Zana Briski, fotógrafa e ativista, é autora do tocante documentário “Nascidos em Bordéis” (Born into Brothels: Calcutta’s Red Light Kids, 2004), dirigido por ela e pelo produtor Ross Kauffman, traduzindo a panorâmica vivida pelas crianças do bairro da Luz Vermelha, em Calcutá.
Frutos de um arcabouço social tirano (promovido pelo sistema de castas), meninos e meninas são submetidos à condições sub-humanas de sobrevivência, convivendo diariamente com a violência, alimentação precária, falta de saneamento básico, ausência educacional e, principalmente, a mortalha da desesperança. A prostituição e o universo criminoso parecem ser as únicas heranças que os pais podem deixar aos filhos.
Diante desse caos, Zana delega todas as forças que possui na busca de novas perspectivas para essa situação. Ministra aulas de fotografia para as crianças, dando margem ao maravilhoso mundo da expressão. É emocionante observar o desenvolvimento de cada uma delas e a felicidade em, ao menos, sonhar com um futuro diferente. Acompanhando essas mudanças, a fotógrafa — juntamente com seu parceiro Ross Kauffman — luta frente às autoridades locais para proporcionar uma chance, uma oportunidade de vida melhor para os nascidos em bordéis.
Crianças que Zana acompanhou
Após vencer a burocracia exacerbada e preconceitos diversos, os resultados começaram a aparecer timidamente. Um dos meninos é escolhido para – em outro país — ser o representante vivo do trabalho desenvolvido por Briski. Algumas das meninas são aceitas para estudar em internatos. No fim do documentário, é apresentado o que ocorreu a cada uma das crianças. Infelizmente, apenas duas conseguiram prosseguir lutando pelo alcance dos seus sonhos. Fatores sociais, familiares e força de vontade assinalaram esse final.
O trabalho de Zana Briski foi muito mais do que intervenção social. Foi (e continua sendo) a práxis do ditado que profetiza: “A fotografia se faz com o peito, e não com uma câmera”.
Você não pode usar sua câmera como um escudo contra o sofrimento humano.
O olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio.
Machado de Assis
A fotografia conquistou espaço como um dos maiores fenômenos comunicacionais da humanidade. A técnica da “captação de imagens por meio de uma exposição luminosa” vem sendo utilizada de diferentes formas no decorrer do seu processo histórico, começando por meio de métodos analógicos até alcançar as inovações da fotografia digital, proporcionadas pelo avanço tecnológico.
Registrar um momento feliz, guardar uma fonte histórica, denunciar acontecimentos, antecipar tragédias, criar memórias, remodelar sonhos e difundir ideias são algumas das inúmeras formas pelas quais a fotografia se faz presente. Dentro desse conceito, existem aqueles que utilizam a fotografia como meio para transformar uma realidade, reconstruir vidas. É exatamente o que faz o fotógrafo James Nachtwey.
Retrato do fotógrafo James Nachtwey
James Nachtwey tem dedicado sua existência aos registros fotográficos de guerras, conflitos, misérias e desumanidades ao redor do planeta. Sua atividade de luta e denúncia contra a atual condição do homem pode ser apresentada através do documentário Fotógrafo de Guerra (War Photographer, direção de Christian Frei, 2001). Por meio da utilização de micro-câmeras acopladas à câmera fotográfica de Nachtwey, o diretor Christian Frei trabalhou em cima das atividades realizadas pelo fotojornalista.
As filmagens ocorreram nas zonas de conflito do Kosovo, Palestina e Indonésia, dando uma identidade real à dor de centenas de pessoas a partir do momento em que elas são retratadas em imagem, formando um registro silencioso. Era assim que o lúcido documentarista exercia sua função social. Segundo Nachtwey, é inconcebível “permitir que a miséria humana continue clandestina”. Durante todo o documentário, o fotógrafo direciona sua ideia na exposição da realidade, provando que existe uma grande responsabilidade por trás de cada movimento do homem, seja intimista ou comunitário.
A personalidade silenciosa, tímida e desprendida do fotógrafo reforça a autenticidade de seu trabalho. Por estar próximo das vítimas, parece compartilhar da miséria e do imenso vazio que as devasta. James Nachtwey derruba o falso moralismo que permeia governos e os mais altos pilares da sociedade ao retratar momentos chocantes, como a mãe que enterra o filho vitimado pela barbárie da guerra, ou quando um homem é brutalmente assassinado por ter outra ideologia política. O fotógrafo de guerra presencia comunidades inteiras assistirem completamente impotentes ao estupro de suas mulheres e ao esfacelamento de suas famílias, simplesmente por pertencerem à outra etnia. Toda essa dor é observada dentro de um acordo tácito entre fotógrafo e fotografado; um acordo de coração e espírito. Fotógrafo de Guerra é mais um daqueles documentários que justificam todo o sacrifício de um homem de ser maior do que sua própria dor.
A cada minuto que eu estava lá, eu queria fugir.
Eu não queria ver isso.
Eu iria bater e correr ou enfrentar
a responsabilidade de estar lá com uma câmera?
A Idade Média, período obtuso da história da humanidade, contabiliza um número grande de mulheres condenadas à fogueira ou enforcamento por acusações como bruxaria, possessão demoníaca e pactos diabólicos. Sob a égide do “Não deixarás viver a feiticeira” (Êxodo – Capítulo 22, Versículo 17), a Santa Inquisição, “tribunal eclesiástico criado com a finalidade de investigar e punir crimes contra a fé católica”, promoveu execuções em massa numa ensandecida “caça às bruxas”. Com o apoio do livro “Malleus Maleficarum” (algo como ‘Martelo das Bruxas’), publicado em meados de 1486, os inquisidores difundiam entre a população a existência de supostos “métodos” para identificar, acusar e condenar formalmente uma bruxa.
O manual religioso aponta a arte de manipular e controlar a sexualidade como uma das principais fontes de poder das feiticeiras, associando o ato sexual ao pacto carnal entre mulher e demônio. O sexo é apontado aqui como propulsor da heresia e blasfêmia, digno de repulsa e dominação. Com base nesse argumento, muitas mulheres foram consideradas ‘servas de Satã’ e levadas à morte sem qualquer remorso por parte dos algozes, ao apresentarem um quadro de instabilidade emocional e alteração nos sintomas físicos, entre eles a perturbação dos sentidos, paralisia, dores agudas, contrações, convulsões, dentre outros distúrbios.
Une leçon clinique à la Salpêtrière — André Brouillet — 1887
Somente no final do século XIX, com os estudos iniciados pelo neurologista e cientista francês Jean-Martin Charcot, professor de nomes que viraram referência, como Sigmund Freud e William James, o termo histeria foi ganhando forma para definir o tipo de neurose responsável por determinados distúrbios sensoriais e motores, responsáveis por fazerem com que as mulheres afetadas perdessem o autocontrole e entrassem em colapso.
Jean-Martin Charcot ficou conhecido pelos experimentos e estudos que realizava na famosa clínica psiquiátrica francesa Pitié-Salpêtrière, onde recebia – e fotografava — pacientes em diversos estados de instabilidade mental. Uma dessas pacientes era Louise Augustine Gleizes, uma jovem diagnosticada com histeria.
Pôster do filme
Esse caso clínico-amoroso foi abordado pela diretora francesa Alice Winocour no drama “Augustine” (2012), adaptação efervescente que narra a história de desejo, ambição acadêmica, investigação científica e ardor sexual entre o médico francês e a jovem paciente. No filme, Jean-Martin Charcot (interpretado por Vincent Lindon), respeitado e temido nas dependências do Hospital Salpêtrière, está às voltas com a recepção de sua pesquisa científica pelo meio acadêmico e pela elite social, tendo em vista que a boa repercussão concederia ao médico aumento de investimentos e maior visibilidade. Em dado momento, chega ao hospital a jovem Augustine, de 19 anos, vitimada por uma forte crise convulsiva e com o lado esquerdo paralisado, fato que ocorreu em meio às atividades domésticas realizadas pela moça durante um jantar, na casa na qual era empregada.
