No próximo sábado (02), os brasileiros poderão assistir, ao vivo e em alta resolução, à “Parsifal”, célebre ópera do compositor alemão Wagner, cujo bicentenário é celebrado este ano. A produção será transmitida, direto do Metropolitan Opera House, nas telonas de 12 cinemas da rede UCI, a partir das 14h. Em Curitiba (PR), a apresentação estará em cartaz nos cinemas UCI Estação e UCI Palladium. Além da extraordinária apresentação, os espectadores poderão acompanhar os bastidores e entrevistas com as estrelas, feitas exclusivamente para o cinema.
Com três atos, a ópera se passa nas legendárias colinas do Monte Salvat, na Espanha, onde vive uma fraternidade de cavaleiros do Santo Graal. O espetáculo versa sobre o pecado, a dor, a redenção, e a cura. No elenco, Jonas Kaufmann é o protagonista ingênuo, que encontra a sabedoria nesta nova visão de François Girard, diretor de “O Violino Vermelho”, longa ganhador do Oscar de Melhor Trilha Sonora. Também, compõem o casting, a soprano Katarina Dalayman, como a mistériosa Kundry, o barítono Peter Mattei, como o rei Amfortas, o baixo-barítono Evgeny Nikitin ‚como o perverso feiticeito Klingsor, e René Pape como o nobre cavaleiro Gurnemanz. Todos sob a condução de Daniele Gatti.
“Parsifal” foi a última obra da carreira de Wagner e teve sua estreia em Bayreuth, em 26 de Julho de 1882. Pioneiro em avanços de linguagem musical, que tiveram grande influência no desenvolvimento da música erudita europeia, Wagner faleceu menos de um ano depois de lançar o espetáculo.
Em 2013, ainda serão transmitidos mais duas óperas do MET: Francesca da Rimini (16/03), com condução de Marco Armiliato; e Giulio Cesare (27/04), com o alto tenor mais aclamado do mundo, David Daniels, que encerra a temporada de apresentações.
Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) e poderão ser adquiridos nas bilheterias dos cinemas e nos terminais de autoatendimento. Os bilhetes também podem ser comprados no site da rede: http://www.ucicinemas.com.br/met-opera/
Veja aqui os trailers do 1º e 2º Ato de Parsifal:
httpv://www.youtube.com/watch?v=g7-Gtu8lhmY
httpv://www.youtube.com/watch?v=80BKuBxJvBQ
SERVIÇO: UCI Estação – Sala 05
Rua Sete de Setembro, 2775/ loja C‑01
Rebouças – Curitiba – Paraná CEP: 80230–010
UCI Palladium – Sala 04
Av. Presidente Kennedy, 4121/ Loja 4001
Portão – Curitiba – Paraná CEP: 80610–905
O documentário TPBAFK: The Pirate Bay Away From Keyboard (2013), dirigido pelo sueco Simon Klose, acompanha o processo judicial por pirataria enfrentado pelos três criadores do site The Pirate Bay entre os anos 2008 a 2012. Talvez você esteja se perguntando “legal, mas o que eu tenho a ver com toda essa história?” e é aí que entra o ponto principal do longa. Ele não é a respeito da vida dos fundadores do site ou uma imersão no mundo do copyright, mas sim um filme sobre a liberdade de compartilhar e o futuro da própria internet.
Para quem não conhece, o The Pirate Bay é possivelmente o maior site de torrents da internet e, uma hora ou outra, acaba sendo um ponto de parada obrigatória para quem costuma fazer downloads. Mas se você pensou, ou só ouviu falar, que lá é apenas um paraíso de arquivos ilegais, onde você pode encontrar praticamente tudo que quiser para baixar, está completamente enganado. O seu propósito é simplesmente possibilitar o compartilhamento de arquivos, mas o que os usuários vão fazer com esse serviço, já é completamente outra história.
os fundadores do The Pirate Bay: Gottfrid (anakata), Peter (brokep) e Fredrik (TiAMO)
Apesar da ideia inicial de que assistir a um documentário sobre um processo judicial seja algo maçante e restrito apenas para fãs da causa da internet livre, o ótimo trabalho de edição de Per K. Kirkegaard, faz com que você praticamente não sinta o tempo passando. Esta foi inclusive uma das maiores preocupações do diretor, ele tinha filmado muito material, mas não queria mostrar aquilo de uma maneira chata, então criou um projeto no KickStarter para conseguir contratar um editor profissional. Ele estimou o custo para isso de $25.000 e conseguiu atingir essa meta em menos de três dias, conseguindo no total $51,424. Também vale a pena destacar a ótima trilha sonora criada por Ola Fløttum, que é sutil mas muito envolvente. Para quem está preocupado em não entender alguns termos técnicos, há uma explicação deles durante o filme, então não precisa se preocupar.
O título do documentário veio da abreviação AFK (Away From Keyboard — que seria algo como: Longe Do Teclado) que é uma oposição a ideia da sigla IRL (In Real Life — Na Vida Real), utilizada por algumas pessoas para designar quando algo acontece no mundo fora das telas dos computadores. O IRL separa o on do offline, enquanto o AFK vê o online apenas como uma extensão do offline, ou seja, está incluso no que podemos perceber como realidade e não como algo imaginário ou ficcional. Os três fundadores do site, como a maioria dos membros do Partido Pirata, exibidos no documentário, se conheceram inicialmente pela internet e o fato deles nunca terem se encontrado pessoalmente, não foi um obstáculo para poderem criar uma relação verdadeira de amizade e confiança.
Monique Wadsted, a advogado que representa Hollywood no processo
Um dos motivos do diretor ter feito o filme, era que ele não conseguia ver a relação que a indústria de mídia faz alegando que o compartilhamento de arquivos é uma ameaça à criatividade. Para ele, o acesso irrestrito à cultura era o cerne da revolução online, onde qualquer expressão artística imaginável pudesse aflorar criativamente. De um lado, seus amigos artistas estavam sofrendo pela redução nas vendas, mas por outro, as possibilidades de produzir, comercializar e distribuir a arte deles tinha mudado fundamentalmente para melhor. Ele ficou então pensando que deveria haver formas de construir uma próspera economia digital, que incorporasse essas novas ferramentas, em vez de criminalizá-las. Com este documentário Simon espera levantar questionamentos a respeito desse processo legal e também dos já realizados contra pessoas que compartilhavam arquivos, para que este cenário mude.
Simon Klose no vídeo da campanha do KickStarter
Esse foi um dos motivos para que que o documentário fosse distribuído sob a licença BY-NC-SA da Creative Commons, assim qualquer um pode compartilhar e modificar com atribuições, mas não pode fazer uso comercial da mesma. Simon até fez um post no blog do documentário explicando detalhadamente porque ele escolheu esta licença. O diretor incentiva não só que as pessoas façam o download, mas que também compartilhem e remixem o filme, criando outras obras. A mesma proposta também foi feita, e inclusive o remix foi parte da produção, pelo documentário RIP!: Um Manifesto Remix, do canadense Brett Gaylor, provavelmente o primeiro documentário aberto (open source) criado.
Câmera pirata no Festival
TPBAFK: The Pirate Bay Away From Keyboard foi lançado dia 8 de fevereiro de 2013 no 63º Festival Internacional de Filmes em Berlim e também simultaneamente na internet, uma atitude totalmente condizente com toda a filosofia do site. Inclusive uma pessoa que foi ao festival fez uma filmagem pirata do mesmo, grudando uma câmera na cadeira com silver tape, captando além do filme completo, o bate-papo com o diretor após a exibição. Veja o mesmo no YouTube ou faça o download via torrent.
Desta vez se você ficou interessado em assistir o filme, não vai ter somente a possibilidade de assistir ao trailer logo abaixo, como também vê-lo na íntegra legendado pelo YouTube. Se quiser também pode fazer o download em diferentes qualidades (480p, 720p e 1080p) e baixar a legenda separadamente.
Trailer:
Filme Completo:
httpv://www.youtube.com/watch?v=eTOKXCEwo_8
O australiano Chris Jones é um artista, animador e músico que se formou em Design Industrial na University of Technology em Melbourne e depois foi trabalhar como game artist na Beam Software (que depois virou Infogrames, Atari, agora Krome). Em 1998 começou a trabalhar nos horários livres em um curta, para servir de portfólio do seu trabalho, mas pouco sabia que este projeto iria mudar totalmente a sua vida. O tempo foi passando e a animação foi ganhando tamanha proporção que, para poder terminá-la, decidiu largar o emprego em maio de 2000 e viver somente do dinheiro que tinha economizado.
Depois de seis longos anos em um quarto com seu computador, finalmente conseguiu terminar o curta The Passenger (2006), que tem 7 minutos de duração. Ele foi o responsável por criar tudo no projeto: os sons, a música, a direção, os personagens, a animação, … financiando todo o equipamento necessário e seu sustento através daquelas economias que tinha feito, talvez uma das poucas opções em uma época onde nem se imaginava sites de crowdfunding.
