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  • Café Literário: João Gabriel de Lima e Paulo Camargo

    Café Literário: João Gabriel de Lima e Paulo Camargo

    Há muito se dis­cute sobre como faz­er um Jor­nal­is­mo Cul­tur­al sério no Brasil. E pen­san­do em todas essas difi­cul­dades e na real­i­dade cul­tur­al do país foi que João Gabriel de Lima e Paulo Camar­go dis­cu­ti­ram o tema Lit­er­atu­ra e Leitor na Impren­sa, no dia 10 de out­ubro, no Café Literário da Bien­al do Livro Paraná 2010.

    João Gabriel de Lima é jor­nal­ista edi­tor-chefe da redação da Revista Bra­vo! e, Paulo Camar­go é edi­tor do Cader­no G do jor­nal paranaense Gaze­ta do Povo. Ambos os palestrantes tem uma vas­ta exper­iên­cia na área de mídias cul­tur­ais e cal­caram a dis­cussão com a mescla de exper­iên­cias que pos­suem no mer­ca­do edi­to­r­i­al e no setor nacional. Tam­bém apon­taram as pos­síveis alter­na­ti­vas de fomen­tar o atu­al cenário do Jor­nal­is­mo Cultural.

    O paulista edi­tor da Bra­vo! ini­ciou o debate lem­bran­do da for­ma em que o Jor­nal­is­mo Cul­tur­al é trata­do em out­ros país­es, como os Esta­dos Unidos e a Inglater­ra. Os suple­men­tos cul­tur­ais dess­es país­es focam as matérias no leitor, com uma lin­guagem mais colo­quial sem muitos ter­mos téc­ni­cos. João lem­bra tam­bém que a impren­sa cul­tur­al ain­da lida com a her­ança da tradição beletrista, como se o leitor fos­se obri­ga­do a ser um ¨ini­ci­a­do¨ e reduzi­do a um pequeno grupo de intelectuais.

    Já o paranaense edi­tor do Cader­no G reforça a fala de João, ressaltan­do que a cada ano que pas­sa a lit­er­atu­ra de entreten­i­men­to vai se tor­nan­do mais pre­sente. Tam­bém existe sim uma neces­si­dade de se tra­bal­har com o mar­ket­ing que os best-sell­ers trazem, mas que isso tam­bém afas­ta o leitor do restante pro­duzi­do. Para Paulo Camar­go o livro deve se tornar triv­ial de tão cotid­i­ano, lem­bran­do inclu­sive que o hábito de leitu­ra é de pos­sív­el apli­cação no nos­so país, não pre­cisan­do ir muito longe para se obter um exem­p­lo, bas­ta obser­var­mos as políti­cas apli­cadas para ela na Argenti­na, onde o livro é peça fun­da­men­tal de consumo.

    Na dis­cussão surgiu a pau­ta sobre a pos­si­bil­i­dade de o jor­nal­is­mo cul­tur­al ser um bom medi­ador para a for­mação de leitores e quan­to a isso, não hou­ve dúvi­das. Com o enorme número de infor­mações cir­cu­lan­do é quase impos­sív­el que o leitor não se influ­en­cie por meios mais especí­fi­cos, como muitas revis­tas, suple­men­tos e sites, que acabam se tor­nan­do enorme refer­ên­cia em pesquisas. Por­tan­to, surge tam­bém a neces­si­dade da impren­sa repen­sar quais ati­tudes tomar para for­mar e chamar a atenção dess­es leitores.

    Os palestrantes tam­bém dis­cu­ti­ram sobre o que o leitor espera quan­do abre um suple­men­to cul­tur­al, revista e site sobre cul­tura. Hoje, o profis­sion­al que tra­bal­ha com jor­nal­is­mo cul­tur­al deve estar aten­to as novas mídias, sem­pre fazen­do a manutenção da sua bagagem cul­tur­al e, ain­da, estar apto para saber difer­en­ciar qual mate­r­i­al vai para a inter­net e qual será impres­so. Pois ambos os meios são com­ple­mentares e não exclu­dentes entre si ‚afir­ma João Gabriel de Lima. O edi­tor Paulo Camar­go tam­bém acred­i­ta que o leitor quer sim ler mais, ter aces­so a entre­vis­tas e matérias mais focadas em assun­tos especí­fi­cos, e aci­ma de tudo, sente neces­si­dade de ser surpreendido.

    Foi destaque tam­bém a afir­mação de João Gabriel de Lima dizen­do que o jor­nal­ista dev­e­ria se sen­tir cul­pa­do por não dis­sem­i­nar mais a cul­tura e que há uma infinidade de opções para que este tra­bal­he em favor dela, a tor­nan­do mais acessív­el a todos. Assim como da importân­cia da pro­lif­er­ação de feiras que vem surgin­do, para que o livro se torne mais pre­sente na vida do leitor.

    O Café Literário: Lit­er­atu­ra e Leitor na Impren­sa foi de extrema relevân­cia para a reflexão sobre o espaço dado à cul­tura na impren­sa se focan­do na ideia de que é ela a for­mado­ra de leitores e espec­ta­dores. Assim como, tam­bém trouxe a reflexão sobre o profis­sion­al de Jor­nal­is­mo Cul­tur­al, com a per­gun­ta: afi­nal o que é real­mente feito para que a cul­tura seja pre­sentes na vida de todos, em um país como o Brasil?

