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  • Pico do Petróleo, por Stuart McMillen | Quadrinho

    Pico do Petróleo, por Stuart McMillen | Quadrinho

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    O inter­ro­gAção é o tradu­tor ofi­cial das HQs do Stu­art McMillen.

  • Três Dedos: Um Escândalo Animado (2009), de Rich Koslowski | HQ

    Três Dedos: Um Escândalo Animado (2009), de Rich Koslowski | HQ

    tres-dedos-um-escandalo-animado-2009-de-rich-koslowski-hqQuan­do éramos cri­anças, cor­ríamos para o sofá (ou cadeira) com o intu­ito de assi­s­tir aos desen­hos ani­ma­dos que envolvi­am per­son­agens-ani­mais, tais como Taz, Per­na­lon­ga, Tom, Jer­ry, Mick­ey, entre out­ros. Mas o que não sabíamos aca­ba de ser rev­e­la­do na obra “Três Dedos: Um escân­da­lo Ani­ma­do” (2009), de Rich Koslows­ki.

    O que muitos críti­cos acusam como um tra­bal­ho vazio ou uma “leitu­ra par­o­dís­ti­ca do mun­do encan­ta­do dos desen­hos” reflete uma ten­ta­ti­va para silen­ciar a gravi­dade no inte­ri­or do escân­da­lo expos­to neste livro.

    Em for­ma de HQ-Doc­u­men­tário, Rich inves­ti­ga os basti­dores da indús­tria cin­e­matográ­fi­ca hol­ly­wood­i­ana através de um lev­an­ta­men­to detal­ha­do que nos mostra seu surg­i­men­to, des­de o fim do cin­e­ma prim­i­ti­vo nos Esta­dos Unidos.

    Nesse con­tex­to, o leitor con­hece a vida do cineas­ta Dizzy Wal­ters, fun­dador do “cin­e­ma ani­ma­do” oci­den­tal. Com uma tra­jetória de vida mar­ca­da por crises e suces­sos, Rich apon­ta que o grande difer­en­cial de Dizzy deu-se na cor­agem de reti­rar do sub­mun­do, os artis­tas – que, por serem “desen­hos ani­ma­dos” — eram demo­niza­dos pela sociedade tradi­cional­ista norte-americana.

    Rich Koslowski
    Rich Koslows­ki

    Viven­do uma fase som­bria, “ele começou a fre­qüen­tar partes cada vez mais perigosas e pouco recomen­dadas da cidade, até que final­mente, uma noite, encon­trou-se vagan­do (…) pela ‘Ani­malân­dia’” e con­heceu – tocan­do numa boate escon­di­da — o rat­in­ho Rick­ey”. Esse encon­tro muda toda a história do cinema.

    O tal­en­to e caris­ma de Rick­ey no pal­co fez Dizzy tomar uma ati­tude arrisca­da: levar para as telas os “ani­ma­dos”, mes­mo cor­ren­do o risco de perder sua dig­nidade, pois nes­sa época, ess­es bich­in­hos sofri­am bas­tante pre­con­ceito, viven­do na mar­gin­al­i­dade e esque­ci­dos pelo poder público.

    Ser um “ani­ma­do” era noci­vo, repug­nante e assus­ta­dor. A sociedade com­pos­ta pelos humanos excluiu a raça ani­ma­da do con­vívio social e a jogou — sem o mín­i­mo de cidada­nia — nos bair­ros per­iféri­cos, no qual muitos deles vivi­am da pros­ti­tu­ição, trá­fi­co de dro­gas e ani­mação em fes­tas infan­tis, onde as cri­anças con­tratavam os “ani­ma­dos” para vio­len­tá-los em orgias envol­ven­do recheio de chi­clete sin­téti­co, refrig­er­ante com alto teor de gás e brigadeiros industriais.

    O risco em tornar um “ani­ma­do” ícone pop era alto, mas Dizzy Wal­ters investiu todo seu din­heiro no filme “Rick­ey na Fer­rovia”. Sur­preen­den­te­mente, o suces­so foi ime­di­a­to! Mes­mo com todo o ceti­cis­mo enraiza­do na críti­ca de cin­e­ma espe­cial­iza­da, as plateias humanas acla­mavam o filme como “rev­olu­cionário”.

    Rich Koslows­ki afir­ma que:

    Rap­i­da­mente, todos os grandes estú­dios de cin­e­ma começaram a pro­duzir filmes estre­la­dos por atores ani­ma­dos. Seis meses após a estréia de ‘Rick­ey na Fer­rovia’, qua­tro dos maiores estú­dios lançari­am pro­duções estre­ladas ape­nas por elen­cos de atores animados.

    Assim, a indús­tria cin­e­matográ­fi­ca de ani­mação pro­move uma avalanche de filmes mar­ca­dos pelo fra­cas­so de bil­hete­ria. Por algum moti­vo descon­heci­do, o públi­co não respon­dia pos­i­ti­va­mente ao lança­men­to dos novos filmes que sur­gi­ram após o “fenô­meno Rickey”.