Augustine, interpretada pela cantora pop-folk francesa Stéphanie Sokolinski, conhecida como Soko, torna-se logo um caso emblemático para Charcot, desestabilizando a mente racional do médico ao exalar ingenuidade infantil com luxúria oculta. O filme todo é envolvido por uma atmosfera nebulosa, uma espécie de terror silencioso que Augustine traz nas feições, nitidamente góticas. Após a paralisia do lado esquerdo, ocasionada depois que Augustine vê caranguejos vivos em ebulição na panela, a jovem paciente é invadida por uma nova onda de terror quando presencia convulsões de uma galinha decapitada, trazendo à tona seus ataques eróticos. Dessa vez, o olho direito da jovem é abruptamente fechado.
Imagem de divulgação do filme Augustine
Estudar os sintomas apresentados por Augustine renova a euforia de Charcot, alimentando a crença pessoal de que ele está bem próximo de uma descoberta crucial no campo da histeria, ciência que se propôs a investigar. Ao lado das investigações internas realizadas pelo médico no corpo de Augustine, há também demonstrações públicas para acadêmicos e pesquisadores da área, onde sessões de hipnose e colapsos públicos dão efetividade à teoria levantada pelo neurologista.
Augustine é submetida a uma verdadeira profusão de testes e observações. A obsessão de Jean-Martin Charcot em fotografar suas pacientes também é apresentada no filme, com uma sequência de registros e análises de Augustine até mesmo nos momentos de sono profundo. A aproximação gera um amor furtivo, uma tensão libidinosa entre médico e paciente, ao embaralhar sucessivamente os sentimentos que Augustine nutre pelo médico. Pensador moderno e formador de plateias, Charcot não consegue lidar de maneira isenta com o tufão de emoções que começam a invadi-lo, percepção que não escapa aos olhos de sua mulher, Constance, vivida pela atriz Chiara Mastroianni. No meio dessa confusão, nasce a transferência. Os limites entre terapeuta e paciente são rompidos, tal qual uma rachadura em um dique. Cedo ou tarde, a correnteza transborda.
Imagem de divulgação do filme Augustine
A dinâmica perigosa na relação entre o médico e a paciente em crise também é explorada nos longas Um Método Perigoso (2012), dirigido por David Cronenberg, enredo que traz o caso de Carl Jung e Sabina Spielrein, com pitadas de Freud, e o fantástico A Pele que Habito (2011), de Pedro Almodóvar, onde um conceituado cirurgião plástico cria uma nova identidade física para um desafeto e acaba se apaixonando pela própria criação.
O trabalho de Alice Winocour em Augustine não apresenta a massacrante carga da parábola moralizante, criando vilão ou vítima. Pelo contrário: a originalidade da diretora está na aposta em um romance que viola tabus, desconcerta a ética e rompe com os canônicos protocolos de tratamento, para o bem ou para o mal.
Imagem de divulgação do filme Augustine
A interpretação de Soko realça e encanta, exercendo enorme fascínio pelo modo como a atriz se entrega, seja pelo corpo ou pelas expressões significativas do olhar. Como uma borboleta, a personagem experimenta uma metamorfose ao sair do estado de pavor, manipulação e medo, para a cumplicidade e decisão que marcam os momentos finais do filme.
Adentrar as diferentes esferas do inconsciente, aceitando o risco de suas voltas – muitas vezes sem retorno -, fazem de Augustine um filme maior do que a disputa entre doença/cura e médico/paciente; a sutileza está nas transformações que nascem no rio profundo e inabitado, exatamente onde mora o desejo.
Para conhecer um pouco mais sobre as mulheres que se transformaram em uma espécie de “musas médicas”, recomendo a leitura do livro Medical Muses: Hysteria in Nineteenth-Century Paris, de Asti Hustvedt.
A grande história do escravo que se revoltou contra o império romano é o tema principal do próximo balé do Teatro Bolshoi que a UCI Cinemas apresenta em novembro, nos dias 23, sábado, às 17 horas e 24, domingo, às 14 horas. As sessões serão únicas e estarão em 15 cinemas distribuídos por dez cidades brasileiras. Em Curitiba (PR), as exibições serão no UCI Estação e no UCI Palladium. A temporada 2013/2014 de apresentações da casa de balé russa estará nos cinemas até maio de 2014, com “The Golden Age”.
No enredo da obra, que segue com certa liberdade de interpretação da história original, Spartacus é capturado pelo exército romano e condenado à escravidão junto com sua esposa Frígia. Depois de se tornar um gladiador, ele fomenta uma rebelião lendária contra Roma. Spartacus é uma das mais famosas obras de Aram Khachaturian e considerado um dos maiores ballets no repertório do Bolshoi desde 1960. Uma produção com coreografia e cenário espetacular, a versão de Yuri Grigorovich continua a ser a mais aclamada pela crítica.
“O Corsário” foi o primeiro balé a ser exibido na temporada completa do Bolshoi. O próximo e último espetáculo de 2013 será “A Bela Adormecida”. As apresentações continuarão em 2014. Os ingressos para todos os balés do Teatro Bolshoi custam R$ 30 (meia entrada) e R$ 60 (inteira) e estão disponíveis para compra através do site da UCI, nos caixas de autoatendimento e nos balcões de atendimento.
“You and I are underdosed and we’re ready to fall. Raised to be stupid, taught to be nothing at all. I don’t like the drugs but the drugs like me. (…) There’s a hole in our soul that we fill with dope. And we’re feeling fine”.
(Você e eu estamos dopados, e nós estamos prontos para cair. Criados para sermos estúpidos, ensinados a não ser nada. Eu não gosto das drogas, mas elas gostam de mim. (…) Há um buraco em nossas almas que preenchemos com drogas, e nós estamos nos sentindo bem – tradução livre).
O trecho acima pertence à música “I don’t like the drugs (But the drugs like me)”, lançada pela banda Marilyn Manson no álbum “Mechanical Animals” (1998). O vocalista e performer norte-americano Brian Warner, conhecido mundialmente pelo pseudônimo que deu nome à banda, carrega nas costas inúmeras polêmicas e escândalos, dos quais se destacam o uso abusivo de drogas, performances de palco consideradas insólitas, além de ter tido seu nome associado ao Massacre de Columbine, uma das mais terríveis tragédias envolvendo adolescentes e assassinato nos Estados Unidos.
Marilyn Manson (Brian Warner)
No álbum “Mechanical Animals”, Marilyn Manson fala abertamente sobre a degradação de uma sociedade vazia, narcotizada e mecanizada, onde só há lugar para “sistemas nervosos desativados” (Disassociative) e “pílulas para entorpecer, emburrecer e transformar você em outra pessoa” (Coma White). Em 1985, treze anos antes do polêmico e premiado álbum de Manson dividir opiniões, o escritor Bret Easton Ellis publicava Abaixo de Zero (original Less than Zero), seu livro de estreia. Assim como “Mechanical Animals”, a obra de Easton Ellis foi igualmente cercada por controvérsias ao trazer de forma crua e direta o retrato deteriorado da geração dos anos 80, afundada em um mundo onde fama, pornografia, drogas e crimes refletem a identidade (ou a falta dela) de jovens e adolescentes.
