Tag: curta do mês

  • The Passenger

    The Passenger

    curta da semana: the passenger

    O aus­traliano Chris Jones é um artista, ani­mador e músi­co que se for­mou em Design Indus­tri­al na Uni­ver­si­ty of Tech­nol­o­gy em Mel­bourne e depois foi tra­bal­har como game artist na Beam Soft­ware (que depois virou Info­grames, Atari, ago­ra Krome). Em 1998 começou a tra­bal­har nos horários livres em um cur­ta, para servir de port­fólio do seu tra­bal­ho, mas pouco sabia que este pro­je­to iria mudar total­mente a sua vida. O tem­po foi pas­san­do e a ani­mação foi gan­han­do taman­ha pro­porção que, para poder ter­miná-la, decid­iu largar o emprego em maio de 2000 e viv­er somente do din­heiro que tin­ha economizado.

    Depois de seis lon­gos anos em um quar­to com seu com­puta­dor, final­mente con­seguiu ter­mi­nar o cur­ta The Pas­sen­ger (2006), que tem 7 min­u­tos de duração. Ele foi o respon­sáv­el por cri­ar tudo no pro­je­to: os sons, a músi­ca, a direção, os per­son­agens, a ani­mação, … finan­cian­do todo o equipa­men­to necessário e seu sus­ten­to através daque­las econo­mias que tin­ha feito, talvez uma das pou­cas opções em uma época onde nem se imag­i­na­va sites de crowdfunding.

    A ideia ini­cial de The Pas­sen­ger era que algo estran­ho acon­te­cesse den­tro de um ônibus e que fos­se meio assus­ta­dor. Assim surgiu o enre­do de um vici­a­do em livros que, para fugir de uma tremen­da chu­va e um cachor­ro louco que encon­tra, enquan­to está andan­do tran­quil­a­mente lendo o seu livro, resolve entrar em um ônibus. Nele aca­ba encon­tran­do um peix­in­ho nada comum den­tro de uma sacol­in­ha de plástico.

    curta da semana: the passenger

    Chris doc­u­men­tou todo o proces­so de cri­ação do seu pro­je­to em um blog, que tem o diver­tido sub­tí­tu­lo “como faz­er um filme de sete min­u­tos em ape­nas oito anos”, onde ele con­ta vários detal­h­es muito inter­es­santes da pro­dução, como a pés­si­ma escol­ha que foi cri­ar o per­son­agem com mãos e pés grandes, que com­pli­ca muito a vida na hora de ani­má-lo. Ess­es relatos são defin­i­ti­va­mente uma con­sul­ta obri­gatória para quem pen­sa ou já se aven­tu­ra no mun­do da ani­mação digital.

    No site tam­bém tem uma área de infor­mações inúteis, onde ele com­pi­lou vários dados da cri­ação do mes­mo como: o cur­ta con­tém 10.056 frames e o tem­po médio de ren­der foi 3 horas por frame, 192 tril­has de efeitos sonoros e que durante a pro­dução do mes­mo, as trilo­gias Star Wars, O Sen­hor do Anéis e Har­ry Pot­ter foram feitas (não por ele).

    Saben­do de tudo isso ago­ra, você com certeza vai apre­ciar e se diver­tir ain­da mais o curta!

    httpv://www.youtube.com/watch?v=OGW0aQSgyxQ

    Se você gos­tou do pro­je­to e quis­er apoiá-lo, o autor está venden­do o DVD com vários mate­ri­ais extras no site.

  • Zero

    Zero


    Ape­sar de todos nós nascer­mos da mes­ma matéria, não somos iguais. Nos­sas difer­enças vão des­de coisas mais gerais como época, país e religião, a coisas mais especí­fi­cas como família, casa e esco­la. Tudo isso nos tor­na úni­cos e depen­den­do das nos­sas aspi­rações, opor­tu­nidades e per­se­ver­ança, podemos trans­por várias dessas var­iáveis que de cer­ta for­ma nos clas­si­fi­cam e limi­tam. Mas e se as nos­sas opor­tu­nidades fos­sem lim­i­tadas a uma car­ac­terís­ti­ca de nascença? Esta é a pre­mis­sa do cur­ta ani­ma­do Zero (Aus­tralia, 2010), escrito e dirigi­do por Christo­pher Keze­los e pro­duzi­do pela Zeal­ous Cre­ative.