    O autor entre­vista (entre ex-atores e teste­munhos da época) Hans Wurstmacher:

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    Enquan­to os filmes ani­ma­dos não estre­la­dos por Rick­ey causavam pre­juí­zos aos atrav­es­sadores, pro­du­tores e exibidores, a fama de Dizzy e seu par­ceiro lotavam as capas de revista, jor­ran­do din­heiro por todos os lados!

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    A alta cúpu­la do setor de ani­mação em Hol­ly­wood estran­hou como Dizzy e Rick­ey tornaram-se, do dia para a noite, os novos mag­natas do cin­e­ma. Algo erra­do esta­va acon­te­cen­do nos cír­cu­los inter­nos do setor.

    O suces­so de Rick­ey aumen­ta­va a cada filme real­iza­do, mas para atin­gir a fama ime­di­a­ta os artis­tas sem­pre pagam um alto preço.

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    Até o ano de 1946, ape­nas os filmes da dupla pros­per­avam, fazen­do Rick­ey tornar-se o maior super-astro ani­ma­do de todos os tem­pos, o que o lev­ou a casar-se com uma humana! A união afe­ti­va com Rosa Bel­mont pro­moveu uma grande dis­cussão étni­ca nos anos 40 nos Esta­dos Unidos: Humanos podem unir-se a Ani­ma­dos? Mes­mo com a fúria do públi­co con­ser­vador norte-amer­i­cano, sem dúvi­da, Rick­ey e Rosa que­braram os tabus em torno do amor entre seres tão distintos.

    A vida de Rick­ey e Dizzy esta­va no seu mel­hor momen­to, até que os seg­re­dos sobre o Rit­u­al são rev­e­la­dos à impren­sa a par­tir de uma denún­cia anôn­i­ma real­iza­da em 1948, que trouxe à tona um dos­siê fotográ­fi­co respon­sáv­el pela des­graça da car­reira de ambos. As ima­gens con­fir­mam: o Rit­u­al é uma ter­rív­el realidade.

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    A par­tir das ima­gens expostas por Rich, “Três Dedos” pro­move um debate com ex-atores ani­ma­dos fra­cas­sa­dos para com­preen­der a pos­sív­el lig­ação dos per­son­agens cen­trais com o escân­da­lo envol­ven­do o Ritual.

    Seria essas práti­cas macabras que o levaram à fama abso­lu­ta? É a par­tir des­ta fór­mu­la bizarra que os desen­hos ani­ma­dos con­seguem hip­no­ti­zar mil­hares de cri­anças atual­mente? Seria o “hor­ror” a palavra de ordem nas ani­mações que for­maram ger­ações de home­ns e mulheres?

    Numa rara aparição à Rich Koslows­ki, Rick­ey polemiza:

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    Comen­tários bom­bás­ti­cos bus­cam ques­tionar a indús­tria cin­e­matográ­fi­ca e avaliar o raio‑X do maior escân­da­lo da cul­tura pop nos anos 40.

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    Quem lem­bra do Pato Daniel? Engas­guin­ho? Ton­to? Liu Liu? Rapid­in­ho Rodriguez? Gafan­ho­to Can­tante? Per­nalou­ca? Frei­drich Von Gatze? Mil­lie Mar­su­pi­al? Pato Nil­do? Anti­gos grandes astros da ani­mação que hoje vivem em condições precárias, na maio­r­ia dos casos venden­do-se à indús­tria pornográ­fi­ca lig­a­da à cat­e­go­ria Zoo-She­male-Gag­fac­tor ou tra­bal­han­do nas zonas boêmias da Animalândia.

    A reper­cussão em torno do Rit­u­al pro­moveu ataques de artis­tas e políti­cos famosos (como Mar­i­lyn Mon­roe, o senador Theodore Iver­son, Mar­tin Luther King e J. F. Kennedy), que “se lev­an­taram con­tra o abu­so e trata­men­to ruim dado aos ani­ma­dos”. Poucos meses após a man­i­fes­tação de apoio aos ani­ma­dos, os mes­mo críti­cos que acusavam a indús­tria hol­ly­wood­i­ana por tais crimes sofr­eram trági­cos “aci­dentes de per­cur­so” até hoje inex­plicáveis. Have­ria algu­ma lig­ação entre essas mortes e o Ritual?

    Per­nalou­ca, após ser ques­tion­a­do por Rich sobre sua pos­sív­el lig­ação com rit­u­al, reage de for­ma surpreendente:

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    Desse modo, “Três Dedos” apre­sen­ta aos leitores o proces­so de con­strução dos mitos ani­ma­dos da TV e cin­e­ma. Anal­isa como a indús­tria da ani­mação lucra mil­hões de dólares, investin­do em filmes e séries tele­vi­si­vas infan­tis que movi­men­tam um mer­ca­do macabro, obri­g­an­do os artis­tas a se sub­me­terem ao Rit­u­al em tro­ca da fama, luxo e recon­hec­i­men­to de públi­co. Quan­do os pro­du­tores lucram tudo que podem, os jogam no esquec­i­men­to absoluto.