Capa do livro pela editora L&PM
A narrativa começa com o retorno de Clay, protagonista da trama, à casa dos pais em Los Angeles para passar o período de férias da faculdade. Na volta ao lar, Clay reencontra os velhos amigos do colégio, assim como sua ex-namorada, Blair. Todos eles têm em comum vidas superficiais, controladas pela falsa ilusão de poder e, especialmente, pelo uso abusivo de narcóticos. Clay vive em uma casa sem afeto, sem saber direito diferenciar as irmãs pelo nome (adolescentes que consomem cocaína sem o menor constrangimento), cujos pais não possuem nenhum senso de responsabilidade e compromisso. Julian, um dos amigos mais próximos de Clay, entra no universo da prostituição masculina para manter o vício das drogas; Blair busca refúgio na bebida, e as demais companhias de Clay são compostas por garotas bulímicas, rapazes que banalizam o ato sexual, transformando‑o em um mero “por que não?”, além de viciados e traficantes.
Inseridas nesse meio, estão famílias despedaças, pais e mães atuando diretamente no show business hollywoodiano, mas sem saber como lidar com os próprios filhos – e sem o menor interesse em aprender. Enquanto isso, a droga, o sexo e o dinheiro fácil roubam a tutela e direcionam a vida desses “filhos do vazio”, sem perspectivas ou sonhos. Se a juventude é aclamada como a fase das conquistas e a luta por uma existência com propósito, a geração de Bret Easton Ellis gritou para ser saudada pela inconsequência, alienação, passividade, pelo “desapareça aqui”. O enredo de Abaixo de Zero (tradução de Rick Goodwin, editora L&PM em parceria com a editora Rocco, 2011, pág. 176) revela mentes arruinadas e caminhos perdidos em uma narrativa interrompida por fluxos de consciência, memórias e lapsos. O leitor experimenta a possibilidade de entrar na cabeça de Clay, sentindo, observando e vivendo como se estivesse exatamente na pele do protagonista. Essa técnica pode ser encontrada em outras obras de Easton Ellis, como “O Psicopata Americano”, que também aborda, de forma incomparavelmente visceral, o fundo do poço da geração perdida. As cicatrizes da época juvenil concedem ao trabalho do escritor norte-americano um tom quase biográfico, confessado por ele em entrevista ao site Sabotage Times, em que afirma ter sido Patrick Bateman, protagonista do livro “O Psicopata Americano”.
Christian Bale em “Psicopata Americano”, dirigido por Mary Harron
Levado para as telonas, Abaixo de Zero foi estrelado por Andrew McCarthy, Robert Downey Jr. e James Spader, interpretando respectivamente Clay, Julian e Rip. Apesar das polêmicas iniciadas logo no primeiro romance, Bret Easton Ellis estende a temática e alerta para o problema central do consumo desenfreado de drogas, somado à decadência e o vazio existencial do ser humano.
Poster do filme dirigido por Marek Kanievska
A realidade descrita nas obras de Bret Ellis em meados dos anos 80 não está tão distante do cenário brasileiro encontrado, por exemplo, nas festas regadas à bebidas, sexo barato e drogas, capitaneadas por jovens da classe média alta em ambientes paradisíacos. Enquanto o desejo de curtir a vida alcança o status de “felicidade suprema”, lema espalhado por campanhas publicitárias, programas e novelas, o Brasil contabiliza o infeliz número de 370 mil usuários regulares de crack nas capitais de seus estados.
Para quem ainda ousa dizer que “realidade e ficção não se misturam”, sugiro ligar a televisão em qualquer canal, acessar a internet ou sintonizar a emissora de rádio. Disfarçadas e rápidas, elas estarão lá, em diversas cores, formatos e tamanhos. Inúmeras promessas de elevação e popularização. O ciclo do vazio continua e, como enlouquece Marilyn Manson na música “The Dope Show”: “Eles te amam quando você está em todas as capas. Quando você não está, eles amam outro”.
No próximo dia 6, quarta-feira, a UCI cinemas exibe ao vivo e com imagem em alta definição o show da aclamada banda inglesa Keane. Direto de Berlim, na Alemanha, Keane promete emocionar os fãs do mundo inteiro, em uma apresentação feita especialmente para os cinemas. As sessões acontecerão, simultaneamente, no UCI New York City Center (RJ), UCI Jardim Sul (SP) e UCI Estação (PR), a partir das 21 horas.
‘O Melhor de Keane – Ao Vivo em Berlim’ será exibido direto do icônico clube noturno Goya, onde o quarteto apresentará sucessos dos seus quatro álbuns lançados até hoje, como “Everybody’s Changing” e “This Is The Last Time”.
Os ingressos para Keane custam R$ 25 (meia-entrada) e R$ 50 (inteira) e já estão disponíveis para a venda nos balcões de atendimento, caixas de autoatendimento ou através do site da Rede UCI.
Nos últimos meses, o mundo tem conhecido o poder da mobilização popular na Turquia, onde protestos reuniram quase 2,5 milhões de pessoas. As cidades de Istambul e Ancara, esta última a capital do país, concentram o maior número de atos de protesto contra o governo vigente. No Brasil, a situação não tem sido diferente e, à semelhança do que vêm acontecendo na Turquia, os movimentos populares estão sendo duramente reprimidos por governos autoritários e coercitivos.
Antes desses importantes acontecimentos sociais e políticos, a grande maioria dos brasileiros teve o primeiro contato com a cultura turca através da afetada novela global Salve Jorge, com suas dançarinas de olhos marcados, cenários hiperbolicamente exóticos e uma população “arabesca”, bem ao gosto dos fetiches ocidentais. Diminuir a importância de uma cultura transformando‑a em produto das indústrias culturais tem sido uma prática incansável de veículos de entretenimento e comunicação, bem como de instituições sacramentadas, que usam tudo o que podem para angariar lucros e difundir ideologias.
Felizmente, não foi dessa vez que eu despenquei no abismo desse esquema, pois meu interesse pela cultura turca remete aos meus treze anos de idade, quando escutei pela primeira vez a música “Şımarık”, do cantor e performer Tarkan. De lá para cá, tenho sido guiada por uma espécie de “mão invisível do destino” para tudo o que faz referência à Turquia: fiz grandes amigos em Istambul, Ancara, İzmir e Amasra, comecei a aprender a língua do país e procurar por escritores, poetas e músicos turcos. Foi assim que me deparei com Istambul – Memória e Cidade (original İstanbul: Hatıralar ve Şehir), extenso romance memorialista de Orhan Pamuk, primeiro escritor turco a receber o Prêmio Nobel de Literatura (ano de 2006). A editora Companhia das Letras lançou a publicação brasileira em 2007, com tradução de Sergio Flaksman e baseada na tradução inglesa da obra, assinada por Maureen Freely.
Orhan Pamuk
As memórias autobiográficas de Orhan Pamuk se misturam a relatos de viajantes ocidentais famosos, escritores turcos imersos em ruínas e tristezas e acontecimentos que marcaram para sempre o coração da cidade mais famosa da Turquia. O livro é um apanhado detalhado da vida em Istambul com todas as suas belezas e decadências, onde as ruas estão cercadas pelas mansões dos antigos paxás, completamente destruídas pelo fogo e pelo tempo; famílias ricas desejam a qualquer custo ostentar uma imagem ocidentalizada, desprezando tudo o que faz referência ao império otomano ou às tradições orientais. Entre citações de escritores turcos como Yahya Kemal, Reşat Ekrem Koçu, Ahmet Hamdi Tanpınar e Ahmet Rasim, famosos por descreverem detalhes que até mesmo uma boa parte dos “Istanbullus” desconhece, o premiado memorialista dá ao leitor um panorama geral da cidade que o viu nascer e crescer, capaz também de despertar sentimentos contraditórios.
