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  • Amantes Eternos (2013), de Jim Jarmusch | Crítica

    Amantes Eternos (2013), de Jim Jarmusch | Crítica

    amantes-eternos-2013-de-jim-jarmusch-critica-posterSer imor­tal, ou pelo menos algo próx­i­mo a isso, é um dese­jo que inspi­ra muitas histórias e pesquisas, pas­san­do des­de abor­da­gens mais mís­ti­cas às mais tec­nológ­i­cas. Essa condição, além de ofer­e­cer várias pos­si­bil­i­dades, tam­bém lev­an­ta várias questões que são muitas vezes difí­ceis de se imag­i­nar dada a bre­v­i­dade de nos­so tem­po de vida. Como será que uma criatu­ra per­pé­tua se sen­tiria em relação ao cam­in­har da história da humanidade? E uma relação amorosa que durasse sécu­los? Estes são os dois fios con­du­tores da tra­ma de “Amantes Eter­nos” (“Only Lovers Left Alive”, Inglaterra/Alemanha/Grécia, 2013), dirigi­do e escrito por Jim Jar­musch.

    Pas­san­do longe da ficção cien­tí­fi­ca para cri­ar tal condição, Jar­musch traz um novo olhar a criatu­ra imor­tal­iza­da (nos dois sen­ti­dos) por Bram Stok­er: o vam­piro. Antes que alguns torçam o nar­iz, não se tra­ta de mais uma adap­tação pueril ou uma des­cul­pa para colo­car pes­soas em colantes pre­tos lutan­do entre si ou com mon­stros em câmera lenta. “Amantes Eter­nos traz nova­mente os vam­piros para o seu auge nas telonas, assim como fez “Entre­vista com o Vam­piro” (1994), de Neil Jor­dan, basea­do na obra da escrito­ra Anne Rice. Só que des­ta vez, o con­fli­to prin­ci­pal não é uma crise exis­ten­cial con­si­go mes­mo, mas sim com a espé­cie humana em ger­al, aqui apel­i­da­da car­in­hosa­mente de zumbis.

    Tal crise tem seus motivos mais que óbvios. Afi­nal, deve ser depri­mente ver, e as vezes tam­bém con­viv­er, com várias mentes bril­hantes que são igno­radas e até mor­tas por con­ta de suas ideias rev­olu­cionárias, para somente depois de décadas, serem final­mente escu­tadas, mes­mo que ape­nas par­cial­mente. Jun­tan­do isso a todo o con­hec­i­men­to que esta pes­soa iria acu­mu­lar durante sécu­los, cria-se uma situ­ação no mín­i­mo desan­i­mado­ra. Os dois per­son­agens prin­ci­pais de “Amantes Eter­nos são extrema­mente cul­tos, sem­pre lem­bran­do de seus ami­gos do pas­sa­do (Schu­bert, Gus­tave Flaubert, Shake­speare…) como se ontem hou­vessem con­ver­sa­do. Por con­ta dis­so, se tor­nam até meios esnobes, mas nun­ca sendo pedantes e sem­pre com um óti­mo sen­so de humor nas suas refer­ên­cias e brincadeiras.

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    Para sobre­viv­er todo esse tem­po, além da con­stante mudança de local, há algo ain­da mais impor­tante a ser preza­do: o anon­i­ma­to. Afi­nal, seria difí­cil, para não diz­er impos­sív­el, escon­der a “imor­tal­i­dade” sob qual­quer tipo de holo­fote. Ou seja, nada de virar astros de rock ou vig­i­lantes noturnos. Faz­er isso seria como se inti­t­u­lar “agente secre­to” quan­do todos sabem que seu nome é James Bond e que você é o 007. Mas voltan­do ao assun­to do lon­ga em questão… Adam vive em Detroit, uma cidade nos Esta­dos Unidos que atual­mente está prati­ca­mente aban­don­a­da, ten­do declar­a­do con­cor­da­ta no ano pas­sa­do. Com certeza um dos mel­hores lugares para alguém se escon­der atual­mente no EUA.

    Em “Amantes Eter­nos, acom­pan­hamos o casal Adam (Tom Hid­dle­ston, o óti­mo Loki de “Thor”), um músi­co ávi­do e genial, e Eve (Til­da Swin­ton, a imor­tal “Orlan­do”), uma amante da lit­er­atu­ra, ten­tan­do sobre­viv­er no mun­do atu­al. Mas a com­posição de músi­cas já não con­segue mais mas­carar a insat­is­fação de Adam em relação a vida e a humanidade e Eve vai vis­itá-lo para ajudá-lo nes­ta crise. Falan­do em músi­ca, a tril­ha sono­ra é um dos grandes destaques do lon­ga, sendo bas­tante som­bria mas ao mes­mo tem­po sedu­to­ra, um ver­dadeiro post-rock vampiresco.

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    Com uma fotografia bem som­bria, o filme se pas­sa quase todo em ambi­entes fecha­dos e mal ilu­mi­na­dos, sem­pre a noite é claro. Este foi o primeiro lon­ga fil­ma­do dig­i­tal­mente por Jar­musch, que tem sérias restrições a respeito desse for­ma­to por não pos­suir, segun­do ele, uma qual­i­dade boa para áreas aber­tas e com mui­ta ilu­mi­nação. Mas como neste lon­ga não há nada dis­so, acabou se adap­tan­do per­feita­mente a estas lim­i­tações. Out­ra curiosi­dade inter­es­sante é que den­tro do set de fil­ma­gens, não era toca­da nen­hu­ma músi­ca, foi ape­nas dis­tribuí­do um mix­tape entre a equipe.

    Para con­diz­er com todo o dis­cur­so da anon­im­i­dade e con­hec­i­men­to sec­u­lar dos per­son­agens, ess­es vam­piros não pos­suem visual­mente nada de extra­vante, ten­do ape­nas como difer­en­cial um cabe­lo bem ani­male­sco (que foi cri­a­do mis­tu­ran­do a par­tir da mis­tu­ra de cabe­lo humano com pêlo de cabra e iaque). O lon­ga tam­bém brin­ca com várias das con­cepções a respeito dess­es seres da noite, prin­ci­pal­mente com a maneira que eles se ali­men­tam, que é sen­sa­cional. Out­ro detal­he inter­es­sante está rela­ciona­do com a intro­dução de um novo, con­ce­bido pelo próprio dire­tor, para car­ac­ter­izá-los. Vamos ver se você percebe ou perce­beu qual é ele.

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    Resu­min­do em pou­cas palavras: se você gos­ta de filmes inteligentes e fica intri­ga­do com as pos­si­bil­i­dades de per­pé­tu­os sug­adores de sangue, é bem prováv­el que fique com­ple­ta­mente seduzi­do por “Amantes Eter­nos.

  • Pinturas da Memória e Mortos à Mesa | Ensaio

    Pinturas da Memória e Mortos à Mesa | Ensaio

    Swans, de M. C. Escher (Gravura em Madeira) - 1956
    Swans, de M. C. Esch­er (Gravu­ra em Madeira) — 1956

    Louis Aragon (1897 – 1982), poeta, edi­tor e romancista francês, expres­sou como “os home­ns vivem” no poe­ma que car­rega a força dess­es versos:

    (…)

    Eram tem­pos insanos,

    Tín­hamos pos­to os mor­tos à mesa

    Fazíamos caste­los de areia

    Con­fundíamos lobos com cães

    Apro­prian­do-se do poe­ma, nos­sas fale­ci­das memórias voltam do pas­sa­do como uma visão fan­tas­magóri­ca, tri­un­fante e ameaçado­ra, que olha ao redor para se cer­ti­ficar de sua onipresença. A inse­gu­rança e a von­tade incon­troláv­el de lem­brar, sal­var e reg­u­lar tudo nos tor­na con­stru­tores e plateia de uma História doc­u­men­ta­da, cujo efeito de real seja ima­nente. Durante sécu­los, esse raciocínio foi segui­do pela neces­si­dade de difer­en­ciar rigi­da­mente “fato e ficção”, “mito e história”, “real e imag­inário”. A nar­ra­ti­va his­to­ri­ográ­fi­ca pas­sou por lon­gas fas­es de restrição, lim­i­ta­da ao pos­i­tivis­mo, às exigên­cias de vestí­gios e doc­u­men­tos. Sep­a­rar história e lit­er­atu­ra como dois entes de plan­e­tas opos­tos foi o primeiro pas­so para deter­mi­nar cam­in­hos, impor sen­ti­dos, fixar padrões. Ao anal­is­ar o pen­sa­men­to de Gilles Deleuze (1925–1995) sobre a lin­guagem literária e o de-fora,  o autor brasileiro Rober­to Macha­do traz à tona a ideia que o francês pos­suía sobre a escri­ta como “uma ten­ta­ti­va de lib­er­tar a vida daqui­lo que a apri­siona, é procu­rar uma saí­da, encon­trar novas pos­si­bil­i­dades, novas potên­cias de vida”. Se con­tin­u­amos a todo instante pon­do nos­sos mor­tos à mesa, por que igno­rar a estre­i­ta relação entre lin­guagem históri­ca e ficcional?

    Zdzisław Beksiński
    Zdzisław Bek­sińs­ki

    pinturas-da-memoria-e-mortos-a-mesa-ensaio-ggmO escritor colom­biano Gabriel Gar­cía Márquez, que fale­ceu em abril deste ano em con­se­quên­cia de com­pli­cações ger­adas pelo câncer, criou um novo sen­ti­do para o envel­he­cer por meio do pro­tag­o­nista de “Memória de min­has putas tristes”, livro lança­do em 2005 e divul­ga­do no Brasil pela edi­to­ra Record em 2008, com tradução de Eric Nepo­mu­ceno. Tra­ta-se da emblemáti­ca história de um sen­hor no auge dos seus noven­ta anos que, com­ple­ta­mente per­di­do em uma vida comum, sem amores, sem expec­ta­ti­vas, sem ânsias e dese­jos, se vê às voltas com a des­or­dem que só sen­ti­men­tos como o amor podem acar­retar. O sábio decide comem­o­rar sua entra­da em uma nova déca­da na com­pan­hia de uma moça, nin­fe­ta e virgem. Para isso, entra em con­ta­to com uma anti­ga con­heci­da, a cafeti­na Rosa Cabar­cas, e encomen­da a menina.