A ideia inicial de The Passenger era que algo estranho acontecesse dentro de um ônibus e que fosse meio assustador. Assim surgiu o enredo de um viciado em livros que, para fugir de uma tremenda chuva e um cachorro louco que encontra, enquanto está andando tranquilamente lendo o seu livro, resolve entrar em um ônibus. Nele acaba encontrando um peixinho nada comum dentro de uma sacolinha de plástico.
Chris documentou todo o processo de criação do seu projeto em um blog, que tem o divertido subtítulo “como fazer um filme de sete minutos em apenas oito anos”, onde ele conta vários detalhes muito interessantes da produção, como a péssima escolha que foi criar o personagem com mãos e pés grandes, que complica muito a vida na hora de animá-lo. Esses relatos são definitivamente uma consulta obrigatória para quem pensa ou já se aventura no mundo da animação digital.
No site também tem uma área de informações inúteis, onde ele compilou vários dados da criação do mesmo como: o curta contém 10.056 frames e o tempo médio de render foi 3 horas por frame, 192 trilhas de efeitos sonoros e que durante a produção do mesmo, as trilogias Star Wars, O Senhor do Anéis e Harry Potter foram feitas (não por ele).
Sabendo de tudo isso agora, você com certeza vai apreciar e se divertir ainda mais o curta!
httpv://www.youtube.com/watch?v=OGW0aQSgyxQ
Se você gostou do projeto e quiser apoiá-lo, o autor está vendendo o DVD com vários materiais extras no site.
O diretor inglês Peter Greenaway já vem divulgando desde a década de 80 a sua ideia de que o cinema morreu e em seus últimos projetos, como na trilogia As maletas de Tulse Luper, expande a experiência do cinema inicialmente limitado apenas às suas salas escuras. Devido a exploração mercadológica cada vez maior nesta indústria, é fácil que subprodutos de um longa sejam produzidos para tentar simular esta expansão, mas na verdade são somente pequenos extras ou um making of do que já foi feito, não mudando realmente a experiência cinematográfica em si. Ou seja, são apenas outros meios para conseguir mais dinheiro do consumidor.
É aí que está a grande diferença da graphic novelThe Fountain, escrita por Darren Aronofsky e ilustrada por Kent Williams, que foi lançada pelo selo Vertigo da DC Comics em 2005 e ainda é inédita no Brasil. Apesar de ter sido praticamente desenvolvida em paralelo ao filme A Fonte da Vida, lançado em 2006 e dirigido pelo próprio Aronofsky, ela foi criada de maneira completamente independente. A base dos dois é a sua história, mas as semelhanças praticamente acabam por aí. Temos em cada um desses projetos uma versão diferente do enredo inicial, que utilizam ao máximo todas as possibilidades da mídia na qual foi adaptada, respeitando a sua própria linguagem e estilo. Algo similar acontece quando uma adaptação de um livro para as telas não tenta reproduzir a experiência da leitura, mas sim criar algo novo utilizando a linguagem do cinema.
Tomás em busca da Árvore da Vida
Se você ainda não conhece a história principal, ela narra em três diferentes tempos a jornada de um mesmo personagem (Tomás, Tommy e Tom) em busca da imortalidade para poder ficar junto a sua amada. As três narrativas vão se alternando e uma é interdependente da outra, ou seja, é necessário que o personagem resolva a mesma questão nesses espaços diferentes de tempo para que ele possa finalmente concluir a sua própria história.
Darren Aronofsky
Este provavelmente ainda é o projeto mais ambicioso de Aronofsky — posição que talvez vai ser tomada pelo seu novo longa Noé, previsto para 2014 — e também foi o que mais dividiu o público, como ele mesmo comentou em uma entrevista. Isso não só pelo estilo narrativo e pela complexidade dos cenários e situações, algo parecido com que o recente A Viagem dirigido por Tom Tykwer e pelos irmãos Wachowski fez, mas também pelo seu tema principal: aceitar a morte, ou o fim, assim como as nossas próprias limitações como seres humanos.
Tom em direção a Xibalba
Por conta do seu alto custo, o projeto foi oficialmente encerrado em 2002, mas o diretor resolveu reescrever todo o roteiro para que ele deixasse de ser uma super produção e seguisse a mesma linha de filmes indie de baixo orçamento, que o mesmo havia feito até aquele momento.
Kent Williams
Logo no início das negociações do filme, Aronofsky sabia que este seria um projeto muito difícil, então ele e o produtor lutaram de antemão para que os direitos da graphic novel fossem garantidos de qualquer forma. Quando entrou em contato com a Vertigo, lhe indicaram o artista Kent Williams e, apesar de não o conhecer, cada vez que ia recebendo mais exemplos de seus trabalhos, ficava ainda mais empolgado com essa parceria. Depois de iniciado as produções, eles brincavam bastante a respeito de qual dos dois iriam terminar primeiro, o longa ou a HQ. Quase houve um empate, mas a graphic novel ficou pronta um ano antes do filme.
Capas da série lançada pela Editora Abril
Williams é um ilustrador americano que já trabalhou para várias editoras de quadrinhos, sendo responsável pelas artes do Wolverine na aclamada série Wolverine & Destrutor: Fusão, lançado aqui no Brasil em quatro edições pela Editora Abril no ano de 1989. Hoje em dia ele deixou um pouco as HQs de lado para se focar mais em suas pinturas, apesar de ter admitido em uma entrevista que está trabalhando em um quadrinho autoral, mas que não tem prazo para terminar. Se você tiver interesse, pode acompanhar seus trabalhos mais recentes neste blog ou em seu site oficial.
Em The Fountain foi possível realizar graficamente todos os detalhes do enredo, que em outra mídia como o cinema, provavelmente seria financeiramente impossível. Este é na real é um dos grandes trunfos de uma história em quadrinho, em um desenho pode-se criar tudo que se imagina e até coisas que são impossíveis de existir. M.C. Escher era, por exemplo, um especialista nesta área, sem ficar se preocupando muito com orçamentos. Isso vale também no quesito de sair do pudor hollywoodiano, nos desenhos não é preciso lidar com a limitação dos estúdios e dos próprios atores. Por exemplo, os personagens da HQ estão completamente nus dentro da bolha, enquanto no filme estão vestidos dos pés á cabeça.
Tommy em busca da cura do câncer
No começo, os desenhos de Williams podem gerar um certo estranhamento, pois ele varia bastante o estilo ao longo da história. Os traços vão desde somente alguns contornos, parecendo um pouco com rascunhos, à páginas completamente coloridas até nos mínimos detalhes. Além dessa grande variação de detalhamento e cor, que cria uma personalidade muito interessante nos desenhos, se nota uma clara separação entre os três diferentes tempos que a história se passa, tanto pela divisão gráfica dos quadros e suas cores determinantes, quanto pela cor utilizada no fundo para preencher o espaço vazio.
O uso de somente duas fontes nos textos, uma para os diálogos e outra para narração, acaba quebrando um pouco toda essa diversidade dos desenhos, mas consegue assim manter uma experiência de leitura bem agradável. É interessante também notar que algumas legendas no início são descrições de sons ou estados dos personagens naquele quadro, como se fosse um roteiro para o filme, mas que durante o desenvolver da história assume uma linguagem mais característica dos quadrinhos.
Tom começando a aceitar o seu destino
Pode-se até pensar que The Fountain poderia ser algo como uma “versão do diretor” do longa, mas isto seria equivocado. Também está longe de ser um storyboard do mesmo. Como mencionei anteriormente, ela é uma experiência completamente diferente do filme, sendo uma nova interpretação ao invés de apenas mais uma repetição do que você já viu nas telas. Alguns talvez até podem afirmar que esta HQ é algo mais para um fã do longa ou do diretor. Não posso discordar desta afirmação, mas acredito que a mesma sobrevive tranquilamente como uma obra independente e única no mundo das graphic novels.
Como a HQ ainda é inédita aqui no Brasil, é possível comprá-la em inglês no site de livrarias como a Saraiva e a Cultura. Se você já comprou ou pretende comprar, uma experiência que pode ser bem interessante é a leitura dela junto com a trilha sonora do filme criada por Clint Mansell, que é simplesmente sensacional.
Há livros que te encantam do início ao fim, não só pela sua história mas também por conta das suas ilustrações e seus vários pequenos detalhes, onde você se vê o pegando inúmeras vezes apenas para tentar descobrir algo novo ou reler um trecho rapidinho. Foi exatamente esta experiência que tive depois de ler Contos de Lugares Distantes do escritor e quadrinista australiano Shaun Tan, lançado aqui no Brasil pela Cosac Naify e traduzido por Érico Assis.