Orhan Pamuk nasceu em 1952, dentro de uma família burguesa que entrava gradativamente em ruína financeira. Junto com seu irmão mais velho, Orhan cresceu rodeado por parentes e pela presença autoritária da avó paterna. Apesar das intensas disputas internas pela posse de propriedades e bens, tios, tias, mães, pais, irmãos, sobrinhos e avó se reuniam na mesa de jantar e sustentavam as aparências. Segundo descrição contida no livro, esse tipo de comportamento incomodava o escritor desde pequeno, mas só ao ponto de não interferir em seu próprio mundo. As brigas geradas no seio do Edifício Pamuk traziam à tona a realidade de uma sociedade desgastada, arruinada pelas mudanças que se operavam na tentativa de apagar o passado, impondo uma vida ocidentalizada para esquecer as origens. A família Pamuk não era religiosa e não fixava seus princípios em seguimentos tradicionais de obediência cega, o que deixou espaço para um desenvolvimento intelectual e pessoal maior. Orhan e seu irmão viviam no conforto de carros importados, escolas caras e passeios familiares ao Bósforo, destacado pelo autor como parte central da vida de qualquer habitante de Istambul.
Pintura de Melling, do livro “Voyage pittoresque de Constantinople et des rives du Bosphore”
O livro vem repleto de fotografias em preto e branco – exatamente como o autor concebe a cidade -, além de trazer um minucioso trabalho de pesquisa. Para falar a verdade, Orhan Pamuk coloca para fora toda a obsessão de memorialista que o persegue, com 408 páginas de uma travessia lenta, melancólica e silenciosa, escrita em tons de cinza. Para o “olhar ocidental”, é interessante conhecer as impressões que o fabuloso pintor Antoine Ignace Melling teve de Istambul, através das imagens de suas obras reproduzidas no livro. Destaque também para comentários de Pamuk aos diferentes relatos dos franceses Gerárd de Nerval, Theóphile Gautier e Gustave Flaubert sobre Istambul, influenciando diretamente autores turcos.
Orhan Pamuk
É inegável a destreza e segurança com que Pamuk expõe as nuances que caracterizam a sua cidade, procurando fazer paralelos com sua vida pessoal. No decorrer das páginas, o leitor também se depara com fotos do arquivo familiar, mostrando Orhan e seu irmão pequenos, assim como os parentes em geral. Particularmente, tive a sensação de que as palavras do autor trazem uma carga de melancolia, confirmada ainda mais pelas fotografias das ruas cinzentas, degradadas e pouco iluminadas de Istambul, assim como pelo triste olhar da mãe de Orhan, mulher lindíssima e de embaraço melancólico, eternizado pela imobilidade fotográfica.
Assim como o Brasil tem a palavra “Saudade” como um vocábulo único, os “Istanbullus” têm o termo “Hüzün” para definir a intensa melancolia que sentem. A importância dessa palavra é tão grande para entender os significados da cidade que Pamuk dedicou um capítulo inteiro para esmiuçar as mais diferentes acepções para o termo. Essa ‘tristeza’ reflete uma ruptura, um fardo cultural enorme, uma experiência espiritual que ultrapassa o entendimento e se transforma em poesia diária de quem respira o ar do Bósforo e caminha pelas ruas de casas de madeira queimadas, antigas moradias de paxás e por vielas que dividem lugar com ciprestes e cemitérios.
Pintura de Melling, do livro “Voyage pittoresque de Constantinople et des rives du Bosphore”
Istambul – Memória e Cidade parece ser uma tentativa de retorno e redenção de Orhan Pamuk, já que o próprio autor viveu momentos de conflito e negação com relação à cidade. Seja em meio aos momentos da infância, brigas de família, início da vida escolar e, anos mais tarde, entrada desanimada na faculdade de Arquitetura, Pamuk mostra o lado que pertence aos verdadeiros nativos da cidade em preto e branco. No meio de tantas lembranças, há também os estudos que o autor realizou para escrever o livro, o qualificado conhecimento histórico que ele apresenta, a sua desenfreada busca por arquivos públicos e também a partilha de sentimentos que marcaram a sua vida, como a dolorosa separação do ambiente familiar, quando começou a frequentar o colégio; sua necessidade de expressão por meio de desenhos e pinturas e o inesquecível caso de amor que ele teve com uma garota a quem delegou um pseudônimo curioso (Rosa Negra). Lamentavelmente para o autor – e isso fica bem claro no decorrer desse capítulo -, o romance não dá certo e a culpa recai em cima da opção de Pamuk pela arte.
Barış Akarsu
Minha experiência com a leitura desse livro foi bastante positiva, mas preciso mencionar a vagarosidade na sequência de alguns capítulos, que exigem grande esforço de concentração por parte do leitor, e também a lacuna que senti por não perceber nenhum capítulo ou comentário mais detalhado sobre a produção musical de Istambul, tão rica e diversificada. A Turquia tem produzido os mais variados tipos de música, e eu não poderia deixar de enfatizar o instrumentista Hüsnü Şenlendirici que, a propósito, tem uma composição belíssima chamada İstanbul İstanbul Olalı, e o fabuloso cantor e performer Barış Akarsu, vencedor da série televisiva Akademi Türkiye (Academia Turca), em 2004, com a interpretação prodigiosa da música Islak Islak. Barış também atuou na série Yalancı Yarim (algo como “meu amante mentiroso” ou ainda “metade mentiroso”), atingindo um sucesso estrondoso até sua morte, aos 28 anos, vitimado por um acidente de carro.
Pintura de Melling, do livro “Voyage pittoresque de Constantinople et des rives du Bosphore”
Como entusiasta da produção cultural da Turquia, e sem esquecer da importância de Pamuk para a literatura turca como o autor mais vendido do país, com obras traduzidas para mais de sessenta línguas, recomendo a leitura de Istambul – Memória e Cidade porque, muito mais do que uma viagem ao passado, essa obra constrói pontes que, ao invés de distanciarem, aproximam.
Iniciando o nosso ciclo de entrevistas com autores nacionais de Histórias em Quadrinhos, conversamos diretamente de Curitiba com o André Caliman, que recentemente teve seu projeto “Revolta!” financiado pela plataforma Catarse.
André também é escritor, ilustrador, caricaturista e professor. Ele foi um dos criadores da revista Quadrinhópole e também da revista Avenida, possuindo vários de seus trabalhos publicados tanto nacionalmente quanto internacionalmente, como as HQs: “Rua”, “Fire”, “Sequestro em Três Buracos” e “E.L.F”.
Como surgiu a ideia de criar “Revolta” e qual foi o estopim para o projeto sair apenas do mundo das ideias?
Escrevi e desenhei o primeiro capítulo em Outubro de 2012. A situação não era a mesma que vivemos agora. Na verdade era bem o contrário. Pairava no ar uma calmaria desconfortável. Parecia que um jogava no outro a culpa por ninguém fazer nada com relação aos escândalos de corrupção. Quantas vezes, em alguma discussão política, eu ouvia alguém falar, não necessariamente pra mim: “Ah, é?! E você, o que está fazendo sobre isso?”
Outro comentário recorrente era: “Quero ver quando chegar algum maluco e matar esses ladrões!”
Nessa época eu queria fazer um projeto meu, e algo que fosse relevante, que falasse sobre o momento atual e sobre essas pessoas que eu encontrava em bares, faculdades, etc. Imaginei o que aconteceria se as pessoas se revoltassem. Ou ao menos, se uma pessoa se revoltasse.
O resto da história veio naturalmente.
Você já pensava desde o início em utilizar o crowdfunding para viabilizar uma versão impressa da HQ?
Não, a ideia era simplesmente escrever e desenhar e esperar que as pessoas lessem. Eu não sabia muito bem no que isso ia dar. O primeiro capítulo, que retrata o bar que eu sempre frequentava e os amigos com os quais eu sempre estava, foi umas das coisas mais divertidas que já fiz. Quando a história foi tomando corpo e vi que seria um grande livro e precisava ser publicado o quanto antes, pois a realidade se mostrou coerente com a ficção, o Catarse pareceu a melhor opção, me valendo do público que já acompanhava a HQ na internet.
Como foi o planejamento para criar a campanha deste seu primeiro projeto de crowdfunding? Onde você sentiu, ou sente, mais dificuldade?