    O que está por trás do uni­ver­so dos filmes infan­tis? Até que pon­to nos­sos fil­hos devem con­sumir tais con­teú­dos, mar­ca­dos por uma atmos­fera de hor­ror e sub­mis­são? “Três Dedos” é um livro que pre­cisa ser lido e divul­ga­do ime­di­ata­mente nas esco­las, crech­es e aos pais mais cuida­dosos, como um aler­ta moral sobre a maldição envol­ven­do os desen­hos animados.

  • Wind

    Wind

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    Não estar mor­to não é estar vivo”. O aforis­mo de E.E Cum­mings, poeta e ensaís­ta norte-amer­i­cano, traduz em palavras o véu que cobre home­ns e mul­heres for­ma­dos pelo mosaico de roti­nas, per­feita­mente adap­ta­dos e esta­bi­liza­dos em situ­ações que sequer con­hecem ou enten­dem. Quan­do acon­tece uma rup­tura no modo de vida já pet­ri­fi­ca­do, a comu­nidade entra em catatonia.

    A ani­mação “Wind” (2012), cri­a­da pelo design­er e ilustrador Robert Löbel, emerge essa panorâmi­ca. O cur­ta traz o dia-a-dia de uma pop­u­lação que vive em um local inóspi­to, asso­la­do por uma ven­ta­nia infind­áv­el. Todas as ativi­dades, ações e com­por­ta­men­tos do grupo cir­cu­lam em torno dos ven­tos fortes. Como a condição climáti­ca é acei­ta sem ques­tion­a­men­tos, a roti­na é lança­da ao ar, feito fol­ha seca guia­da sem direção.

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    No entan­to, repenti­na­mente o ven­daval ces­sa e a pop­u­lação, atôni­ta, é descar­ac­ter­i­za­da. Como o bar­man vai servir os clientes sem o auxílio do ven­to? Sobre­viverão os cortes de cabe­lo padroniza­dos sem a tem­pes­tade de ar? Ao que a ani­mação indi­ca, parece que não.

    Wind” é o resul­ta­do do pro­je­to final de grad­u­ação de Robert Löbel na Uni­ver­si­dade de Ciên­cias Apli­cadas de Ham­bur­go, con­qui­s­tan­do mais de 18 prêmios inter­na­cionais. Além dis­so, a pro­dução leva na bagagem indi­cações em fes­ti­vais de várias partes do mun­do. A ani­mação é fei­ta sem diál­o­gos, com traços limpos e deli­ciosa­mente irôni­cos e lúdi­cos, deixan­do como men­sagem uma per­gun­ta sem rodeios: Se a humanidade é fei­ta de comod­is­mo e res­ig­nação, somos ou não guia­dos pela mão fatal­ista do destino?

    Con­fi­ra a animação:

  • Folheteen: direto ao ponto | HQ da Semana

    Folheteen: direto ao ponto | HQ da Semana

    folheteen-capaArran­jar um novo emprego, aju­dar a pagar o aluguel e as con­tas da casa, estu­dar pras provas no colé­gio, aceitar o novo namora­do da mãe den­tro da família. Ess­es são os prob­le­mas de Malu.

    Malu não tem super-poderes, não pre­cisa sal­var o mun­do, não teve uma exper­iên­cia traumáti­ca, não vive uma grande história de amor. Ela é a meni­na que te atende no caixa do super­me­r­ca­do, é a meni­na que dis­tribui fol­hetos nos sinais de trânsito.

    Essa é a pro­tag­o­nista do álbum Fol­heteen: dire­to ao pon­to, escrito pelo curitibano José Aguiar. E a cidade de Curiti­ba se faz pre­sente em toda a história, nos detal­h­es dos lam­bre­quins, pré­dios, pon­tos de ônibus. Ain­da assim, não é uma história bair­rista. A moça Malu pode­ria morar em qual­quer cidade. O forte do álbum é essa nar­ra­ti­va despre­ten­siosa e adoráv­el sobre essa meni­na abso­lu­ta­mente comum.

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    A tra­ma de Fol­heteen começa quan­do a pro­tag­o­nista perde seu emprego no super­me­r­ca­do. A par­tir dis­so, acom­pan­hamos as dúvi­das e pre­ocu­pações de Malu, ten­tan­do aju­dar a man­ter sua casa, equi­li­bran­do estu­dos com sua vida pes­soal. Ela pre­cisa resolver prob­le­mas den­tro de sua família e, prin­ci­pal­mente, prob­le­mas den­tro de si mesma.

    folheteen-2Os per­son­agens no traço de José Aguiar gan­ham uma forte expressão grá­fi­ca em lin­has geométri­c­as e for­mas sim­ples. O esti­lo de desen­ho aju­da na nar­ra­ti­va que flui de maneira nat­ur­al e aumen­ta ain­da mais a sen­sação de “cotid­i­ano”.

    Tra­ta-se de um tra­bal­ho hon­esto, muito bem real­iza­do e cheio de humanidade. O acaba­men­to grá­fi­co do álbum é belís­si­mo e ain­da apre­sen­ta um tex­to sobre a car­reira profis­sion­al do autor e a gênese de sua obra.