    Em todo o tex­to, a mis­tu­ra de real­i­dade e ficção é um dos pon­tos altos, levan­do o leitor a ques­tionar: É pos­sív­el sen­tir saudades do que você nun­ca viveu? Como resi­s­tir a um tem­po de começo, meio e fim, atribuin­do-lhe sen­ti­dos que, muitas vezes, o próprio tem­po descon­hece? O his­to­ri­ador Hay­den White entende as nar­ra­ti­vas históri­c­as como ficções ver­bais. Para ele, o his­to­ri­ador “não pode mais igno­rar a estre­i­ta relação entre história e mito. A história não é uma ciên­cia porque não é real­ista, o dis­cur­so históri­co não apreende um mun­do exte­ri­or, porque o real é pro­duzi­do pelo dis­cur­so”. White afir­ma que o his­to­ri­ador pro­duz “con­struções poéti­cas”, sendo a lin­guagem o ele­men­to que con­sti­tui sen­ti­do. Para ele, é inegáv­el a influên­cia do esti­lo literário do autor na escri­ta his­to­ri­ográ­fi­ca, bem como dos recur­sos estilís­ti­cos empre­ga­dos para destacar posi­ciona­men­tos e seleções. Como retoma o teóri­co, os acon­tec­i­men­tos são neu­tros, isto é, não trazem em si nen­hu­ma car­ga val­o­rati­va. No entan­to, são con­ver­tidos em trági­cos, emo­cio­nantes, cômi­cos, român­ti­cos ou irôni­cos pelo próprio enre­do atribuído.

    pinturas-da-memoria-e-mortos-a-mesa-ensaio-agonizoPara o nona­genário cri­a­do por Gar­cía Márquez, atrav­es­sar décadas de fatos históri­cos e reg­istra­dos não sig­nifi­ca absorvê-los de uma úni­ca for­ma; em toda a tra­ma, o vel­ho homem é refa­mil­iar­iza­do com os acon­tec­i­men­tos vivi­dos por meio de suas lem­branças. A for­ma como o mun­do se descorti­nou diante dos seus olhos quase cen­tenários é vista de modo inter­pre­ta­ti­vo, e não metódi­co e pro­je­ta­do. Essa mes­ma atmos­fera pode ser sen­ti­da nos con­tos do ital­iano Anto­nio Tabuc­chi (1943–2012), reunidos no sug­es­ti­vo livro “O tem­po envel­hece depres­sa” (2009), e no romance “Enquan­to Ago­ni­zo” (1930), do norte-amer­i­cano William Faulkn­er (1897–1962). Ape­sar de inve­stirem em lin­gua­gens nar­ra­ti­vas difer­entes, as duas obras tocam a mes­ma questão no que diz respeito à memória e a con­strução de difer­entes pon­tos de vista. É essa dis­pu­ta entre rela­to e sub­je­tivi­dade que traça o con­torno da nar­ra­ti­va históri­ca. A união entre história e lit­er­atu­ra per­mite “delírios sig­ni­fica­tivos”, epi­fa­nias que abrem espaço para o pen­sa­men­to escapar do sis­tema dom­i­nante. O imag­inário traz uma car­ga dev­as­ta­do­ra que parece son­dar o vazio, enx­er­gar nas trevas e escu­tar através dos portões fechados.

    A “imanên­cia”, ter­mo usa­do por Deleuze, está em desco­brir-se além das corti­nas; é não ter medo, por exem­p­lo, de se perder nos labir­in­tos de ilusão de ópti­ca cri­a­dos por M. C. Esch­er (1898–1972) ou na beleza mór­bi­da das pin­turas do polonês Zdzis­law Beksin­s­ki (1929–2005) e seus humanos-esquele­tos, árvores retor­ci­das e ambi­entes cer­ca­dos pela névoa. É saber recon­hecer traços da história na expressão subjetiva.

    Relativity, de M. C. Escher (litografia) - 1953
    Rel­a­tiv­i­ty, de M. C. Esch­er (litografia) — 1953

    A união da lit­er­atu­ra e da história abre cam­in­ho para ver através das palavras, trans­for­mar pen­sa­men­to em sen­sação e ser capaz de traçar lin­has de fuga. Os sen­ti­dos da história não são neu­tros, obje­tivos e rig­orosa­mente cien­tí­fi­cos. Eles são flu­i­dos, optam por pontes e desco­brem novas rotas. É pre­ciso ter cor­agem para recon­hecer que as “coisas têm dimen­sões que são intrínse­cas ao val­or que damos”, e que mas­carar esse fato — como se tal ati­tude fos­se cru­cial para man­ter a zona de con­for­to – só abre mais espaços, mais abis­mos, mais fos­sos. Como lem­braria o jor­nal­ista e escritor brasileiro Daniel Piza (1970–2011): “Quan­to mais escrav­iza­do pelo cos­tume, mais o homem son­ha com o clarão sal­vador”. Por­tan­to, cor­agem! Vamos colo­car nos­sos mor­tos à mesa e ofer­e­cer o banquete.

  • Cineclube Sesi completa 2 anos com a exibição dos últimos filmes de Charlie Chaplin

    Cineclube Sesi completa 2 anos com a exibição dos últimos filmes de Charlie Chaplin

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    Os dois últi­mos filmes da car­reira de Char­lie Chap­lin como dire­tor e ator com­ple­tam a pro­gra­mação do mês de jul­ho do Cineclube Sesi. Os lon­gas “Um Rei em Nova York” e “A Con­dessa de Hong Kong” gan­ham exibições gra­tu­itas nos dias 24 e 31 de jul­ho, respec­ti­va­mente, às 19h30, na Sala Mul­ti­artes do Cen­tro Cul­tur­al Sis­tema Fiep. O ciclo do ator britâni­co tam­bém serve de comem­o­ração pelos 2 anos de existên­cia do Cineclube no espaço cultural.

    Lança­do em 1957, “Um Rei em Nova York” mar­ca a ida do Char­lie a Lon­dres, sendo seu primeiro filme após se exi­lar dos EUA. Reple­to de críti­cas, a pro­dução traz a tra­ma de um monar­ca depos­to que encon­tra seu ex-primeiro min­istro em um hotel, onde lida com a cres­cente con­ta e é per­sua­di­do a faz­er com­er­ci­ais de TV. Além de falar de sua vida nas entre­lin­has, o filme entrou na história do cin­e­ma por ser o últi­mo de Chap­lin como protagonista.

    O Cineclube Sesi con­clui sua pro­gra­mação de jul­ho com “A Con­dessa de Hong Kong”, últi­mo filme do eter­no Car­l­i­tos como ator e dire­tor. Com Mar­lon Bran­do no elen­co, o lon­ga traz a história de uma pros­ti­tu­ta da nobreza rus­sa que foge para Hong Kong dev­i­do a Rev­olução de 1917. No cam­in­ho, ela con­hece um poderoso empresário e decide escon­der em sua cab­ine, para ir aos EUA.

    Ain­da em jul­ho, o Cineclube Sesi exibiu “O Garo­to”, o clás­si­co dos clás­si­cos “Tem­pos Mod­er­nos” e “Mon­sieur Ver­doux”. As sessões sem­anais do Cineclube Sesi, que acon­te­cem todas as quin­tas-feiras, são gratuitas.

    Serviço:
    Cineclube Sesi – Ciclo Char­lie Chaplin
    Local: Cen­tro Cul­tur­al Sis­tema Fiep – Sala Mul­ti­artes — Av. Cân­di­do de Abreu, 200 — Cen­tro Cívi­co — Curitiba/PR
    Datas e horários: quin­tas-feiras, às 19h30
    Ingres­so: gratuito

    24/07 – Um Rei em Nova York.1957, 110 min­u­tos, clas­si­fi­cação indica­ti­va livre
    31/07 – A Con­dessa de Hong Kong. 1967, 120 min­u­tos, livre.

  • Opções para toda a família no fim de semana da rede UCI Cinemas

    Opções para toda a família no fim de semana da rede UCI Cinemas

    Na próx­i­ma quin­ta-feira (24), os ciné­fi­los mais afli­tos final­mente podem assi­s­tir a estreia de “Plan­e­ta dos Maca­cos 2 – O Con­fron­to”, que é con­sid­er­a­do um dos lon­gas mais aguarda­dos do ano. Esta é ape­nas uma das opções da rede UCI Cin­e­mas para o fim de sem­ana, que exibe os últi­mos lança­men­tos da telona em suas salas local­izadas nos shop­pings Estação e Palladium.

    Em “Plan­e­ta dos Maca­cos 2”, o grupo de maca­cos geneti­ca­mente evoluí­dos e os humanos sobre­viventes con­vivem paci­fi­ca­mente em um cenário incer­to. O líder dos pri­matas, César, parece estar cer­to de que a cal­maria irá acabar e haverá um grande embate, já que os humanos enfrentam uma epi­demia e pre­cisam de coba­ias para o desen­volvi­men­to da vacina.

    Nos EUA, o lon­ga-metragem dirigi­do por Matt Reeves (de “Clover­field”) lid­er­ou as bil­hete­rias pela segun­da sem­ana segui­da, acu­mu­lan­do mais de US$ 139 mil­hões. No Brasil, o filme chega com cópias em 2D e 3D, trazen­do ain­da mais real­is­mo para as cenas de ação pro­tag­on­i­zadas pelos maca­cos computadorizados.

    Além do block­buster, a rede UCI Cin­e­mas tam­bém exibe “Trans­form­ers 4” e “Jun­tos e Mis­tu­ra­dos”, que tiver­am as maiores arrecadações na sem­ana pas­sa­da. Os dois são óti­mas opções para os espec­ta­dores: o primeiro retra­ta uma nova luta entre os robôs aliení­ge­nas e o segun­do provo­ca boas risadas com as sacadas do ator Adam San­dler (de “Click”).

    Serviço

    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555(41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Cinema gratuito todos os domingos no Centro Cultural Sistema Fiep

    Uma opção aos domin­gos para um pro­gra­ma difer­ente em família é con­ferir as sessões gra­tu­itas do Cine Sesi Sede. A par­tir deste mês, filmes rep­re­sen­ta­tivos para a história do cin­e­ma gan­ham exibições todos os domin­gos, às 15 horas, no Cen­tro Cul­tur­al Sis­tema Fiep, na região cen­tral de Curiti­ba (Av. Cân­di­do de Abreu, 200).

    Nos dias 20 e 27 de jul­ho, a pro­gra­mação con­ta com “Matil­da”, de Dan­ny deVi­to, e “À Meia Luz”, de George Cukor, respec­ti­va­mente. Além do Cine Sesi Sede, o Sesi Cul­tura real­iza sessões gra­tu­itas todas as quin­tas-feiras com o Cineclube Sesi, no mes­mo lugar.

  • UCI Cinemas leva fãs da franquia Transformers para conhecer o Texas

    UCI Cinemas leva fãs da franquia Transformers para conhecer o Texas

    Imagem UCI - promoção TransformersA UCI Cin­e­mas prepara uma pro­moção que vai levar os fãs de Trans­form­ers a lou­cu­ra. Com a estreia de “Trans­form­ers: A Era da Extinção”, a rede lança uma pro­moção exclu­si­va que levará o vence­dor à cidade norte-amer­i­cana onde o filme foi grava­do, Texas. Para par­tic­i­par é pre­ciso entrar no site da UCI Cin­e­mas até o dia 24 de jul­ho e respon­der a per­gun­ta “Por que você está pron­to para tes­tar os seus lim­ites em um treina­men­to para com­bat­er a extinção?” A frase mais cria­ti­va gan­ha uma incrív­el viagem para a cidade ao sudoeste dos Esta­dos Unidos.

    Trans­form­ers: A Era da Extinção”, estreia dia 17 de jul­ho em todos os cin­e­mas da rede UCI. Em Curiti­ba (PR), os espec­ta­dores podem assi­s­tir nas salas da rede – no UCI Estação e no UCI Pal­la­di­um. Neste novo capí­tu­lo da fran­quia dirigi­da por Michel Bay, a humanidade ain­da está se recon­stru­in­do dos acon­tec­i­men­tos de Trasform­ers 3: O Lado Ocul­to da Lua, após Auto­bots e Decep­ti­cons terem sum­i­do da face da Ter­ra. Porém, um grupo de cien­tis­tas e empresários, que bus­ca apren­der com as últi­mas invasões de Trasform­ers, aca­ba per­den­do o con­t­role da tec­nolo­gia que tra­bal­ha e, ao mes­mo tem­po, uma grande ameaça trans­former tem a Ter­ra como prin­ci­pal alvo.

    O reg­u­la­men­to da pro­moção e infor­mações sobre ven­da de ingres­sos e pro­gra­mações estão disponíveis nos bal­cões de atendi­men­to, caixas de autoa­tendi­men­to ou através do site da rede UCI.