Ele é composto de quinze contos, que variam desde alguns bem curtinhos (de uma ou duas páginas), até outros mais longos. Apesar de todos terem no mínimo um pé dentro do mundo fantástico, não são o tipo de histórias que você diria serem impossíveis de acontecer, pois são contadas como se fossem algo totalmente corriqueiro e também por usar elementos ou objetos presentes no dia a dia da maioria das pessoas.
é engraçado que hoje em dia, em que toda casa tem seu míssil balístico intercontinental, você mal se lembre dele.
Logo no primeiro texto já é possível perceber que este não é exatamente um livro para crianças, pois possui um humor mais sofisticado e muitas vezes acaba sendo meio assustador também. O autor contou em uma entrevista que se inspirou no estilo da série Além da Imaginação (The Twilight Zone) que assistia quando criança para escrevê-los, que acaba explicando bem esse clima meio fantástico e horripilante. Os adultos que acompanharam a série e apreciam belos desenhos, com certeza vão se deleitar nesta obra.
Ilustração do conto “Brinquedos Quebrados”
O feriado sem nome acontece uma vez por ano, geralmente por volta do fim de agosto, às vezes em outubro. É esperado tanto por crianças como por adultos com um misto de emoções: não é propriamente festivo, mas ainda assim é uma espécie de comemoração, cuja origem há muito se esqueceu.
Falando em desenhos, a primeira coisa que mais chama atenção no livro são todas as ilustrações magníficas. Folheando ele com mais calma, é possível também perceber que muitas das imagens não são simplesmente para ilustrar a narrativa, mas também fazem parte dela. Alguns contos são totalmente visuais, como no caso de “Chuva ao Longe” ou “Faça Seu Próprio Animal de Estimação”, que são feitos totalmente de recortes. Ao lê-los você volta a ser criança, com aqueles olhos admirados tentando ver todos os detalhes e possíveis histórias escondidas por trás de cada desenho. Sem falar em todo o cuidado na impressão do mesmo, que aliás é um dos grandes méritos dos livros da editora Cosac Naify.
Secretamente, eu estava ansioso para receber um visitante estrangeiro — tinha tantas coisas para mostrar a ele. Pelo menos uma vez eu poderia ser um expert da região, uma fonte de informações e de comentários interessantes. Por sorte, Eric era muito curioso e estava sempre cheio de perguntas. Porém, não era o tipo de pergunta que eu estava esperando.
“O búfalo do rio” que sempre apontava na direção certa
Um dos contos mais marcantes é “alertas mas sem alarme”, que é bem ao estilo de Crônicas Marcianas (Editora Globo) do Ray Bradbury, onde cidadãos comuns recebem um míssil balístico para colocar em seus jardins, sentindo assim participantes da segurança nacional. Só que o tempo foi se passando e aqueles objetos gigantes apenas ficavam parados em seus quintais e aos poucos as pessoas foram descobrindo maneiras bem criativas da dar utilidade a eles.
A história mais bizarra e horripilante é “Os gravetos”, que conta a história de um lugar onde gravetos andam pelas ruas e enquanto as crianças mais novas tentam se divertir com eles vestindo roupas velhas como se fossem espantalhos, os garotos mais velhos adoram sair batendo e destruindo eles. Os adultos sempre os reprimem por mexer com eles, mas nunca explicam o por quê. Também há a bem divertida “nossa expedição” onde dois garotos intrigados com o que poderia ter nos lugares onde o mapa termina, vão em busca para saber se realmente não há nada além daquele limite do papel e acabam fazendo uma descoberta no mínimo intrigante.
Bem, a sua avó e eu nos casamos lá do outro lado dele, muito antes de vocês existirem. Claro, os casamentos eram bem mais complicados naquele tempo, não eram essas coisas melosas de hoje em dia. Para começar, a noiva e o noivo eram enviados para bem longe antes da cerimônia, e só tinham permissão para levar uma foto ao partir, nada além disso, até voltarem, o que podia demorar bastante tempo.
Desenhos da contra-capa do livro
Ao falar de contos fantásticos talvez alguns lembrem do Coisas Frágeis do Neil Gaiman, mas os dois possuem um estilo de narrativa totalmente diferente. Tan é mais minimalista e relaciona as histórias mais ao cotidiano, enquanto Gaiman explora um lado mais místico e lendário.
Shaun Tan
Shuan Tan é formado em artes plásticas e literatura inglesa na Universidade da Austrália Ocidental. Iniciou sua carreira como ilustrador em revistas de ficção científica e lançou seu primeiro livro O Observador (The Viewer) em 1997. A ideia para Contos de Lugares Distantes surgiu de alguns pequenos rascunhos que mantinha em um caderno de desenhos, que pode ser visto abaixo em um vídeo que mostra o estúdio do autor. O site oficial do autor também é muito legal, seguindo bastante também o estilo de recortes e desenhos, vale a pena dar uma visitada.
Emil Johansson era uma criança que gostava muito de ler e foi bastante incentivado pela sua mãe para isso. Um dia, ela fez questão de falar para o filho que talvez O Senhor dos Anéis (Editora Martins Fontes) fosse muito difícil para ele ler. E adivinha o que aconteceu? Ele leu os livros e adorou! E não parou por aí, foi ler O Silmarillion (Editora Martins Fontes) também para saber mais sobre a Terra Média. Sem se dar conta, começou a montar pequenas árvores genealógicas dos personagens para conseguir entender melhor as histórias desse mundo fantástico, principalmente porque Tolkien criava muitos personagens e eles tinham nomes extremamente incomuns.
De pequenos rascunhos foi para papéis gigantes e essa tarefa virou uma obsessão. Decidiu que para não ficar muito confuso e poder organizar melhor tudo, iria montar uma planilha no Excel com esse desenho. Depois de pronta, queria compartilhá-la e a enviou para um site publicar, mas ela foi rejeitada pois havia muitos furos e erros, mas provavelmente também porque era feia demais. Totalmente devastado por essa resposta, Emil desistiu de continuar com o projeto. Só retomou novamente com a ideia durante a universidade, após contar esse seu segredo obscuro para um amigo que o incentivou a ele mesmo divulgar na internet esse projeto. E assim, não só voltou a alimentar novamente essa paixão como também achou um ótimo meio para poder fugir dos estudos, algo que almejava muito.
Planilha em Excel criada por Emil
Emil inicialmente procurou um software que o ajudasse a criar a árvore genealógica para publicar na web, mas não encontrou nada que pudesse fazer aquilo que queria, então simplesmente decidiu que ele iria criar um programa para isso. Mas ele não tinha qualquer conhecimento em programação e estava cursando Engenharia Química na Chalmers University of Technology na Suíça, área que provavelmente não iria o ajudar muito com isso. Mas ele era um usuário assíduo do Google e isso foi o suficiente para que aprendesse todos os códigos necessários para construir sua ideia. Para que ficasse mais fácil de atualizar as informações, ele criou um banco de dados com todos os nomes dos personagens e as suas relações. O projeto finalmente entrou no ar em janeiro de 2012 sob o nome LOTR Project (LOTR é a sigla para Lord of the Rings), que traduzido literalmente ficaria Projeto SDA.
Árvore Genealógica no site com informações sobre cada personagem
O site logo fez bastante sucesso não só entre os fãs da Terra Média, mas também da mídia, onde foram publicadas matérias em vários jornais grandes como Wired, Time Magazine, The Guardian e Huffington Post, onde o último deles inclusive o chamou de “King Geek” (algo como o rei dos nerds). Além disso, ele também recebeu e‑mails de professores que queriam usar a árvore genealógica nas aulas e também um curioso pedido de um hotel que queria colocá-la em sua parede. Tudo isso foram mais do que bons incentivos para ele continuar investindo no projeto.
A partir daí o LOTR Project também passou a ter, com a ajuda de colaboradores, vários outros tipos de informações interessantes, como um mapa interativo, dois aplicativos para Android, uma coletânea de infográficos e várias outras coisas legais. Se você quiser, há uma página com a lista de todos os projetos dentro do site, um verdadeiro tesouro para os fãs e também para designers e até programadores web que queiram ver coisas mais diferentes feitas para a internet. Aos poucos Emil está inserindo no banco de dados informações como data de nascimento e morte dos personagens. No futuro gostaria de que os visitantes pudessem ter total controle de como a árvore é exibida e também conseguir descobrir novas estatísticas interessantes sobre a população deste mundo. Recentemente ele adicionou dados do O Hobbit (Editora Martins Fontes), inclusive com algumas informações e infográficos interessantes sobre o filme O Hobbit — Uma Jornada Inesperada (2012), que foi dirigido por Peter Jackson, que também adaptou a trilogia original.