    Em cer­ca de 11 min­u­tos de duração, acom­pan­hamos a história de Zero, que nasceu com o número 0 crava­do em seu peito e por con­ta dis­so tem qual­quer pos­si­bil­i­dade de crescer nega­do em uma sociedade divi­di­da por ess­es números. Ao con­hecer uma mul­her que tam­bém é um zero, o número que tan­to o perseguia acabou não sendo tão impor­tante. Mas o amor entre eles era proibido e logo as autori­dades dari­am um jeito para sep­a­rá-los. Então que uma grande sur­pre­sa surge…

    O cur­ta já gan­hou mais de 15 prêmios ao redor do mun­do e pos­sui leg­en­da para mais de 40 idiomas. No site ofi­cial é pos­sív­el encon­trar várias infor­mações inter­es­santes não só dos prêmios e críti­cas escritas a seu respeito, incluin­do uma do Matt Groen­ing cri­ador dos Os Simp­sons, mas tam­bém de como foi todo o proces­so de cri­ação da ani­mação, além de vários vídeos com dire­ito a ver­são comen­ta­da. O estú­dio tam­bém criou o lin­do cur­ta The Mak­er, que já pub­li­camos aqui no site.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=LOMbySJTKpg

  • El Vendedor de humo

    El Vendedor de humo

    Um jovem vende­dor ambu­lante chega em uma cidade paca­ta para com­er­cializar um pro­du­to bem inco­mum. No começo ninguém dá atenção por não enten­der o que ele está ten­tan­do vender. Uma vez que desco­brem, seu baú começa a ficar cheio de moedas e filas se for­mam, mas ninguém imag­i­na que ele pos­sui um grande segredo.

    El Vende­dor de Humo (2010), dirigi­do por Jaime Mae­stro, é uma ani­mação com visu­al muito bem pro­duzi­do, ten­do um cuida­do espe­cial nas tex­turas, ape­sar do cenário em ger­al ser mais sim­ples e com poucos ele­men­tos. Tam­bém é curioso notar que a espi­ral é um sím­bo­lo pre­dom­i­nante na estéti­ca do mes­mo. O grande destaque do cur­ta é seu óti­mo enre­do, além de uma diver­ti­da tril­ha sono­ra, pro­duzi­da pela ban­da Twelve Dolls.

    O cur­ta foi inteira­mente cri­a­do pelos alunos da esco­la de ani­mação Primer­Frame, que ficou bas­tante con­heci­da por causa do cur­ta Friend­Sheep, onde um lobo vai tra­bal­har em um escritório onde todos os fun­cionários são ovel­has e pre­cisa con­tro­lar seus instin­tos para não com­er nen­hum dos seus cole­gas de trabalho.

  • Le Miroir

    Le Miroir

    Como você sabe que o tem­po pas­sa, que está envel­he­cen­do? Os seus olhos não se deix­am enga­nar e o espel­ho é uma das fer­ra­men­tas de apoio nes­sa jor­na­da chama­da Vida. Aque­les momen­tos sim­ples, e muitas vezes efêmeros, de se olhar na frente do espel­ho, esco­var os dentes, se pen­tear, maquiar ou faz­er a bar­ba, se fos­sem fil­ma­dos, cola­dos dia após dia, dari­am uma sequên­cia de uma vida toda e foi com essa ideia que os irmãos sue­cos Ramon e Pedro cri­aram Le Miroir (2010), “O espel­ho” em francês.

    Fil­ma­do num fan­ta­sioso plano sequên­cia Le Miroir mostra des­de uma esco­v­a­da de dentes de um garo­to de seis anos até o últi­mo desli­gar de luzes do ban­heiro do mes­mo, só que idoso. Todas as fas­es da vida, a bar­ba, as espin­has, o amor, a fil­ha, o cansaço e afins são trata­dos num úni­co ambi­ente como se o tem­po cor­resse somente no cor­po do protagonista.