    SERVIÇO
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Timidez pra que te quero | Crônica

    Timidez pra que te quero | Crônica

    Campo de Trigo com Corvos (1890), de Vincent van Gogh
    Cam­po de Tri­go com Cor­vos (1890), de Vin­cent van Gogh

    Eu sou assim
    Quem quis­er gostar de mim eu sou assim
    Eu sou assim
    Quem quis­er gostar de mim eu sou assim
    Meu mun­do é hoje
    Não existe aman­hã pra mim
    E sou assim
    Assim mor­rerei um dia
    Não levarei arrependimentos
    Nem o peso da hipocrisia
    Ten­ho pena daqueles
    Que se agacham até o chão
    Enganan­do a si mesmos
    Com din­heiro, posição
    Nun­ca tomei parte
    Desse enorme batalhão
    Pois sei que além de flores
    Nada mais vai no caixão
    Meu mun­do é hoje.
    (Wil­son Batista)

    Des­de cri­ança fui tími­da. A primeira vez que escutei min­ha voz em públi­co lev­ei um sus­to. Pen­sei: Que voz de pato! Feia, gras­na­va. Fala­va baixo para ninguém ouvir. Isso fez com que me ouvis­sem cada vez menos. Sofria de “fal­ta de ini­cia­ti­va”, como acusavam os boletins esco­lares. Tira­va dez em tudo, menos nesse item.

    timidez-pra-que-te-quero-cronica-fazer-amigosEm um mun­do que não pára de falar, o tími­do é doente. Pen­sei assim por 20 anos de vida. Desisti da esco­la, aos 15 anos, porque não con­seguia faz­er palestras. Fiz ter­apia para tratar a “fobia social”. Não me curei. Voltei a estu­dar aos 18, fiz cur­so de Comu­ni­cação Social. E con­tin­uei tímida.

    Me apoiei na escri­ta para suprir o déficit. Primeiro veio a leitu­ra, refú­gio con­tra a hor­da de falantes. Como não sabia abrir a boca, abria um livro para “con­ver­sar”. Assim apren­di a dialog­ar com vozes dis­tantes no tem­po e no espaço, e com meus botões. Pen­sei que me tornar­ia uma escrito­ra, pub­li­ca­da e con­heci­da. A timidez impediu de divul­gar meus escritos, criva­dos pela autocrítica.

    Quan­do come­cei a tra­bal­har, estran­han­do a “fal­ta de ini­cia­ti­va”, cole­gas e ami­gos recomen­davam que fizesse teatro. Nun­ca me entu­si­as­mei, nem para desinibir. Hoje há atores nipo-brasileiros que ofer­e­cem óti­mos cur­sos, basea­d­os em téc­ni­cas teatrais, para aju­dar os tími­dos a se soltarem.

    Para faz­er a defe­sa de meu mestra­do, tomei aulas de impostação de voz com um ami­go. Mas o que me aju­dou a falar em públi­co foi ir a even­tos onde pre­cisa­va falar sobre o anda­men­to da pesquisa. Essas comu­ni­cações cien­tí­fi­cas, como se diz no jargão, duravam dez min­u­tos. Depois de falar meia dúzia de vezes para estu­dantes e pro­fes­sores que talvez não enten­dessem patavina do que eu fala­va, come­cei a ficar menos ansiosa.

    Carl Gustav Jung na Suiça (Foto: absolut Medien)
    Carl Gus­tav Jung na Suiça (Foto: abso­lut Medien)

    Há cer­ca de dois anos, ain­da pen­san­do o quan­to me cus­ta­va abrir a boca em públi­co, fiz o tal cur­so de teatro. Foi um desas­tre. O prob­le­ma não era só falar. Eu não tin­ha inteligên­cia cor­po­ral como os estu­dantes de artes cêni­cas. O meu azar é que era um cur­so volta­do para atores e não para lei­gos. Mas, para não diz­er que não falei de flo­res, nesse ano, no Dia da Mul­her, atuei no pal­co, pela primeira vez na vida, para falar meus poe­mas e de out­ras autoras. Perce­bi que ser tími­do pode não ser um prob­le­ma, mas um esti­lo de personalidade.

    Por causa daqui­lo que acha­va ser um obstácu­lo ao desen­volvi­men­to social em min­ha vida, come­cei a estu­dar sobre a timidez. Desco­bri que o psicól­o­go Carl Gus­tav Jung clas­si­fi­ca os tipos de per­son­al­i­dade em extro­ver­tidos e intro­ver­tidos. Se timidez é con­sid­er­a­da doença, pelo menos de fal­ta de socia­bil­i­dade, a intro­ver­são pode ser um modo como se com­por­ta metade da humanidade.

    timidez-pra-que-te-quero-cronica-poder-quietosÉ o que diz Susan Cain, auto­ra do best-sell­er “O poder dos qui­etos”. Li um e‑book em que ela abom­i­na tipos vende­dores como Dalie Carnegie, autor do best-sell­er “Como faz­er ami­gos e influ­en­ciar pes­soas”. Susan crit­i­ca o rea­cionar­is­mo de Carnegie, que nos anos 60, ensi­na­va que para ter suces­so era pre­ciso sor­rir, falar e ter pen­sa­men­tos pos­i­tivos o tem­po todo. E fin­gir que igno­ra­va os hor­rores da guer­ra do Viet­nã, sor­rindo. Quan­do cru­zo com pes­soas que pare­cem ter lido esse livro, ou incor­po­ra­do suas ideias, ten­ho von­tade de fugir. Em ger­al, acabo ten­do exper­iên­cias desagradáveis com quem não para de falar bobagens ten­tan­do ser simpático.

    Depois de tan­to tem­po, aceito a timidez. Gos­to de ficar soz­in­ha, lendo e escreven­do. Os tími­dos, ou intro­ver­tidos, são mais inde­pen­dentes e têm mel­hor desem­pen­ho tra­bal­han­do soz­in­hos. Desco­bri, lendo o livro de Susan, que depois de pas­sar algum tem­po com out­ras pes­soas, tra­bal­han­do ou em even­tos soci­ais, os tími­dos pre­cisam “recar­regar as bate­rias”. Ou seja, ficar um tem­po a sós.

    Não pre­ciso mais expor num diário públi­co tudo que acon­tece comi­go por me sen­tir só. Ten­ho um com­pan­heiro, uma família, bons ami­gos e uma rede de tra­bal­ho e con­tatos. Fiz as pazes com a garot­in­ha enver­gonha­da que baix­a­va a cabeça diante do piano da sala de pro­fes­sores para posar numa foto esco­lar. Ain­da bem. Não aguen­ta­va mais deixá-la de lado. Com o tem­po, vi que é até bom cul­ti­var a ver­gonha numa cul­tura em que os mais sem-ver­gonha acabam pas­san­do por cima de tudo e de todos.

  • Promoção “Segunda Mania” retorna nas salas do UCI Cinemas

    Promoção “Segunda Mania” retorna nas salas do UCI Cinemas

    Promoção "Segunda Mania" retorna nas salas do UCI Cinemas

    A rede UCI Cin­e­mas retoma a “Segun­da Mania” a par­tir do dia 14 de jul­ho, com ingres­sos cus­tan­do R$ 8 (em sessões 2D) e R$ 10 (3D) em todas as segun­das-feiras nas salas local­izadas nos shop­pings Estação e Pal­la­di­um. Os val­ores pro­mo­cionais são de entra­da inteira, com pos­si­bil­i­dade de meia-entra­da ao apre­sen­tar doc­u­men­to com­pro­vatório nas bil­hete­rias do cin­e­ma. Não é váli­do para dias de feri­ados e vésperas de feriados.

    Para cur­tir o retorno dos descon­tos, os espec­ta­dores podem con­ferir as estreias da sem­ana: “Jun­tos e Mis­tu­ra­dos” e “Mar­ca do Medo”. Além dis­so, a rede UCI pro­move sessões de pré-lança­men­to de “Aviões 2”, com exibições diárias nos shop­pings Estação e Pal­la­di­um até o dia da estreia, mar­ca­da para o dia 17 de julho.

    A ani­mação “Aviões 2”, que chega como uma óti­ma opção para a família toda, traz a con­tin­u­ação do desen­ho do ano pas­sa­do, em que Dusty desco­bre que não poderá mais par­tic­i­par de cor­ri­das e terá que aju­dar na briga­da de incên­dio de uma grande floresta.

    Na comé­dia “Jun­tos e Mis­tu­ra­dos”, Adam San­dler vive Jim, que via­ja sem quer­er para o mes­mo resort de Lau­ren (Drew Bar­ry­more), com quem havia tido um encon­tro român­ti­co desas­troso. Já os fãs do ter­ror podem preparar os gri­tos para “A Mar­ca do Medo”, que estreia no UCI Estação. Na tra­ma, um pro­fes­sor mon­ta um grupo de 3 alunos para inves­ti­gar uma garo­ta aparente­mente pos­suí­da por demônios, isolando‑a em um casarão macabro.

    Para mais infor­mações e para con­ferir a pro­gra­mação com­ple­ta, acesse o site da UCI  e/ou as redes soci­ais da UCI.

    SERVIÇO
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Festival 42, em Teresina – PI | Evento

    Festival 42, em Teresina – PI | Evento

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    O Fes­ti­val 42 acon­te­ceu no últi­mo dia 25 de maio, data recon­heci­da como o dia do Nerd, ou o dia inter­na­cional da toal­ha, o que dá na mes­ma… Na ver­dade, o nome do even­to e a comem­o­ração em torno dessa peça de ban­ho é uma hom­e­nagem ao livro “O Guia do Mochileiro das Galáx­i­as”, de Dou­glas Adams. Na obra (e na vida real), a toal­ha é um obje­to indis­pen­sáv­el para que você pos­sa se aven­tu­rar pelo espaço sider­al. E o “42”, bem, seria mel­hor você ler o livro para saber do que se tra­ta (sou con­tra spoillers).

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    Essa primeira edição do even­to teve como sede e base sec­re­ta a Casa da Cul­tura de Teresina, e con­tou com um dia inteiro de diver­sões “nérdi­cas” e “geeks”: ofic­i­nas de RPG e quadrin­hos, palestra sobre Tolkien, cin­e­ma, quadrin­hos e sobre o mun­do tec­nológi­co livre (open source), além de bate-papos com mata­dores de dragões, caçadores do sobre­nat­ur­al e espe­cial­is­tas em teo­rias da conspiração.

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    A ideia dos orga­ni­zadores, o grupo Polí­gono (for­ma­do pela livraria Quin­ta Capa Quadrin­hos e lojas Arcá­dia e Idee), é que o even­to acon­teça, pelo menos, anual­mente, procu­ran­do atrair esse públi­co grande, que, nor­mal­mente fica den­tro de casa, debruça­do sobre suas leituras e com­puta­dores, e cri­ar um espaço de inter­ação entre eles. Para isso foi pen­san­do um dos momen­tos mais diver­tidos e esper­a­dos do even­to: a gin­cana. Todos os pre­sentes no even­to foram con­vi­da­dos a par­tic­i­parem de um sorteio de equipe digna do Chapéu Sele­tor de Har­ry Porter (o Chapéu, inclu­sive, esteve lá e decidia onde cada pes­soa estaria). As equipes eram as seguintes (leia em voz alta e tente sacar a refer­ên­cia): água, ter­ra, fogo, ven­to… CORAÇÃO!

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    Durante o even­to ain­da acon­te­ce­r­am vários campe­onatos: desen­ho, mel­hor toal­ha, pior cospo­bre, Mor­tal Kom­bat 9, Tekken, Yu Gi Oh e Sum­mon­er Wars. Cada campeão dava pon­tos para sua equipe e para se definir a equipe vence­do­ra, ain­da acon­te­ceu um Quiz com per­gun­tas que ape­nas o públi­co que com­pare­ceu ao even­to pode­ria respon­der. Todos os campeões gan­haram cupons de descon­tos e pacotes de brindes. “Coração” foi a primeira equipe vence­do­ra. Qual será a próxima?