    Fol­heteen: dire­to ao pon­to foi lança­do ago­ra, em de jun­ho de 2013, e pode ser encon­tra­do nas livrarias e com­ic shops com preços var­ian­do entre R$40,00 e R$49,00. Você tam­bém pode adquirir um exem­plar dire­to com o autor, auto­grafa­do, pelo e‑mail projeto.quadrinho [arro­ba] gmail [pon­to] com.

    Fol­heteen: dire­to ao ponto
    Autor: José Aguiar
    Edi­to­ra: Quadrinhofilia
    Preço: Entre R$ 40,00 e R$49,00

  • Lapsus

    Lapsus

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    Com um desen­ho min­i­mal­ista e um óti­mo sen­so de humor, a ani­mação Lap­sus (2007), do argenti­no Juan Pablo Zaramel­la, con­ta a diver­ti­da história de uma freira que decide se aven­tu­rar no seu lado negro.

    Uti­lizan­do somente o con­traste do bran­co com o pre­to, Zaramel­la explo­ra não só as ideias e con­ceitos por trás dessas cores, mas tam­bém brin­ca com as várias posi­bil­i­dades grá­fi­cas das for­mas uti­lizadas no desen­ho quan­do a cor do fun­do é inver­ti­da. O cur­ta fica ain­da mais engraça­da pois as úni­cas pal­abras que a freira con­segue falar são “Oh my God!”, que em por­tuguês seria algo como “Ai meu Deus!”, inde­pen­dente da situ­ação em que ela está.

    O animador Juan Pablo Zaramella
    O ani­mador Juan Pablo Zaramella

    A ani­mação Lap­sus foi vence­do­ra de mel­hor cur­ta do Ani­ma Mun­di São Paulo 2007 e gan­hou prêmios nos fes­ti­vais de Hiroshi­ma, Annecy e Sun­dance. O dire­tor tam­bém foi pre­mi­a­do em vários out­ros fes­ti­vais, com ani­mações como a “El Desafio a la Muerte“, “Via­je a Marte”, “Sex­teens” e “Lumi­naris”. Além dis­so, ele pos­sui em seu port­fo­lio exce­lentes cur­tas para com­er­ci­ais de mar­cas como: Pepi­tos, Plan Rom­bo, Knorr e Amer­i­can Express.

    Juan Pablo Zaramel­la é for­ma­do pelo Insti­tu­to de Arte Cin­e­matografi­co de Avel­lane­da, na Argenti­na, como Dire­tor de Ani­mação, tra­bal­ha atual­mente como ani­mador inde­pen­dente, escreven­do, dirigin­do e ani­man­do cur­tas. Começou a desen­har quan­do tin­ha somente três anos de idade e aos oito já estu­da­va desen­ho e fazia flip­books. Este ano, tam­bém foi o respon­sáv­el pela cri­ação da iden­ti­dade visu­al do Ani­ma Mun­di 2013, fes­ti­val que par­tic­i­pa com seus cur­tas des­de 2002 e através do qual seu tra­bal­ho é muito divul­ga­do aqui no Brasil.

    Assista o cur­ta com­ple­to abaixo:

    O dire­tor tam­bém fez um diver­tido “Por trás das cam­eras”, com cenas exclu­si­vas, ima­gens dos basti­dores e uma entre­vista polêmica.

  • A Recompensa (The Reward)

    A Recompensa (The Reward)

    TheReward_PosterEm um pequeno vilare­jo de Tohan, dois jovens vivem seus dias ape­nas seguin­do suas roti­nas comuns e sem graça. Mas um dia, um glo­rioso herói surge repenti­na­mente. E enquan­to os dois o obser­vam com grande admi­ração, ele deixa cair aci­den­tal­mente um mapa do tesouro. Após uma peque­na briga sobre quem vai ficar com o mapa, deci­dem encon­trar jun­tos o mis­te­rioso tesouro. Na ani­mação A Rec­om­pen­sa (The Reward, 2013), dirigi­do por Mikkel Mainz e Ken­neth Ladekjær, acom­pan­hamos durante nove min­u­tos, a jor­na­da dess­es per­son­agens para con­seguirem gan­har a tão dese­ja­da recompensa.

    O cur­ta foi pro­duzi­do durante sete meses em um work­shop, por estu­dantes da esco­la de ani­mação dina­mar­que­sa The Ani­ma­tion Work­shop. Boa parte do proces­so de cri­ação foi doc­u­men­ta­do no blog ofi­cial do pro­je­to, assim como as artes de cada um dos per­son­agens, cenários e armas uti­lizadas. Um ver­dadeiro tesouro para qual­quer fã de desen­ho ou ani­mação! A tril­ha sono­ra, cri­a­da por Math­ias Winum, tam­bém está disponív­el e pode ser escu­ta­da abaixo.

    Uma dica antes assi­s­tir: veja o cur­ta até o final. Tem uma peque­na cena após os crédi­tos, que é rel­e­vante para a tra­ma apresentada.