    Para ficar ain­da mais impres­sio­n­ante, os dire­tores con­vi­daram o ator Pier­rick Destraz, seu pai e fil­ho reais para pro­tag­oni­zar o homem que vê sua vida através do espel­ho. A câmera sem­pre na posição dos olhos dá a ideia de lem­brança, pas­san­do uma del­i­ca­da intim­i­dade ao espec­ta­dor numa sin­to­nia bas­tante poéti­ca. Provavel­mente você não irá encar­ar o espel­ho toda man­hã da mes­ma forma.

    Você pode ver o mak­ing of do cur­ta aqui.

  • Le Royaume

    Le Royaume

    O que é pre­ciso para ser um rei de ver­dade? Ter somente uma coroa e capa ver­mel­ha não é o sufi­ciente. É pre­ciso primeiro ter súdi­tos, nem que seja somente um, e tam­bém o mais impor­tante: um caste­lo! Com essa pre­mis­sa, acom­pan­hamos a jor­na­da de um pequeno rei no cur­ta Le Roy­aume (2010), tam­bém con­heci­do como “The king and the beaver”, foi escrito, dirigi­do e ani­ma­do por Nuno Alves Rodrigues, Ous­sama Bouachéria, Julien Chheng, Sébastien Hary, Aymer­ic Kevin, Ulysse Malas­sagne e Franck Monier, estu­dantes de grad­u­ação da famosa e son­ha­da esco­la de cin­e­ma de Gob­elins, na France.

    A história do cur­ta é bem sim­ples, mas muito bem desen­volvi­da, pos­suin­do um humor úni­co e sen­sa­cional, sem pre­cis­ar de qual­quer tipo de diál­o­go. O esti­lo lem­bra um pouco desen­hos ani­ma­dos feito a mão, com um toque francês a la O Pequeno Príncipe, mas com detal­h­es mais refi­na­dos no cenário. Aos poucos vamos con­hecen­do mais a história do reiz­in­ho e tam­bém imag­i­nan­do o que pode­ria ter acon­te­ci­do ante­ri­or­mente com ele, pois ele car­rega con­si­go uma pista do passado.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=Qw1wY6O7_x8

  • Alarm

    Alarm

    Não sei para vocês, mas para mim acor­dar de man­hã é sem­pre um grande desafio. Colo­co mais do que um alarme no celu­lar em inter­va­l­os difer­entes de tem­po, porque sei que vou desligá-lo e não vou acabar não acor­dan­do. O per­son­agem prin­ci­pal do cur­ta ani­ma­do Alarm (Cor­eia do Sul, 2009), cri­a­do pelo estú­dio de ani­mação MESAI, sofre croni­ca­mente desse mes­mo prob­le­ma de não con­seguir acor­dar e para isso criou todo o tipo de arti­man­has no seu apartamento.

    Ape­sar do enre­do ser bem sim­ples, o cur­ta con­segue pren­der bas­tante a atenção, não só pelo seu humor, mas tam­bém pela qual­i­dade da ani­mação, que é real­mente incrív­el, mis­tu­ran­do o esti­lo hiper­re­al­ista com mangá, uma mis­tu­ra bem inter­es­sante. Ele tam­bém faz uso de vários efeitos, como o bul­let-time, e sua úni­ca tril­ha sono­ra são os sons dos difer­entes tipos de alarmes.

    Para quem quis­er saber mais sobre a ani­mação, é pos­sív­el faz­er o down­load do cur­ta em alta qual­i­dade (720p HD) e tam­bém ter aces­so a algu­mas ima­gens do mak­ing off no site do MESAI. Ape­sar do con­teú­do dele ser prati­ca­mente todo em core­ano, o menu está em inglês, então dá pra nave­g­ar sem muitos prob­le­mas (ape­sar dele ser todo em flash aarrrggghhhhhh!).

    httpv://www.youtube.com/watch?v=vN83DfmH9Tw

  • Loop

    Loop

    Quan­tas vezes você já pen­sou que se tivesse a pos­si­bil­i­dade de voltar no tem­po, teria reagi­do difer­ente em algu­mas situ­ações, dito out­ras palavras, se des­pe­di­do, dado aque­le bei­jo? Este é o ques­tion­a­men­to cen­tral do cur­ta “Loop” (2002), dirigi­do e atu­a­do por Car­los Gregório, mais con­heci­do pelo roteiro do filme “Se eu Fos­se Você”. Nele, acom­pan­hamos um cien­tista obseca­do pelo tem­po, que reflete sobre sua vida e seus dese­jos poucos momen­tos antes de final­mente tes­tar a sua máquina do tempo.