  • Bicho de Sete Cabeças (2001): Reflexos Roubados | Análise

    Bicho de Sete Cabeças (2001): Reflexos Roubados | Análise

    O bura­co do espel­ho está fecha­do, ago­ra eu ten­ho que ficar ago­ra. Fui pelo aban­dono aban­don­a­do, aqui den­tro do lado de fora.

    bicho-de-sete-cabecas-2001-reflexos-roubados-analise-posterO tre­cho aci­ma faz parte da músi­ca “O Bura­co do Espel­ho”, do can­tor e com­pos­i­tor brasileiro Arnal­do Antunes. A canção inte­gra a tril­ha sono­ra do filme “Bicho de Sete Cabeças” (2001), um retra­to duro, áci­do e humana­mente cru­el sobre a real­i­dade viven­ci­a­da pelos inter­nos de hos­pi­tais psiquiátri­cos. Dirigi­do pela cineas­ta Laís Bodanzky e com roteiro de Luiz Bolog­ne­si, “Bicho de Sete Cabeças” nar­ra a história de um jovem inter­na­do pelo pai em um man­icômio depois de ter sido fla­gra­do com cig­a­r­ros de macon­ha. O enre­do foi basea­do no livro “Can­to dos Malditos”, uma auto­bi­ografia de Aus­tregési­lo Car­ra­no Bueno (1957–2008), ex-inter­no de uma insti­tu­ição man­i­co­mi­al e, como muitos out­ros, víti­ma dos abu­sos, espan­ca­men­tos e tor­turas comu­mente prat­i­ca­dos nesse tipo de lugar.

    No lon­ga-metragem, Neto (pro­tag­on­i­za­do pelo ator Rodri­go San­toro) é um jovem de classe média baixa que vive con­fli­tos famil­iares por não se enquadrar no padrão de com­por­ta­men­to social­mente aceito, irri­tan­do espe­cial­mente seu pai (vivi­do por Oth­on Bas­tos). Atrav­es­san­do uma fase asso­ci­a­da à rebel­dia, Neto gos­ta de andar de skate, pichar muros, usar brin­cos e cabe­los com­pri­dos, fato que a figu­ra pater­na não acei­ta e oprime. A ausên­cia de diál­o­go e a repressão desme­di­da resul­tam no estremec­i­men­to da comu­ni­cação entre pai e fil­ho, levan­do-os à con­stante tro­ca de acusações e rompantes de agres­sivi­dade. A con­tínua ten­são e descon­fi­ança faz com que Wil­son, pai de Neto, deci­da internar o fil­ho em um hos­pí­cio depois de encon­trar cig­a­r­ros de macon­ha entre os per­tences do rapaz. A par­tir desse momen­to, a vida de Neto trans­for­ma-se em um ver­dadeiro abis­mo esque­ci­do den­tro do inferno.

    Encar­cer­a­do con­tra sua von­tade, o jovem tam­bém é igno­ra­do pelo psiquia­tra da insti­tu­ição, profis­sion­al que rara­mente aparece no lugar e cuja úni­ca pre­ocu­pação é con­seguir finan­cia­men­to, ain­da que isso sig­nifique cap­turar e internar pes­soas indis­crim­i­nada­mente. O padec­i­men­to de Neto e dos out­ros inter­nos ocorre das mais difer­entes for­mas, seja por meio de dro­gas anestési­cas e de sub­stân­cias como o metil­fenida­to, con­heci­do como “sossega leão”; ou da tor­tu­rante “camisa de força”, colete que apri­siona os mem­bros supe­ri­ores; bem como através de trata­men­tos com Eletro­con­vul­soter­apia (ECT), pop­u­lar­mente chama­dos de eletro­choques. Além dos tor­men­tos físi­cos, os “pacientes-pri­sioneiros” são humil­ha­dos, hos­tiliza­dos, bar­bariza­dos e esque­ci­dos, sofren­do forte coação de médi­cos e enfer­meiros, e sentin­do a indifer­ença e pre­con­ceito vin­dos da própria família. São seres humanos estigma­ti­za­dos, coisi­fi­ca­dos e trans­for­ma­dos em per­son­agens invisíveis, per­den­do sua liber­dade, dig­nidade, autono­mia e subjetividade.

    Autobiografia de Austregésilo Carrano Bueno
    Auto­bi­ografia de Aus­tregési­lo Car­ra­no Bueno

    A cica­triz da inter­nação psiquiátri­ca cobra seu preço, e mes­mo depois de lib­er­a­do, Neto não con­segue se adap­tar ao mod­e­lo impos­to pela sociedade e pela família, e é nova­mente encar­cer­a­do no hos­pí­cio. O rapaz só con­segue sair após incen­di­ar a cela em que está e, final­mente, chamar a atenção do pai. No des­fe­cho do filme, acom­pan­hamos Neto envel­he­ci­do pelo sofri­men­to e pela dor. Depois de tudo o que enfren­tou, o rapaz trans­for­ma-se em uma som­bra de si mes­mo, angus­ti­a­do como o quadro “O gri­to” (1893), de Edvard Munch; des­en­can­ta­do como o gri­to de ‘Nun­ca mais’, do poe­ma “O Cor­vo” (1845), de Edgar Allan Poe, e abati­do como as com­posições der­radeiras do com­pos­i­tor clás­si­co alemão Robert Schu­mann.

    Pre­mi­a­do em fes­ti­vais nacionais e inter­na­cionais, “Bicho de Sete Cabeças” pos­sui uma atmos­fera que com­bi­na cin­e­matográ­fi­co e doc­u­men­tal, evi­den­ci­a­da pela nat­u­ral­i­dade dos diál­o­gos e atu­ação dos atores. O tema tam­bém for­t­alece a luta anti­man­i­co­mi­al ao apon­tar a dor e a desin­te­gração encon­tradas em espaços que con­tro­lam e reprimem para — toman­do de emprés­ti­mo a expressão cun­ha­da pelo filó­so­fo e pesquisador francês Michel Fou­cault — trans­for­mar sub­je­tivi­dades humanas em “cor­pos dis­ci­plina­dos, cor­pos dóceis”. Por não faz­er parte do enquadra­men­to social e com­por­ta­men­to impos­to pelas redes micro­bianas de poder, Neto foi apri­sion­a­do, cas­ti­ga­do e sub­meti­do a mecan­is­mos de remodelação.

    Cena do filme “Bicho de Sete Cabeças”
    Cena do filme “Bicho de Sete Cabeças”

    Situ­ações como as do pro­tag­o­nista do filme — de não adap­tação aos parâmet­ros esta­b­ele­ci­dos — tam­bém fiz­er­am com que muitas mul­heres fos­sem sen­ten­ci­adas à inter­nação em insti­tu­ições asi­lares, como o Hos­pí­cio do Juquery. O estu­do detal­ha­do de Maria Clementi­na Pereira Cun­ha em livros (O espel­ho do mun­do. Juquery, a história de um asi­lo – 1986), arti­gos (De his­to­ri­ado­ras, brasileiras e escan­di­navas: Lou­curas, folias e relações de gêneros no Brasil (sécu­lo XIX e iní­cio do XX)) e pesquisas mostra que a imposição de padrões ditos nor­mais para o com­por­ta­men­to fem­i­ni­no exer­cia papel deci­si­vo na inter­nação psiquiátri­ca. Assim como a per­son­agem do filme “Bicho de Sete Cabeças”, as mul­heres que estavam fora do padrão social esper­a­do eram con­sid­er­adas inad­e­quadas e, dessa for­ma, obri­gadas à cor­reção exemplar.

    “O grito” (1893), de Edvard Munch
    “O gri­to” (1893), de Edvard Munch

    A imposição do padrão de nor­mal­i­dade, difun­di­da com toda força pelos dis­cur­sos de natureza médi­ca de menos de um sécu­lo atrás, foi uti­liza­da den­tro dos hos­pi­tais psiquiátri­cos para jus­ti­ficar inter­nações e ações arbi­trárias. Além do grupo fem­i­ni­no, os demais mar­gin­al­iza­dos – pes­soas pobres, mis­eráveis, moradores de cor­tiços, operários, mendi­gos e todos os que sub­ver­ti­am a ordem esta­b­ele­ci­da – eram con­sid­er­a­dos propen­sos à devas­sidão, per­ver­são, lou­cu­ra e criminalidade.

    Out­ro pon­to inter­es­sante dev­i­da­mente rep­re­sen­ta­do no lon­ga-metragem de Laís Bodanzky diz respeito à figu­ra do psiquia­tra como autori­dade com­pe­tente, ates­ta­da cien­tifi­ca­mente para pro­duzir dis­cur­sos autor­iza­dos. No iní­cio de sua inter­nação, Neto ques­tiona enfer­meiros sobre o fato de estar ali, afir­man­do que eles não pode­ri­am man­tê-lo inter­na­do, pois não esta­va doente. Um dos enfer­meiros afir­ma a Neto que os pais do jovem já tin­ham con­ver­sa­do com o médi­co e expli­ca­do toda a situ­ação. No pron­tuário de Neto con­sta­va que ele era um rapaz “agres­si­vo, rebelde, que não respeita­va seus pais, mes­mo ten­do muito amor e diál­o­go em casa”, ou seja, o jovem já esta­va ficha­do e rotu­la­do assim que entrou no hos­pí­cio, e nada do que dissesse ou fizesse mod­i­fi­caria ou aten­uar­ia sua situ­ação. Neto perdeu a autono­mia, sua capaci­dade de decidir e sua liber­dade de ir e vir. Como expres­sa Alfre­do Naf­fah Neto em arti­go inti­t­u­la­do ‘O estig­ma da lou­cu­ra e a per­da da autono­mia’:

    Des­de o instante em que o estig­ma da lou­cu­ra lhe foi imputa­do, é como se no lugar do sujeito apare­cesse a doença men­tal; então, o dis­cur­so e as ações expres­sas pelo louco ces­sam de sig­nificar em si próprias, tor­nan­do-se ape­nas sin­tomas da doença.

    Hospício de Barbacena (MG)
    Hos­pí­cio de Bar­ba­ce­na (MG)

    Dessa for­ma, aque­les que são mar­ca­dos com o estig­ma da lou­cu­ra são con­sid­er­a­dos inca­pazes – jurídi­ca, social e emo­cional­mente – de decidir sobre o seu próprio des­ti­no. Nas palavras de Naf­fah Neto: “O louco é trans­for­ma­do num fan­toche que deve ser manip­u­la­do pelo poder/saber médi­co”. Na lit­er­atu­ra, o poder dis­cricionário das autori­dades médi­cas, “cien­tí­fi­cas e com­pe­tentes”, pode ser obser­va­do no con­to “Só vim tele­fonar”, do autor colom­biano Gabriel Gar­cía Márquez, e no con­to-nov­ela “O Alienista”, do escritor brasileiro Macha­do de Assis. De difer­entes maneiras, ambos tratam de ques­tionar a visão do saber médi­co como dis­cur­so incon­testáv­el, capaz de manip­u­lar, sub­ju­gar e aniquilar iden­ti­dades. Tan­to o hos­pí­cio como a prisão atu­am como insti­tu­ições de dis­ci­plina e con­t­role, crian­do novas modal­i­dades de fis­cal­iza­ção e domínio jus­ti­fi­cadas pela legit­im­i­dade científica.

