadrin­hos”.

    Per­gun­tei como era o ET, se era como as ima­gens que con­hece­mos de humanoides cinzen­tos de olhos grandes. Ele disse que era mui­ta ignorân­cia pen­sar dessa for­ma. Disse que seria a mes­ma coisa que se um ser de out­ra galáx­ia avis­tasse um astro­nau­ta e achas­se que ele esta­va pelado.

    As primeiras per­gun­tas que surgem quan­do você pega um exem­plar na mão são: é um quadrin­ho? um livro ilustra­do? um obje­to de out­ro plan­e­ta? A respos­ta é sim­ples: nen­hum deles e todos eles ao mes­mo tem­po. Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente, segun­do o próprio Mutarel­li, tem o for­ma­to de tela de cin­e­ma, onde o tex­to par­tic­i­pa como uma leg­en­da em um filme. Mas o autor decid­iu ir além e con­ta que as ima­gens não tem necessári­a­mente haver com o tex­to que ire­mos ler, o que deve ter deix­a­do muitas pes­soas no mín­i­mo con­fusas. Mas aí entra a grande per­gun­ta, por que as fig­uras dev­e­ri­am seguir a mes­ma nar­ra­ti­va — se é que há uma — do tex­to? Como o livro é com­pos­to de ima­gens sequen­ci­ais, muitas vezes ele é clas­si­fi­ca­do como um quadrin­ho, ape­sar destas não estarem lit­eral­mente den­tro de quadros. Mas, acred­i­to que a obra como um todo tende mais para um exper­i­men­to artís­ti­co do que sim­ples­mente uma história em quadrinhos.

    O enre­do dele não pode­ria ser mel­hor resum­i­do do que o próprio títu­lo da obra sug­ere: Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente. É inter­es­sante notar quie nen­hum per­son­agem do livro tem pro­pri­a­mente um nome, todos são iden­ti­fi­ca­dos através de rótu­los genéri­cos como: pai, mão, tio, irmã, o tal de cabe­lo bran­co, … todos anôn­i­mos, assim como as fotos de descon­heci­dos que pai do nar­rador com­pra­va e guar­da­va em uma caixa, por um moti­vo que ele nun­ca entendeu.

    Um pouco antes de meu pai se encon­trar com o ET, quem mor­reu foi min­ha mãe. Con­to isso porque é um fato impor­tante. É engraça­do que, antes de min­ha mãe mor­rer, eu não perce­bia meus pais como indi­ví­du­os. Você sabe, eram meus pais e eu os via como uma mes­ma coisa. Como uma úni­ca coisa.

    Ape­sar de ser com­pos­to por tex­tos cur­tos, cada frase tem grande sig­nificân­cia, nada parece ter sido escrito a toa. É difí­cil muitas vezes não parar pen­sati­vo após ler algu­ma pági­na, fazen­do um pequeno inter­va­lo, as vezes até sem perce­ber, para refle­tir o sig­nifi­ca­do daqui­lo na nos­sa própria vida. As ima­gens de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente reme­tem bas­tante a um grande ban­co de lem­branças de uma ou mais vidas, onde cada uma tem uma car­ga emo­cional muito forte. É como se você entrasse em uma loja de obje­tos usa­dos e sen­tisse história bem par­tic­u­lar que cada obje­to car­rega con­si­go. Arrisco até a diz­er que cada ilus­tração pos­sui sua própria nar­ra­ti­va que é com­ple­men­tar ao texto.

    O autor comen­tou que a história surgiu quan­do o escritor Marçal Aquino, um ami­go seu, con­tou uma pia­da na qual havia um extrater­reste que fala­va “leve-me a seu líder” e essa frase ficou remoen­do em sua cabeça, por muito tem­po. Afi­nal, se algum ET chegasse e fizesse essa per­gun­ta a ele, para quem iria levar? Quem seria o seu líder? Então começou a ficar muito obceca­do com isso. Esse mes­mo ques­tion­a­men­to surge no meio de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente, com uma respos­ta que me fez lem­brar o humor e esti­lo de Ray Brad­bury em As Crôni­cas Mar­cianas, livro que aliás recomen­do muito.

    Meu pai disse que não só tin­ha vis­to como tin­ha con­ver­sa­do com ele. Per­gun­tei que idioma a criatu­ra fala­va. Ele disse que não fala­va idioma nen­hum. Disse que se comu­nicaram telepati­ca­mente. Fazia sentido.

    Em um bate-papo na Gibi­Con #0, que acon­te­ceu em Jul­ho de 2011 em Curiti­ba, quan­do per­gun­tei ao Mutarel­li sobre sua relação com o tema extrater­restres, ele comen­tou que anda meio obceca­do pela temáti­ca. Sem­pre que pos­sív­el esta­va acom­pan­han­do uma série de pro­gra­mas a respeito de ETs, como Aliení­ge­nas do Pas­sa­do, Arquiv­os Extrater­restres e Caçadores de Óvnis, todos exibidos pelo His­to­ry Chan­nel. Além dis­so, cada vez acred­i­ta mais no assun­to, mes­mo que ness­es pro­gra­mas eles nun­ca encon­trem nada e sem­pre dizem ter uma pro­va incrív­el no final de cada episó­dio, ape­sar de nun­ca terem na ver­dade. Admi­to tam­bém com­par­til­ho o mes­mo inter­esse pelo assun­to — só não sei se tão obsecada­mente tam­bém — e após a leitu­ra de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente ape­nas ficou mais forte ain­da a sen­sação de que faz tem­po não esta­mos mais sozinhos.