    O cur­ta lem­bra em vários momen­tos o filme “Pi”, dirigi­do por Dar­ren Aronof­sky, seja no per­son­agem, na mon­tagem, no rit­mo e tam­bém na próprio tril­ha sono­ra meio frenéti­ca e repet­i­ti­va. Nos cur­tos 6 min­u­tos de dutação, você fica total­mente imer­so no mun­do metódi­co de ideias e teo­rias bem par­tic­u­lares do per­son­agem prin­ci­pal, que ded­i­ca total­mente sua vida a con­seguir con­stru­ir a sua tão dese­ja­da máquina. Mas, seguin­do os mes­mos pas­sos de Ícaro, o cien­tista aca­ba viran­do refém dos seus próprios desejos.

  • Sebastian’s Voodoo

    Sebastian’s Voodoo

    Os bonecos de vodu — religião africana que aparente­mente não tem muito a ver com os bonecos — foram pop­u­lar­iza­dos prin­ci­pal­mente com filmes de ter­ror se tor­nan­do ícones quan­do se tra­ta de maldições con­tra alguém. A práti­ca se resume em cri­ar man­ual­mente um boneco e alfinetá-lo com agul­has afim de atin­gir a pes­soa amaldiçoa­da através desse rit­u­al. Com esse tema, aparente­mente obscuro, o dire­tor paraguaio, errad­i­ca­do nos E.U.A., Joaquim Bald­win con­stru­iu a ani­mação em 3D Sebas­tian’s Voodoo (2008).

    Os pequenos bonecos de vodu, pen­dura­dos em série, sabem que para se lib­ertarem terão que sac­ri­ficar um dos seus pares. Um deles, ner­voso porém deci­di­do, arquite­ta a sua fuga de um gan­cho que está pen­dura­do e se vol­ta con­tra o homem que tira a vida de alguém alfine­tan­do o coração dos bonecos. Usan­do téc­ni­cas de 3D e cuidan­do com pequenos detal­h­es, como a tex­tu­ra da estopa que dá o tom da super­fí­cie do boneco, se movi­men­tan­do con­forme a res­pi­ração ofe­gante dele, nos levan­do a acred­i­tar que ele de fato existe e que esta­mos pres­en­cian­do a sua sofri­da situação.

    O jovem Bald­win desen­volveu Sebas­tian’s Voodoo em um tra­bal­ho de cur­so na UCLA Ani­ma­tion Work­shop, onde estu­dou ani­mação em 2008 e des­de lá vem gan­han­do vários prêmios com seus cur­tas, alguns deles — e seus respec­tivos mak­ing off — podem ser vis­to no seu canal do Vimeo.

  • El Proyecto

    El Proyecto

    Acred­i­to que a maio­r­ia de nós dese­jaria que nos­sos instru­men­tos de tra­bal­ho tivessem vida própria e fizessem todo aque­le tra­bal­ho que já con­sid­er­amos chatos ou repet­i­tivos. Enquan­to isso não vira real­i­dade, nada mel­hor então do que trans­for­mar essa ideia em uma ani­mação, e foi jus­ta­mente isso que Cristóbal Vila fez em El Proyec­to (2000).

    A ideia de que cer­tos obje­tos inan­i­ma­dos gan­has­sem vida enquan­to ninguém esta­va por per­to já foi ampla­mente explo­ra­da por Toy Sto­ry quan­do se trata­va de brin­que­dos. Mas uti­lizar as fer­ra­men­tas de tra­bal­ho de um arquite­to — que de cer­ta for­ma tam­bém são seus brin­que­dos — neste mes­mo con­ceito abre toda uma nova var­iedade de pos­si­bil­i­dades! Já imag­i­nou se os seus obje­tos de tra­bal­ho do dia a dia fizessem o mes­mo? Como seria isso para você?