“Revolta!” é uma HQ mais marginal, violenta, transgressora. E quando coloquei ela no Catarse, me deparei com uma suposta obrigação de torná-la comercial, um produto que precisava ser comprado. E o desafio foi fazer isso sem descaracterizar a obra e sua intenção provocativa. Acho que deu certo.
André trabalhando na HQ “Revolta!”
Há vários projetos de HQs que conseguiram ser viabilizados graças a essa nova dinâmica, para citar apenas alguns: “GNUT”, “RYOTIRASOMNIBUS” e recentemente o livro “Ícones dos Quadrinhos”. Você acredita que o modelo de crowdfunding pode ser, ou já está sendo, uma grande revolução no cenário nacional dos quadrinhos?
Acho que sim, pois há muito tempo são os próprios autores de quadrinhos que fazem o mercado nacional. As editoras tem uma misteriosa dificuldade para apostar em coisas novas e autores novos. Então o Catarse vem como uma ferramenta para tirar essa dificuldade que os autores tem de atingir o seu público e vender seu produto diretamente.
Por que você decidiu lançar a HQ gratuitamente na internet? Você acredita que isto pode ter um impacto negativo numa futura venda da versão impressa de algum projeto deste tipo?
Acho que não. Pretendo manter o público que começou a ler a HQ gratuitamente no blog, fazendo-os conhecer mais do material e eternizá-lo em suas prateleiras com o livro impresso. Fora que essa inciativa de publicar gratuitamente também teve um intuito de atingir um público mais amplo, que não está acostumado e comprar quadrinhos. Mesmo porque, antes disso, precisa saber que existem bons quadrinhos sendo feitos.
Você já trabalhou roteirizando e desenhando (“FIRE” e “Avenida”), somente desenhando (“E.L.F.” e “Sequestro em Três Buracos”) e recentemente participou em um projeto que apenas roteirizou. Qual você mais gosta de fazer? Como foi trabalhar só escrevendo?
Eu gosto cada vez mais de escrever. E a atualidade está me dando muitas ideias que quero abordar. Não consigo mais me satisfazer desenhando roteiros de outras pessoas que falam de personagens que já não existem há cem anos.
E, para mim, a única forma de ser um quadrinista completo é escrever e desenhar histórias próprias. Recentemente eu escrevi um roteiro que foi desenhado por uma quadrinista super talentosa daqui de Curitiba, a Marina Tyemi, e gostei da experiência.
Mas como disse, não é um trabalho autoral completo.
Você também já possui trabalhos publicados no exterior (“E.L.F.” e “Fire”), como foi essa experiência?
Antes ainda de me formar, comecei a desenhar a série E.L.F. escrita pelo Jason Avery. Antes disso, eu havia feito apenas revistas independentes, então foi um momento de profissionalização do meu trabalho. Tinha muita preocupação com o resultado, e isso me fez crescer muito, pensando novas formas de resolver meu desenho.
Também foi muito bom ser bem remunerado e publicado lá fora. É um mercado para o qual eu quero voltar, mas com projetos próprios.
Falando em publicar no exterior, há planos de no futuro sair uma versão em inglês de Revolta?
Sim. Mas antes preciso publicar aqui. A história pertence a este país e esse é o momento de ser publicada aqui. Mas num passo seguinte, com certeza.
Acho que o tema da Revolta é universal. E os conflitos dos personagens da HQ com certeza são reconhecíveis em qualquer parte do mundo. E isso fica provado com algumas críticas que recebo no blog onde a HQ é publicada. As pessoas sempre criticam aquilo que as aflige, que as provoca. E na minha opinião, é isso que uma boa história deve causar nas pessoas.
Quais são os autores e artistas que exercem algum tipo de influência no seu trabalho?
Muitos, mas eu poderia citar alguns: Hugo Pratt, Flavio Colin, Victor de La Fuente, Dino Battaglia, Lourenço Mutarelli.
Se você pensar na sua trajetória até agora no mundo dos quadrinhos, houve algo específico que te deixou extremamente revoltado?
Algo óbvio: As editoras nacionais se empenharem tanto em republicar material estrangeiro e não fazerem muito esforço para apostar em algo feito aqui, muitas vezes com uma qualidade maior.
Inclusive autores brasileiros que estão acostumados a publicar por editoras estrangeiras, que possuem trabalhos autorais superiores ao que fazem lá fora, encontram dificuldade em achar espaço com as editoras daqui.
Acho que a atitude a ser tomada pelas editoras é: Apostar em coisas novas e interessantes. Os autores já estão fazendo isso, e se elas não os acompanharem, vão ser deixadas cada vez mais de lado.
Na maioria das vezes que te vi desenhando Revolta, você estava com fone de ouvido. Que tipo de música você costuma escutar para desenhar?
Na maioria das vezes ouço palestras filosóficas. Hahaha
Ouço todo tipo de música.
Analisando o cenário atual de HQs, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, quais são os quadrinistas que mais estão chamando a sua atenção?
Gipi, Sean Murphy, Danilo Beyruth, Cyril Pedrosa, Guazzelli, Craig Thompson.
Muito se discute sobre os novos jeitos de se criar quadrinhos na web, adicionando animações, interatividade e até realidade aumentada. Como você vê isso? Acredita que ainda possam ser chamados de quadrinhos ou é outra coisa? Tem alguma dessas novas possibilidades que você gostaria de explorar?
Quando você muda de formato, é natural que perca alguns elementos e ganhe outros. Acho que essas possibilidades tem que ser bem aproveitadas. E se chegarem ao ponto de se tornarem outra coisa que não quadrinhos, ótimo. Os quadrinhos vão continuar do jeito que são.
Não penso em nada do tipo agora, mas é uma possibilidade.
Na maioria de seus quadrinhos você sempre aparece de alguma forma, as vezes você mesmo é o personagem principal das histórias e em outras as vezes aparece discretamente apenas em um desenho. Essa aparição é algo estilo Hitchcock ou tem algum significado específico?
É inevitável. Em todos os personagens há um pouco de mim e quando eu retrato a mim mesmo, tem um pouco de outras pessoas ali. E isso acontece porque gosto de humanizar bastante meus personagens, torná-los reconhecíveis. A minha melhor referencia sou eu mesmo e as pessoas ao meu redor.
No Revolta, além de você como referência para o “Animal”, há também há seus amigos como inspiração para o visual dos personagens. Até onde eles se misturam com a realidade?
No começo da HQ, eu queria que os personagens fossem eles mesmos, inteiramente. Mas conforme a história foi avançando, os personagens foram se definindo dentro da trama de formas diferentes. E me dei a liberdade de dar autonomia aos personagens, desvinculando-os em parte das pessoas que os inspiraram. Mesmo assim, ainda agora quando vou desenhar os gestos dos personagens ou colocar uma fala nos balões, penso nos meus amigos que serviram de modelo. Isso enriquece e humaniza muito cada um dos personagens.
Alguém já reclamou por ter se visto desenhado em algum dos quadros da HQ?
Não, todo mundo gosta. (até agora)
Você acha que é possível a ideia principal do Revolta sair do papel e se transformar em realidade?
Foi uma sensação estranha quando, em Junho, eu vi na televisão as manifestações no Brasil todo. Foi quase como se a HQ estivesse se tornando realidade, pois esse era o caminho para o qual eu estava direcionando a trama.
Quando eu participei das manifestações, vi e senti o que estava acontecendo, sabia que eu deveria aproximar ainda mais a HQ da realidade. Se antes eu havia invadido as ruas, colando páginas nas paredes, agora as ruas pareciam estar entrando na HQ. As pessoas que eu desenhava gritando agora gritavam de verdade. E eu deixei que elas entrassem de volta nos quadrinhos. E tudo fez muito mais sentido.
Ainda assim, é uma peça de ficção, e o que eu vi se tornar realidade foi o clima da HQ, a intenção de gritar, falar, se revoltar, reclamar. E não se preocupar se tem um bando de gente dizendo que tudo não passa de uma ingenuidade, porque querem parecer cultas e controladas, quando no fundo o que querem é estar ali gritando junto, mesmo na chuva e depois de um dia de trabalho duro.