    Rodrigo Santoro em  “Bicho de Sete Cabeças” (Foto: Marlene Bérgamo)
    Rodri­go San­toro em “Bicho de Sete Cabeças” (Foto: Mar­lene Bérgamo)

    Em arti­go inti­t­u­la­do “Lou­cu­ra e Crim­i­nal­i­dade: Desven­dan­do os mis­térios das moral­i­dades anô­malas”, Felipe da Cun­ha Lopes e Íta­lo Cris­tiano Sil­va e Souza dis­cor­rem sobre a asso­ci­ação entre lou­cu­ra e crim­i­nal­i­dade fei­ta pelo dis­cur­so médi­co teresinense entre as décadas de 1870 e final da déca­da de 1930. Segun­do o arti­go, os arti­c­ulis­tas que escrevi­am para jor­nais piauiens­es da época asso­ci­avam lou­cu­ra à práti­ca de crimes, ale­gan­do a existên­cia da insanidade em crim­i­nosos e da crim­i­nal­i­dade em loucos (basea­d­os na teo­ria da degenerescên­cia). Com base nes­sa ideia, percebe-se a “prob­lema­ti­za­ção da lou­cu­ra em função da vir­tu­al­i­dade crim­i­nosa”. Os autores do arti­go lem­bram que “(…) a psiquia­tria foi uma das prin­ci­pais fer­ra­men­tas uti­lizadas para jus­ti­ficar e elab­o­rar estraté­gias de con­t­role e trans­for­mação do com­por­ta­men­to do homem em sociedade”. Assim, a med­i­c­i­na trans­for­mou-se em fer­ra­men­ta indis­pen­sáv­el para man­ter dis­pos­i­tivos de con­t­role social.

    Hospício de Barbacena (MG)
    Hos­pí­cio de Bar­ba­ce­na (MG)

    O regime de ver­dade e a imposição de uma supos­ta nor­mal­i­dade exigem trib­u­tos caros; preço que é pago a sangue e alma por um número ines­timáv­el de pes­soas que foram e con­tin­u­am sendo excluí­das, tran­cafi­adas e esque­ci­das. Os exem­p­los de desre­speito e invis­i­bil­i­dade extrap­o­lam pági­nas de livros e dados de pesquisas. Eles estão mar­ca­dos no coração dos sobre­viventes do Hos­pí­cio de Bar­ba­ce­na (MG), do Juquery e muitas out­ras insti­tu­ições de con­t­role e domínio.

  • Jogas das finais da Copa na telona do cinema

    Jogas das finais da Copa na telona do cinema

    uci-transparente

    A emoção de ver um gol é gigante em jogos deci­sivos de Copa do Mun­do. Entre­tan­to, essa sen­sação será ain­da mais inesquecív­el se o torce­dor optar em assi­s­tir aos jogos de quar­tas, semi e a final do torneio em uma tela de alta definição na rede UCI, que opera com salas nos shop­pings Estação e Pal­la­di­um, em Curiti­ba (PR).

    As par­tidas entre Brasil e Colôm­bia, França e Ale­man­ha, Holan­da e Cos­ta Rica e Argenti­na e Bél­gi­ca estão com sessões con­fir­madas na sex­ta (4) e no sába­do (5). Os vence­dores destes jogos se encar­am nas semi­fi­nais, mar­cadas para os dias 8 e 9. A grande final acon­tece no dia 13 de jul­ho, no Está­dio do Mara­canã, no Rio de Janeiro. Todos os lances de todos ess­es jogos serão trans­mi­ti­dos ao vivo no UCI e os ingres­sos já podem ser adquiri­dos no site da UCI, nos ter­mi­nais de autoa­tendi­men­to e nas bilheterias.

    Filmes para toda a família

    Além da fase final do campe­ona­to de fute­bol, a quin­ta-feira (3) está agi­ta­da por con­ta das estreias de “Khum­ba 3D”, “O Espel­ho” e “Causa e Efeito”. No desen­ho “Khum­ba 3D”, um grupo de zebras despreza o jovem Khum­ba, que nasceu ape­nas com metade do cor­po listra­do. Para se sen­tir nor­mal, o ani­mal decide par­tic­i­par de uma jor­na­da em bus­ca de uma lagoa mág­i­ca, que pode cor­ri­gir sua diferença.

    Os out­ros lança­men­tos deste fim de sem­ana devem agradar difer­entes públi­cos. O lon­ga-metragem de ter­ror “O Espel­ho” é per­feito para o públi­co jovem e traz a história de Tim e Kaylie, que são dois irmãos que ten­tam provar que um grande espel­ho é o respon­sáv­el pela morte de seus pais e de seus familiares.

    A pro­gra­mação do UCI Cin­e­mas tam­bém con­ta com o nacional “Causa e Efeito”, que colo­ca o espiritismo em foco, seguin­do a lin­ha de filmes como “Chico Xavier” e “E a Vida Con­tin­ua…”. Neste lon­ga, o foco é a vida do poli­cial Paulo, que perde a esposa e o fil­ho e se tor­na um assas­si­no de aluguel ao decidir recon­stru­ir sua vida seguin­do dicas de um padre, um pas­tor e um espírita.

    Serviço:
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Julho 2014 | Editorial

    Julho 2014 | Editorial

    O que te dá Tesão na vida?

    É com a per­gun­ta aci­ma que a Revista Trip de Jun­ho (#233) cole­ta alguns depoi­men­tos para o seu espe­cial “Cadê o Tesão?”. E o que isto tem haver com o inter­ro­gAção? Tudo! Afi­nal, é o Tesão (sem­pre com T maiús­cu­lo) que move cada cen­tímetro deste por­tal. Não só o Tesão pela cul­tura e pelo jor­nal­is­mo, que por enquan­to é só dig­i­tal, mas prin­ci­pal­mente o Tesão pelo com­par­til­hamen­to de con­hec­i­men­to. Escreve­mos e pub­li­camos neste espaço para com­par­til­har nos­sas exper­iên­cias, opiniões, anális­es e tudo que faz o nos­so coração bater mais forte.

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    A ener­gia é o entu­si­as­mo em movimento.

    Cada um tem o seu jeito par­tic­u­lar e pecu­liar de comu­nicar aqui­lo que sente e de viv­er suas emoções. Alguns con­seguem se expres­sar mais pela escri­ta e de maneira mais intro­ver­ti­da, que é o tema da crôni­ca deste mês da Mar­il­ia. Já out­ras vezes, são mais reativos e podem até ser inter­na­dos por isso, como acon­te­ceu com o per­son­agem Neto do filme “Bicho de Sete Cabeças, explo­rado em uma análise da Mara. Tam­bém tem aque­las vezes que sim­ples­mente deci­dem ir emb­o­ra, como fez Che Gue­vara em sua céle­bre viagem de moto pela Améri­ca do Sul, figu­ra que Rafael comen­ta a biografia. Mas não vamos esque­cer tam­bém do “mun­do vir­tu­al”, ou “afas­ta­do do tecla­do” (away from key­board), que o ativista Aaron Swartz uti­li­zou como seu prin­ci­pal meio de expressão, retrata­do no doc­u­men­tário “Inter­net’s own boy”, lança­do faz poucos dias e do qual falarei.

    Além do con­teú­do aci­ma que vai ser pub­li­ca­do ao lon­go do mês, con­tin­uare­mos tam­bém mel­ho­ran­do a orga­ni­za­ção do por­tal. Os mais aten­tos já devem ter perce­bido que no mês pas­sa­do tra­bal­hamos prin­ci­pal­mente na orga­ni­za­ção do menu, sep­a­ran­do o con­teú­do em anális­es, críti­cas, entre­vis­tas, crôni­cas, … além de out­ras peque­nas mudanças no site.

    Para quem esta­va se per­gun­tan­do a respeito do Con­cur­so Cul­tur­al que anun­ci­amos no edi­to­r­i­al de qua­tro anos do inter­ro­gAção, ago­ra ele final­mente será divulgado!

    Difí­cil ter­mi­nar este edi­to­r­i­al sem lem­brar da óti­ma frase, e títu­lo de livro, do Rober­to Freire (1927–2008), que aca­ba sendo um grande norteador: Sem Tesão não há solução.

  • Núcleo de Dramaturgia Audiovisual Sesi abre inscrições

    Núcleo de Dramaturgia Audiovisual Sesi abre inscrições

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    A for­mação de novos real­izadores audio­vi­suais e roteiris­tas gan­ha atenção espe­cial do Sesi com o Núcleo de Dra­matur­gia Audio­vi­su­al Sesi PR. As inscrições para as ofic­i­nas, que ocor­rem no segun­do semes­tre de 2014 em Curiti­ba, Pon­ta Grossa e Lon­d­ri­na, estão aber­tas até o dia 20 de jul­ho pelo site do SESI PR.

    Pelo ter­ceiro ano con­sec­u­ti­vo de pro­je­to, os inte­grantes par­tic­i­pam de encon­tros quinzenais com profis­sion­ais reno­ma­dos no mer­ca­do brasileiro cin­e­matográ­fi­co. Em Curiti­ba, as ofic­i­nais são min­istradas por Lean­dro Sarai­va, Rune Tavares, Gabriela Almei­da, Mar­co Dutra, Aly Muriti­ba e André Ryo­ki. Em Lon­d­ri­na e Pon­ta Grossa, as ofic­i­nas acon­te­cem com o suporte dos cineas­tas Ana Johann, Jes­si­ca Cal­dal e de Rodri­go Grota.

    O obje­ti­vo do pro­je­to é incen­ti­var a for­mação e o desen­volvi­men­to de novos profis­sion­ais no cenário do audio­vi­su­al paranaense além de fomen­tar este mer­ca­do através do proces­so de cri­ação cole­ti­va, que tor­na os tra­bal­hos mais plu­rais e enrique­ce­dores”, expli­ca Anna Zéto­la, ger­ente de cul­tura do Sesi. Os encon­tros de for­mação acon­te­cem como um grande fórum de dis­cussão, onde todos os pro­je­tos são pen­sa­dos em grupo.

    O proces­so de seleção do Núcleo de Dra­matur­gia Audio­vi­su­al Sesi será real­iza­do em duas eta­pas. Ini­cial­mente, o Núcleo escol­he 40 pro­je­tos, que serão fil­tra­dos em entre­vis­tas no dia 2 de agos­to. Dois dias depois, o grupo final será anun­ci­a­do com 20 inte­grantes. Cer­ca de dois meses depois do iní­cio dos tra­bal­hos, o Núcleo sofr­erá uma nova redução, até chegar aos 12 pro­je­tos finais.

    Nos últi­mos anos, dois tra­bal­hos do Núcleo se destacaram no mer­ca­do audio­vi­su­al. “Hor­i­zonte”, de Jes­si­ca Cal­dal, con­quis­tou o Con­cur­so de Pitch­ings do fes­ti­val Olhar de Cin­e­ma – Fes­ti­val Inter­na­cional de Curiti­ba; enquan­to “Grandi­ci­dade”, de Daniel Calil, garan­tiu sua par­tic­i­pação no 1º Edi­tal do Fun­do Estad­ual de Cul­tura do Esta­do de Goiás.

    SERVIÇO
    Núcleo de Dra­matur­gia Audio­vi­su­al Sesi
    Inscrições: até 20 de Julho;
    Iní­cio das ofic­i­nas: Agos­to de 2014;
    Infor­mações: www.sesipr.org.br/cultura
    Dúvi­das: nucleocinema@sesipr.org.br
    Seleção:
    1ª fase: Lista de 40 sele­ciona­dos divul­ga­da no dia 28 de jul­ho no site do SEI
    2ª fase: Entre­vista indi­vid­ual no dia 2 de agos­to na sede do Sesi (Av. Cân­di­do de Abreu, 200 – Curiti­ba), em horário a ser divul­ga­do posteriormente.
    3ª fase: Lista de 20 sele­ciona­dos divul­ga­da no dia 4 de agos­to no site do SESI

  • Copa do Mundo no Cinema UCI em Curitiba

    Copa do Mundo no Cinema UCI em Curitiba

    A rede UCI preparou um lugar espe­cial para quem não garan­tiu um ingres­so na arquiban­ca­da e quer assi­s­tir aos jogos do campe­ona­to de uma maneira mais do que espe­cial: no escur­in­ho do cin­e­ma e em uma super telona. Serão exibidos dez jogos da fase de gru­pos em todos os com­plex­os da UCI, em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Ribeirão Pre­to, Juiz de Fora, Recife, For­t­aleza, Sal­vador, Cam­po Grande, São Luís e Curiti­ba. Na cap­i­tal paranaense, as trans­mis­sões acon­te­cem nos cin­e­mas UCI Estação e UCI Pal­la­di­um, con­forme a programação.

