Tag: curta animado

  • Cafeka

    Cafeka

    Atire a primeira pedra aque­le ou aque­la que ten­ha um tan­to de vício no café e até hoje não se sen­tiu meta­mor­fos­ea­do após goles da bebi­da mág­i­ca. Embar­can­do nes­sa, dig­amos, pre­mis­sa de que o café — e até a fal­ta dele — pode causar as mais diver­sas sen­sações e jun­tan­do ideias de Kaf­ka, com mui­ta imag­i­nação, que o cur­ta Cafe­ka (Brasil, 2011) traz uma meta­mor­fose inusitada.

    O roteiro de Cafe­ka é a meta­mor­fose de seres impreg­na­dos em copos — aque­les clás­si­cos de iso­por — de café. Estes seres surgem jus­ta­mente com gotas recém saí­das de uma cafeteira expres­sa e vão se meta­mor­fos­e­an­do em muitas out­ras fig­uras que estão aparente­mente pre­sas ness­es copos e dese­jam sair e cri­ar vida. Os sen­ti­dos de mutação e trans­for­mação são expos­tos de for­ma magis­tral insin­uan­do, de for­ma muito cria­ti­va, a demên­cia do uso abu­si­vo do café.

    Uma viagem que pode até ser non­sense para os poucos não apre­ci­adores da bebi­da mág­i­ca, mas que mes­mo assim não deixa de ser inter­es­sante. Cafe­ka é um stop-motion impecáv­el que mostra 400 copos em ple­na trans­for­mação inspi­ra­da na obra mais con­heci­da de Franz Kaf­ka, A Meta­mor­fose. A ani­mação lev­ou quase um ano para ser fei­ta e envolveu uma boa equipe orga­ni­za­da pelo estú­dio Alo­pra, de Por­to Ale­gre.

    Con­fi­ra o site da Alo­pra Estú­dio e fotos do Mak­ing Of de Cafe­ka.

  • Trois Petit Points

    Trois Petit Points

    Para os amantes da ani­mação é prati­ca­mente impos­sív­el não ser fã das pro­duções da Esco­la de Gob­elins, na França. A Gob­elins L’é­cole de L’im­age é refer­ên­cia mundi­al em cur­tas ani­ma­dos, sem­pre muito ousa­dos e com lin­gua­gens próprias, for­man­do reno­ma­dos artis­tas para os maiores estú­dios do mun­do. Para finalizar o ano, a própria esco­la fez uma lista das mel­hores pro­duções de 2010, e nes­sa leva, está o belo Trois Petit Points, em por­tuguês Três Pequenos Pon­tos, pro­duzi­do pelos alunos de grad­u­ação Lucre­tia Andreae, Alice Dieudon­né, Tra­cy Nowocien, Flo­ri­an Par­rot, Ornel­la Pri­oul e Remy Schaepman

    Para a Europa, as guer­ras sem­pre foram deci­si­vas, infe­liz­mente, para a for­mação da sociedade, da geopo­lit­i­ca e inclu­sive de país­es. Em Trois Petit Points, a guer­ra é mostra­da pela óti­ca poéti­ca do cin­e­ma: a espera incan­sáv­el de quem fica longe das trincheiras, e a depressão e o afe­ta­men­to pro­fun­do de quem vol­ta de lá. Uma cos­tureira espera seu mari­do voltar, assim que o vê chegar, destruí­do em todos os sen­ti­dos, ela, só con­segue pen­sar em usar seus dons de cos­tu­rar, con­stru­ir e jun­tar partes para que sua vida con­tin­ue. Ele, pelo con­trário, só vê tris­teza e escuridão, como se não hou­vesse con­tin­u­ação após uma guerra.

    Trois Petit Points é lin­do, e talvez isso ain­da nem o defi­na. O cur­ta tra­bal­ha com a metá­fo­ra da recon­strução através de uma cos­tureira que acred­i­ta sal­var o mun­do com sua agul­ha, con­tra­stan­do com o mari­do, recém-chega­do da guer­ra, se trans­for­man­do, aos poucos, em um enorme cor­vo. Uma ani­mação com jeit­in­ho francês, lem­bran­do muito os tra­bal­hos de Syl­vain Chomet, onde as palavras não tem quase nen­hu­ma função per­to da imagem.

    httpv://www.youtube.com/watch?v=G0yC2ldpBFI&feature=player_embedded