Evolução da avaliação e do número de votos do filme O Hobbit no IMDB
Um dia, ele teve a ideia de que seria legal criar uma linha do tempo e colocá-la ao lado de um mapa, para que fosse possível ver de uma maneira interativa em qual local aconteceu cada um dos eventos que estavam na linha do tempo. Inicialmente não achou que fosse fazer muito sucesso, mas para sua surpresa aparentemente aquilo era algo novo, chamado de geospatial timeline (algo como: linha do tempo geoespacial), e teve um retorno imenso dos visitantes. Não só por conta de que essa funcionalidade era muito legal, mas também porque muitos web designers queriam saber como ele havia feito aquilo! Outras pessoas também começaram a sugerir que ele deveria explorar mais essa ideia. Então Emil criou um rascunho utilizando o mesmo sistema como base, só que com um mapa múndi e alguns eventos da Segunda Guerra Mundial e mostrou essa ideia no final da sua apresentação no TEDxGöteborg em outubro de 2012.
“geospatial timeline” com o mapa na direita mostrando onde ocorreu o evento selecionado à esquerda
Em um evento tão grande como foi a Segunda Guerra Mundial, provavelmente há muitos padrões e fatos que poderiam ser aprendidos, mas são justamente perdidos por causa dessa avalanche de dados que temos sobre ela. Uma aplicação deste tipo poderia não só tornar as informações sobre vários acontecimentos, globais ou locais, mais acessíveis para pessoas comuns que gostariam de aprender mais, mas também ajudar a descobrir ligações talvez nunca imaginadas antes. Pense só nas milhares de possibilidades que um projeto assim poderia criar. Tudo isso porque alguém decidiu seguir uma paixão por um mundo ficcional onde vivem hobbits, elfos e outras criaturas mágicas.
Rascunho da “geospatial timeline” com dados da Segunda Guerra Mundial
Evil conta que este projeto foi, usando um termo da área dele, um catalisador de criatividade, que fez surgir várias coisas que ele nem mesmo sabia que existia e de certa maneira o fez achar a felicidade, pois ele adora criar. Vivemos em uma cultura onde é muito incentivado que você faça coisas que tenham um impacto na sua carreira, tudo deve estar voltado a isso. O LOTR Project não tem impacto direto na carreira dele e ele encoraja as pessoas a justamente fazerem algo só porque é divertido, porque há paixão naquilo.
Emil Johansson
Esse pensamento é muito parecido com a ideia da transdisciplinaridade, que visa a unidade do conhecimento em oposição a atual divisão cartesiana do mesmo em várias áreas diferentes. Por que um engenheiro químico não poderia também ser programador, web designer e fotógrafo ao mesmo tempo? Bem, Emil Johansson é isso tudo! Toda essa paixão dele, me lembra uma frase do Roberto Freire que gosto muito, que resume muito bem isso: “sem tesão não há solução”. Então, o que você está fazendo como projeto paralelo a sua profissão ou estudo acadêmico?
Um homem pode ser absolvido pelos seus vícios por conta de um grande ato de heroísmo, que salvou muitas vidas em uma situação onde provavelmente todos iriam morrer? Este é o grande questionamento em torno de O Voo (Flight, EUA, 2013), dirigido por Robert Zemeckis e com Denzel Washington no papel principal.
A história começa em uma manhã que parece ser como qualquer outra, depois de uma noitada de álcool, drogas e sexo, Whip Whitaker vai trabalhar como se nada tivesse acontecido. Só tem um pequeno detalhe, ele é piloto de aviões domésticos em uma grande companhia aérea. Para piorar a situação, o avião que estava pilotando sofre uma pane no meio do voo e começa a cair de ponta cabeça em direção ao chão. Esta era uma situação que dificilmente alguém poderia sair vivo, mas ele teve a genial ideia de virar o avião de cabeça para baixo e assim nivelá-lo novamente para poder pousar, salvado praticamente quase todos a bordo. Só que quando as investigações a respeito do que poderia ter acontecido com a aeronave começam a ser feitas, é descoberto que ele estava bêbado durante o acidente e o mesmo pode ser preso por conta disso.
Nadine Velazquez como Katerina Marquez e Tamara Tunie como Margaret Thomason
Apesar do trailer dar uma impressão de ser um filme de comédia, ele é na verdade um drama bem intenso. Com vários outros filmes de peso no currículo como a trilogia De Volta para o Futuro, Forrest Gump, o Contador de Histórias e Náufrago, talvez este seja o longa mais pesado, ou o mais adulto, que o o diretor Robert Zemeckis já fez. Não só falando da temática, mas também da escolha de filmar cenas de maneiras que normalmente são evitadas. É inesquecível, por exemplo, o momento em que o avião está caindo e toda a aeronave simplesmente vira de cabeça para baixo e vemos detalhe por detalhe tudo que acontece dentro do avião. Depois dessa você vai pensar duas vezes antes de não querer usar o cinto de segurança na sua próxima viagem. Também não são poupadas as cenas de nudez, principalmente da atriz Nadine Velazquez que faz o papel de aeromoça e amante de Whip, não ficando naquele esconde esconde hollywoodiano ridículo.
Não é por menos que Denzel Washington está concorrendo ao Oscar de 2013 como Melhor Ator por conta deste filme, que segundo ele é um dos papéis mais complexos que já fez. Devido as suas várias facetas, é constante a alternância entre admiração e repulsa em relação ao comandante Whip. Você não sabe se adora ou se odeia aquele personagem. Bem diferente por exemplo do seu papel em O Livro de Eli (2010), dirigido por Albert e Allen Hughes, onde ele é simplesmente o herói bondoso de coração puro.
Bruce Greenwood e Don Cheadle como os protetores do personagem de Denzel Washington
O Voo desenvolve bem toda essa questão do dualismo herói/vilão e do vício de Whitaker, assim como os de outros personagens secundários, sem entrar em todas aquelas cenas e argumentos clichês que estamos acostumados a ver em longas do gênero. Além disso, ele também aproveita para fazer algumas piadinhas e questionar algumas instituições, como as próprias companhias aéreas e o sistema legal, mas sem se perder nelas. Para a felicidade ou o desgosto de alguns, o filme acaba tendendo fortemente para a religião, mas totalmente plausível considerando as circunstâncias do acontecimento. Algumas pessoas talvez achem o filme cansativo por ter um pouco mais de duas horas de duração, mas isso acaba sendo importante para poder desenvolver sem pressa toda a sua trama.
Cada geração tem seu filme de gângster icônico e esperamos que este seja o próximo.
É com esta frase que o diretor Ruben Fleischer apresenta o seu novo filme de ação Caça aos Gângsteres (Gangster Squad, EUA, 2013), que estreou dia 1 de fevereiro nos cinemas brasileiros, com participação de nomes de peso como Sean Penn, Ryan Gosling, Josh Brolin e Emma Stone.
O filme se passa no ano de 1949 quando um grupo de policiais é secretamente formado para derrubar Mickey Cohen (Sean Penn), um gânster que praticamente comanda toda a cidade de Los Angeles. Apesar de Cohen realmente ter existido, as similaridades com o mundo real praticamente acabam por aí, o resto da história foi inspirada em rumores e, para transformá-lo em um grande longa de ação, uma boa dose de ficção.
O principal destaque é o trabalho feito para recriar a Los Angeles pós-guerra, que ficou simplesmente fantástica, mas acabou sendo totalmente ofuscada pela péssima qualidade do longa em geral. A reunião do elenco de peso, que é o grande chamariz ao lado das cenas de ação, foi literalmente jogada fora por um roteiro muito fraco e uma péssima edição. Os personagens são muito forçados e totalmente rasos, não há qualquer motivação real para suas atitudes que não sejam um ou outro pequeno acontecimento, ou uma pseudo reflexão a respeito de uma situação. Isso acaba tornando o filme realmente cansativo, pois quando parece que algum deles vai se aprofundar em alguma questão, ela é simplesmente jogada fora com a mudança de assunto ou um corte seco.
Mickey Cohen (Sean Penn) em um de seus ataques de raiva
Não que eles deveriam entrar em uma reflexão filosófica e existencial para justificarem suas atitudes, mas um pouco de embasamento faz muita falta. Aqui vale a pena também chamar a atenção para o maléfico vilão, sim é para ser exagerado e repetitivo, protagonizado por um Sean Penn com rosto transfigurado para enaltecer seus traços sombrios, que mesmo colocando os pulmões para fora com seus ataques de raiva, não conseguiria assustar uma joaninha de tão vazio que ficou seu personagem.
Já o esquadrão anti-gângster, é supostamente formado por profissionais que são selecionados por terem cada um uma qualidade especial, premissa completamente esquecida durante o desenvolver do enredo. Na verdade, a grande especialidade do grupo parece ser enfraquecer totalmente a capacidade de mira dos seus adversários, porque é incrível como eles são os únicos que conseguem acertar alguém no meio de um tiroteio. Também é curioso notar que a equipe foi claramente escolhida para abranger os diferentes tipos de etnia, idade, temperamento e nível de testosterona, formando um grupo totalmente inclusivo e politicamente correto, apesar de atuarem por trás da lei.