    Ape­sar de as ima­gens pare­cerem desconexas do tex­to em Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente, não acred­i­to que isto seja real­mente ver­dade. Uma segun­da leitu­ra da obra acabou con­fir­man­do ain­da mais essa sus­pei­ta, pois como a história ago­ra já era con­heci­da, cada uma das ilus­trações se encaixa em um ou out­ro momen­to da nar­ra­ti­va. A sen­sação era como se a ordem das ima­gens tivesse sido embar­al­ha­da e que as vezes as próprias ilus­trações eram uma con­tin­u­ação de uma nar­ra­ti­va com­ple­men­tar ao que esta­va escrito. Foi a mes­ma sen­sação que ten­ho quan­do vejo as cenas extras de um filme em DVD, com todo aque­le con­teú­do adi­cional, mas não essen­cial para o entendi­men­to da nar­ra­ti­va como um todo. Se já leu o livro, gostaria de saber qual a sua opinião a respeito deste ques­tion­a­men­to, as ima­gens e tex­to real­mente pare­ce­r­am ser total­mente desconexas para você?

    Esque­ci de diz­er que min­ha mãe não tin­ha hob­by. Ela gosta­va de assi­s­tir às nov­e­las, mas não pos­so diz­er que isso fos­se um hob­by. A meu ver, um hob­by se ref­ere a algo que você faz com as própias mãos.

    Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente é uma obra que no iní­cio pode pare­cer meio con­fusa e talvez até aleatória, mas que pos­sui uma sutileza e sig­nifi­ca­do extra­ordinário. Com um humor seco e ao mes­mo tem­po sen­sív­el, já car­ac­terís­ti­co do Mutarel­li, além de suas ilus­trações incríveis, o livro cer­ta­mente é um deleite que não deve ficar somente empoeiran­do na sua estante.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=j8ub2bppjgw

    A equipe do inter­ro­gAção par­ticipou do lança­men­to em Curiti­ba de Quan­do meu pai se encon­trou com o ET fazia um dia quente e gan­hou um autó­grafo desen­hado do Mutarel­li espe­cial­mente para o site:

  • Dica de leitura: Macanudo

    Dica de leitura: Macanudo

    Macanudo, em espan­hol: extra­ordinário, exce­lente, estu­pen­do, magnífico.

    E é essa palavra que é usa­da para o títu­lo da coleção de tir­in­has do car­tunista argenti­no Lin­iers, ou mel­hor, Ricar­do Siri Lin­iers, nasci­do em Buenos Aires, que quan­do cur­sou pub­li­ci­dade perce­beu que o que mais gosta(va) de faz­er é desenhar.

    Dono de um traço encan­ta­dor, é difí­cil diz­er qual per­son­agem é o mais inter­es­sante, porque todos trazem um pouco da questão do exis­ten­cial­is­mo e quase sem­pre faz refer­ên­cia a out­ros artis­tas. Nada mel­hor que palavras de uma car­tunista para explicar mel­hor quem é Lin­iers:

    foto por Juliana via Flickr

    Qual­quer um pode desen­har um gato, qual­quer um pode desen­har uma garo­ta ou um homem com chapéu, mas não é qual­quer um que pode faz­er com que esse gato, essa garo­ta ou esse homem com chapéu sejam difer­entes de todos os que tivésse­mos vis­to ante­ri­or­mente e passem a faz­er parte do mun­do como se os conhecêssemos.
    Lin­iers desen­ha per­son­agens, e seus per­son­agens são extra­ordinários. E os desen­ha tão bem que são todos lin­dos, até os feios são tão per­feita­mente feios que são belos. Solitários, com uma inocên­cia pop à vezes meio per­ver­sa, movem-se com elegân­cia entre a tris­teza e o assom­bro, como atores anôn­i­mos de pequenos filmes B caseiros.
    Lápis, nan­quim e aquarela se unem habil­mente com a poe­sia e o absur­do em um mun­do cheio de sur­pre­sas. Qual­quer coisa pode acon­te­cer em Macanudo. Suas histórias caem no humor inocente com a pureza de quem des­fru­ta das coisas mais bobas da vida.
    Lin­iers desen­ha um mun­do duro com abso­lu­ta del­i­cadeza. Uma ale­gria melancóli­ca que con­trasta com a feli­ci­dade boba. Seu tra­bal­ho é belo e diver­tido. E ele é um rapaz macanudo.”
    (Mait­e­na in: Macanudo n. 1 / por Lin­iers. Camp­inas, SP: Zara­batana Books, 2008.)

    Quem quis­er con­hecer um pouco mais desse car­tunista, pode vis­i­tar seu site ou espi­ar a Ilustra­da do jor­nal Fol­ha de S. Paulo, de segun­da a sexta.

    Aqui no Brasil suas tir­in­has são pub­li­cadas pela Zara­batana, e infe­liz­mente só tem pub­li­ca­do até o vol­ume 3. Infe­liz­mente, porque na Argenti­na as tir­in­has estão no 8º volume.