Trecho da HQ “Revolta!”
Vários quadros do Revolta são bastante cinematográficos, as vezes é quase possível escutar o que está acontecendo em cada um deles. Isso me fez ficar imaginando que tipo de trilha sonora a HQ teria. Qual seria a sua indicação de tracklist perfeita para escutar enquanto se lê Revolta?
Acho que de tudo um pouco, não consigo pensar em uma trilha específica. Mas posso dizer que eu colocaria algumas coisas épicas para os capítulos que ainda estão por vir.
Quais ferramentas físicas e virtuais você utiliza para desenhar este projeto?
Eu desenho tudo com pena e nanquim em papel A3. Depois faço um tratamento no photoshop e coloco as letras. Gosto de manter a simplicidade que os quadrinhos permitem.
Muito legal a sua ideia de colar algumas páginas pela cidade, como está sendo o retorno desta iniciativa? Já pensou em colar eles em algum lugar bem inusitado mas ainda não teve coragem?
O retorno é muito bom. As pessoas me mandam e‑mails, comentam, mas a maior parte do retorno é silencioso. Eu gosto de pensar que as pessoas olham a página colada em algum lugar, gostam ou desgostam e voltam à sua vida normal.
Eu sempre penso em colar onde as pessoas possam ler. Pontos de ônibus, paredes de bares, faculdades. Eu faço isso apenas para as pessoas lerem, e não para provocar os donos de estabelecimentos.
Mas eu gostaria de colar dentro dos ônibus ou dentro da prefeitura.
Você já tem ideia no que quer trabalhar depois deste projeto?
Primeiro eu vou tirar férias (curtas). Mas já tem alguns projetos quase acabados que vão sair logo em seguida do Revolta!
Depois pretendo enveredar por quadrinhos jornalísticos por um tempo.
Mas tudo isso só depois de publicar o livro do Revolta!, que é a minha prioridade.
Para finalizar a entrevista: o sentimento de revolta pode ser um grande catalisador, o que te move a desenhar?
Quando eu comecei a ler, quadrinhos e livros (lá na adolescência), me surpreendi com a possibilidade de conhecer novas ideias e principalmente pensar sobre elas, seja concordando ou discordando. É isso que eu busco agora como autor, abordar ideias, de várias formas. E com isso, sacio a minha necessidade de me expressar.
E o que me mantêm escrevendo e desenhando é ver que as pessoas estão lendo.
Por isso, agradeço a todos que acompanham o blog e que contribuíram no Catarse. O livro da “Revolta!” vai existir graças a vocês.
“The Nose”, segunda ópera da temporada do MET, tem exibição no próximo sábado (26) em 15 cinemas da rede UCI. A apresentação é ao vivo e com imagem em alta definição. Ao longo de três horas e 35 minutos, os fãs do compositor russo Dmitri Shostakovich poderão assistir ao espetáculo, criado em 1930. Em Curitiba (PR), os espectadores podem acompanhar a sessão da ópera, a partir das 14h55 (horário de Brasília), nos cinemas UCI Estação e UCI Palladium.
Baseado em um texto do século XIX e escrito pelo também russo Nikolai Gogol, a produção conta a satírica aventura de um burocrata em busca de seu nariz perdido que desenvolve vida própria. Estrelada pelo aclamado artista Paulo Szot, brasileiro ganhador do Tony, prêmio máximo do teatro americano, a ópera foi dirigida e produzida pelo sul-africano William Kentrigde.
“Eugene Onegin” abriu as exibições do MET, no dia 05 de outubro. A próxima obra é “Tosca”, de Puccini, no dia 09 de novembro. Os ingressos para todas as óperas do MET custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) e já estão disponíveis para compra no site da UCI, caixas de autoatendimento e nos balcões de atendimento.
Dando continuidade à programação de outubro da Casa Selvática, que neste mês recebeu importantes nomes na discussão a respeito da identidade nacional, como o bailarino carioca André Masseno (que circula o país com seu solo O Confete da Índia) e a performer Giorgia Conceição (curitibana que apresentou seus números burlescos no evento Folia no Matagal). No próximo dia 17 de outubro o grupo curitibano O Estábulo de Luxo estreia a peça As Tetas de Tirésias — Vamos esbofetear Ulisses, com direção de Gabriel Machado e roteiro de Ricardo Nolasco.
O espetáculo cuja primeira versão estreou no Festival de Curitiba de 2012 e em 2014 — através do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2013 viaja o Brasil — é uma livre adaptação do drama surrealista do escritor francês Guillaume Apollinaire, que rememora com humor e distanciamento histórico os áureos tempos do teatro de revista e de rebolado (as variedades nacionais), que na década de 30, 40 e 50 agitavam o teatro brasileiro. Segundo o roteirista Ricardo Nolasco “a história oficial do teatro brasileiro não valorizou este formato teatral e sua característica extremamente popular”, nos últimos anos ele tem centrado seu trabalho em transportar essa proposta cênica para os dias de hoje, recebendo influências do mundo contemporâneo e da arte experimental. A potência do contato direto com o público, e também por este reunir várias linguagens, como a música, a dança e o teatro estão entre as motivações do roteirista.
Diferentemente das outras duas versões já apresentadas em Curitiba (uma no Festival de Curitiba em 2012 e outra na 8ª Mostra Cena Breve), assim como em Belo Horizonte no 13º Festival de Cenas Curtas, esta é protagonizada por três atrizes: Danielle Campos (atriz e diretora já destacada por suas atuações nas outras versões de As Tetas de Tirésias e em Wunderbar, espetáculo do grupo que foi apresentado no Festival de Curitiba deste ano), Leonarda Glück (atriz, diretora e dramaturga curitibana fundadora da extinta Companhia Silenciosa) e Patricia Cipriano (já premiada com o Troféu Gralha Azul, um dos destaques da safra de jovens artistas da cidade). As atrizes, presas em um mundo de representação e decadência, se revezam em papéis e situações na busca de recontar a história de Tereza, mulher que abandona o marido e se torna homem para ser soldado na revolução, chamando-se Tirésias.
“Tudo que acontece em cena é como que uma brincadeira entre essas atrizes, vedetes do antigo teatro de revista, decaídas e já cansadas de representar os mesmos papéis. Assim, a gente vai encontrando um modo de trazer para os nossos dias as discussões apresentadas no texto original, sempre brincando com essa referências aos clássicos do teatro, de Apollinaire a Heiner Müller”, conta a atriz Danielle Campos.
O espetáculo, relembrando a estrutura de quadros do teatro de variedades, todos os dias é aberto por um convidado diferente que realiza uma cena, entre estes já estão confirmados nomes como as atrizes Silvia Monteiro e Simone Magalhães, o poeta Ricardo Corona e Delminda Nolasco, avó do roteirista.
Serviço:
As Tetas de Tirésias — Vamos esbofetear Ulisses
Com Danielle Campos, Leonarda Glück, Patricia Cipriano e artistas convidados
Datas e horários: de 17 de outubro a 03 de novembro, de quinta a sábado às 21h e domingos às 20h
Local: Centro Ccultural Casa Selvática — Rua Nunes Machado, 950
Em novembro, duas grandes estreias vão movimentar os cinemas da UCI. E para agradar aos fãs ansiosos, a rede já iniciou as vendas antecipadas de ingressos para “Jogos Vorazes: Em chamas” e “Thor: O Mundo Sombrio”. As duas sequências blockbuster poderão ser conferidas com a tecnologia 3D. Em Curitiba (PR), os espectadores podem conferir as sessões nas salas dos cinemas UCI Estação e UCI Palladium.
