Baseado no polêmico caso policial de assalto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005, Assalto ao Banco Central (Brasil, 2011), dirigido por Marcos Paulo, parece mais uma versão abrasileirada — com menos graça e estilo — da franquia 11 Homens e um Segredo, entre outros longas e séries do gênero.
Barão (Milhem Cortaz) é o clássico malandro e trapaceiro à moda Brasileira, tem seus próprios negócios, se veste bem e tem uma mulher de formas exuberantes (leia-se piriguete) ao seu lado. Não satisfeito com isso, decide planejar um grande assalto a banco convocando nomes do crime e outros profissionais que querem lucrar bem com a empreitada. O planejamento do roubo — definição mais correta já que a palavra assalto denota outra coisa — é feito milimetricamente para que não haja violência e nem alarde em nenhum momento. Mas claro, nem tudo são flores e a ganância — bem ao estilo brasileiro para estrangeiros — vai dar outros contornos para a trama.
Um dos problemas mais sérios de Assalto ao Banco Central é apostar na narrativa novelesca, praticada desde sempre pela Globo. Os elementos televisivos não se resumem apenas na transposição dos atores — costumeiramente protagonistas de dramas na TV — interpretando papéis levianos, mas também nos elementos que constroem as cenas, fazendo tudo parecer superficial demais.
Mesmo que a montagem do filme, trabalhando com aleatoriedade usando passado, presente e futuro, tenha sido um acerto, o roteiro não convence, deixando a desejar justamente no quesito de conflito do enredo. Como se Assalto ao Banco Central tivesse que funcionar como longa, e ao mesmo tempo como uma série do estilo CSI e afins, a trama acaba ficando morna, sem permitir nenhum tipo de tensão.
Assalto ao Banco Central acaba não criando vínculo narrativo com nenhum personagem e todos são efêmeros e pouco cativantes. Atores que funcionam muito bem na televisão, como o veterano Lima Duarte, Eriberto Leão e o divertido Gero Camilo, se apresentam como personagens levianos, com piadas forçadas e muito fáceis de cair no esquecimento.
Nenhuma novidade quando às dificuldades que o cinema nacional tem de desligar do universo narrativo da televisão. Assalto ao Banco Central é mais um longa que vem reforçar a medianidade das produções que envolvem produtoras firmadas no mercado televisivo e comercial apostando no cinema como extensão. Nenhum preconceito quanto a participação dessas empresas e artistas — já que podem contribuir com belo poder aquisitivo — mas sim quanto ao foco dado à celebridades, roteiros extremamente levianos e produções que beiram ao estilo estrangeiro sem nenhum tipo de glamour que se apresenta lá fora.
Muitos descuidos narrativos são aceitos na televisão, por conta da breviedade e pouca necessidade de assimilação, mas quando transpostos para o cinema, exigindo mais atenção, tomam outras dimensões, deixando claro que televisão e cinema exigem duas forças totalmente diferentes. Assalto ao Banco Central é mais um filme efêmero que pode render bom público, mas cair no esquecimento logo no próximo mês.
Outras críticas interessantes:
- Alexandre Carvalho dos Santos, no Revista Bula
Trailer:
httpv://www.youtube.com/watch?v=6pHbFZRRLwk