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  • Crítica: O Ritual

    Crítica: O Ritual

    Des­de de 1973, quan­do o roteiro de William Peter Blat­ty deu vida ao livro e filme homôn­i­mos de O Exorcista, um clás­si­co super ren­táv­el do gênero, o cin­e­ma não can­sou de explo­rar essa práti­ca — até hoje atu­al — da Igre­ja Católi­ca, super­vi­sion­a­da pelo Vat­i­cano. Retoman­do o tema, em 2011, um dos filmes mais esper­a­dos da tem­po­ra­da é O Rit­u­al (The Rite, USA, 2011), de Mikael Håf­ström, que vem com a pre­mis­sa — regra bási­ca do momen­to — de ser basea­do em fatos reais.

    Michael Kovak (Col­in O´Donoghue) é fil­ho de um agente funerário, todas as suas crenças e trau­mas partem dos momen­tos em que viven­ciou tra­bal­han­do com seu pai. O jovem vê ape­nas duas saí­das para sua vida, tornar-se padre ou seguir a profis­são pater­na. Já que a segun­da opção lhe parece dolori­da demais, o jovem Michael parte para o sem­i­nário onde aca­ba for­t­a­l­en­cen­do várias descrenças. Pre­ocu­pa­do com a pos­sív­el desistên­cia do jovem Kovak do sem­i­nário, o padre Matthew (Toby Jones) decide enviá-lo para o Vat­i­cano em um cur­so para padres exorcis­tas, onde acred­i­ta que o rapaz irá mudar total­mente sua ceti­ci­dade. O grande cen­tro reli­gioso irá se apre­sen­tar como defin­i­ti­vo para o jovem sem­i­nar­ista que ao con­hecer o padre Lucas (Antho­ny Hop­kins) pas­sa a delin­ear novos sig­nifi­ca­dos sobre a fé.

    O Rit­u­al é cora­joso ao explo­rar o ato de exor­cis­mo em plenos perío­dos de decadên­cia visív­el da Igre­ja Católi­ca Romana e, mes­mo sendo basea­do em relatos reais e recentes, não con­vence. A práti­ca de exor­cis­mos, ter­mo assim denom­i­na­do ao ato de expur­gar supos­tos demônios que se apoder­am de cor­pos, é uma práti­ca anti­ga da religião e sem­pre muito con­denáv­el por se mostrar muitas vezes abu­si­va. No lon­ga, o tra­bal­ho, exe­cu­ta­do sem­pre por um padre autor­iza­do, é mostra­do com bem menos vig­or que no clás­si­co de 73, mas com um tom psi­cológi­co inter­es­sante que surgiu da junção de uma fotografia som­bria e o uso exces­si­vo de sim­bolo­gias que reme­tem ao Diabo.

    Antho­ny Hop­kins aparece sem­pre com a câmera foca­da em seus grandes olhos azuis, já mar­ca­dos na história do cin­e­ma pelo seu eter­no Han­ni­bal Lecter. Claro que Hop­kins é sem­pre um charme a parte, o ator tem seu jeito úni­co, com suas piad­in­has e vem em O Rit­u­al com um sotaque ital­iano que se encaixou muito bem mes­mo sendo um coad­ju­vante, ape­sar dele ser a maior joga­da de pro­pa­gan­da do lon­ga. Já o per­son­agem cen­tral, inter­pre­ta­do pelo nova­to Col­in O´Donoghue, não demon­stra caris­ma e nem pul­so firme ao inter­pre­tar um homem que vive no lim­bo entre crença e o ceti­cis­mo. A brasileira Alice Bra­ga tem um papel medi­ano ao faz­er par, sem cono­tação român­ti­ca, com Kovak, inter­pre­tan­do uma jor­nal­ista aparente­mente per­spi­caz, que tam­bém está em bus­ca de enten­der no que real­mente acredita.

    O grande prob­le­ma de O Rit­u­al está no fra­co roteiro, demasi­a­do lento e com um dis­cur­so ultra­pas­sa­do em favor da Igre­ja. Não vi maiores inter­pre­tações, pelo menos nada que já não se ten­ha feito, em relação aos atos de exor­cis­mo e dom­i­nações pelo Dia­bo, este com a eter­na voz com­puta­doriza­da e expressões sem­pre voltadas a sexo e ofen­sas ao grande inimi­go. Não acred­i­to que um grande ator, ou mes­mo dire­tor, pos­sam sal­var um roteiro ruim, prin­ci­pal­mente se tratan­do de sus­pense e ter­ror. Por­tan­to, o uso da imagem de Antho­ny Hop­kins somente arras­tou Han­ni­bal Lecter ao clero, fazen­do O Rit­u­al ficar na lista de filmes medi­anos do ano.

