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    Crítica: Machete

    Primeira coisa: Machete (EUA, 2010), de Robert Rodriguez, não é um filme para se levar a sério. Nasci­do como um trail­er fal­so de Grind­house (2007), é, sim, uma fan­tás­ti­ca hom­e­nagem ao exploita­tion dos anos 70. Tudo está lá, com exagero em todos os sen­ti­dos: na ação, nos one-lin­ers (com “Machete don’t text” sendo a fala mais espetac­u­lar de todo o filme), na vio­lên­cia e, espe­cial­mente, nos clichês. Mas, ao con­trário de Plan­e­ta Ter­ror (2007), tam­bém do mes­mo dire­tor, que mostrou a um públi­co novo o cin­e­ma B de hor­ror, Machete não serve como intro­dução ao exploita­tion, por se tratar de um filme de fato cal­ca­do no gênero.

    Dan­ny Tre­jo é o per­son­agem que dá nome ao filme (pro­tag­o­nista pela primeira vez na car­reira, aos 66 anos), um ex-Agente Fed­er­al que tem a vida destruí­da pelo chefe do trá­fi­co local, Tor­rez, um Steven Sea­gal sur­preen­den­te­mente bem escol­hi­do para o papel, e pela primeira vez inter­pre­tan­do um vilão. Anos depois, Machete é con­trata­do por um asso­ci­a­do de Tor­rez para assas­si­nar o senador McLaugh­lin, inter­pre­ta­do por um Robert de Niro per­feita­mente encaix­a­do no espíri­to do filme. Após desco­brir que o tra­bal­ho era na ver­dade uma armadil­ha, Machete pas­sa a bus­car vin­gança con­tra todos os envolvi­dos. Um enre­do sim­ples, óbvio, na exce­lente tradição do gênero nos anos 70!

    Com­ple­tam o esquadrão prin­ci­pal do elen­co de Machete: Cheech Marin (talvez o mel­hor per­son­agem do filme), Michelle Rodriguez (com­pe­tente), Jes­si­ca Alba (passáv­el) e Lind­say Lohan (insos­sa grande parte do tem­po, mas com pelo menos uma cena mem­o­ráv­el). Robert Rodriguez tem se espe­cial­iza­do em tra­bal­har com elen­cos este­lares e tem demon­stra­do cada vez mais com­petên­cia, sendo que mes­mo atores de qual­i­dade ques­tionáv­el não com­pro­m­e­tem o resul­ta­do final. O elen­co fem­i­ni­no, mes­mo for­ma­do por nomes de cer­to peso, é de qual­i­dade alta­mente ques­tionáv­el e em um primeiro momen­to parece escol­hi­do exclu­si­va­mente pela beleza – as atrizes pas­sam grande parte do filme em ‘tra­jes insin­u­antes’ – oi, 70’s exploitation.

    Um pon­to no elen­co de Machete que será nota­do pelos fãs do cin­e­ma de hor­ror, é a pre­sença de Tom Savi­ni como o assas­si­no de aluguel con­trata­do por Tor­rez. Savi­ni é o homem por trás do visu­al dos zumbis de George A. Romero, além de alguns filmes de Dario Argen­to, do primeiro Sex­ta-Feira 13 (1980), Creepshow (1982) e den­tre out­ros, além de ter feito pon­tas como ator em diver­sos filmes con­heci­dos no mun­do do hor­ror. Ele tam­bém dirigu o remake de A Noite dos Mor­tos-Vivos (1990).

    No final, Machete fun­ciona extrema­mente bem no que se com­pro­m­ete a faz­er: diver­tir. Não cabe ten­tar anal­is­ar o filme como sendo um “retra­to da luta do imi­grante lati­no”, mas sim como o exce­lente exploita­tion que é. A influên­cia grad­ual de Quentin Taran­ti­no, na obra de Robert Rodriguez, tam­bém está mais forte do que nun­ca, enraiza­da inclu­sive no con­ceito do filme. Dan­ny Tre­jo é sen­sa­cional como o anti-herói, na con­tramão dos mocin­hos boni­tos e bem arru­ma­dos que ten­tam nos enfi­ar goela abaixo nos filmes de ação atuais.

    Aliás, 2010 vem sendo de cer­ta for­ma um alen­to para aque­les que, como eu, cresce­r­am assistin­do os filmes de ação “de macho” dos anos 80. Mes­mo Machete sendo cal­ca­do no esti­lo dos 70 ele trouxe, jun­to com Os Mer­cenários (2010 – e sem “mim­i­mi Stal­lone xin­gou o Brasil”. Evolua, povo!), o ado­ra­do exagero de vol­ta ao grande públi­co. Tiros, bom­bas, facas, explosões… Apos­to que não fui o úni­co a sen­tir fal­ta dis­so tudo…

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    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=2IfCRq8b4MA