    Assista a ani­mação A Rec­om­pen­sa (The Reward) abaixo:

    Mak­ing Of da animação:

    Após o tér­mi­no do work­shop e do lança­men­to do cur­ta, os dois dire­tores se jun­taram a Bo Juhl (out­ro ex-estu­dante da esco­la), para cri­ar o estú­dio de ani­mação Sun Crea­ture, cujo propósi­to é explo­rar o mun­do da ani­mação 2D e ten­tar ultra­pas­sar as bar­reiras e lim­ites das ani­mações atu­ais. Como seu primeiro pro­je­to, a equipe decid­iu cri­ar uma cam­pan­ha no Kick­starter para faz­er uma série ani­ma­da basea­da no mun­do de A Rec­om­pen­sa (The Reward), se apro­fun­dan­do em alguns aspec­tos da história orig­i­nal, como o con­to da len­da por trás do espel­ho e porque o mapa e foi cri­a­do. Eles tam­bém fiz­er­am um pequeno jogo basea­do no cur­ta, para ser joga­do em duas pes­soas, que está disponív­el gra­tuita­mente na inter­net. A boa notí­cia é que o pro­je­to con­seguiu ser bem suce­di­do no dia 6 de abril, ago­ra só res­ta esper­ar o resultado!

  • Valente para todas | HQ da Semana

    Valente para todas | HQ da Semana

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    Quem nun­ca deu suas cabeçadas por causa de amor? Quem não meteu os pés pelas mãos, fez con­fusão, quem nun­ca teve dor-de-cotovelo? Quem acred­i­ta em amor?

    Se essas per­gun­tas mex­em com você, Valente para todas é um livro de quadrin­hos que vai te agradar em cheio. Valente, Dama, Bu, Prince­sa e out­ros per­son­agens pare­cem ape­nas mais um pun­hado de bich­in­hos fofin­hos, mas quan­do começar a ler as aven­turas dessa tur­ma vai perce­ber que ali tem muito mais do que fofura.

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    O autor, Vitor Cafag­gi, recria com ess­es sim­páti­cos per­son­agens situ­ações com as quais que todo mun­do que já foi ado­les­cente apaixon­a­do (ou apaixon­a­da) vai se iden­ti­ficar. Seu tex­to é óti­mo, os diál­o­gos são cati­vantes e a tra­ma, basea­da em um inusi­ta­do triân­gu­lo amoroso, não deixa largar o livro antes do fim.

    As histórias tem o for­ma­to de tiras em quadrin­hos, que fun­cionam muito bem quan­do reunidas em um só livro, man­ten­do coerên­cia e continuidade.

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    Valente para todas é o segun­do vol­ume de uma série, dan­do con­tinuidade às histórias de Valente para sem­pre. Graças a uma boa apre­sen­tação resu­min­do os even­tos ante­ri­ores, é per­feita­mente pos­sív­el ler e se envolver com as desven­turas do cãozinho.

    Cafag­gi pre­tende faz­er uma série com cin­co livros con­tan­do a saga de Valente. O final do segun­do vol­ume deixa o leitor ansioso pela continuação.

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    Tam­bém é pos­sív­el con­ferir todas as aven­turas do per­son­agem no blog do autor, que disponi­bi­liza sem­anal­mente atu­al­iza­ções das aven­turas de Valente.

    Para adquirir Valente para todas, entre em con­ta­to dire­to com o autor por e‑mail (vitor­cafag­gi [arrom­ba] gmail [pon­to] com) ou acesse o site da Comix , onde estão disponíveis os dois álbuns da série.

    Valente para todas
    Autor: Vitor Cafaggi
    Pub­li­cação independente.
    Preço: R$ 12,00

  • Xampu | HQ da Semana

    Xampu | HQ da Semana

    xampu-capaRoger Cruz tra­bal­hou muito tem­po como desen­hista de gibis de super-heróis. X‑men, Hulk, Moto­queiro Fan­tas­ma. Mas em 2009, entre um tra­bal­ho e out­ro, Cruz arran­jou tem­po pra faz­er uma série de histórias com um esti­lo de desen­ho, enre­do e espíri­to com­ple­ta­mente difer­entes do mod­e­lo do super-herói.

    O álbum Xam­pu reúne essas histórias que falam sobre pes­soas comuns, jovens e ado­les­centes, em São Paulo no final da déca­da de 1980. Pra quem viveu essa época, o álbum tem um sabor de nos­tal­gia deli­cioso. São detal­h­es nos desen­hos: car­tazes, capas de LP, livros…

    Mas o méri­to maior do livro não está na nos­tal­gia e sim na maneira envol­vente como são nar­radas as desven­turas de seus pro­tag­o­nistas. Difí­cil não se iden­ti­ficar com as incertezas e paixões que movem essa tur­ma. Cruz con­segue cri­ar per­son­agens que cati­vam o leitor, que se tor­nam impor­tantes e que per­manecem na memória.