    Out­ras críti­cas interessantes:

    • Rubens Ewald Fil­ho, no seu Blog
    • Éri­co Bor­go, no Omelete

    Trail­er:

    httpv://www.youtube.com/watch?v=v3CQ9MSkGwk

  • Crítica: O Lobisomem

    Crítica: O Lobisomem

    lobisomen

    Alguns per­son­agens, que já há muito tem­po fazem parte não só da cul­tura ger­al, mas dos medos mais prim­i­tivos, sem­pre estão sendo refilma­dos e adap­ta­dos. O Lobi­somem (The Wolf­man, Reino Unido/EUA, 2010), de Joe Johston, é mais um dess­es filmes.

    Difer­ente do clás­si­co orig­i­nal, dirigi­do por George Wag­gn­er, em 1941, este tem como cenário a Inglater­ra Vito­ri­ana. A história pos­sui cer­tas sim­i­lar­i­dades e, nes­ta ver­são, Lawrence Tal­bot (Beni­cio Del Toro[bb]) retor­na da Améri­ca para sua ter­ra natal, a fim de aju­dar na bus­ca de seu irmão, a pedi­do da noi­va dele, Gwen (Emi­ly Blunt[bb]). Na sua bus­ca por pis­tas, vai parar em um acam­pa­men­to cigano, que é ata­ca­do por um mon­stro “descon­heci­do”. Durante o ataque, Lawrence é mor­di­do quase que fatal­mente no pescoço, se recu­peran­do alguns dias depois, de uma maneira anor­mal­mente ráp­i­da, na man­são de seu pai (Antho­ny Hop­kins[bb]). Ele começa então a ser inves­ti­ga­do pelo Dete­tive Aber­line (Hugo Weav­ing[bb]), que aca­ba desco­brindo a sua maldição.

    Ape­sar do óti­mo elen­co, a atu­ação de cada um é muito fra­ca, mostran­do pou­ca veraci­dade nos per­son­agens, geran­do um sen­ti­men­to de mui­ta dis­tân­cia e pouco envolvi­men­to. A uti­liza­ção da tril­ha, para pro­duzir e manip­u­lar as emoções, é, de cer­ta maneira, bem exager­a­da. As cenas que dev­e­ri­am pro­duzir “sus­tos”, ape­nas o fazem dev­i­do a uma brus­ca mudança, ou aparição de um som muito alto, às vezes até antes da cena em si, de fato, real­mente acon­te­cer. Chegan­do até a tornar ridícu­lo alguns momen­tos de suspense.

    A car­ac­ter­i­za­ção do lobi­somem ficou bem no esti­lo da pelícu­la de 1941, com um ros­to mais “humanóide”, que me lem­brou muito o per­son­agem Chew­bac­ca, do Star Wars[bb], fican­do às vezes até mais engraça­do do que assus­ta­dor. Há tam­bém um per­son­agem no filme que é idên­ti­co ao Smeagol, do Sen­hor dos Anéis[bb], de Peter Jack­son[bb], só que mais pobre visual­mente. Assim como a trans­for­mação de homem para lobi­somem que, ape­sar dos avanços nas téc­ni­cas de efeitos espe­ci­ais, não sur­preen­deu nem um pouco. As tomadas do lobi­somem ata­can­do as pes­soas lem­braram aque­les filmes exploita­tion, com pedaços de cor­po voan­do para todo lado. Ape­sar de algu­mas cenas pare­cerem engraçadas, incluin­do algu­mas piad­in­has tam­bém, não eram tão boas a pon­to de provo­car risada.

    O Lobi­somem é bem sessão da tarde, para quem quer ver alguns órgãos voan­do e sus­pense, que graças aos efeitos sonoros usa­dos em dema­sia, não farão você dormir.

    Con­fi­ra tam­bém a críti­ca deste filme no blog Claque ou Cla­que­te, por Joba Tri­dente.

    Trail­er: