Os dois últimos filmes da carreira de Charlie Chaplin como diretor e ator completam a programação do mês de julho do Cineclube Sesi. Os longas “Um Rei em Nova York” e “A Condessa de Hong Kong” ganham exibições gratuitas nos dias 24 e 31 de julho, respectivamente, às 19h30, na Sala Multiartes do Centro Cultural Sistema Fiep. O ciclo do ator britânico também serve de comemoração pelos 2 anos de existência do Cineclube no espaço cultural.
Lançado em 1957, “Um Rei em Nova York” marca a ida do Charlie a Londres, sendo seu primeiro filme após se exilar dos EUA. Repleto de críticas, a produção traz a trama de um monarca deposto que encontra seu ex-primeiro ministro em um hotel, onde lida com a crescente conta e é persuadido a fazer comerciais de TV. Além de falar de sua vida nas entrelinhas, o filme entrou na história do cinema por ser o último de Chaplin como protagonista.
O Cineclube Sesi conclui sua programação de julho com “A Condessa de Hong Kong”, último filme do eterno Carlitos como ator e diretor. Com Marlon Brando no elenco, o longa traz a história de uma prostituta da nobreza russa que foge para Hong Kong devido a Revolução de 1917. No caminho, ela conhece um poderoso empresário e decide esconder em sua cabine, para ir aos EUA.
Ainda em julho, o Cineclube Sesi exibiu “O Garoto”, o clássico dos clássicos “Tempos Modernos” e “Monsieur Verdoux”. As sessões semanais do Cineclube Sesi, que acontecem todas as quintas-feiras, são gratuitas.
Serviço:
Cineclube Sesi – Ciclo Charlie Chaplin
Local: Centro Cultural Sistema Fiep – Sala Multiartes — Av. Cândido de Abreu, 200 — Centro Cívico — Curitiba/PR
Datas e horários: quintas-feiras, às 19h30
Ingresso: gratuito
24/07 – Um Rei em Nova York.1957, 110 minutos, classificação indicativa livre
31/07 – A Condessa de Hong Kong. 1967, 120 minutos, livre.
Uma opção aos domingos para um programa diferente em família é conferir as sessões gratuitas do Cine Sesi Sede. A partir deste mês, filmes representativos para a história do cinema ganham exibições todos os domingos, às 15 horas, no Centro Cultural Sistema Fiep, na região central de Curitiba (Av. Cândido de Abreu, 200).
Nos dias 20 e 27 de julho, a programação conta com “Matilda”, de Danny deVito, e “À Meia Luz”, de George Cukor, respectivamente. Além do Cine Sesi Sede, o Sesi Cultura realiza sessões gratuitas todas as quintas-feiras com o Cineclube Sesi, no mesmo lugar.
Drácula, personagem da literatura de horror criado pelo irlandês Bram Stoker, tem o poder de dominar gerações inteiras. A estória do sugador de sangue demoníaco e sedutor, que se alimenta da vida – e consequentemente da alma – de suas vítimas, surgiu por meio dos pesadelos de Bram Stoker, ganhando corpo em 1897. A inspiração do romancista também veio das pesquisas que realizava sobre a vida do príncipe Vlad III da Valáquia, região da Romênia. Conhecido como “O Empalador”, Vlad III era extremamente temido pelo sadismo e carnificina com o qual tratava inimigos e prisioneiros, impondo punições cruéis. Segundo a lenda, o príncipe romeno se deliciava ao ver os corpos dos inimigos empalados em estacas vertendo sangue.
Retrato de Vlad III, datado por volta de 1560
Mas nem só de biografias e mitos vivia o criador de Drácula. As narrativas que envolvem vampiros remontam à tradição oral de povos da antiguidade, mas só ganharam espaço na literatura em meados do século XIX. Antes de Bram Stoker, os escritores Sheridan Le Fanu (1814 – 1873) e John Polidori (1795 – 1821) já haviam abordado a temática do vampiro em suas obras, mas a consagração só viria com Drácula. Apesar do sucesso do livro, Bram Stoker continuou vivendo sem muitos alardes até sua morte, em 1912, aos 65 anos. Dois anos depois, Florence Stoker, esposa do escritor, publica uma coletânea de contos do marido, cujo título é “O Hóspede de Drácula e outras histórias estranhas” (original ‘Dracula’s Guest And Other Weird Stories’), lançado pela editora George Routledge & Sons, Ltd. of London. O conto de abertura é o homônimo O Hóspede de Drácula, e segundo o prefácio escrito por Florence Bram Stoker, a história é parte integrante do livro de sucesso do marido, mas que não foi inserida à época por questões de espaço, considerando à extensão do romance.