    Quem já acom­pan­ha o Cur­ta da Sem­ana viu que no out­ro tra­bal­ho já pub­li­ca­do do Cristóbal Vila, chama­do de Natureza em Números (Nature By Num­bers), ele explo­ra de maneira muito inter­es­sante a lig­ação — arti­fi­cial ou não — da matemáti­ca com a natureza. Em El Proyec­to, que foi pro­duzi­do muito antes, já é pos­sív­el notar vários ele­men­tos que apare­ce­ri­am nesse seu cur­ta mais recente, como a paixão pela matemáti­ca con­ceitu­al e práti­ca, além da, acred­i­to tam­bém, músi­ca instru­men­tal clás­si­ca. Car­ac­terís­ti­cas que se repetem na maio­r­ia de seus pro­je­tos. Para finalizar ain­da temos uma jor­na­da em espi­ral na tra­jetória dess­es pequenos tra­bal­hadores. Ou seria mais em for­ma de leminiscata?

  • Natureza em Números (Nature By Numbers)

    Natureza em Números (Nature By Numbers)

    1- A matemáti­ca é a lín­gua da natureza.
    2- Tudo o que existe pode ser rep­re­sen­ta­do e enten­di­do por números.
    3- Se você cri­ar grá­fi­cos dos números de qual­quer sis­tema, padrões surgirão
    4- Exis­tem padrões em todos os lugares da natureza.

    Max Cohen — Pi (EUA, 1998), dirigi­do por Dar­ren Aronofsky

    O que você lem­bra das suas aulas de matemáti­ca e geome­tria na esco­la? Provavel­mente não eram as matérias mais estim­u­lantes e grande parte do que foi apren­di­do não pare­cia faz­er nen­hum sen­ti­do nas coisas da vida real. Talvez teria sido difer­ente se tivessem lhe mostra­do quan­tas coisas ao seu redor pode­ri­am ser regi­das por todos aque­les número e fór­mu­las estra­nhas, não acha? É jus­ta­mente sobre isso que foi cri­a­do o cur­ta Natureza em Números (Nature By Num­bers, 2010), por Cristóbal Vila, um ani­mador 3D espan­hol que é afi­ciona­do por matemáti­ca, geo­met­ri­ca e arte.

    No cur­ta Natureza em Números, somos apre­sen­ta­dos a um mun­do regi­do pelas leis da matemáti­ca, onde fór­mu­las sim­ples con­seguem ger­ar um alto grau de com­plex­i­dade. Nele vemos de uma for­ma espetac­u­lar algu­mas fór­mu­las matemáti­cas se trans­for­man­do e crian­do ele­men­tos da natureza, onde nor­mal­mente não con­seguiríamos imag­i­nar uma ordem lógica.

    Esta ideia de que matemáti­ca pode explicar tudo no mun­do é bas­tante fasci­nante e ten­ta­dor, já ten­do sido muito explo­rado por vários matemáti­cos, livros, filmes e pen­sadores. Mas o próprio Cristóbal Vila admite que não é bem assim, a matemáti­ca serve ape­nas para cri­ar uma sim­u­lação bem próx­i­ma ao real, mas ain­da está longe de con­seguir copi­ar a real­i­dade. Esta mes­ma lóg­i­ca tam­bém é usa­da quan­do se uti­liza frac­tais na com­putação grá­fi­ca para cri­ar ani­mações de encher os olhos, como Rio, Ran­go e A Len­da dos Guardiões. Mas se todos eles se tratam ape­nas de sim­pli­fi­cações do mun­do real para poder dar mais veraci­dade a essas for­mas cri­adas pelo computador.

    Cristóbal Vila tam­bém disponi­bi­li­zou um mate­r­i­al extra muito legal em seu site expli­can­do toda a teo­ria por trás da cri­ação do Natureza em Números, além de ima­gens do cur­ta e screen­shots do proces­so de pro­dução. Para quem sabe inglês ou espan­hol e quer con­hecer um pouco mais de matemáti­ca, o site dele é um pra­to cheio de diver­são e conhecimento.