A diversidade do esquadrão anti-gângster
Assim chegamos ao ponto principal de Caça aos Gângsteres, o uso e abuso de praticamente todos os clichês possíveis de um filme de gângsters. Em vez de ter feito um super remix, como faz por exemplo o Tarantino em Django Livre com o western, ele simplesmente repete integralmente as fórmulas com um toque dos clichês de veteranos de guerra, sempre em busca de mais violência, e do bom e velho american way of life. Assim, é contínua a sensação de que você já sabe exatamente o que vai suceder, porque é claro que nada de ruim realmente pode acontecer. Afinal, estamos na terra do Tio Sam.
Além das atuações pra lá de caricatas, os efeitos especiais acabam caindo no mesmo problema: muito se quer mostrar, mas realmente pouco se sente. Utilizar cenas no estilo bullet-time para adicionar mais dramaticidade nas cenas de ação não é nenhuma novidade, mas ainda não havia visto nada tão sem sal utilizando esta técnica. Pode até ter ficado legal no trailer, mas quando utilizadas dentro da narrativa do filme, parecem terem sido colocadas de forma totalmente aleatória pois parecem completamente perdidas e sem grande acréscimo na sensação de perigo ou ação.
Emma Stone e Ryan Gosling são a dupla romântica do filme
Depois do Ruben Fleischer ter feito o ótimo Zumbilândia (2009), fica até difícil de acreditar que foi ele quem dirigiu Caça aos Gângsteres, de tão fraco que é. Para um filme que pretendia marcar uma geração, como por exemplo fez Scarface (1983) de Brian De Palma, este com certeza será icônico no abuso e mau uso de clichês.
Se você não gosta de spoilers ou de informações demais antes de assistir um filme, recomendo que não veja o trailer oficial, pois ele não só acaba entregando muitas das melhores cenas de ação, como também mostra algumas cenas cruciais que podem estragar as várias surpresas que o longa tenta criar.
Para os apreciadores de design, vale a pena assistir aos créditos do filme que foram montados no estilo dos cartões postais da época.
Apesar de todos nós nascermos da mesma matéria, não somos iguais. Nossas diferenças vão desde coisas mais gerais como época, país e religião, a coisas mais específicas como família, casa e escola. Tudo isso nos torna únicos e dependendo das nossas aspirações, oportunidades e perseverança, podemos transpor várias dessas variáveis que de certa forma nos classificam e limitam. Mas e se as nossas oportunidades fossem limitadas a uma característica de nascença? Esta é a premissa do curta animado Zero (Australia, 2010), escrito e dirigido por Christopher Kezelos e produzido pela Zealous Creative.
Em cerca de 11 minutos de duração, acompanhamos a história de Zero, que nasceu com o número 0 cravado em seu peito e por conta disso tem qualquer possibilidade de crescer negado em uma sociedade dividida por esses números. Ao conhecer uma mulher que também é um zero, o número que tanto o perseguia acabou não sendo tão importante. Mas o amor entre eles era proibido e logo as autoridades dariam um jeito para separá-los. Então que uma grande surpresa surge…
O curta já ganhou mais de 15 prêmios ao redor do mundo e possui legenda para mais de 40 idiomas. No site oficial é possível encontrar várias informações interessantes não só dos prêmios e críticas escritas a seu respeito, incluindo uma do Matt Groening criador dos Os Simpsons, mas também de como foi todo o processo de criação da animação, além de vários vídeos com direito a versão comentada. O estúdio também criou o lindo curta The Maker, que já publicamos aqui no site.
Os espectadores da rede UCI poderão assistir, a partir deste fim de semana, a uma nova e divertida vinheta que será exibida no início de todas as sessões de cinema. O vídeo, de apenas 30 segundos, visa divulgar os perfis da UCI nas redes sociais. Para criar a campanha, a equipe de designers da agência Boo! Studio se inspirou nos personagens que marcaram o mundo cinematográfico. A animação é feita com pipocas caracterizadas, como Harry Potter, Marilyn Monroe, Edward Mãos de Tesoura e o Homem de Ferro, para representar gêneros e épocas diferentes do cinema. Durante a narrativa, todos aparecem munidos de seus aparelhos eletrônicos, curtindo, seguindo e compartilhando as novidades da rede UCI Cinemas em seus perfis do Twitter e Facebook. Em Curitiba (PR), a nova vinheta poderá ser vista nas salas do UCI Estação e do UCI Palladium.
“Nossa intenção era criar uma atmosfera divertida para cativar o público da UCI. Com traços modernos e despojados, buscamos uma identidade que consegue representar a rede de cinemas e, ao mesmo tempo, se comunicar com todos”, explica Anthony Barros, que assina a direção e produção de arte do vídeo.
Com a nova vinheta, a rede espera ampliar a interação com os clientes internautas, compartilhando dicas de filmes, programação e promoções. “Nossos canais sociais são veículos de extrema importância para mantermos contato com o nosso público e, com essa iniciativa, esperamos dobrar o número de seguidores até julho”, afirma Monica Portella, diretora de Marketing da UCI.
httpv://www.youtube.com/watch?v=Tf67W9ViHx0
Ficha Técnica:
Direção: Anthony Barros
Criação: Anthony Barros e André Saad
Direção e Produção de Arte: Anthony Barros
Animação: Rafael Braz
Ilustração: André Saad
Realização: Boo! Studio
Aprovação: Monica Portella
Um jovem vendedor ambulante chega em uma cidade pacata para comercializar um produto bem incomum. No começo ninguém dá atenção por não entender o que ele está tentando vender. Uma vez que descobrem, seu baú começa a ficar cheio de moedas e filas se formam, mas ninguém imagina que ele possui um grande segredo.
El Vendedor de Humo (2010), dirigido por Jaime Maestro, é uma animação com visual muito bem produzido, tendo um cuidado especial nas texturas, apesar do cenário em geral ser mais simples e com poucos elementos. Também é curioso notar que a espiral é um símbolo predominante na estética do mesmo. O grande destaque do curta é seu ótimo enredo, além de uma divertida trilha sonora, produzida pela banda Twelve Dolls.
O curta foi inteiramente criado pelos alunos da escola de animação PrimerFrame, que ficou bastante conhecida por causa do curta FriendSheep, onde um lobo vai trabalhar em um escritório onde todos os funcionários são ovelhas e precisa controlar seus instintos para não comer nenhum dos seus colegas de trabalho.
Abraham Lincoln é com certeza uma das figuras públicas mais conhecida e amada nos Estados Unidos, e ninguém melhor do que o diretor Steven Spielberg, para enaltecer ainda mais essa figura em Lincoln (EUA, 2012), seu mais novo filme. Baseado em uma das partes do livro “Team of Rivals — The Political Genius of Abraham Lincoln” escrito por Doris Kearns Goodwin e lançado aqui no Brasil pela Editora Record sob o título “Lincoln”, o longa abrange os últimos 4 meses de vida do presidente, que foi assassinado em 15 de abril de 1865.
Este foi justamente o período em que o Lincoln batalhava para conseguir que a 13º emenda da constituição, a qual proibia a escravidão nos Estados Unidos, fosse aprovada, bem como para terminar a Guerra Civil Americana, provavelmente a maior crise interna vivida pelo país. Sabendo que a guerra era uma oportunidade única para conseguir a abolição da escravatura, tentou de todas as maneiras possíveis que ela fosse legalizada. Utilizando diferentes tipos de artimanhas e subornos, lembrando em alguns momentos a história do Papa Rodrigo Borgia, que possui uma série em quadrinhos incrível ilustrada por Milo Manara e escrita por Alejandro Jodorowsky, tirando todo o sexo, é claro. Esse tipo de manobra traz um questionamento bem interessante não só a respeito das vulnerabilidades de uma república, assim como da validade do aspecto, de certa forma maquiavélico (o fim determina os meios), de uma ambição cujo propósito é um bem maior para a humanidade. Questões que certamente dão muito o que pensar e discutir.
Acompanhamos também vários momentos íntimos de Lincoln em situações que geralmente não imaginamos um presidente fazendo, como ele engraxando suas próprias botas ou de joelho no chão colocando lenha na sua lareira. O foco do filme é mostrar como era o dia a dia desta pessoa que teve um papel tão importante em modelar o país como ele é hoje, revelando mais o homem e menos o mito. A facilidade, em relação a hoje em dia, de pessoas comuns falarem com o presidente a respeito de problemas que estavam tendo, também causa certo estranhamento. Assim como toda a mentalidade racista e cheia de preconceitos de uma época em que falar sobre mulheres terem o direito ao voto causava uma grande confusão. Este é um momento anterior ao ambientado no filme “Django Livre” (2012), onde a escravidão predominava e a Guerra Civil Americana estava prestes a estourar.
