Looper: Assassinos do Futuro (2012), de Rian Johnson

Para muitos talvez o ano de 2012 ten­ha fica­do mar­ca­do, no que­si­to de ficção cien­tí­fi­ca no cin­e­ma, pela grande decepção em relação a expec­ta­ti­va — que era maior ain­da — em cima do filme “Prometheus”, pre­quel de Alien dirigi­do nova­mente pelo Rid­ley Scott. Mas o ano tam­bém trouxe uma grande sur­pre­sa no gênero, com “Loop­er: Assas­si­nos do Futuro” (Loop­er, EUA/China, 2012), escrito e dirigi­do por Rian John­son, que reto­mou o tema da viagem no tem­po de uma maneira muito diver­ti­da e acessív­el para qual­quer público.

O lon­ga já começa apre­sen­tan­do ao expec­ta­dor uma ideia sim­ples e ao mes­mo tem­po insti­gante: em 30 anos, a par­tir do pre­sente do per­son­agem prin­ci­pal, a viagem no tem­po vai ser pos­sív­el. Mas ela irá cair rap­i­da­mente nas mãos de orga­ni­za­ções crim­i­nosas que, por con­ta do imen­so avanço nas téc­ni­cas de inves­ti­gações da polí­cia, a usarão para enviar pes­soas para serem elim­i­nadas no pas­sa­do por assas­i­nos chama­dos de Loop­ers, para que o crime não seja descober­to. Genial, não é?!?

O tem­po pre­sente do enre­do já se pas­sa num futuro, ape­sar de não saber­mos exata­mente qual o ano. É um tem­po não muito difer­ente do atu­al, com uma visão bem degen­er­a­da do mes­mo — mas não tan­to quan­to um “Mad­Max” — onde há uma lacu­na muito grande entre as class­es soci­ais e boa parte do mun­do está cain­do aos pedaços. O máx­i­mo de algo que voa são motos que vivem dan­do prob­le­mas e os car­ros não mudam muito, ape­nas tem de difer­ente algu­mas gam­biar­ras para serem ali­men­ta­dos com ener­gia solar ou algo do tipo. Tam­bém somos apre­sen­ta­dos a um novo tipo de celu­lar, que é ape­nas um pedaço de “vidro” trans­par­ente e quadra­do. Essa visão de um futuro não muito difer­ente, que talvez seja bem mais real­ista do que as muitas out­ras imag­i­nadas, onde tudo é total­mente tec­nológi­co, lem­brou bas­tante o óti­mo filme espan­hol “Eva — Um Novo Recomeço”, dirigi­do por Kike Maíl­lo, onde uma das pou­cas áreas que real­mente teve um avanço sig­ni­fica­ti­vo foi a robótica.

Acred­i­to que uma das primeiras coisas que mais chama atenção no filme é o ros­to alter­ado do ator Joseph Gor­don-Levitt, que faz o papel prin­ci­pal de Joe, para ficar mais pare­ci­do com o Bruce Willis, sua ver­são 30 anos mais vel­ha. Mas o que aca­ba tor­nan­do os dois per­son­agens mais pare­ci­dos não é a maquiagem, mas sim todos os maneiris­mos dos dois, pois Gor­don-Levitt pas­sou por um estu­do pro­fun­do do jeitão do Willis. Uma curiosi­dade inter­es­sante é que todos do filme são grande fãs do Bruce e eles ficaram extrema­mente con­tentes que ele aceitou par­tic­i­par de um filme mais alter­na­ti­vo e com baixo orça­men­to, prin­ci­pal­mente o dire­tor que só depois foi se tocar que fisi­ca­mente eles eram total­mente difer­entes, que acabou tor­nan­do a vida do maquiador um inferno.

Um dos grandes trun­fos do lon­ga é que ele omite proposi­tal­mente muitas das infor­mações, entre­gan­do só o sufi­ciente para se enten­der o que está acon­tendo, fazen­do com que a exper­iên­cia vá além do cin­e­ma, deixan­do um espaço para sua imag­i­nação com­ple­tar e ques­tionar, como acon­tece muitas vezes na leitu­ra de um bom livro. Após a sessão, você quer enten­der mel­hor toda a esquemáti­ca das via­gens no tem­po real­izadas, não por picuin­ha para encon­trar algum erro ou algo do tipo, mas sim como um adi­cional para acres­cen­tar mais ain­da a exper­iên­cia. O filme deixa aber­to várias pos­si­bil­i­dades do que pode­ria ter acon­te­ci­do, brin­can­do tam­bém com a própria memória dos per­son­agens, que vai mudan­do con­forme cer­tas coisas vão acon­te­cen­do, então pode ser que nem sem­pre elas sejam con­fiáveis. Ele inclu­sive deixa claro em cer­to momen­to que não vale a pena ficar desen­han­do esquem­inhas com canud­in­hos para ten­tar com­preen­der todas as pos­si­bil­i­dades, porque tudo que irá acon­te­cer é você ficar louco com aqui­lo e que o mais impor­tante é se con­cen­trar no que está acon­te­cen­do na tela. Segun­do o próprio dire­tor, “Loop­er: Assas­si­nos do Futuro” não é um filme como “Primer¨ (2004) ou ”De Vol­ta para o Futuro” (1985), onde parte do praz­er é desven­dar o que­bra cabeças da viagem no tem­po, mas sim muito mais como “O Exter­mi­nador do Futuro” (1984), onde a viagem no tem­po ape­nas cria uma situ­ação e o lon­ga con­tin­ua a par­tir dela. Ele até comen­ta que mon­tou todo um esque­ma para ter uma lóg­i­ca, mas deixou o mín­i­mo pos­sív­el visív­el no filme pois não que­ria que isso fos­se o foco.

Para quem gos­ta de histórias envol­ven­do viagem no tem­po, recomen­do o cur­ta “Loop”, que você pode assi­s­tir por com­ple­to aqui no inter­ro­gAção. E se você quer se diver­tir um pouco após ter vis­to o “Loop­er: Assas­si­nos do Futuro”, veja esta “ver­são da Dis­ney” do mes­mo, que os edi­tores do site Screen­Junkies fiz­er­am mis­tu­ran­do cenas dos filmes “Duas Vidas” (2000) e “Os anjos Entram em Cam­po” (1994), mas que infe­liz­mente não tem legendas.


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