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    As histórias são rel­a­ti­va­mente inde­pen­dentes umas das out­ras, emb­o­ra pos­suam cronolo­gia e um elen­co prin­ci­pal estáv­el, todos jovens, de uma per­ife­ria. Tudo gira em torno do aparta­men­to do edifí­cio número 78, onde o Som­bra, Max, Nicole, Pedrão e mais uma galera se “mocosavam” pra cur­tir um som, dro­gas e amassos.

    xampu-2O esti­lo rock&roll, cabe­lo com­pri­do, calças jeans, jaque­ta de couro, tat­u­a­gens, bebidas, sexo… A vida dos per­son­agens vai se con­stru­in­do em torno dis­so e acom­pan­hamos tra­jetórias que nem sem­pre ter­mi­nam em finais felizes.

    A capa do álbum mostra um dis­co de vinil e brin­ca com a ideia de que não apre­sen­ta histórias, mas sim “faixas”, “canções” que recebem nomes como “Xam­pu Gen­er­a­tion”, “O Som­bra”, “Raquel”, “Max & Nicole” e out­ras. Há tam­bém uma “faixa bônus: UnPlugged”: uma sessão cheia de esboços e testes de esti­los de desenho.

    É um tra­bal­ho exce­lente, com uma nar­ra­ti­va cati­vante, óti­mos desen­hos e histórias.

    Lança­do em 2010, o álbum ain­da pode ser encon­tra­do nas livrarias e com­ic shops. O autor fez um post em seu blog com várias fotos de orig­i­nais e tam­bém  criou um blog ofi­cial da HQ.

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    Desen­hos orig­i­nais e fer­ra­men­tas de tra­bal­ho do autor

    Xam­pu
    Autor: Roger Cruz
    Edi­to­ra: Devir
    Preço esti­ma­do: R$ 29,50

  • A Chegada | HQ da Semana

    A Chegada | HQ da Semana

    Chegada-capaUma história em quadrin­hos que usa ape­nas ima­gens e nen­hu­ma palavra. Ou mel­hor, nen­hu­ma palavra em idioma con­heci­do. Vemos tex­tos em car­ac­teres imag­inários, letras fan­tás­ti­cas incom­preen­síveis que acabam se tor­nan­do parte das imagens.

    Isso é um artifí­cio nar­ra­ti­vo do autor Shaun Tan, que pre­tende cri­ar no leitor a sen­sação do pro­tag­o­nista da história: ser imi­grante em um país com­ple­ta­mente estran­ho, de cul­tura prati­ca­mente alienígena.

    A arte do álbum é embas­ba­cante, mag­nifi­ca­mente desen­ha­da a lápis. As ima­gens procu­ram repro­duzir fotografias anti­gas que retratavam a chega­da de estrangeiros à Améri­ca no começo do sécu­lo XX.

    Há todo um cli­ma de nos­tal­gia, mas o tem­pero espe­cial do álbum é a fan­ta­sia. Nesse novo país, o nos­so pro­tag­o­nista toma con­ta­to com estra­nhas cria­tur­in­has que pare­cem Poké­mons, com hábitos e estru­turas de tra­bal­ho rad­i­cal­mente difer­entes das que con­hecia e, prin­ci­pal­mente, com out­ros estrangeiros como ele, que vier­am de lugares ain­da mais estran­hos com histórias comoventes e sur­preen­den­te­mente reais.

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    A Chega­da é uma belís­si­ma obra sobre diver­si­dade e sol­i­dariedade. Com suas silen­ciosas ima­gens em tom de sépia, está cheia de sons, histórias, cores e vida. Shaun Tan com­pôs uma história cheia de poe­sia e sen­si­bil­i­dade, mar­ca­da por ele­men­tos fan­tás­ti­cos que pare­cem simul­tane­a­mente estran­hos e famil­iares. Uma história sobre pes­soas tão difer­entes e ao mes­mo tem­po com tan­to em comum.

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    A Chega­da
    Autor: Shaun Tan
    Edi­to­ra: Edições SM
    Preço esti­ma­do: R$48,00

  • Dossiê Darren Aronofsky: The Fountain — Graphic Novel

    Dossiê Darren Aronofsky: The Fountain — Graphic Novel

    Dossiê Darren Aronofsky: The Fountain - Graphic NovelO dire­tor inglês Peter Green­away já vem divul­gan­do des­de a déca­da de 80 a sua ideia de que o cin­e­ma mor­reu e em seus últi­mos pro­je­tos, como na trilo­gia As male­tas de Tulse Luper, expande a exper­iên­cia do cin­e­ma ini­cial­mente lim­i­ta­do ape­nas às suas salas escuras. Dev­i­do a explo­ração mer­cadológ­i­ca cada vez maior nes­ta indús­tria, é fácil que sub­pro­du­tos de um lon­ga sejam pro­duzi­dos para ten­tar sim­u­lar esta expan­são, mas na ver­dade são somente pequenos extras ou um mak­ing of do que já foi feito, não mudan­do real­mente a exper­iên­cia cin­e­matográ­fi­ca em si. Ou seja, são ape­nas out­ros meios para con­seguir mais din­heiro do consumidor.