O grande destaque do longa são as ótimas atuações, principalmente o Daniel Day-Lewis como Lincoln, cujo último trabalho foi o fraquíssimo “NINE” (2009) dirigido por Rob Marshall, e Tommy Lee Jones (“Homens de Preto 3″). Há também um pequeno papel do excelente Joseph Gordon-Levitt (“Looper: Assassinos do Futuro” e “Batman — O Cavaleiro das Trevas Ressurge”) como filho do presidente, o qual foi indicado ao Spielberg pelo próprio Day-Lewis, mas acabou ficando ofuscado pelas outras atuações. Apesar de já terem sido escritos muitos livros sobre o Lincoln, há vários pontos de vistas em relação a sua personalidade, o que acaba gerando certa discrepância entre os historiadores e tornando a definição do personagem mais difícil. Devido à inexistência de material audiovisual sobre o presidente, um dos problemas por exemplo foi achar a “voz” do mesmo. O próprio Day-Lewis foi responsável por grande parte da construção de seu personagem. As cenas que provavelmente ficarão gravadas na memória, são os momentos em que Lincoln interrompe o trabalho de todos e conta uma história, para o deleite ou o desprazer de quem está a sua volta.
“Witching Hour” por Andrew Wyeth
Visualmente o filme chama bastante atenção por ser bem escuro e utilizar somente a iluminação natural, seja por velas, lareiras ou janelas com a cortina aberta. O diretor conta que se inspirou bastante nos quadros dos pintores impressionistas do século 19, onde eles começaram a usar o efeito da luz natural para iluminar o conteúdo de suas pinturas. A principal referência foram as obras do pintor Andrew Wyeth, que possui um contraste bem forte em seus quadros, característica que é bem marcante no longa. Interessante também, foi a escolha de deixar de fora certas cenas que mostravam o grande resultado de um acontecimento, como o final da votação da 13º emenda ou o seu assasinato, para focar em lugares e acontecimentos mais periféricos. É claro que este não deixa de ser um filme do Spielberg, apesar de ter uma ou outra cena de batalha com sangue, a enaltação da beleza e da bondade das pessoas transborda pela tela. Também temos algumas tomadas bem estratégicas não só para enfatizar o quão alto o presidente era, mas também toda a grandiosidade que o mesmo transmitia, tanto em presença quanto em espírito.
Lincoln pode não fazer muito sentido em território nacional como um “cinema pipoca”, não só pelo pouco — ou inexistente — apelo emocional desta figura pública por aqui, mas principalmente pela sua longa duração, praticamente duas horas e meia de filme. Sendo o mesmo assistido mais como uma experiência pela curiosidade histórica, o longa acaba sendo muito interessante, mas realmente é preciso estar nesse movimento. E com o Oscar aí, não há dúvida que este seja o queridinho dos americanos, resta agora torcer para que o nacionalismo não fale mais alto do que a qualidade dos candidatos entre si. Se não ocorrer novamente toda a trambicagem na hora da votação, é claro.
O público movimentou as bilheterias dos cinemas UCI em Curitiba (PR) no último final de semana. Mais de 10 mil pessoas estiveram no UCI Estação e no UCI Palladium, entre os dias 18 e 20 de janeiro, para conferir as estreias recentes, como “Django Livre”, “De Pernas pro Ar 2”, “Detona Ralph”, “A Viagem”, entre outros. Na preferência dos espectadores locais, lideraram a comédia brasileira com a atriz Ingrid Guimarães e o longa “Django Livre”, que retrata a história de um escravo liberto cujo passado brutal com seus antigos proprietários leva‑o ao encontro do caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz.
Para quem ainda não assistiu aos últimos lançamentos no cinema, a rede UCI exibe diversas sessões dos filmes nesta semana. Para mais informações e a programação completa, acesse o site www.ucicinemas.com.br e/ou as redes sociais www.ucicinemas.com.br/redes+sociais.
Para muitos talvez o ano de 2012 tenha ficado marcado, no quesito de ficção científica no cinema, pela grande decepção em relação a expectativa — que era maior ainda — em cima do filme “Prometheus”, prequel de Alien dirigido novamente pelo Ridley Scott. Mas o ano também trouxe uma grande surpresa no gênero, com “Looper: Assassinos do Futuro” (Looper, EUA/China, 2012), escrito e dirigido por Rian Johnson, que retomou o tema da viagem no tempo de uma maneira muito divertida e acessível para qualquer público.
O longa já começa apresentando ao expectador uma ideia simples e ao mesmo tempo instigante: em 30 anos, a partir do presente do personagem principal, a viagem no tempo vai ser possível. Mas ela irá cair rapidamente nas mãos de organizações criminosas que, por conta do imenso avanço nas técnicas de investigações da polícia, a usarão para enviar pessoas para serem eliminadas no passado por assasinos chamados de Loopers, para que o crime não seja descoberto. Genial, não é?!?
O tempo presente do enredo já se passa num futuro, apesar de não sabermos exatamente qual o ano. É um tempo não muito diferente do atual, com uma visão bem degenerada do mesmo — mas não tanto quanto um “MadMax” — onde há uma lacuna muito grande entre as classes sociais e boa parte do mundo está caindo aos pedaços. O máximo de algo que voa são motos que vivem dando problemas e os carros não mudam muito, apenas tem de diferente algumas gambiarras para serem alimentados com energia solar ou algo do tipo. Também somos apresentados a um novo tipo de celular, que é apenas um pedaço de “vidro” transparente e quadrado. Essa visão de um futuro não muito diferente, que talvez seja bem mais realista do que as muitas outras imaginadas, onde tudo é totalmente tecnológico, lembrou bastante o ótimo filme espanhol “Eva — Um Novo Recomeço”, dirigido por Kike Maíllo, onde uma das poucas áreas que realmente teve um avanço significativo foi a robótica.
Acredito que uma das primeiras coisas que mais chama atenção no filme é o rosto alterado do ator Joseph Gordon-Levitt, que faz o papel principal de Joe, para ficar mais parecido com o Bruce Willis, sua versão 30 anos mais velha. Mas o que acaba tornando os dois personagens mais parecidos não é a maquiagem, mas sim todos os maneirismos dos dois, pois Gordon-Levitt passou por um estudo profundo do jeitão do Willis. Uma curiosidade interessante é que todos do filme são grande fãs do Bruce e eles ficaram extremamente contentes que ele aceitou participar de um filme mais alternativo e com baixo orçamento, principalmente o diretor que só depois foi se tocar que fisicamente eles eram totalmente diferentes, que acabou tornando a vida do maquiador um inferno.
Um dos grandes trunfos do longa é que ele omite propositalmente muitas das informações, entregando só o suficiente para se entender o que está acontendo, fazendo com que a experiência vá além do cinema, deixando um espaço para sua imaginação completar e questionar, como acontece muitas vezes na leitura de um bom livro. Após a sessão, você quer entender melhor toda a esquemática das viagens no tempo realizadas, não por picuinha para encontrar algum erro ou algo do tipo, mas sim como um adicional para acrescentar mais ainda a experiência. O filme deixa aberto várias possibilidades do que poderia ter acontecido, brincando também com a própria memória dos personagens, que vai mudando conforme certas coisas vão acontecendo, então pode ser que nem sempre elas sejam confiáveis. Ele inclusive deixa claro em certo momento que não vale a pena ficar desenhando esqueminhas com canudinhos para tentar compreender todas as possibilidades, porque tudo que irá acontecer é você ficar louco com aquilo e que o mais importante é se concentrar no que está acontecendo na tela. Segundo o próprio diretor, “Looper: Assassinos do Futuro” não é um filme como “Primer¨ (2004) ou ”De Volta para o Futuro” (1985), onde parte do prazer é desvendar o quebra cabeças da viagem no tempo, mas sim muito mais como “O Exterminador do Futuro” (1984), onde a viagem no tempo apenas cria uma situação e o longa continua a partir dela. Ele até comenta que montou todo um esquema para ter uma lógica, mas deixou o mínimo possível visível no filme pois não queria que isso fosse o foco.
Para quem gosta de histórias envolvendo viagem no tempo, recomendo o curta “Loop”, que você pode assistir por completo aqui no interrogAção. E se você quer se divertir um pouco após ter visto o “Looper: Assassinos do Futuro”, veja esta “versão da Disney” do mesmo, que os editores do site ScreenJunkies fizeram misturando cenas dos filmes “Duas Vidas” (2000) e “Os anjos Entram em Campo” (1994), mas que infelizmente não tem legendas.
No próximo sábado, dia 19, a Rede UCI exibirá, ao vivo e em HD, a ópera “Maria Stuarda”, direto do Metropolitan Opera House, em Nova York. Baseada na peça “Maria Stuart” de Friedrich Schiller, esta será a segunda transmissão de 2013 e faz parte da temporada de 12 concertos que o palco nova-iorquino iniciou em outubro de 2012.
David McVicar, que dirigiu na última temporada do Met a estreia de “Anna Bolena”, comanda agora a segunda obra que faz parte da Trilogia Tudor, as óperas que Donizetti compôs em torno da figura da Rainha Elizabeth I da Inglaterra. “Em vez de refletir a história, Maria Stuarda reflete a natureza romântica de sua versão e do aspecto abrangente da música romântica de Donizetti”, afirma McVivar.