Em “Thor: O Mundo Sombrio”, que dá continuidade aos acontecimentos de “Thor” e “Os Vingadores“, o herói luta para restaurar a ordem do cosmo, mas uma outra raça ameaça levar o universo de volta às trevas. Por isso, Thor precisará sacrificar tudo para salvar a humanidade. Já em “Jogos Vorazes: Em Chamas”, a protagonista Katniss Everdeen percebe, na sua “Turnê da Vitória” do 74° Jogos Vorazes, que uma rebelião está em ebulição. A partir de agora, ela precisa enfrentar não só a organização dos jogos, mas a represália do governo local, pelo seu bem e o de toda a população da cidade de Panen.
Os ingressos antecipados para “Thor: O Mundo Sombrio” e “Jogos Vorazes: Em Chamas” em 3D e 2D podem ser adquiridos nos balcões de atendimento, caixas de autoatendimento ou através do site da rede UCI.
Aerosmith, uma das maiores bandas do rock mundial em atividade desde os anos setenta, fechará com chave de ouro as exibições das Quintas de Rock na UCI. No próximo dia 17, estará nas telas “Aerosmith: Rock For The Rising Sun”, uma compilação de sete shows realizados pelo grupo em um tour pelo Japão, em 2011, após os acidentes naturais que abalaram o país. Apesar de advertidos a não viajarem na época, a banda de Steven Tyler não só foi, como fez um dos melhores shows da carreira, levando o público à loucura com singles como “Love In Na Elevator”, “Linvin On The Edge” e “Last Child”.
As exibições acontecem sempre às 20h30, em 14 cinemas da Rede, e os ingressos custam R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira). Em Curitiba (PR), o público pode conferir a apresentação na sala 4 do cinema UCI Estação, no Shopping Estação.
Quem quiser conferir as marcantes apresentações já pode adquirir os bilhetes no site da rede UCI, nas bilheterias e nos terminais de autoatendimento dos cinemas.
Neste mês, nas telas da UCI, será possível rever o evento da banda Def Leppard, “Viva! Hysteria”, filmado durante nove noites de show dos ingleses, em março deste ano. O grupo de rock formado em 1977 tocou as músicas de um dos seus discos mais vendidos, o “Hysteria”, além de outros sucessos como “Rock Of Ages” e “Photograph”, no Hard Rock Hotel, em Las Vegas. Com 100 milhões de discos vendidos, a banda se hospedou bem perto de seus fãs durante todo o evento, proporcionando-lhes uma experiência única, que será revivida nas telas da rede UCI nesta quinta-feira, dia 10.
As exibições acontecem sempre às 20h30, em 14 cinemas da Rede, e os ingressos custam R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira). Em Curitiba (PR), a exibição será no cinema UCI Estação, do Shopping Estação.
Quem quiser conferir as marcantes apresentações já pode adquirir os bilhetes no site da rede UCI, nas bilheterias e nos terminais de autoatendimento dos cinemas.
Em outubro, a Rede UCI começa a exibir espetáculos de dois dos palcos mais famosos do mundo. O Metropolitan Opera House, em Nova York, e o Teatro Bolshoi, em Moscou, terão suas temporadas de 2013/2014 transmitidas para as telonas de 16 cinemas distribuídos em dez cidades brasileiras. Em Curitiba (PR), as sessões acontecem nas salas do UCI Estação e do UCI Palladium.
Com exibição ao vivo e imagem em alta definição, “Eugene Onegin”, de Tchaikovsky, será a primeira ópera do MET a chegar aos cinemas, no dia 05 de outubro. A tragédia romântica, inspirada no clássico de Pushkin, contará com a soprano Anna Netrebko no papel da ingênua heroína Tatiana e o barítono Mariusz Kwiecien como Eugene.
Já o Balé Bolshoi abre sua temporada de espetáculos com “O Corsário”, que será exibido nos dias 19 e 20, gravado a partir de uma exibição ao vivo no palco do teatro Bolshoi. A produção impressiona o público em uma cena com mais de 120 dançarinos no palco em uma história baseada no poema homônimo de Lorde Byron. O coreógrafo é Marius Petipa, que criou e trouxe renovação ao balé Bolshoi até o início do século 20.
Os ingressos para todas as óperas do MET e balés do Bolshoi já estão disponíveis para compra através do site da UCI (www.ucicinemas.com.br), nos caixas de autoatendimento e nos balcões de atendimento.
O programa Rumos Itaú Cultural apresentou este ano uma série de mudanças profundas no seu modo de funcionando e para explicar com mais detalhes essas alterações, foi criado o evento “Caminhada Rumos” que está acontecendo em várias cidades do Brasil.
Em Curitiba, Paraná, o encontro será no dia 2 de outubro (quarta-feira) às 17h, no Museu Oscar Niemeyer (MON), com capacidade de até 60 lugares.
As mudanças do Rumos 2013 podem ser encontradas também no site do Rumos Itaú Cultural 2013 e as inscrições podem ser realizadas até o dia 14 de novembro.
A pré venda de ingressos para a exibição do show de Andre Rieu, sensação da música clássica atual, já está disponível no site e nos complexos da Rede UCI. O renomado violinista, maestro e compositor poderá ser visto nos cinemas de nove cidades brasileiras em sessões nos dias 27, 28 e 29 de setembro. Em Curitiba (PR), as sessões acontecem no UCI Estação e no UCI Palladium. Na telona, os fãs poderão curtir o show “Andre Rieu 2013 – Em Maastricht”, concerto que o músico realiza todos os anos na sua cidade natal, na Holanda. Esta será a primeira vez que os cinemas do Brasil exibem o espetáculo.
Aos 63 anos e com uma extensa discografia — que conta com mais de vinte álbuns – Andre Rieu já vendeu cerca de 20 milhões de cópias. Suas apresentações bem humoradas envolvem a música clássica, valsa e ritmos regionais. Em seus shows, o músico conta com a Orquestra Johann Strauss, criada em 1987, e também com cenário e figurinos. Rieu também é famoso por seu carisma e intensa interação com o público.
Os ingressos custam R$ 50 e R$ 25 (meia-entrada) e poderão ser adquiridos nas bilheterias e terminais de autoatendimento ou no site da rede UCI.
SERVIÇO
“Andre Rieu 2013 – Em Maastricht”
Datas e horários:
— 27 de setembro, às 21h;
— 28 de setembro, às 16h30;
— 29 de setembro, às 13h;
Roqueiros de plantão já têm programação garantida até outubro. Em ritmo de Rock in Rio, a UCI preparou sessões especiais de música no conforto das salas de cinema. Serão quatro shows imperdíveis, sempre às quintas-feiras, a partir do dia 26 de setembro, em 14 complexos da rede distribuídos pelo país. Em Curitiba (PR), as sessões acontecem no cinema UCI Estação, do Shopping Estação.
A primeira exibição, na próxima quinta-feira (26), será do cantor inglês Robbie Williams, com o show “Take The Crown Stadium Tour 2013”. Gravado na Estônia em agosto deste ano, o cantor britânico se apresentou para um público de 70 mil pessoas e foi ovacionado pela crítica e pelos fãs. Com mais de 20 anos de carreira, Williams tocou clássicos como “Bodies”, “Millennium”, “Let Me Entertain You” and “Angels”.
Morrissey, Def Leppard e Aerosmith, respectivamente, dão continuidade ao calendário especial. As exibições acontecem sempre às 20h30 e os ingressos custam R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira).
Quem quiser conferir as marcantes apresentações já pode adquirir os bilhetes no site da rede UCI, nas bilheterias e nos terminais de autoatendimento dos cinemas.
