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  • A Origem dos Guardiões | Crítica

    A Origem dos Guardiões | Crítica

    Na época de fim de ano sem­pre começam a pipocar no cin­e­ma filmes infan­tis com temas natal­i­nos, focan­do-se prin­ci­pal­mente na figu­ra do Papai Noel e suas aven­turas para entre­gar os pre­sentes e traz­er ale­gria para as cri­anças. No últi­mo Natal, a Dream­Works decid­iu faz­er algo um pouco difer­ente do usu­al e lançou a ani­mação A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians, EUA, 2012), dirigi­do pelo estre­ante Peter Ram­sey, onde não só temos o bom vel­hin­ho todo tat­u­a­do e com um sotaque rus­so, mas tam­bém todo um grupo de out­ros per­son­agens lendários como a Fada do Dentes, o Coel­ho da Pás­coa, Sand­man, Jack Frost e o Bicho-Papão.

    Aqui no Brasil algu­mas pes­soas já devem ter ouvi­do falar de Sand­man através do seu nome pop­u­lar de João Pes­tana ou, para quem curte quadrin­hos, da série homôn­i­ma do autor Neil Gaiman. Mas o grande descon­heci­do, que aliás é o per­son­agem prin­ci­pal do filme, é Jack Frost, a per­son­ifi­cação e o espíri­to do frio e do inver­no, respon­sáv­el pela neve e por aque­les cristais de gelo em vidros. Bem, acho que não pre­cisa explicar o porque dele não ser con­heci­do por aqui. Todos ess­es per­son­agens foram basea­d­os na ver­são amer­i­cana das lendas, haven­do uma peque­na hom­e­nagem à len­da espan­ho­la do Ratonci­to Pérez (ou Tooth Mouse), onde um dos guardiões atra­pal­ha sem quer­er o tra­bal­ho do pequeno rat­in­ho, que é muito pare­ci­do com a Fada do Dentes.

    A história da ani­mação gira em torno dos qua­tro Guardiões (Papai Noel, Fada do Dentes, Coel­ho da Pás­coa e Sand­man) que pre­cisam com­bat­er um vel­ho inimi­go, o Bicho-Papão, que dese­ja nova­mente ‘con­tro­lar o mun­do’ através do medo, e para isso irão pre­cis­ar se reunir e pedir a aju­da do Jack, um per­son­agem que só se inter­es­sa em brin­car e se diver­tir. Adi­cione ago­ra algu­mas armas, como espadas, bumerangues e ovos explo­sivos, óti­mas cenas de ação com lutas espetac­u­lares cheias de poderes mági­cos. O esti­lo lem­brou algum filme lança­do recen­te­mente? Pode­ria brin­car-se que A Origem dos Guardiões é prati­ca­mente um Os Vin­gadores Júnior ou até, porque não, um X‑Men Kids, onde ess­es per­son­agens seri­am os primeiros super-heróis que uma cri­ança tem contato.

    Deixan­do de lado toda essa visão inusi­ta­da de guer­reiros cuja mis­são é pro­te­ger as cri­anças, o filme pos­sui uma qual­i­dade téni­ca incrív­el, a Dream­Works já havia mostra­do isso no óti­mo Como Treinar o Seu Dragão, e tam­bém traz algu­mas respostas inter­es­santes a per­gun­tas como: quem (real­mente) pro­duz os pre­sentes do Papai Noel? Por que a fada dos dentes cole­ta os dentes? Como os ovos de pás­coa são feitos?

    A Origem dos Guardiões é uma óti­ma sur­pre­sa não só pela ren­o­vação dos já tão bati­dos per­son­agens infan­tis, mas como tam­bém um lem­brete para que a chama da imag­i­nação das cri­anças não seja apa­ga­da, prin­ci­pal­mente nos adul­tos. O filme foi basea­do na série de livros The Guardians of Child­hood do autor amer­i­cano William Joyce, e foi pro­duzi­da por Guiller­mo del Toro (Hell­boy, O Labir­in­to do Fauno, …), que deu uma entre­vista bem inter­es­sante sobre o filme no site do G1.

