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  • Las Palmas

    Las Palmas

    Imag­ine um bebê que pilota uma moto, fuma e ado­ra encher a cara num bar servi­do por garçons mar­i­onetes. A mini-tur­ista arru­a­ceira que mal sabe andar e falar, chega à cidade ator­men­tan­do a vida dos empre­ga­dos e clientes do bar, toman­do con­ta do lugar, beben­do e comen­do tudo o que vê pela frente. Essa é a história do cur­ta-metragem Las Pal­mas (2011), do sue­co Johannes Nyholm.

    O cur­ta-metragem de 13 min­u­tos tem como per­son­agem prin­ci­pal a própria fil­ha de Nyholm de ape­nas um ano, mas que inter­pre­ta uma sen­ho­ra de meia-idade com espíri­to aven­tureiro, que chega à cidade em um feri­ado de sol em bus­ca de novas amizades para cur­tir um pouco o seu tempo.

    Com uma óti­ma tril­ha sono­ra com­pos­ta por Björn Ols­son e Goyo Ramos, Las Pal­mas é real­mente engraça­do. A saca­da de Nyholm em uti­lizar as car­ac­terís­ti­cas de um bebê, como a fal­ta de jeito para com­er, a espon­tanei­dade ou a difi­cul­dade em andar por estar em fase de cresci­men­to, dan­do-nos a ideia de uma sen­ho­ra bêba­da é sen­sa­cional. Aliás, os out­ros per­son­agens, inter­pre­ta­dos por mar­i­onetes, tam­bém são muito diver­tidos, pois pare­cem estar indig­na­dos e estáti­cos diante do com­por­ta­men­to da turista.

    Las Pal­mas foi exibido em Curiti­ba no ano pas­sa­do pelo 1º Kino­fo­rum, Fes­ti­val Inter­na­cional de Cur­tas-Metra­gens de São Paulo, que sele­cio­nou qua­tro cur­tas par­tic­i­pantes da Sem­ana da Críti­ca do Fes­ti­val de Cannes de 2011.

    O trail­er do cur­ta está disponív­el pelo nome Baby trash­es bar in Las Pal­mas, mas pode ser vis­to na ínte­gra pela pági­na do Face­book de Nyholm. Alguns o con­sid­er­am uma ideia de humor negro, já eu acho uma grande brin­cadeira que resul­tou em um óti­mo tra­bal­ho. Ah, e não se pre­ocupe o que ela bebe é ape­nas suco.

  • Crítica: Ricky

    Crítica: Ricky

    crítica ricky

    Com uma sinopse nada con­vida­ti­va e um trail­er tão pouco explica­ti­vo quan­to ela, con­fes­so que Ricky (França/Itlália, 2009), com direção e roteiro de François Ozon, esta­va bem no fim da min­ha lista de filmes pos­sivel­mente inter­es­santes do 7º Fes­ti­val de Verão do RS de Cin­e­ma Inter­na­cional, em Por­to Ale­gre. Mas, por motivos de horários, acabei indo assistí-lo e fui surpreendido.

    Katie e Paco são duas pes­soas comuns que acabam se con­hecen­do, se apaixo­nan­do e deste amor nasce um fil­ho. Só ele está longe de ser um bebê nor­mal, pode­ria muito bem se diz­er que ele é algo real­mente extraordinário.

    Muito explica­ti­vo este resumo, não? É jus­ta­mente com este mis­tério, que feliz­mente tam­bém é man­ti­do no trail­er, que Ricky con­segue ser uma bela sur­pre­sa para quem vai assistí-lo. O inter­es­sante foi que ape­sar do filme, sutil­mente, dar indí­cios do porque o bebê ser difer­ente, ele em nen­hum momen­to dá qual­quer expli­cação mais dire­ta, ou mirabolante. Alías, Ricky pos­sui bas­tante essa car­ac­terís­ti­ca de não ter a neces­si­dade de explicar as coisas, elas sim­ples­mente acon­te­cem e é isso. Esse ar mais de fan­ta­sia tam­bém lem­bra um pouco o cin­e­ma fan­tás­ti­co do Michael Gondry, com sua magia e ele­men­tos lúdicos.

    Todo o desen­volvi­men­to da história se foca nes­sa exceção acon­te­cen­do com pes­soas total­mente nor­mais, sem nen­hum grande luxo e edu­cação. Isto tor­na Ricky um filme de fácil iden­ti­fi­cação com o cotid­i­ano e as situ­ações apre­sen­tadas. Ao mes­mo tem­po ele tam­bém pos­sui um pouco da per­spec­ti­va dos fatos vis­tos pelos olhos de uma cri­ança, a irmã mais vel­ha dele, que tem um diál­o­go e uma visão total­mente difer­ente dos adultos.

    Algo tão sur­preen­dente assim aca­ba geran­do todos os tipos de reações e curiosi­dades. Alguns pen­sam só no estu­do cien­tí­fi­co do bebê, out­ros como uma maneira de gan­har din­heiro e fama, alguns não sabem que reação ter e por fim há tam­bém aque­les que o con­sid­er­am uma anom­alia que deve ser cura­do. Estas coisas, prin­ci­pal­mente a curiosi­dade da mãe em ten­tar enten­der e acom­pan­har mel­hor seu desen­volvi­men­to, acabam geran­do situ­ações muito engraçadas e tam­bém muitas vezes ques­tion­ado­ras, em relação a real intenção destas pessoas.