    O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

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  • Café Literário: Marçal Aquino e Laerte

    Café Literário: Marçal Aquino e Laerte

    As relações entre Lit­er­atu­ra, Cin­e­ma, TV e Quadrin­hos, hoje, giram em torno da questão da adap­tação. É fre­quente a dis­cussão sobre as for­mas que os meios audio­vi­suais se apro­pri­am da lin­guagem literária. Foi per­me­a­do por essa polémi­ca que o quadrin­ista Laerte e o roteirista Marçal Aquino fiz­er­am um debate medi­a­do por Mar­i­ana Sanchez, dia 06 de out­ubro no Café Literário da Bien­al do Livro Paraná 2010.

    Laerte é car­tunista e um dos maiores quadrin­istas do Brasil, pub­li­ca tiras nos prin­ci­pais jor­nais do país e atual­mente tam­bém no seu site Man­u­al do Mino­tau­ro. Marçal Aquino é roteirista, escritor e jor­nal­ista e assi­na roteiros de filmes como Os Mata­dores e O Cheiro do Ralo. Ambos os con­vi­da­dos tem uma vas­ta exper­iên­cia da imagem como lin­guagem, seja ela no for­ma­to de HQs ou em roteiros para o audio­vi­su­al. Laerte defende mais a Tele­visão e as pro­duções em seri­ados, falan­do muitas vezes que a qual­i­dade da TV não é de todo ruim, já Marçal Aquino é um defen­sor do Cin­e­ma como lin­guagem imagéti­ca e dialo­ga muito sobre a importân­cia da Lit­er­atu­ra para um roteirista.

    A exper­iên­cia de ambos é que pon­tua as duas opiniões durante a dis­cussão. Um dos pon­tos altos do debate acon­te­ceu quan­do o assun­to se situ­ou na adap­tação de livros e quadrin­hos para a tela dos cin­e­mas. Marçal diz que ¨Cin­e­ma é que nem suru­ba, pre­cisa de mais gente para faz­er¨ se con­trapon­do com o ato solitário da escri­ta. Ain­da, diz que essa pre­mis­sa de que o livro é sem­pre mel­hor que o filme é ver­dadeira levan­do em con­ta que as duas lin­gua­gens são com­ple­ta­mente difer­entes e que não há uma neces­si­dade de fidel­i­dade entre os dois, afi­nal ¨tex­to não tem dono quan­do vai ser adap­ta­do para out­ro meio”.

    Para Laerte, não há certeza que o livro seja mel­hor, mas que fre­quente­mente é. Ele cita o filme Uma História sem Fim como refer­ên­cia de adap­tação porque o roteirista teve a sabedo­ria de se lim­i­tar pegan­do ape­nas uma parte da história para que fos­se algo viáv­el. O quadrin­ista comen­ta sobre a adap­tação do seu tra­bal­ho Piratas do Tiête, afir­man­do que Otto Guer­ra é um herói da ani­mação nacional e que o filme não será mais basea­do ness­es per­son­agens, mas sim em tiras feitas nos últi­mos anos, que são mais gerais e sem personagens.

    Laerte lev­an­ta muitas car­ac­terís­ti­cas pio­neiras das HQs que servi­ram de inspi­ração para os esti­los de tomadas no Cin­e­ma. Ambos os palestrantes con­seguiram o tem­po todo com­pro­var com vários ele­men­tos esse diál­o­go que com­põe o tripé Cinema/HQs/Literatura. Marçal tam­bém afir­ma que hoje é quase impos­sív­el ter um roteiro total­mente orig­i­nal, sem refer­ên­cias na lit­er­atu­ra, afi­nal hoje as artes são polifôni­cas e dialogam entre si.

    Out­ro pon­to da dis­cussão foi a questão do papel do artista e da sig­nifi­cação social da palavra Arte. Laerte afir­ma ter difi­cul­dades com ess­es ter­mos e que para ele isso não tem tan­ta importân­cia porque para faz­er quadrin­hos é pre­ciso ape­nas de papel, cane­ta e com­puta­dor, para pesquis­ar ima­gens no google. Marçal tam­bém se mostra pouco inter­es­sa­do em rotu­lações artís­ti­cas, afir­man­do que faz o que real­mente gos­ta e que vê de for­ma favoráv­el ele não viv­er de lit­er­atu­ra, se per­mitin­do escr­ev­er só quan­do tem von­tade ou uma coisa bacana para dizer.

    Marçal final­iza seu dis­cur­so com um grande elo­gio á obra de Laerte, afir­man­do a todos pre­sentes que eles estavam pres­en­cian­do um momen­to muito impor­tante com um grande artista. Além dis­so, chama a atenção para o fato de que os seus quadrin­hos são um dos poucos que podem ser con­ta­dos para out­ra pes­soa, sem pre­cis­ar do apoio visu­al feito pelo desenho.

    Foram muitos os assun­tos per­ti­nentes nesse Café Literário, na Bien­al do Livro Paraná 2010, os três tópi­cos Cinema/HQs/Literatura são muito amp­los, prin­ci­pal­mente quan­do se colo­ca dois artis­tas ampla­mente lig­a­dos nes­sas áreas para debater. O que ficou níti­do é que hoje, em âmbito con­tem­porâ­neo, é prati­ca­mente impos­sív­el uma arte se desven­cil­har de out­ra, por­tan­to há sem­pre a neces­si­dade de dis­cussão de diál­o­go entre elas.

    O inter­ro­gAção gravou em áudio todo esse bate-papo e se você quis­er pode escu­tar aqui pelo site, logo abaixo, ou baixar para o sue com­puta­dor e ouvir onde preferir.

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