    Ah, não con­fun­da o filme com A Len­da dos Guardiões, out­ra óti­ma ani­mação dirigi­da por Zack Sny­der (Watch­men e 300), sobre a história da jovem coru­ja Sorem que é fasci­na­da pelas histórias sobre os Guardiões de Ga’Hoole e aca­ba embar­can­do em uma aven­tu­ra para sal­var o seu povo, em um enre­do bas­tante adul­to com épi­cas batalhas.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=8yY2It-Oh0U

  • Crítica: Valente

    Crítica: Valente

    As prince­sas em bus­ca de seus príncipes encan­ta­dos ficaram pre­sas nos anti­gos con­tos de fadas que você lia quan­do cri­ança. A moda que vem se desen­vol­ven­do há algum tem­po é a total descon­strução dos estereóti­pos de per­son­agens das sagas felizes para sem­pre, total­mente adap­ta­dos há um mun­do real onde há von­tades, dese­jos e opiniões. Em Valente (Brave, 2012, EUA), ani­mação aguarda­da da Disney/Pixar, o enre­do não foge do novo mote e traz a prince­sa Meri­da, que son­ha emcav­al­gar livre pela flo­res­ta empun­han­do seu arco e flecha, deixan­do para trás casa­men­tos arran­ja­dos e ativi­dades de damas.

    Meri­da é tão cer­ta da sua fal­ta de aptidão em ser esposa de um valen­tão nórdi­co, reple­ta de afaz­eres domés­ti­cos, que toma suas próprias decisões para mudar seu des­ti­no. Des­de peque­na a garot­in­ha de lon­gos cachos ruiv­os demon­stra­va que gostaria de ser valente como seu pai, o rei Fer­gus — que inclu­sive lhe deu a primeira flecha — mas sua mãe deixa claro que o des­ti­no de uma prince­sa não pode ser muda­do, mas somente acata­do. Quan­do chega a hora de Meri­da arru­mar um mari­do, um ban­do de bár­baros de cére­bro pequeno, ela decide que pre­cisa con­vencer a sua mãe, nem que pre­cise usar de magia para isso.

    Claro que há a famosa bruxa da flo­res­ta que lhe dá uma boa magia em tro­ca de algo, mas o bacana é que essa é com­pos­ta de car­ac­terís­ti­cas mod­er­nas: Pref­ere gan­har din­heiro como carpin­teira, usa um alargador na orel­ha e tem um sis­tema de tele­mar­ket­ing de caldeirão, ele­men­tos que ger­am boas risadas em relação à vel­hin­ha. Mas como toda boa bruxa, ela é atra­pal­ha­da e deixa uma men­sagem sub­lim­i­nar para a prince­sa e isso é o que guia todo o lon­ga e as descober­tas fun­da­men­tais de uma história, que ape­sar de descon­struí­da, ain­da guar­da uma boa men­sagem no fim das contas.

    Ape­sar das rev­oluções quan­to aos clás­si­cos, o enre­do de Valente man­tém a tra­jetória de uma prince­sa recor­ren­do à magia para que seus dese­jos fun­cionem e, na ver­dade, é a magia que aju­da a enten­der mel­hor sua própria vida, nada demais se não fos­sem os per­son­agens muito bem car­ac­ter­i­za­dos. Reple­to de refer­ên­cia diver­tidas — inclu­sive um dos clãs que luta pela mão da prince­sa leva o nome de Mac­in­tosh, hom­e­nagem ao cri­ador da Pixar, Steve Jobs — e per­son­agens com boas tiradas, o lon­ga con­segue se man­ter firme até o fim, mes­mo não sendo a mel­hor pro­dução da Pixar.

    Obvi­a­mente que a ani­mação em ter­mos téc­ni­cos é impecáv­el, man­ten­do o nív­el da pro­du­to­ra que des­de que se jun­tou à Dis­ney, empres­ta muito das suas boas ideias con­tem­porâneas aos esti­lo clás­si­co da out­ra. Em Valente não fal­taram as famosas cenas musi­cais da Dis­ney, que ficaram um pouco estra­nhas dubladas, mas nada de grande relevân­cia. A ani­mação é uma boa opção de diver­são tan­to para cri­anças quan­to para quem as acom­pan­ha ou ape­nas para quem vai no cin­e­ma em bus­ca de algo mais menos barul­hen­to, reboots, piadas nacionais duvi­dosas e etc.