    Para quem quer saber mais sobre a dis­crepân­cia entre as teo­rias e fór­mu­las matemáti­cas, as quais algu­mas apren­demos inclu­sive na esco­la, com o mun­do real, recomen­do bas­tante a leitu­ra do tex­to “Nature By Num­bers”: Fibonac­ci e a matemáti­ca como descrição do mun­do, assim como os links pre­sentes nele, para enten­der como na ver­dade somos engana­dos por toda essa ideia de ordem per­fei­ta da natureza.

    Nature by Num­bers from Cristóbal Vila on Vimeo.

  • Cafeka

    Cafeka

    Atire a primeira pedra aque­le ou aque­la que ten­ha um tan­to de vício no café e até hoje não se sen­tiu meta­mor­fos­ea­do após goles da bebi­da mág­i­ca. Embar­can­do nes­sa, dig­amos, pre­mis­sa de que o café — e até a fal­ta dele — pode causar as mais diver­sas sen­sações e jun­tan­do ideias de Kaf­ka, com mui­ta imag­i­nação, que o cur­ta Cafe­ka (Brasil, 2011) traz uma meta­mor­fose inusitada.

    O roteiro de Cafe­ka é a meta­mor­fose de seres impreg­na­dos em copos — aque­les clás­si­cos de iso­por — de café. Estes seres surgem jus­ta­mente com gotas recém saí­das de uma cafeteira expres­sa e vão se meta­mor­fos­e­an­do em muitas out­ras fig­uras que estão aparente­mente pre­sas ness­es copos e dese­jam sair e cri­ar vida. Os sen­ti­dos de mutação e trans­for­mação são expos­tos de for­ma magis­tral insin­uan­do, de for­ma muito cria­ti­va, a demên­cia do uso abu­si­vo do café.

    Uma viagem que pode até ser non­sense para os poucos não apre­ci­adores da bebi­da mág­i­ca, mas que mes­mo assim não deixa de ser inter­es­sante. Cafe­ka é um stop-motion impecáv­el que mostra 400 copos em ple­na trans­for­mação inspi­ra­da na obra mais con­heci­da de Franz Kaf­ka, A Meta­mor­fose. A ani­mação lev­ou quase um ano para ser fei­ta e envolveu uma boa equipe orga­ni­za­da pelo estú­dio Alo­pra, de Por­to Ale­gre.

    Con­fi­ra o site da Alo­pra Estú­dio e fotos do Mak­ing Of de Cafe­ka.

  • A Dama e a Morte

    A Dama e a Morte

    A Morte já foi human­iza­da inúmeras vezes na Lit­er­atu­ra, Quadrin­hos e no Cin­e­ma. Como não lem­brar, por exem­p­lo, da Morte que entrou em greve no livro As Inter­mitên­cias da Morte, do por­tuguês José Sara­m­a­go. No cur­ta A Dama e a Morte (La dama y la muerte, 2009), de Javier Recio Gra­cia, gan­hador do Goya espan­hol — equiv­a­lente ao Oscar — de mel­hor ani­mação, a morte é aque­la figu­ra clás­si­ca com uma enorme capa pre­ta e ros­to de caveira. E prin­ci­pal­mente, com a teimosia iner­ente a alguém que deve cumprir sua função.

    Uma sen­ho­ra idosa olha nos­tál­gi­ca pela janela do quar­to. Vemos uma fotografia de um sen­hor que ela acari­cia com saudade. Como se esperasse algu­ma coisa ela se dei­ta para dormir e aca­ba ten­do um belo son­ho com sim­páti­ca Morte a levan­do, final­mente. Ela só não con­ta­va com a astú­cia de um médi­co que vai faz­er qual­quer coisa para que ela per­maneça, afi­nal, essa é a sua reputação.

    A Dama e a Morte é uma diver­ti­da ani­mação em 3D com cores ani­madas e detal­h­es diver­tidos. Ques­tiona jus­ta­mente a escol­ha de alguém quer­er ir e o dev­er do médi­co de sal­var. Sem nen­hu­ma fala a ani­mação prom­ete reflexão risadas prin­ci­pal­mente com a dis­pu­ta entre a Morte e o médi­co reconhecido.

    La dama y la muerte from Dere­cho a Morir Dig­na­mente on Vimeo.