A meio-soprano Joyce DiDonato, uma das mais prestigiadas cantoras do mundo, vive o papel da condenada Maria, Rainha dos Escoceses. Elza van den Heever dá vida à formidável rival Elizabeth I, Francesco Meli é o conde de Leicester e Maurizio Benini conduz.
A Rede UCI já transmitiu sete óperas da temporada 2012/2013 do Met: “Os Troianos”, “Aida”, “Um Baile de Máscaras”, “A Clemência de Tito”, “A Tempestade”, “Otello” e “O Elixir do Amor”. Em 2013 ainda serão exibidas ao vivo e em HD, mais cinco óperas, direto do Metropolitan Opera House, em Nova York. São elas: Maria Stuarda (19/01) , Rigoletto (16/02), Parsifal (02/03), Francesca da Rimini (16/03) e Giulio Cesare (27/04).
Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) e poderão ser adquiridos nas bilheterias dos cinemas UCI Estação e UCI Palladium e nos terminais de autoatendimento. Os bilhetes também podem ser comprados no site da rede: http://www.ucicinemas.com.br/met-opera/
Serviço:
Duração: 195 min (um intervalo incluso)
Horário: 15h55
Classificação: 14 anos
Idioma: Francês (com legenda)
UCI Estação – Sala 5
Rua Sete de Setembro, 2775/ loja C‑01
Batel – Curitiba – Paraná CEP: 80230–010
UCI Palladium – Sala 04
Av. Presidente Kennedy, 4121/ Loja 4001
Portão – Curitiba – Paraná CEP: 80610–905
O que é preciso para ser um rei de verdade? Ter somente uma coroa e capa vermelha não é o suficiente. É preciso primeiro ter súditos, nem que seja somente um, e também o mais importante: um castelo! Com essa premissa, acompanhamos a jornada de um pequeno rei no curta Le Royaume (2010), também conhecido como “The king and the beaver”, foi escrito, dirigido e animado por Nuno Alves Rodrigues, Oussama Bouachéria, Julien Chheng, Sébastien Hary, Aymeric Kevin, Ulysse Malassagne e Franck Monier, estudantes de graduação da famosa e sonhada escola de cinema de Gobelins, na France.
A história do curta é bem simples, mas muito bem desenvolvida, possuindo um humor único e sensacional, sem precisar de qualquer tipo de diálogo. O estilo lembra um pouco desenhos animados feito a mão, com um toque francês a la O Pequeno Príncipe, mas com detalhes mais refinados no cenário. Aos poucos vamos conhecendo mais a história do reizinho e também imaginando o que poderia ter acontecido anteriormente com ele, pois ele carrega consigo uma pista do passado.
É difícil imaginar o ator Tom Cruise fazendo um personagem que não seja o mocinho bonitinho e galanteador que, quando é possível, derrota um monte de caras maus usando sua incrível habilidade de manusear armas e lutar. No seu novo filme, Jack Reacher: O Último Tiro (Jack Reacher, EUA, 2012), dirigido por Christopher McQuarrie, o sr. Cruise é nada mais nada menos do que tudo isso junto e mais um pouco, mas nada “impossível” é claro, pois Jack não é um Ethan Hunt.
Um ex-militar é acusado de ter matado cinco pessoas em plena luz do dia com um rifle e, ao ser questionado, suas únicas palavras são: ache Jack Reacher. Logo após somos instruídos a respeito da magnitude — para não usar outras palavras — desse tal de Reacher, que ninguém sabe direito da sua história e muito menos como encontrá-lo, pois é ele que encontra você, além disso, ele é um cara que segue suas próprias leis, onde a única coisa que importa para ele é fazer o que é certo.
O filme já começa deixando claro quem é o verdadeiro assassino, portanto a grande questão é: quem são as pessoas que ajudaram a organizar esse assasinato? E o longa até que consegue criar um bom suspense em cima desta questão, mesmo muitas vezes deixando ela em segundo plano por causa das várias brigas e perseguições. Aliás, há uma cena longa de perseguição de carro que acabou sendo tudo menos tensa, passando a impressão como se os atores estivessem diringo aqueles carrinhos bate-bate, dos parques de diversão, onde um fica perseguindo e batendo no carro do outro, mas são incapazes de fazer qualquer coisa — como sair do carro, atirar, … — além disso. Para os fãs de jogos, pareceu até aqueles momentos no GTA onde você simplesmente quer tirar uma onda e sai com o carro batendo nos veículos da polícia e foge sem muito rumo apenas para ver até onde consegue ir. Ou seja: completamente sem muita emoção e desnecessário.
É claro que não poderia faltar um climinha entre os dois pesonagens principais, mas em nenhum momento chega a virar um romancezinho bobo, como por exemplo em Encontro Explosivo, só faltou mesmo química entre eles, que é inexistente. Já a personagem feminina, interpretada por Rosamund Pike, infelizmente chama mais atenção pelos seus dotes físicos saltitando enquanto anda ou corre, do que pela atuação em si.
Lee Child
Jack Reacher: O Último Tiro é baseado no livro Um Tiro (Editora Bertrand Brasil) da série policial criada pelo escritor britânico Lee Child, que também trabalhou junto com a produção do filme. Segundo o autor, seu personagem, Jack Reacher, diferente dos outros detetives de outras histórias, não tem emprego e residência fixa, o que o torna único no gênero. Ou seja, temos praticamente um Lobo Solitário cuja missão principal não é a vingança, mas sim simplesmente fazer o bem, fato que acaba transformando o personagem, pelo menos no longa, praticamente em um santo. Para complementar, o mesmo faz questão de questionar o modo como a sociedade em geral vive sua “liberdade”, presos em suas lutas diárias para pagar as contas. Se ele não fosse tão bonzinho, talvez até teria uma vaga no Clube da Luta para ele. Aliás, não há praticamente uma gota de sangue no filme, apenas hematomas, seguindo o padrão de “pureza” do cinema americano, só não deixando de ser tão ridículo quanto as mortes em Batman — O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
Tirando de lado a super memória do Jack, o mesmo é bastante crível nos outros aspectos, onde não abusam demais — excluindo uma ou outra cena é claro — da sua capacidade de conseguir fazer tudo que quer, se diferenciado assim de muitos filmes do gênero, principalmente do seu mais famoso personagem em Missão Impossível. Um dos aspectos bem interessante do longa, é que fica bem explícito que ele depende bastante da sorte para ser bem sucedido em sua jornada, havendo uma cena memorável onde se não fosse por isso, o mesmo seria facilmente morto por dois capangas armados.
O filme em geral é bem longo, muitas vezes meio arrastado, mas justamente por deixar várias situações se desenvolverem mais do que o normal, o resultado final acaba sendo um pouco mais interessante. Para quem adora ver os filmes do Tom Cruise, com certeza não deve perder mais este lançamento. Já para os que não são fãs mas também não o odeiam, o longa pode acabar agradando, apesar de todos os clichês, principalmente por manter a integridade com que o personagem se propõe: andar livremente em busca de fazer o que ele acredita ser o certo.
Falar que animações de cinema não são só coisa para criança já é tão batido quanto falar o mesmo para os quadrinhos. Mas no caso de Detona Ralph (Wreck-It Ralph, EUA, 2012), dirigido por Rich Moore, a nova animação da Disney, serão provavelmente os adultos que cresceram jogando video games, usando a desculpa de ter que acompanhar as crianças justamente para assistí-lo.
A história do longa em si não é das mais atraentes: Ralph, é o vilão do jogo de fliperama Conserta Félix Jr., que após 30 anos fazendo sempre a mesma coisa, decide que quer mudar algumas coisas em sua vida. Para isso ele quer conquistar uma medalha, como a que o mocinho do jogo Felix Jr. sempre ganha após derrotá-lo, e assim sai em uma jornada por outros jogos, arrumando muita confusão.
Provavelmente o público da animação irá acabar se dividindo em dois, os adultos que jogaram os antigos jogos de fliperama (como Sonic, Mortal Kombat e Pac Man) e os que não jogaram — as crianças — ou que não tiveram nenhum contato com esse universo, hoje considerado retrô. Para os já familiarizados com esses jogos, o maior atrativo acabará sendo tentar descobrir todas as referências feitas a esses antigos personagens, acompanhado de um delicioso sentimento de saudosismo, que estão espalhadas por todo o longa, principalmente na Estação Central do fliperama, o local onde todos eles se encontram após o fim do expediente. Isso sem falar nos três principais jogos do filme: Conserta Félix Jr. (o Donkey Kong para Atari), Missão de Herói (Call of Duty) e Corrida Doce (Mario Kart). Já para os que desconhecem esse universo, poderão se divertir com esse mundo bem peculiar, com gráficos de alta definição e cheios de efeitos especiais.