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  • Crítica: O Gato de Botas

    Crítica: O Gato de Botas

    Des­de o segun­do lon­ga da fran­quia Shrek foi impos­sív­el esque­cer os olhin­hos pidões do gato com sotaque espan­hol. O feli­no atrav­es­sou o cam­in­ho do con­to de fadas ao aves­so do ogro verde e garan­tiu um lon­ga só pra ele. Com uma cam­pan­ha que se alon­gou durante o ano, O Gato de Botas (Puss in Boots, E.U.A., 2011), dirigi­do por Chris Miller, chega as telas con­tan­do as aven­turas do feli­no antes de con­hecer Shrek.

    Há algum tem­po a Dream­works vem acer­tan­do em traz­er sagas de aven­tu­ra com seus per­son­agens mais car­i­catos, o próprio Shrek e Kung fu Pan­da con­seguiram suas próprias sequên­cias. O Gato de Botas apre­sen­ta o iní­cio da aven­tureira história do feli­no, de como se tornou um hon­ra­do espadachim com um olhar que desar­ma os seus inimi­gos. O pequeno fil­hote é aban­don­a­do na por­ta de um orfana­to e cri­a­do como uma cri­ança, apren­den­do a lidar com pre­con­ceitos e lim­i­tações. O úni­co ami­go do gato é o garo­to-ovo Hump­ty Dump­ty, uma espé­cie de gênio mal com­preen­di­do. Num futuro próx­i­mo, o ovo falante vai intro­duzir o gato de botas numa aven­tu­ra em bus­ca da gansa dos ovos de ouro prom­e­tendo uma boa vida ao feli­no, claro que, sem antes viven­ciar uma aven­tu­ra cheia de confusões.

    O roteiro gan­ha o mes­mo esti­lo do Shrek, brin­can­do com a ideia de con­tos de fadas, descon­stru­in­do as histórias cheias de benevolên­cia e lições e tor­nan­do os per­son­agens muito mais próx­i­mos do real. O Gato de Botas é basea­do no con­to homôn­i­mo do pai dos con­tos fadas, Charles Per­rault, o mes­mo cri­ador de Chapeuz­in­ho Ver­mel­ho, Cin­derela e etc. Mes­mo que cada per­son­agem ten­ha raiz em algum con­to clás­si­co todos gan­ham uma pita­da de mod­ernidade e car­i­cat­uras próprias, fazen­do uma junção de várias situ­ações de difer­entes histórias dan­do uma pro­priedade muito mais autên­ti­ca para o enredo.

    Mes­mo que a pre­mis­sa do roteiro ten­ha todos os ele­men­tos para fun­cionar bem, O Gato de Botas aca­ba desan­dan­do em alguns momen­tos, deixan­do o lon­ga com algu­mas pon­tas desnecessárias, prin­ci­pal­mente em cenas de ação. Mas, con­segue fugir da temáti­ca natali­na da época e faz um bom uso da dublagem de Anto­nio Ban­deras e Sel­ma Hayek para tirar o con­to orig­i­nal do berço francês, dan­do muito mais latinidade e sen­su­al­i­dade espan­ho­la tan­to aos per­son­agens como no cenário em si.

    Claro que numa ani­mação em que os per­son­agens prin­ci­pais são gatos, não há como não ouvir sus­piros no escuro do cin­e­ma. A ani­mação de O Gato de Botas é impecáv­el em questão de tex­turas e cores. E como já com­pro­va­do, o 3D fun­ciona bem mel­hor em ani­mações e vis­to numa sala da rede IMAX, o lon­ga gan­ha uma dimen­são par­tic­u­lar­mente bem inter­es­sante. Res­ta saber se em 2012 a Dream­works vai con­tin­uar investin­do em spin-offs e sequên­cias ou se vai sur­gir com mais alguns grandes per­son­agens de animação.

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=MjBaQ9kAJyw