A Suprema Felicidade (Brasil, 2010) é o novo longa de Arnaldo Jabor, depois do diretor ter ficado quase 25 anos sem ter produzido nenhuma obra cinematográfica. Sendo este um de seus trabalhos mais biográficos, somos conduzidos a uma avalanche de memórias dos anos 50, 60 e 70.
O enredo foca-se principalmente na trajetória de Paulo, desde sua infância (Caio Manhente), passando pela pré-adolescência (Michel Joelsas), até o final dela (Jayme Matarazzo). Além disso é destacado o desenvolvimento da relação de seus pais (Dan Stulbach e Mariana Lima) durante todo esse tempo, como também, com destaque especial, ao seu avô Noel (Marco Nanini).
Soou meio vaga, confusa e sem muito foco a descrição acima? Pois são justamente essas três palavras que melhor caracterizam A Suprema Felicidade. Se pensado como um grande apanhado de memórias contadas na ordem que elas vem surgindo, fazendo só muito sentido para quem conta, o longa cumpre muito bem o seu papel. Só que para os olhos, e ouvidos, dos outros, a experiência pode não ser tão agradável e prazerosa como para quem a está contando, o que literalmente acontece neste longa.
A pergunta que não quer calar o tempo inteiro é: a suprema felicidade para quem? No longa há o desenvolvimento (superficial) da trajetória dos seus personagens ao longo dos anos, cada um, é claro, possuindo seu próprio conceito de felicidade. Mas este parece ser sempre o mesmo e que podem ser divididos em praticamente (com uma pequena exceção) duas categorias: a feminina, que quer achar o marido ideal para casar e para isso abdica de muitas coisas da sua vida, e masculino, que quer achar a mulher ideal para casar e curtir a vida fora de casa. A felicidade já vem acompanhada de seus pesos e, de certa forma, um destino já fixo para cada um desses personagens, que vai passando de pai para filho, como um karma inevitável. Certos momentos em A Suprema Felicidade, temos a impressão de que os três personagens masculinos principais, da mesma família, são a mesma pessoa, só que nascidos em épocas diferentes e compartilhando o mesmo presente.
A caracterização de época em A Suprema Felicidade foi muito bem trabalhada e, apesar de ser uma visão bastante nostálgica da época, é o maior mérito do filme. Apesar da superficialidade geral dos personagens, as atuações em geral ficaram bem convincentes, tirando as sofríveis tomadas do Nanini “tocando” o trompete, destacando-se o pequeno papel de pipoqueiro, vivido pelo ator João Miguel, com suas piadas de duplo sentido.
É muito difícil conseguir sintetizar A Suprema Felicidade, principalmente para alguém como eu que não acompanhou a trajetória do diretor. Como um conjunto de memórias nostálgicas, e com muita ligação sentimental, transferidos para a tela dos cinemas, pareceu uma experiência válida. Já para quem não se sente atraído pelas obras do diretor, que geralmente é um caso de amor ou ódio, provavelmente não mudará de opinião desta vez também.
Outras críticas interessantes:
- Marcelo Hessel, no Omelete
- Kênia Freitas, no CinePlayers
- Alysson Oliveira, no Cineweb
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=jrJsoBRtCfo