    Para garan­tir os lugares com os ami­gos, já é pos­sív­el adquirir os tíquetes nos bal­cões de atendi­men­to, caixas de autoa­tendi­men­to e no site da rede. Tam­bém poderá ser con­sul­ta­da no site da UCI a pro­gra­mação para os jogos da 2ª fase da copa. O val­or dos ingres­sos é de R$ 15 (meia-entra­da) e R$ 30 (inteira).

    Cal­endário dos jogos:

    Copa do Mundo no Cinema UCI em Curitiba

    Serviço:
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • Três Dedos: Um Escândalo Animado (2009), de Rich Koslowski | HQ

    Três Dedos: Um Escândalo Animado (2009), de Rich Koslowski | HQ

    tres-dedos-um-escandalo-animado-2009-de-rich-koslowski-hqQuan­do éramos cri­anças, cor­ríamos para o sofá (ou cadeira) com o intu­ito de assi­s­tir aos desen­hos ani­ma­dos que envolvi­am per­son­agens-ani­mais, tais como Taz, Per­na­lon­ga, Tom, Jer­ry, Mick­ey, entre out­ros. Mas o que não sabíamos aca­ba de ser rev­e­la­do na obra “Três Dedos: Um escân­da­lo Ani­ma­do” (2009), de Rich Koslows­ki.

    O que muitos críti­cos acusam como um tra­bal­ho vazio ou uma “leitu­ra par­o­dís­ti­ca do mun­do encan­ta­do dos desen­hos” reflete uma ten­ta­ti­va para silen­ciar a gravi­dade no inte­ri­or do escân­da­lo expos­to neste livro.

    Em for­ma de HQ-Doc­u­men­tário, Rich inves­ti­ga os basti­dores da indús­tria cin­e­matográ­fi­ca hol­ly­wood­i­ana através de um lev­an­ta­men­to detal­ha­do que nos mostra seu surg­i­men­to, des­de o fim do cin­e­ma prim­i­ti­vo nos Esta­dos Unidos.

    Nesse con­tex­to, o leitor con­hece a vida do cineas­ta Dizzy Wal­ters, fun­dador do “cin­e­ma ani­ma­do” oci­den­tal. Com uma tra­jetória de vida mar­ca­da por crises e suces­sos, Rich apon­ta que o grande difer­en­cial de Dizzy deu-se na cor­agem de reti­rar do sub­mun­do, os artis­tas – que, por serem “desen­hos ani­ma­dos” — eram demo­niza­dos pela sociedade tradi­cional­ista norte-americana.

    Rich Koslowski
    Rich Koslows­ki

    Viven­do uma fase som­bria, “ele começou a fre­qüen­tar partes cada vez mais perigosas e pouco recomen­dadas da cidade, até que final­mente, uma noite, encon­trou-se vagan­do (…) pela ‘Ani­malân­dia’” e con­heceu – tocan­do numa boate escon­di­da — o rat­in­ho Rick­ey”. Esse encon­tro muda toda a história do cinema.

    O tal­en­to e caris­ma de Rick­ey no pal­co fez Dizzy tomar uma ati­tude arrisca­da: levar para as telas os “ani­ma­dos”, mes­mo cor­ren­do o risco de perder sua dig­nidade, pois nes­sa época, ess­es bich­in­hos sofri­am bas­tante pre­con­ceito, viven­do na mar­gin­al­i­dade e esque­ci­dos pelo poder público.

    Ser um “ani­ma­do” era noci­vo, repug­nante e assus­ta­dor. A sociedade com­pos­ta pelos humanos excluiu a raça ani­ma­da do con­vívio social e a jogou — sem o mín­i­mo de cidada­nia — nos bair­ros per­iféri­cos, no qual muitos deles vivi­am da pros­ti­tu­ição, trá­fi­co de dro­gas e ani­mação em fes­tas infan­tis, onde as cri­anças con­tratavam os “ani­ma­dos” para vio­len­tá-los em orgias envol­ven­do recheio de chi­clete sin­téti­co, refrig­er­ante com alto teor de gás e brigadeiros industriais.

    O risco em tornar um “ani­ma­do” ícone pop era alto, mas Dizzy Wal­ters investiu todo seu din­heiro no filme “Rick­ey na Fer­rovia”. Sur­preen­den­te­mente, o suces­so foi ime­di­a­to! Mes­mo com todo o ceti­cis­mo enraiza­do na críti­ca de cin­e­ma espe­cial­iza­da, as plateias humanas acla­mavam o filme como “rev­olu­cionário”.

    Rich Koslows­ki afir­ma que:

    Rap­i­da­mente, todos os grandes estú­dios de cin­e­ma começaram a pro­duzir filmes estre­la­dos por atores ani­ma­dos. Seis meses após a estréia de ‘Rick­ey na Fer­rovia’, qua­tro dos maiores estú­dios lançari­am pro­duções estre­ladas ape­nas por elen­cos de atores animados.

    Assim, a indús­tria cin­e­matográ­fi­ca de ani­mação pro­move uma avalanche de filmes mar­ca­dos pelo fra­cas­so de bil­hete­ria. Por algum moti­vo descon­heci­do, o públi­co não respon­dia pos­i­ti­va­mente ao lança­men­to dos novos filmes que sur­gi­ram após o “fenô­meno Rickey”.

    O autor entre­vista (entre ex-atores e teste­munhos da época) Hans Wurstmacher:

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    Enquan­to os filmes ani­ma­dos não estre­la­dos por Rick­ey causavam pre­juí­zos aos atrav­es­sadores, pro­du­tores e exibidores, a fama de Dizzy e seu par­ceiro lotavam as capas de revista, jor­ran­do din­heiro por todos os lados!

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    A alta cúpu­la do setor de ani­mação em Hol­ly­wood estran­hou como Dizzy e Rick­ey tornaram-se, do dia para a noite, os novos mag­natas do cin­e­ma. Algo erra­do esta­va acon­te­cen­do nos cír­cu­los inter­nos do setor.

    O suces­so de Rick­ey aumen­ta­va a cada filme real­iza­do, mas para atin­gir a fama ime­di­a­ta os artis­tas sem­pre pagam um alto preço.

    at3

    Até o ano de 1946, ape­nas os filmes da dupla pros­per­avam, fazen­do Rick­ey tornar-se o maior super-astro ani­ma­do de todos os tem­pos, o que o lev­ou a casar-se com uma humana! A união afe­ti­va com Rosa Bel­mont pro­moveu uma grande dis­cussão étni­ca nos anos 40 nos Esta­dos Unidos: Humanos podem unir-se a Ani­ma­dos? Mes­mo com a fúria do públi­co con­ser­vador norte-amer­i­cano, sem dúvi­da, Rick­ey e Rosa que­braram os tabus em torno do amor entre seres tão distintos.

    A vida de Rick­ey e Dizzy esta­va no seu mel­hor momen­to, até que os seg­re­dos sobre o Rit­u­al são rev­e­la­dos à impren­sa a par­tir de uma denún­cia anôn­i­ma real­iza­da em 1948, que trouxe à tona um dos­siê fotográ­fi­co respon­sáv­el pela des­graça da car­reira de ambos. As ima­gens con­fir­mam: o Rit­u­al é uma ter­rív­el realidade.

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    A par­tir das ima­gens expostas por Rich, “Três Dedos” pro­move um debate com ex-atores ani­ma­dos fra­cas­sa­dos para com­preen­der a pos­sív­el lig­ação dos per­son­agens cen­trais com o escân­da­lo envol­ven­do o Ritual.

    Seria essas práti­cas macabras que o levaram à fama abso­lu­ta? É a par­tir des­ta fór­mu­la bizarra que os desen­hos ani­ma­dos con­seguem hip­no­ti­zar mil­hares de cri­anças atual­mente? Seria o “hor­ror” a palavra de ordem nas ani­mações que for­maram ger­ações de home­ns e mulheres?

    Numa rara aparição à Rich Koslows­ki, Rick­ey polemiza:

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    Comen­tários bom­bás­ti­cos bus­cam ques­tionar a indús­tria cin­e­matográ­fi­ca e avaliar o raio‑X do maior escân­da­lo da cul­tura pop nos anos 40.

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    Quem lem­bra do Pato Daniel? Engas­guin­ho? Ton­to? Liu Liu? Rapid­in­ho Rodriguez? Gafan­ho­to Can­tante? Per­nalou­ca? Frei­drich Von Gatze? Mil­lie Mar­su­pi­al? Pato Nil­do? Anti­gos grandes astros da ani­mação que hoje vivem em condições precárias, na maio­r­ia dos casos venden­do-se à indús­tria pornográ­fi­ca lig­a­da à cat­e­go­ria Zoo-She­male-Gag­fac­tor ou tra­bal­han­do nas zonas boêmias da Animalândia.

    A reper­cussão em torno do Rit­u­al pro­moveu ataques de artis­tas e políti­cos famosos (como Mar­i­lyn Mon­roe, o senador Theodore Iver­son, Mar­tin Luther King e J. F. Kennedy), que “se lev­an­taram con­tra o abu­so e trata­men­to ruim dado aos ani­ma­dos”. Poucos meses após a man­i­fes­tação de apoio aos ani­ma­dos, os mes­mo críti­cos que acusavam a indús­tria hol­ly­wood­i­ana por tais crimes sofr­eram trági­cos “aci­dentes de per­cur­so” até hoje inex­plicáveis. Have­ria algu­ma lig­ação entre essas mortes e o Ritual?

    Per­nalou­ca, após ser ques­tion­a­do por Rich sobre sua pos­sív­el lig­ação com rit­u­al, reage de for­ma surpreendente:

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    Desse modo, “Três Dedos” apre­sen­ta aos leitores o proces­so de con­strução dos mitos ani­ma­dos da TV e cin­e­ma. Anal­isa como a indús­tria da ani­mação lucra mil­hões de dólares, investin­do em filmes e séries tele­vi­si­vas infan­tis que movi­men­tam um mer­ca­do macabro, obri­g­an­do os artis­tas a se sub­me­terem ao Rit­u­al em tro­ca da fama, luxo e recon­hec­i­men­to de públi­co. Quan­do os pro­du­tores lucram tudo que podem, os jogam no esquec­i­men­to absoluto.

    O que está por trás do uni­ver­so dos filmes infan­tis? Até que pon­to nos­sos fil­hos devem con­sumir tais con­teú­dos, mar­ca­dos por uma atmos­fera de hor­ror e sub­mis­são? “Três Dedos” é um livro que pre­cisa ser lido e divul­ga­do ime­di­ata­mente nas esco­las, crech­es e aos pais mais cuida­dosos, como um aler­ta moral sobre a maldição envol­ven­do os desen­hos animados.

  • Querido Nikki

    Querido Nikki

    (Foto: Mai Fujimoto)
    (Foto: Mai Fujimoto)

    Havia o diário, onde eu podia escr­ev­er min­has ver­dades, min­has inqui­etações, min­has aflições pes­soais, min­has con­fis­sões, meus amores, e havia poe­sia, que era uma out­ra coisa, e que eu não enten­dia dire­ito o que era. Até que começaram a se aprox­i­mar os dois, enten­deu? As duas coisas começaram a se aprox­i­mar. Perce­bi que no ato de escr­ev­er a intim­i­dade ia se perder mesmo.