Parc Güell em Barcelona, por Antoni Gaudí
Aliás, a arte da animação merece um destaque especial, pois ficou realmente sensacional. Uma curiosidade bem bacana é que o cenário do jogo Corrida Doce foi inspirado na arquitetura de Antoni Gaudí, que segundo o artista responsável Lorelay Bove, sempre pareciam ser feitas de doces. E é impossível não ficar com água na boca vendo todo aquele ambiente feito inteiramente de guloseimas, com personagens fofinhos que lembram um pouco o curta Cloudy.
Uma cena memorável do filme é a reunião do grupo de auto-ajuda de vilões como Bowser (Mário), Clyde (Pac-Man) e Dr. Robotnik (Sonic), que lembra bastante a cena em que Buzz Lightyear participa de uma sessão do grupo de auto-ajuda para brinquedos obsoletos em Toy Story 3. Para falar a verdade, Detona Ralph tem muito o estilo de toda a ideia principal do Toy Story, onde brinquedos tem vida própria quando ninguém está olhando. Devido a isto, muita gente tem brincado que a Disney trocou o papel com a Pixar no último lançamento de cada uma onde a Pixar resolveu falar de princesas no ótimo Valente, e a Disney da vida secreta dos personagens de videogames. E o resultado acabou sendo duas ótimas animações! Mas apesar de ter trabalhado em cima desta ótima ideia, Detona Ralph acabou pecando no desenvolvimento e no aprofundamento da história em si, puxando todas aquelas mensagens de moral e ensinamentos, muitas vezes infantilizando demais, já característico dos outros filmes do mundo do ratinho de orelhas redondas.
Trecho de Detona Ralph: Vilões-Anônimos
httpv://www.youtube.com/watch?v=X2nABYRagwc
É claro que a Disney não iria perder a chance de lançar os 3 principais jogos exibidos no filme e os disponibilizou para serem jogados on-line no site oficial do filme, mas infelizmente só em inglês. No site também tem vários materias legais para download, principalmente os Motions Graphs, que são pequenas cenas do filme animadas em GIF, que normalmente são criadas por fãs, muito legal essa iniciativa.
A grande diversão de Detona Ralph não está no seu enredo em si, que é bem fraco, mas sim em todas as referências e piadas que o mesmo faz aos antigos jogos de fliperama, sendo diversão garantida para os fãs desses jogos e também para aqueles que simplesmente querem se divertir em um filme que junta o universo da Pixar com o da Disney.
Para quem ficou com vontade de ver mais, o diretor Rich Moore comentou em uma entrevista recente que ele e a Disney tem ideias para uma sequência que trouxesse os personagens para jogos mais atuais explorando os jogos de console e on-line.
Se você gosta de jogos, então vai adorar o documentário Indie Game: O Filme (2011) que fala justamente sobre os jogos independentes que muitas vezes seguem o estilo, tanto de jogabiliade quanto visual, dos antigos jogos de fliperama. Simplesmente imperdível!
No primeiro sábado de 2013, dia 05, a Rede UCI exibirá, ao vivo e em HD, a ópera “Os Troianos”, direto do Metropolitan Opera House, em Nova York. Essa será uma rara oportunidade de assistir ao grandioso épico do compositor Hector Berlioz, que não era apresentado nos palcos do Met desde 2003. A obra, dividida em cinco atos, abre as transmissões de 2013, que fazem parte da temporada de 12 concertos, direto dos palcos nova-iorquinos. Em Curitiba (PR), as sessões acontecem nos cinemas UCI Estação e UCI Palladium.
Entre 1856 e 1858, Berlioz criou o que ele próprio considerou sua obra da vida. Baseada na “Eneida”, poema de Virgílio, a ópera retrata a queda de Troia e a história de amor entre a Rainha de Cartago, Dido, e o herói troiano Eneias. Os papéis de destaque são vividos pela meio-soprano Susan Graham e o tenor Marcello Giordani, além da soprano Deborah Voigt, que vive Cassandra, a profetiza de Tróia que tenta alertar seus compatriotas sobre os perigos prestes a cair sobre eles. Na apresentação, destaque para os duetos líricos entre Dido e Eneias e o gigantesco cavalo de Troia que ocupa o palco no primeiro ato.
Em 2012, a UCI exibiu seis óperas do Met: “Aida”, “Um Baile de Máscaras”, “A Clemência de Tito”, “A Tempestade”, “Otello” e “O Elixir do Amor”. Já em 2013, serão transmitidas, ao vivo e em HD, mais seis óperas, direto do Metropolitan Opera House, em Nova York. São elas: Os Troianos, Maria Stuarda (19/01), Rigoletto (16/02), Parsifal (02/03), Francesca da Rimini (16/03) e Giulio Cesare (27/04).
Os ingressos custam R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada) e poderão ser adquiridos nas bilheterias dos cinemas e nos terminais de autoatendimento. Os bilhetes também podem ser comprados no site da rede: http://www.ucicinemas.com.br/met-opera/
SERVIÇO:
Horário da sessão: 15h
Duração: 330 min (dois intervalos inclusos)
Classificação: 14 anos
Idioma: Francês (com legenda)
UCI Estação – Sala 5
Rua Sete de Setembro, 2775/ loja C‑01
Batel – Curitiba – Paraná CEP: 80230–010
UCI Palladium – Sala 04
Av. Presidente Kennedy, 4121/ Loja 4001
Portão – Curitiba – Paraná CEP: 80610–905
Na época de fim de ano sempre começam a pipocar no cinema filmes infantis com temas natalinos, focando-se principalmente na figura do Papai Noel e suas aventuras para entregar os presentes e trazer alegria para as crianças. No último Natal, a DreamWorks decidiu fazer algo um pouco diferente do usual e lançou a animação A Origem dos Guardiões (Rise of the Guardians, EUA, 2012), dirigido pelo estreante Peter Ramsey, onde não só temos o bom velhinho todo tatuado e com um sotaque russo, mas também todo um grupo de outros personagens lendários como a Fada do Dentes, o Coelho da Páscoa, Sandman, Jack Frost e o Bicho-Papão.
Aqui no Brasil algumas pessoas já devem ter ouvido falar de Sandman através do seu nome popular de João Pestana ou, para quem curte quadrinhos, da série homônima do autor Neil Gaiman. Mas o grande desconhecido, que aliás é o personagem principal do filme, é Jack Frost, a personificação e o espírito do frio e do inverno, responsável pela neve e por aqueles cristais de gelo em vidros. Bem, acho que não precisa explicar o porque dele não ser conhecido por aqui. Todos esses personagens foram baseados na versão americana das lendas, havendo uma pequena homenagem à lenda espanhola do Ratoncito Pérez (ou Tooth Mouse), onde um dos guardiões atrapalha sem querer o trabalho do pequeno ratinho, que é muito parecido com a Fada do Dentes.
A história da animação gira em torno dos quatro Guardiões (Papai Noel, Fada do Dentes, Coelho da Páscoa e Sandman) que precisam combater um velho inimigo, o Bicho-Papão, que deseja novamente ‘controlar o mundo’ através do medo, e para isso irão precisar se reunir e pedir a ajuda do Jack, um personagem que só se interessa em brincar e se divertir. Adicione agora algumas armas, como espadas, bumerangues e ovos explosivos, ótimas cenas de ação com lutas espetaculares cheias de poderes mágicos. O estilo lembrou algum filme lançado recentemente? Poderia brincar-se que A Origem dos Guardiões é praticamente um Os Vingadores Júnior ou até, porque não, um X‑Men Kids, onde esses personagens seriam os primeiros super-heróis que uma criança tem contato.
Deixando de lado toda essa visão inusitada de guerreiros cuja missão é proteger as crianças, o filme possui uma qualidade ténica incrível, a DreamWorks já havia mostrado isso no ótimo Como Treinar o Seu Dragão, e também traz algumas respostas interessantes a perguntas como: quem (realmente) produz os presentes do Papai Noel? Por que a fada dos dentes coleta os dentes? Como os ovos de páscoa são feitos?
A Origem dos Guardiões é uma ótima surpresa não só pela renovação dos já tão batidos personagens infantis, mas como também um lembrete para que a chama da imaginação das crianças não seja apagada, principalmente nos adultos. O filme foi baseado na série de livros The Guardians of Childhood do autor americano William Joyce, e foi produzida por Guillermo del Toro (Hellboy, O Labirinto do Fauno, …), que deu uma entrevista bem interessante sobre o filme no site do G1.
Ah, não confunda o filme com A Lenda dos Guardiões, outra ótima animação dirigida por Zack Snyder (Watchmen e 300), sobre a história da jovem coruja Sorem que é fascinada pelas histórias sobre os Guardiões de Ga’Hoole e acaba embarcando em uma aventura para salvar o seu povo, em um enredo bastante adulto com épicas batalhas.