Imagem do filme “Drácula” (1931), dirigido por Tod Browning, com Béla Lugosi e Helen Chandler
A narrativa começa com a visita de um inglês à Munique, cidade alemã, e sua vontade de dar um passeio pelos arredores da região. Na saída do hotel, o cocheiro encarregado de fazer a condução do visitante é alertado pelo maître a retornar antes do cair da noite. O inglês chegara bem em cima da “Walpurgisnacht”, conhecida como a “Noite de Santa Valburga”, tradicional festa cristão com origens pagãs, celebrada na noite do dia 30 de abril. Durante as celebrações, são feitas grandes fogueiras com o intuito de expulsar demônios e espíritos sem rumo que vagam pela dimensão dos vivos.
O autor Bram Stoker (Foto: Hulton Archive/Getty Images)
Empolgado pela paisagem vibrante, o turista não dá ouvidos aos apelos do cocheiro quando este sugere que voltem, pois estavam se aproximando de um vilarejo abandonado e considerado por toda gente local como amaldiçoado. Ostentando a racionalidade e soberba inglesas, o homem decide que vai seguir em frente sem o condutor da carruagem, e a partir desse momento começam a surgir diversos perrengues que nem mesmo a inabalável razão inglesa é capaz de dissimular. Alterações climáticas explosivas, seguidas de uma atmosfera lúgubre, desabam sobre o destemido inglês e o leitor começa a sentir os efeitos da narrativa bem construída de Bram Stoker, que utiliza muito bem a mistura de superstição com terror psicológico. Particularmente, uma das situações mais interessantes do conto foi acompanhar o bom senso tipicamente inglês ser dissolvido nas moléculas do medo e misticismo, já que o visitante começa a palpitar mais forte e desejar até ter atendido aos apelos do aflito cocheiro, de quem desdenhou e duvidou.
Imagem do filme “Drácula de Bram Stoker” (1992), dirigido por Francis Ford Coppola, com Gary Oldman e Keanu Reeves
Essa falta de “imunidade” ao sobrenatural faz companhia ao leitor durante toda a narrativa, transformando o cenário de raios enfurecidos, lobos sanguinários, estacas e mortos que levantam em respiração ofegante, quase fantasmagórica. Quem leu “Drácula” vai estar familiarizado com o terreno e pode até imaginar o desfecho final da história, que também assombrou o próprio protagonista. Um dos destaques da trama é a capacidade de Bram Stoker em envolver e projetar cenários imaginários na mente do leitor, cativando pelo medo. Drácula é, antes de tudo, o fascínio por um mundo sem amarras, noturno, irreal e sem a âncora da racionalidade. Um estereótipo de poder onde tudo é permitido e onde a magia esbarra na eternidade, afinal de contas, “os mortos viajam depressa”.
O Hóspede de Drácula é um conto rápido, com 36 páginas, que se divide entre a história, prefácio e curiosidades, e pode ser lido entre vinte e trinta minutos. Li a história na versão e‑book publicada pela editora DarkSide em 2012 e traduzida por Maria Clara Carneiro e Bruno Dorigatti. O site Darksidebooks oferece o conto em formato e‑book gratuitamente para download.
O Sesi realiza em setembro mais quatro sessões do Cineclube Sesi, projeto que exibe filmes brasileiros e estrangeiros e promove um bate-papo na língua de origem do título. A série escolhida para este mês – Ciclo Expressionismo Americano, investiga as interfaces entre o cinema expressionista da Alemanha dos anos 20 e o cinema comercial americano. As exibições dos filmes acontecem na Sala Multiartes, do Centro Cultural Sistema Fiep.
“Os títulos selecionados neste ciclo discutem de que maneira a estética do expressionismo alemão e de seus grandes mestres repensaram a estética do cinema popular, na pequena e grande produção hollywoodiana, principalmente em gêneros como o melodrama e policial”, explica o produtor do Cineclube Sesi, Miguel Haoni.
A entrada é gratuita com vagas limitadas por ordem de chegada. Mais informações pelo site www.sesipr.org.br/cultura.
Veja os dias e filmes exibidos em setembro:
Data: 06/09, às 19h30
Exibição e debate do filme: “Aurora” (1927), de F. W. Murnau
Duração: 95 minutos
Classificação: Livre
Local: Centro Cultural Sistema Fiep – Sala Multiartes — Av. Cândido de Abreu, 200 Centro – Curitiba — PR
Data: 13/09, às 19h30
Exibição e debate do filme: “Cidadão Kane” (1941), de Orson Welles
Duração: 119 minutos
Classificação: 12 anos
Local: Centro Cultural Sistema Fiep – Sala Multiartes — Av. Cândido de Abreu, 200 Centro – Curitiba — PR
Data: 19/09, às 19h30
Exibição e debate do filme: “Almas Perversas” (1945), de Fritz Lang
Duração: 103 minutos
Classificação: 14 anos
Local: Centro Cultural Sistema Fiep – Sala Multiartes — Av. Cândido de Abreu, 200 Centro – Curitiba — PR
Data: 27/09, às 19h30
Exibição e debate do filme: “O Beijo Amargo” (1964), de Samuel Fuller
Duração: 90 minutos
Classificação: 12 anos
Local: Centro Cultural Sistema Fiep – Sala Multiartes — Av. Cândido de Abreu, 200 Centro – Curitiba — PR