    (Ana Cristi­na César, Escritos no Rio, Brasiliense, 1993, p. 206)

    “O livro do travesseiro”, de Sei Shônagon
    “O livro do trav­es­seiro”, de Sei Shônagon

    No Japão as cri­anças são estim­u­ladas a escr­ev­er diários. Lá, o nik­ki não é só um reg­istro pes­soal. É con­sid­er­a­do gênero literário. Obras clás­si­cas, como “O livro do trav­es­seiro” (Maku­ra no Sôchi), de Sei Shô­nagon e “Con­tos de Gen­ji” (Gen­ji mono­gatari) podem ser clas­si­fi­ca­dos como diários ou mis­celâneas do gênero, já que a cat­e­go­riza­ção literária é flu­i­da no país de Mat­suo Bashô. Aliás, o poeta tem um céle­bre diário de viagem, “Sendas do Oku(Oku no Hosomichi). A palavra japone­sa oku, grosso modo, pode ser traduzi­da como “pro­fun­dezas”, o inte­ri­or mais pro­fun­do. No caso de Bashô, sig­nifi­ca­va a viagem que empreen­deu por todas as provín­cias japone­sas, chegan­do às aldeias mais remo­tas, no sécu­lo XVII.

    No oci­dente, ao con­trário do Ori­ente, o diário é con­sid­er­a­do rela­to pes­soal. Nos anos 50, era comum mul­heres, donas-de-casa e mães de família man­terem diários. Uma diarista famosa, a poeta Ana Cristi­na César, expli­ca o moti­vo: o diário é um inter­locu­tor. Ana C. perce­bia a difer­ença entre o diário pes­soal e o diário literário, mais aprox­i­ma­do da lit­er­atu­ra japonesa.

    "A teus pés", de Ana Cristina César
    “A teus pés”, de Ana Cristi­na César

    No Japão, o diário literário con­tém poe­mas e desen­hos, é um hai­bun, como o de Bashô. O diário de Ana C., pub­li­ca­do em “A teus pés”, difere do diário da escrito­ra neoze­landesa Kather­ine Mans­field, por exem­p­lo. Ana C. capricha na lin­guagem poéti­ca, enquad­ran­do a sua intim­i­dade sob o molde literário. O diário de Mans­field é o tipo de doc­u­men­to apre­ci­a­do pela críti­ca genéti­ca, que exam­i­na doc­u­men­tos pes­soais do escritor. A poe­sia de Bashô ou de Ana C., emb­o­ra pertençam à escri­ta da intim­i­dade, cat­e­go­rizadas como diários, são lit­er­atu­ra. O que difere um e out­ro é a lin­guagem que se emprega.

    No plano pes­soal, diário não é só para ficar baten­do-papo con­si­go, num exer­cí­cio exac­er­ba­do de auto-nar­ci­sis­mo. Fun­ciona como arqui­vo, para orga­ni­zar a memória. Para uma ger­ação de mul­heres edu­cadas para serem donas-de-casa ou servirem à família, os diários fun­cionavam como válvu­la de escape. Não bas­ta­va o con­fes­sionário da igre­ja para expi­ar as cul­pas. Essa ger­ação não havia sido intro­duzi­da ao dis­cur­so da psi­canálise e da psi­colo­gia. O diário era a saí­da para preser­var a sanidade mental.

    Andréa Del Fuego, Daniel Galera e Angélica Freitas
    Andréa Del Fuego, Daniel Galera e Angéli­ca Freitas

    Nos anos 90, os blogs se tornaram moda no Brasil. Blog é tam­bém uma espé­cie de diário. Lançaram mais de um escritor à cele­bri­dade: Fab­rí­cio Carpine­jar, Clarah Aver­buck, Marceli­no Freire, Andréa Del Fuego, Daniel Galera, Angéli­ca Fre­itas, todos tin­ham seus blogs, e reg­is­travam entradas diárias. Com Roland Barthes dec­re­tan­do a morte do autor, tornar-se autor já não era priv­ilé­gio de uma elite de pre­des­ti­na­dos. Os soft­wares que facil­i­tavam a pub­li­cação de diários eletrôni­cos aju­daram. Depois vier­am as redes soci­ais, e os blogs se tornaram ultrapassados.

    Fabrício Carpinejar, Clarah Averbuck e Marcelino Freire
    Fab­rí­cio Carpine­jar, Clarah Aver­buck e Marceli­no Freire

    Mes­mo depois da explosão das redes soci­ais, con­tin­uei a escr­ev­er em meu blog. Hoje ele já não é mais um con­fes­sionário vir­tu­al. Ain­da man­ten­ho o reg­istro da intim­i­dade, mas bus­co uma lin­guagem mais literária, próx­i­ma do nik­ki. O blog não bus­ca auto­ex­posição aleatória. E tam­bém quer preser­var o esta­do de solidão. Esta­b­ele­cer uma comu­ni­cação. Isso é lit­er­atu­ra: o meu caminho.

  • UCI Cinemas entra no Movimento 11 com descontos especiais para o Dia dos Namorados

    UCI Cinemas entra no Movimento 11 com descontos especiais para o Dia dos Namorados

    Foto UCI - divulgação Movimento 11Nada mais tradi­cional e român­ti­co para comem­o­rar o Dia dos Namora­dos do que uma sessão de cin­e­ma e pipoca, mas nesse ano o dia 12 de jun­ho cai bem no dia da aber­tu­ra da copa. E ago­ra? Pen­san­do no dile­ma enfrenta­do por muitos pom­bin­hos, a UCI par­tic­i­pa jun­to à Ambev do Movi­men­to 11. A ação con­vo­ca os casais a comem­o­rarem o Dia dos Namora­dos um dia antes, no dia 11 de jun­ho, com dire­ito a preços espe­ci­ais nos ingres­sos. Quem for aos com­plex­os da UCI no dia da real­iza­ção da cam­pan­ha terá um descon­to de 11% em cada tíquete. Vale tam­bém para as com­pras ante­ci­padas para sessões do dia 11.

    A UCI garante aos casais o dire­ito de cel­e­brar em grande esti­lo a data e ain­da torcer pela seleção no dia seguinte. Para asse­gu­rar o bene­fí­cio é pre­ciso aces­sar o site do Movi­men­to 11, imprim­ir o cupom e apre­sen­tar na bil­hete­ria. A pro­moção tam­bém é vál­i­da para meia entra­da e somente nos ter­mi­nais de atendi­men­to. Vale para as sessões 2D, 3D e salas XPlus. As sessões nas salas IMAX e Delux não par­tic­i­pam da ação. Em Curiti­ba (PR), a ação é vál­i­da para os cin­e­mas UCI Estação e UCI Palladium.

    Serviço:
    UCI Estação
    Rua Sete de Setem­bro, 2775/ loja C‑01
    Rebouças – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80230–010
    Tele­fones: (41) 3595–5555/ (41) 3595–5550

    UCI Pal­la­di­um
    Av. Pres­i­dente Kennedy, 4121/ Loja 4001
    Portão – Curiti­ba – Paraná
    CEP: 80610–905
    Tele­fone: (41) 3208–3344

  • A parceria entre Eduardo Baptistão e Daniel Piza

    A parceria entre Eduardo Baptistão e Daniel Piza

    Eduardo Baptistão
    Eduar­do Baptistão

    Dez anos. Esse foi o tem­po que durou a parce­ria entre o ilustrador Eduar­do Bap­tistão e o jor­nal­ista Daniel Piza. Durante esse perío­do, Bap­tistão foi respon­sáv­el pelas ilus­trações da col­u­na Sinopse, assi­na­da por Piza e pub­li­ca­da aos domin­gos no Cader­no 2 do jor­nal Estadão (Esta­do de S. Paulo).

    Pre­mi­a­do den­tro e fora do Brasil, Bap­tistão é dono de um traço incon­fundív­el, insti­gante e lúdi­co, car­ac­terís­ti­ca que impactou Daniel Piza. Gen­til­mente, Eduar­do abriu seu arqui­vo pes­soal para com­par­til­har com todos os leitores e leitoras do inter­ro­gAção algu­mas das ilus­trações que fez de Piza.

    Con­fi­ra tam­bém as impressões do ilustrador sobre a parce­ria de uma década:

    Começo da parceria

    Daniel já havia tra­bal­ha­do no Estadão no iní­cio dos anos 1990, depois pas­sou pela Fol­ha de São Paulo e Gaze­ta Mer­can­til. Voltou ao Estadão em 2000 como edi­tor exec­u­ti­vo e col­u­nista de cul­tura e esportes. No iní­cio da pub­li­cação — uma col­u­na sem­anal no Cader­no 2 -, ele procurou entre os ilustradores do jor­nal o esti­lo que mais se adap­ta­va à ideia que tin­ha, e acabou optan­do pelo meu. Durante todo o perío­do em que pub­li­cou a col­u­na Sinopse – pouco mais de 10 anos -, foram raros os domin­gos em que eu não a ilus­trei. Nes­sas ocasiões, em que eu esta­va em férias ou de fol­ga em algum feri­ado, quem nor­mal­mente me sub­sti­tuía era o meu ami­go e cole­ga Car­lin­hos Muller. Coube ao Car­lin­hos, por sinal, ilus­trar a últi­ma col­u­na que Daniel escreveu, pois eu cumpria a fol­ga de Natal.

    Daniel Piza no dia a dia

    Daniel gosta­va de con­ver­sar. Por ser um cara muito cul­to e infor­ma­do, eram sem­pre óti­mos papos! Não éramos ínti­mos a pon­to de abor­dar assun­tos pes­soais, mas sem­pre trocá­va­mos ideias sobre a col­u­na, sobre o tema pro­pos­to e, muitas vezes, eu lhe per­gun­ta­va se tin­ha algu­ma imagem em mente para a col­u­na da sem­ana. Ele sem­pre con­fiou na min­ha inter­pre­tação e me deu car­ta bran­ca para cri­ar. Em vez de enviar o tex­to por e‑mail, coisa que rara­mente fazia, Daniel prefe­ria levar o tex­to impres­so até a min­ha mesa, e sem­pre fazia algum comen­tário sobre o assun­to prin­ci­pal da col­u­na. Nes­sas ocasiões, eram tam­bém comuns as con­ver­sas sobre fute­bol, paixão que tín­hamos em comum, emb­o­ra fôsse­mos “rivais” – ele cor­in­tiano, eu palmeirense. Cheguei a jog­ar fute­bol com ele muitas vezes, nas peladas notur­nas orga­ni­zadas pelo pes­soal da redação. Daniel tin­ha muito bom domínio de bola e vocação de artil­heiro – mas, devo diz­er, isso era facil­i­ta­do pelo fato de jog­ar sem­pre “na ban­heira” [posição de impedimento].

    Repercussão das ilustrações

    É difí­cil falar sobre a reper­cussão das ilus­trações, porque rara­mente eu tin­ha algum retorno do públi­co sobre elas. De maneira ger­al, os leitores comen­tavam muito as col­u­nas, mas eram rarís­si­mos os comen­tários sobre as ilus­trações. Lem­bro de um desen­ho, de um fil­ho cor­ren­do em direção ao pai sen­ta­do no chão, que fiz para uma col­u­na sobre o dia dos pais, em que um leitor se declar­ou emo­ciona­do não só pelo tex­to, mas tam­bém pela imagem.

     'filho correndo para o pai sentado no chão'  (Eduardo Baptistão)
    Fil­ho cor­ren­do para o pai sen­ta­do no chão (Eduar­do Baptistão)

    Traços marcantes de Daniel Piza

    Algu­mas col­u­nas do Daniel eram escritas tão em primeira pes­soa que me sug­e­ri­am usar a figu­ra dele como per­son­agem da ilus­tração. Mas, nes­sas ocasiões, eu opta­va por ape­nas sug­erir o Daniel nos desen­hos, sem me pre­ocu­par muito com a semel­hança. No con­jun­to de ilus­trações que fiz para a col­u­na ao lon­go do tem­po, foram muitas em que o Daniel apare­cia de algu­ma forma.