    Ricky é um filme diver­tido e tam­bém total­mente ines­per­a­do, que vale a pena ser assis­ti­do com uma men­tal­i­dade mais aber­ta para sur­pre­sas e situ­ações que sim­ples­mente acon­te­cem, sem mui­ta racional­iza­ção e/ou grandes teo­rias. O lon­ga foi Indi­ca­do no Fes­ti­val inter­na­cional de Berlin 2009 — Gold­en Berlin Bear (François Ozon).

    Para quem já viu o filme, alguém con­seguiu perce­ber a relação da cena ini­cial, na del­e­ga­cia, com o do filme? Se você acha que tem uma ideia, comente abaixo!

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=RHdP4R2spnw

  • Crítica: O estranho em mim

    Crítica: O estranho em mim

    o estranho em mim

    Faz­er filmes para con­sci­en­ti­zar os espec­ta­dores de um deter­mi­na­do problema/fato, sem ser “educa­ti­vo” demais, não é uma tare­fa fácil. O estran­ho em mim (Das Fremde In Mir, Aeman­ha, 2008), de Emi­ly Atef, além de abor­dar temas como a comu­ni­cação e relações humanas em ger­al, tem como pano de fun­do a depressão pós-par­to, uma doença cujos peri­gos muitas pes­soam desconhecem.

    Rebec­ca (Susanne Wolff) e Julian (Johann von Bül­low) for­mam um casal apaixon­a­do e feliz que estão esperan­do seu primeiro fil­ho. Tudo parece per­feito até que a cri­ança nasce e a mãe tem seu primeiro con­ta­to com o bebê, logo após o par­to. É pos­sív­el niti­da­mente ver em sua expressão que há algo de erra­do, pois toda aque­la feli­ci­dade e expec­ta­ti­va sim­ples­mente some. Nas sem­anas seguintes acom­pan­hamos o crescer de uma repul­sa, assim como total indifer­ença, em relação ao bebê.

    Todas essas situ­ações tor­nam o cli­ma do filme muito ten­so, chegan­do até a beirar o insu­portáv­el em cer­tas cenas. Você sim­ples­mente dese­ja que tudo se resol­va logo, pois não aguen­ta mais tan­ta ten­são. Na sessão que assisti O estran­ho em mim, que esta­va lota­da, era claro perce­ber um cer­to incô­mo­do entre as out­ras pes­soas que tam­bém o assis­ti­am, na maior parte do tem­po em silên­cio abso­lu­to, total­mente imer­sos nos acon­tec­i­men­tos e quan­do chega­va em uma cena mais pesa­da, todos se retor­ci­am e não par­avam qui­etos na cadeira. Ape­sar da per­son­agem prin­ci­pal ir para ter­apia e ter pro­gres­so em seu proces­so, a sen­sação descon­fortáv­el per­petu­ou até mes­mo após a saí­da da sala de cinema.

    O esti­lo sim­plista da pro­dução de O estran­ho em mim lem­brou bas­tante os filmes do movi­men­to Dog­ma 95. O uso da hand­cam em algu­mas tomadas cri­am a sen­sação que acom­pan­hamos lit­eral­mente os pas­sos de Rebec­ca. Out­ras car­ac­terís­ti­cas como: som do ambi­ente nat­ur­al, pou­ca ou nen­hu­ma luz arti­fi­cial e locações reais usadas como cenário, pro­por­cionaram um mer­gul­ho ain­da maior na tra­ma do filme. Há uma toma­da envol­ven­do um bebê e uma ban­heir­in­ha, que de tão chocante que é a sua intenção, perde-se a noção de que é ape­nas uma fic­cão e não algo doc­u­men­tan­do um fato real­mente ocorrido.

    O filme usa a tril­ha sono­ra de maneira muito pon­tu­al, prati­ca­mente sendo só acom­pan­hado pelo som do ambi­ente e da voz dos per­son­agens. Os ápices de ten­são em O estran­ho em mim são todos acom­pan­hados dess­es “silên­cios”, com­pro­van­do mais uma vez que não é pre­ciso ficar entupin­do o espec­ta­dor de melo­dias para assim con­seguir provo­car algum sen­ti­men­to. Tam­bém é indis­pen­sáv­el citar a óti­ma atu­ação de Susanne Wolff, que foi indis­pen­sáv­el nesse proces­so de envolvi­men­to com a sua situ­ação e ações.

    O estran­ho em mim não é um filme de fácil digestão, com um cli­ma extrema­mente ten­so e frio, e para alguns, “alemão” demais. Mas ele é váli­do jus­ta­mente pela própria exper­iên­cia que causa e tam­bém como um óti­mo meio de con­sci­en­ti­zar as pes­soas sobre a gravi­dade da depressão pós-parto.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    Trail­er: (infe­liz­mente sem leg­en­da, se alguém achar um leg­en­da­do por favor avise)

    httpv://www.youtube.com/watch?v=s4-p3aM5k3U