    É aí que está a grande difer­ença da graph­ic nov­el The Foun­tain, escri­ta por Dar­ren Aronof­sky e ilustra­da por Kent Williams, que foi lança­da pelo selo Ver­ti­go da DC Comics em 2005 e ain­da é inédi­ta no Brasil. Ape­sar de ter sido prati­ca­mente desen­volvi­da em para­le­lo ao filme A Fonte da Vida, lança­do em 2006 e dirigi­do pelo próprio Aronof­sky, ela foi cri­a­da de maneira com­ple­ta­mente inde­pen­dente. A base dos dois é a sua história, mas as semel­hanças prati­ca­mente acabam por aí. Temos em cada um dess­es pro­je­tos uma ver­são difer­ente do enre­do ini­cial, que uti­lizam ao máx­i­mo todas as pos­si­bil­i­dades da mídia na qual foi adap­ta­da, respei­tan­do a sua própria lin­guagem e esti­lo. Algo sim­i­lar acon­tece quan­do uma adap­tação de um livro para as telas não ten­ta repro­duzir a exper­iên­cia da leitu­ra, mas sim cri­ar algo novo uti­lizan­do a lin­guagem do cinema.

    Tomás em busca da Árvore da Vida
    Tomás em bus­ca da Árvore da Vida

    Se você ain­da não con­hece a história prin­ci­pal, ela nar­ra em três difer­entes tem­pos a jor­na­da de um mes­mo per­son­agem (Tomás, Tom­my e Tom) em bus­ca da imor­tal­i­dade para poder ficar jun­to a sua ama­da. As três nar­ra­ti­vas vão se alter­nan­do e uma é inter­de­pen­dente da out­ra, ou seja, é necessário que o per­son­agem resol­va a mes­ma questão ness­es espaços difer­entes de tem­po para que ele pos­sa final­mente con­cluir a sua própria história.

    Darren Aronofsky
    Dar­ren Aronofsky

    Este provavel­mente ain­da é o pro­je­to mais ambi­cioso de Aronof­sky — posição que talvez vai ser toma­da pelo seu novo lon­ga Noé, pre­vis­to para 2014 — e tam­bém foi o que mais divid­iu o públi­co, como ele mes­mo comen­tou em uma entre­vista. Isso não só pelo esti­lo nar­ra­ti­vo e pela com­plex­i­dade dos cenários e situ­ações, algo pare­ci­do com que o recente A Viagem dirigi­do por Tom Tyk­w­er e pelos irmãos Wachows­ki fez, mas tam­bém pelo seu tema prin­ci­pal: aceitar a morte, ou o fim, assim como as nos­sas próprias lim­i­tações como seres humanos.

    Tom em direção a Xibalba
    Tom em direção a Xibalba

    Por con­ta do seu alto cus­to, o pro­je­to foi ofi­cial­mente encer­ra­do em 2002, mas o dire­tor resolveu ree­scr­ev­er todo o roteiro para que ele deix­as­se de ser uma super pro­dução e seguisse a mes­ma lin­ha de filmes indie de baixo orça­men­to, que o mes­mo havia feito até aque­le momento.

    Kent Williams
    Kent Williams

    Logo no iní­cio das nego­ci­ações do filme, Aronof­sky sabia que este seria um pro­je­to muito difí­cil, então ele e o pro­du­tor lutaram de antemão para que os dire­itos da graph­ic nov­el fos­sem garan­ti­dos de qual­quer for­ma. Quan­do entrou em con­ta­to com a Ver­ti­go, lhe indicaram o artista Kent Williams e, ape­sar de não o con­hecer, cada vez que ia receben­do mais exem­p­los de seus tra­bal­hos, fica­va ain­da mais empol­ga­do com essa parce­ria. Depois de ini­ci­a­do as pro­duções, eles brin­cavam bas­tante a respeito de qual dos dois iri­am ter­mi­nar primeiro, o lon­ga ou a HQ. Quase hou­ve um empate, mas a graph­ic nov­el ficou pronta um ano antes do filme.

    Capas da séria lançada pela Editora Abril
    Capas da série lança­da pela Edi­to­ra Abril

    Williams é um ilustrador amer­i­cano que já tra­bal­hou para várias edi­toras de quadrin­hos, sendo respon­sáv­el pelas artes do Wolver­ine na acla­ma­da série Wolver­ine & Destru­tor: Fusão, lança­do aqui no Brasil em qua­tro edições pela Edi­to­ra Abril no ano de 1989. Hoje em dia ele deixou um pouco as HQs de lado para se focar mais em suas pin­turas, ape­sar de ter admi­ti­do em uma entre­vista que está tra­bal­han­do em um quadrin­ho autoral, mas que não tem pra­zo para ter­mi­nar. Se você tiv­er inter­esse, pode acom­pan­har seus tra­bal­hos mais recentes neste blog ou em seu site ofi­cial.