26/09 – Robbie Williams “Take The Crown Stadium Tour 2013”
03/10 – Morrisey “Morrissey 25: Live”
10/10 – Def Leppard “Viva! Hysteria”
17/10 – Aerosmith “Aerosmith: Rock For The Rising Sun”
Depois do fiasco de Dragon Ball: Evolution (2009), uma adaptação pavorosa da franquia Dragon Ball, a apreensão em torno do que poderiam fazer com o anime/mangá Rurouni Kenshin era intensa e real. Um dos maiores sucessos japoneses do gênero, a série de mangá “Rurouni Kenshin: Crônicas de um Espadachim da Era Meiji” foi criada pelo artista Nobuhiro Watsuki em 1994, e uma versão em anime foi lançada dois anos depois, alcançando um sucesso estrondoso. No Brasil, a saga do espadachim andarilho ficou conhecida como Samurai X, uma alusão à cicatriz que Kenshin carrega no rosto, e que ainda hoje faz a cabeça de muita gente. Por isso, seria uma desagradável surpresa ter essa série despejada na lama, exatamente como aconteceu com Dragon Ball.
Capa do mangá lançado pela Editora JBC
Felizmente, a adaptação japonesa em live-action da saga do “andarilho coração de espada” surpreendeu até mesmo os mais céticos, unindo fidelidade e originalidade na mesma metragem. O cenário, contexto histórico, personagens e diálogos da versão original podem ser facilmente identificados no filme Rurouni Kenshin: Meiji Swordsman Romantic Story (2012), do diretor Keishi Ohtomo, lançado em agosto do ano passado nos cinemas japoneses, sendo um grande sucesso de bilheteria, crítica e público. Por motivos que desconheço – e prefiro nem soltar palpites –, os brasileiros não receberam o filme nas salas de cinema, razão que impulsionou os amantes da série a “adquirir” o DVD, que foi lançado no final de dezembro.
O longa conta a trajetória do andarilho Kenshin Himura que, cansado da vida de assassino que levava – e que o fez ficar conhecido como o lendário Battousai – o Retalhador –, decide sair de forma errante, sem paradeiro ou destino, carregando uma cicatriz em forma de X no rosto. Kenshin toma essa decisão após a Batalha de Toba-Fushimi, fato verídico na história do Japão e que foi crucial para a derrota decisiva do Shogunato Tokugawa, força que o Battousai combatia. Esse sangrento período marca o final do feudalismo de Tokugawa e o início da Era Meiji, caracterizada por um processo de modernização política e social.
Takeru Sato como o samurai Kenshin Himura
Transcorridos dez anos dessa batalha, a lenda da carnificina do espadachim retorna viva e intensa, pois uma série de mortes violentas é atribuída ao Battousai, suspeito de espalhar sangue e terror em Tóquio. No decorrer desse tempo, o andarilho Kenshin (Takero Sato) conhece a destemida Kaoru Kamiya (Emi Takei), herdeira de um dojo de kendo deixado por seu pai, e a partir de um fato inusitadamente perigoso – que não vou mencionar para não gerar spoiler -, o destino aproxima ambos.
Kaoru Kamiya (Emi Takei) e Kenshin (Takero Sato)
O live-action faz uma mistura bem elaborada de acontecimentos presentes na história original, sem focar em pontos específicos, permitindo uma linha de raciocínio geral, e não direcionada somente aos já “iniciados” no enredo. A trama também apresenta outros personagens já consagrados no anime/mangá, como Hajime Saitou (Yōsuke Eguchi) – combatente destemido, frio e de presença extremamente marcante, que comandou o batalhão do antigo regime na Batalha de Toba-Fushimi; o divertidíssimo Sanosuke Sagara (Munetaka Aoki), lutador de rua que ostenta uma espécie de “topete-crista-de-galo” bem curioso; o estridente Yahiko Myojin (Taketo Tanaka), órfão e estudante do dojo, e a bela Megumi Takani (Yu Aoi), descendente de uma família conceituada de médicos e que se vê forçada a trabalhar para um rico traficante local na fabricação de ópio.
O destemido Hajime Saitou (Yōsuke Eguchi)
O traficante em questão é Kanryu Takeda (Teruyuki Kagawa), responsável pelas cenas hilárias e excêntricas do filme, que começam pela sua cara, uma cópia descarada do pasteleiro Beiçola, do seriado global “A Grande Família”. Apesar de ter lido algumas críticas ao imenso espaço reservado a Takeda no filme, um personagem citado por alguns fãs como “ridículo e fraco”, eu achei que foi uma boa opção dar esse ar mais engraçado à trama, já que não desqualifica em nada o curso dos acontecimentos, bem como a apresentação dos três grandes espadachins presentes no live-action: Kenshin Himura, Hajime Saito e Jin‑E Udou, este último interpretado pelo ator Koji Kikkawa. No fim da Era dos Samurais, esses três destemidos sanguinários ficaram sem espaço e tiveram que procurar novos caminhos, já que a antiga prática não era vista com bons olhos na nova reforma política. Kenshin se tornou um andarilho com muito amor – e culpa — no coração, Saitou passa a ocupar um cargo no departamento de polícia do governo e Jin‑E vira um mercenário contratado pelo crime organizado.
Teruyuki Kagawa como o hilário Kanryu Takeda
O filme não tem efeitos especiais espalhafatosos, pirotecnia ou algo do tipo. Em contrapartida, a fotografia e a trilha sonora são excelentes, dando uma aura especial às cenas e interpretações. Achei muito interessante o fato de terem usado uma trilha sonora diferente da utilizada no anime, possibilitando a criação de uma identidade própria e longe de cópias puristas e limitadas. Assinada por Naoki Sato, o track-list é inconfundível, com destaque para a lindíssima “Hiten” (algo como “voando no céu”)!
A escolha do elenco foi acertada e, de certa forma, surpreendente. Confesso que assim que comecei a assistir, pensei que o intérprete de Kenshin, Takero Sato, fosse quebrar ao meio de tão magro! Mas o magérrimo ator foi uma das surpresas do filme, conseguindo transpor para a tela todo o sentimento de solidão, opressão e angústia do ex-retalhador. Outro ponto alto está com a atuação primorosa de Yōsuke Eguchi na pele do inabalável Saitou. Os desfalques ficam com a interpretação de Emi Takei, dando à Kaoru uma feminilidade e obediência que ela não possui, e a lacuna deixada pela ausência do vilão Shishio Makoto, o mais implacável dos inimigos do andarilho Kenshin. Também acho que a relação de amizade entre Kenshin e Sanosuke deveria ser mais explorada, pois ficou meio solta no ar e mesmo no momento em que os dois lutam lado a lado — nas cenas finais do filme -, não dá para acompanhar de onde aquele entrosamento surgiu.
Personagens do filme e seus respectivos personagens do anime/manga
Ao que tudo indica, a saga vai ter continuação. Quem sabe os personagens secundários tenham mais espaço, Shishio dê o ar da graça e Kaoru seja mais Kaoru e menos Amélia.
P.S: Esse texto foi escrito com a preciosa colaboração de Rafaela Torres, psicóloga, gamer e amante do universo anime e mangá.
Uma das bandas de maior sucesso da atualidade no mundo pop estará nas telas de cinema a partir do dia 06 de setembro. Mas na UCI Cinemas os fãs vão poder garantir o ingresso mais cedo. Quem quiser conferir o filme “One Direction: This Is Us 3D” já pode correr para comprar os ingressos antecipados, que em Curitiba (PR) estão disponíveis nos cinemas UCI Estação e UCI Palladium.
“This Is Us” é um filme documentário em três dimensões da boyband britânica “One Direction”, conhecida desde 2010 por sua participação em um reality show de talentos. Apesar de não terem ganhado o programa, os cinco integrantes cativaram o público jovem em todos os continentes e já venderam mais de 30 milhões de cópias. Entre os sucessos estão “One Thing”, “What Makes You Beatiful” e “Live While We´re Young”.
Os ingressos podem ser adquiridos nas bilheterias dos cinemas, nos terminais de autoatendimento e no site da UCI.
Mais informações sobre a banda, sobre o documentário, fotos e vídeos, no site oficial do filme.