    O que mais admi­ra­va no Daniel era a ver­sa­til­i­dade e a pro­dução cau­dalosa. Era notáv­el a sua capaci­dade de escr­ev­er sobre qual­quer assun­to, do fute­bol à culinária, da arquite­tu­ra à religião, da políti­ca à ciên­cia. E era notáv­el tam­bém a quan­ti­dade absur­da de col­u­nas, reporta­gens, resen­has, arti­gos e livros que ele escrevia, assim como a quan­ti­dade de livros lidos, de shows, con­cer­tos, peças e filmes assis­ti­dos e de dis­cos ouvi­dos para pro­duzir às vezes uma úni­ca col­u­na! Eu sem­pre o usa­va como refer­ên­cia, pelo tan­to que ele pro­duz­iu em tão poucos anos de vida em com­para­ção comi­go, qua­tro anos mais vel­ho e infini­ta­mente menos pro­du­ti­vo. Mas eu acred­i­to que ele era exceção e não parâmetro. Era, de fato, aci­ma da média.

    Veja abaixo as ilus­trações cri­adas pelo Eduar­do Bap­tistão de Daniel Piza:

  • Histórias Medonhas d’O Recife Assombrado, organização de Roberto Beltrão | Livro

    Histórias Medonhas d’O Recife Assombrado, organização de Roberto Beltrão | Livro

    Have you run your fin­gers down the wall and have you felt your neck skin crawl when you’re search­ing for the light? Some­times when you’re scared to take a look at the cor­ner of the room, you’ve sensed that some­thing’s watch­ing you.”

    (Você já cor­reu seus dedos pela parede e sen­tiu a pele da sua nuca arrepi­ar quan­do está procu­ran­do pela luz? Algu­mas vezes, quan­do você está com medo de olhar no can­to da sala, você sente que algu­ma coisa está lhe obser­van­do. – tradução livre).

    historias-medonhas-do-recife-assombrado-livroNa músi­ca “Fear of the Dark”, com­pos­ta pela idol­a­tra­da ban­da Iron Maid­en, o medo do escuro con­some, gera angús­tia e provo­ca o ator­men­ta­do pro­tag­o­nista, que pas­sa a apre­sen­tar uma fobia incon­troláv­el. Para ele, a ausên­cia de luz rev­ela o pavor impalpáv­el e arrepi­ante da “certeza de que há alguém lá”, escon­di­do nas som­bras. Essa mes­ma ideia está pre­sente no livro “Histórias Medonhas d’O Recife Assom­bra­do” (edi­to­ra Bagaço, 2007, 127 pági­nas), coletânea de relatos, con­tos e cau­sos sele­ciona­dos por Rober­to Bel­trão. Os acon­tec­i­men­tos fazem refer­ên­cia à cidade de Recife, cap­i­tal de Per­nam­bu­co, con­heci­da no país como pal­co de fenô­menos sobre­nat­u­rais e ativi­dades fantasmagóricas.

    A ideia da coletânea nasceu da paixão de três jovens ami­gos pelo assun­to, impul­sion­a­dos pela leitu­ra do livro “Assom­brações do Recife Vel­ho”, de Gilber­to Freyre. Na época, os rapazes estavam plane­jan­do pub­licar um jor­nal ou escr­ev­er um livro sobre o tema, mas o assun­to foi abafa­do com o pas­sar do tem­po. No entan­to, no iní­cio de 2000, a temáti­ca voltou à tona com força total na vida do trio, resul­tan­do na cri­ação do site O Recife Assom­bra­do, espaço onde os inter­nau­tas podem colab­o­rar com depoi­men­tos, con­tos e nar­ra­ti­vas de ficção sobre exper­iên­cias inexplicáveis.

    Em 2002, o site foi indi­ca­do pelo insti­tu­to iBEST como um dos dez mel­hores sites pro­duzi­dos em Per­nam­bu­co. No espaço, os con­tos ficam lado a lado com quadrin­hos, relatos, nar­ra­ti­vas em áudio e links de vídeos. Todo esse mate­r­i­al foi sele­ciona­do pelo jor­nal­ista Rober­to Bel­trão, um dos rapazes do trio, e pub­li­ca­do como coletânea.

    The Haunted House (Daniele Montella)
    The Haunt­ed House (Daniele Montella)

    Histórias Medonhas d’O Recife Assom­bra­do” mis­tu­ra a ficção do uni­ver­so literário (con­tos) com relatos de teste­munhas, iden­ti­fi­cadas ou não. Entre lendas urbanas, estórias e ficções, o leitor entra em con­ta­to com o uni­ver­so intangív­el da vida após a morte, tema que con­tin­ua impres­sio­n­an­do e per­tur­ban­do o homem.

    Ghosts (Joe-Roberts)
    Ghosts (Joe-Roberts)

    Muito antes do pre­domínio do cin­e­ma, tele­visão, rádio e inter­net, as nar­ra­ti­vas orais eram respon­sáveis pela con­strução do con­hec­i­men­to e das exper­iên­cias, repas­sadas de ger­ação em ger­ação. Na roda de con­ver­sas, criat­uras medonhas exer­ci­am papel essen­cial na hora de “edu­car” cri­anças, repri­m­in­do-as. Cau­sos como “o vel­ho do saco” (sujeito que rap­ta e come cri­anças), “a loira do ban­heiro” (aparição que escol­he ban­heiros esco­lares para se mate­ri­alizar) e a “per­na cabe­lu­da” (per­na licantropa que agride transe­untes em ple­na madru­ga­da) eram repas­sa­dos de boca em boca, deixan­do os pequenos, assim como os mar­man­jos, ater­ror­iza­dos. Ativi­dades mediúni­cas, como a con­heci­da “brin­cadeira do copo” (uma supos­ta invo­cação de espíri­tos) são trans­mi­ti­das até hoje entre gru­pos, cau­san­do grande fris­son. Fan­tas­mas, chama­dos muitas vezes de ‘almas penadas’, ain­da são os campeões de audiên­cia no que se ref­ere a relatos fantásticos.

    Residên­cias mal assom­bradas, sons de gri­tos, choros, ranger de dentes, vul­tos brux­u­leantes e mor­tais apa­vo­ra­dos com a pos­si­bil­i­dade de con­ta­to com o além estão entre as nar­ra­ti­vas espal­hadas pelo livro de Bel­trão. Há sem­pre um espíri­to incon­for­ma­do para faz­er com­pan­hia a moradores apa­vo­ra­dos. Den­tre os relatos e con­tos, destaque para Casarão de Setúbal, O baú, O pré­dio do Espin­heiro, A casa, O caseiro e Madru­ga­da no quar­tel, por retratarem histórias de man­i­fes­tações para­nor­mais fazen­do asso­ci­ação a obje­tos e lugares. A série Haunt­ed Col­lec­tor, veic­u­la­da pelo canal de TV por assi­natu­ra Syfy, abor­da exata­mente essa conexão entre matéria (físi­co, cor­po) e ener­gia (espíri­to, metafísica).

    historias-medonhas-do-recife-assombrado-livro-3Na parte aber­ta­mente fic­cional, não pude deixar de notar a semel­hança entre o con­to “O demônio e a rosa”, escrito por Lil­iane Batista de Moura, com a ficção de Robert Louis Steven­son (1850–1894) em “Janet do pescoço tor­ci­do” (Thrawn Janet). Steven­son ficou con­heci­do mundial­mente pela nov­ela “O médi­co e o mon­stro” (The strange case of Doc­tor Jekyll and Mis­ter Hyde), pub­li­ca­da em 1886.

    Janet do pescoço tor­ci­do” e “O demônio e a rosa” falam sobre mul­heres amaldiçoadas por faz­erem pacto com o demônio, cuja aparên­cia e com­por­ta­men­to reme­tem a um esta­do “mor­to-vivo”, que enche de hor­ror todos os que se aprox­i­mam. A semel­hança entre Rosa e Janet é grande, des­de o aci­dente que sofrem até a aparên­cia físi­ca que adquirem.

    Em “Vírginia”, o con­to chama a atenção pelo caráter ultra­r­român­ti­co, onde é pos­sív­el localizar car­ac­terís­ti­cas como fuga da real­i­dade para o mun­do da fan­ta­sia, ide­al­iza­ção da mul­her ama­da, escapis­mo e con­sciên­cia da solidão. O nar­rador nun­ca chegou a con­hecer Virgí­nia, mul­her por quem se apaixo­nou, já que a moça mor­reu muitos anos antes. Ao olhar seu retra­to em uma lápi­de no cemitério, o pro­tag­o­nista começa a imag­i­nar a mor­ta e dese­já-la. A con­se­quên­cia desse amor tran­scende expli­cações razoáveis e cul­mi­na em ativi­dades paranormais.

    "Saturno devorando seu filho'' (Francisco Goya)
    “Sat­urno devo­ran­do seu fil­ho” (Fran­cis­co Goya)

    Histórias Medonhas” é inter­es­sante, diver­tido e, antes de provo­car ter­ror ou espan­to, inci­ta a imag­i­nação do leitor. São histórias de criat­uras bizarras e almas penadas que começam a causar pal­pi­tações na infân­cia, seguin­do para out­ras fas­es da vida com maior ou menor inten­si­dade. O mis­tério da morte ain­da obce­ca o homem, desafian­do sua pre­ten­são de explicar, à luz da ciên­cia, todos os fenô­menos que o cercam.

    Para quem é fasci­na­do pelas histórias de Edgar Allan Poe, Robert Louis Steven­son, Charles Dick­ens, Álvares de Azeve­do, Guy de Mau­pas­sant e Hen­ry James, as pági­nas de “Histórias Medonhas d’O Recife Assom­bra­do” vão con­seguir atrair, diver­tir ou, quem sabe, assombrar.

  • 4ª edição do Ugra Zine Fest acontece em setembro em São Paulo

    4ª edição do Ugra Zine Fest acontece em setembro em São Paulo

    teaser_1_para_blogCon­fir­ma­da para os dias 20 e 21 de setem­bro, a quar­ta edição do Ugra Zine Fest acon­te­cerá no Cen­tro Cul­tur­al São Paulo e prom­ete reunir o que há de mel­hor no panora­ma dos zines, dos quadrin­hos inde­pen­dentes e da cul­tura alter­na­ti­va atu­ais em uma pro­gra­mação inten­sa e diver­si­fi­ca­da. Ao todo serão 4 palestras, 2 debates, 2 ofic­i­nas 2 exposições, 2 shows e, obvi­a­mente, uma deli­ciosa feira de publicações.

    Detal­h­es sobre as ativi­dades e sobre a par­tic­i­pação na feira serão divul­ga­dos em breve.

    O Ugra Zine Fest (ou sim­ples­mente UZF) é um even­to anu­al ide­al­iza­do e orga­ni­za­do pela Ugra Press – edi­to­ra, loja vir­tu­al e pro­du­to­ra paulis­tana com foco na fomen­tação e divul­gação da cul­tura inde­pen­dente. Sua primeira edição, em 2011, foi real­iza­da prati­ca­mente sem recur­sos, con­tan­do ape­nas com a aju­da de ami­gos inspi­ra­dos pela máx­i­ma punk do “faça você mes­mo”. Des­de a sua ter­ceira edição, o Ugra Zine Fest man­tém parce­ria com o Cen­tro Cul­tur­al São Paulo, um dos mais tradi­cionais pon­tos de cul­tura da cidade. O UZF foi duas vezes indi­ca­do ao Troféu HQ Mix na cat­e­go­ria “even­to”.