    Em The Foun­tain foi pos­sív­el realizar grafi­ca­mente todos os detal­h­es do enre­do, que em out­ra mídia como o cin­e­ma, provavel­mente seria finan­ceira­mente impos­sív­el. Este é na real é um dos grandes trun­fos de uma história em quadrin­ho, em um desen­ho pode-se cri­ar tudo que se imag­i­na e até coisas que são impos­síveis de exi­s­tir. M.C. Esch­er era, por exem­p­lo, um espe­cial­ista nes­ta área, sem ficar se pre­ocu­pan­do muito com orça­men­tos. Isso vale tam­bém no que­si­to de sair do pudor hol­ly­wood­i­ano, nos desen­hos não é pre­ciso lidar com a lim­i­tação dos estú­dios e dos próprios atores. Por exem­p­lo, os per­son­agens da HQ estão com­ple­ta­mente nus den­tro da bol­ha, enquan­to no filme estão vesti­dos dos pés á cabeça.

    Tommy em busca da cura do câncer
    Tom­my em bus­ca da cura do câncer

    No começo, os desen­hos de Williams podem ger­ar um cer­to estran­hamen­to, pois ele varia bas­tante o esti­lo ao lon­go da história. Os traços vão des­de somente alguns con­tornos, pare­cen­do um pouco com ras­cun­hos, à pági­nas com­ple­ta­mente col­ori­das até nos mín­i­mos detal­h­es. Além dessa grande vari­ação de detal­hamen­to e cor, que cria uma per­son­al­i­dade muito inter­es­sante nos desen­hos, se nota uma clara sep­a­ração entre os três difer­entes tem­pos que a história se pas­sa, tan­to pela divisão grá­fi­ca dos quadros e suas cores deter­mi­nantes, quan­to pela cor uti­liza­da no fun­do para preencher o espaço vazio.

    O uso de somente duas fontes nos tex­tos, uma para os diál­o­gos e out­ra para nar­ração, aca­ba que­bran­do um pouco toda essa diver­si­dade dos desen­hos, mas con­segue assim man­ter uma exper­iên­cia de leitu­ra bem agradáv­el. É inter­es­sante tam­bém notar que algu­mas leg­en­das no iní­cio são descrições de sons ou esta­dos dos per­son­agens naque­le quadro, como se fos­se um roteiro para o filme, mas que durante o desen­volver da história assume uma lin­guagem mais car­ac­terís­ti­ca dos quadrinhos.

    Tom começando a aceitar o seu destino
    Tom começan­do a aceitar o seu destino

    Pode-se até pen­sar que The Foun­tain pode­ria ser algo como uma “ver­são do dire­tor” do lon­ga, mas isto seria equiv­o­ca­do. Tam­bém está longe de ser um sto­ry­board do mes­mo. Como men­cionei ante­ri­or­mente, ela é uma exper­iên­cia com­ple­ta­mente difer­ente do filme, sendo uma nova inter­pre­tação ao invés de ape­nas mais uma repetição do que você já viu nas telas. Alguns talvez até podem afir­mar que esta HQ é algo mais para um fã do lon­ga ou do dire­tor. Não pos­so dis­cor­dar des­ta afir­mação, mas acred­i­to que a mes­ma sobre­vive tran­quil­a­mente como uma obra inde­pen­dente e úni­ca no mun­do das graph­ic nov­els.

    Como a HQ ain­da é inédi­ta aqui no Brasil, é pos­sív­el com­prá-la em inglês no site de livrarias como a Sarai­va e a Cul­tura. Se você já com­prou ou pre­tende com­prar, uma exper­iên­cia que pode ser bem inter­es­sante é a leitu­ra dela jun­to com a tril­ha sono­ra do filme cri­a­da por Clint Mansell, que é sim­ples­mente sensacional.

  • Le Royaume

    Le Royaume

    O que é pre­ciso para ser um rei de ver­dade? Ter somente uma coroa e capa ver­mel­ha não é o sufi­ciente. É pre­ciso primeiro ter súdi­tos, nem que seja somente um, e tam­bém o mais impor­tante: um caste­lo! Com essa pre­mis­sa, acom­pan­hamos a jor­na­da de um pequeno rei no cur­ta Le Roy­aume (2010), tam­bém con­heci­do como “The king and the beaver”, foi escrito, dirigi­do e ani­ma­do por Nuno Alves Rodrigues, Ous­sama Bouachéria, Julien Chheng, Sébastien Hary, Aymer­ic Kevin, Ulysse Malas­sagne e Franck Monier, estu­dantes de grad­u­ação da famosa e son­ha­da esco­la de cin­e­ma de Gob­elins, na France.

    A história do cur­ta é bem sim­ples, mas muito bem desen­volvi­da, pos­suin­do um humor úni­co e sen­sa­cional, sem pre­cis­ar de qual­quer tipo de diál­o­go. O esti­lo lem­bra um pouco desen­hos ani­ma­dos feito a mão, com um toque francês a la O Pequeno Príncipe, mas com detal­h­es mais refi­na­dos no cenário. Aos poucos vamos con­hecen­do mais a história do reiz­in­ho e tam­bém imag­i­nan­do o que pode­ria ter acon­te­ci­do ante­ri­or­mente com ele, pois ele car­rega con­si­go uma pista do passado.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=Qw1wY6O7_x8