O Hobbit — Uma Jornada Inesperada (2012)

Num bura­co no chão vivia um hobbit”

Não sei quan­to a vocês mas eu real­mente acred­i­to no Peter Jack­son quan­do se tra­ta do uni­ver­so Tolkien. Des­de que na déca­da de 90 ele topou a empre­ita­da de se aven­tu­rar pela Ter­ra Média, os resul­ta­dos tem sido muito bons, basi­ca­mente pri­morosos aos fãs dos livros que J.R.R. Tolkien começou a escr­ev­er no fim dos anos 30. Des­de o seu anún­cio, O Hob­bit: Uma Jor­na­da Ines­per­a­da (The Hob­bit: An Unex­pect­ed Jour­ney, E.U.A. e Nova Zelân­dia), primeira parte de uma trilo­gia, vem cau­san­do eufo­ria após uma déca­da da estreia de a Sociedade do Anel (2001), a primeira parte da bem suce­di­da trilo­gia do Sen­hor dos Anéis.

O Hob­bit, basea­do no primeiro livro de Tolkien e pub­li­ca­do em 1937, tra­ta basi­ca­mente das aven­turas de Bil­bo Bol­seiro 60 anos antes de Fro­do, seu sobrin­ho pro­tag­o­nista de O Sen­hor dos Anéis, para aju­dar que a ter­ra dos anões, a Mon­tan­ha Solitária toma­da por um dragão, seja devolvi­da a quem de fato per­tence. Assim como seria mais tarde, uma sociedade — dessa vez con­tan­do ape­nas com anões — é for­ma­da para mar­char rumo a mon­tan­ha, orga­ni­za­dos pelo mago Gan­dalf, que guar­da um grande apreço — e uma fé deter­mi­nante — pelo povo hobbit.

A jor­na­da ines­per­a­da pro­pos­ta para o pequeno Bil­bo é trata­da de for­ma diver­ti­da, os roteiris­tas con­seguiram extrair todo o humor típi­co da supos­ta seriedade dos anões e do próprio hob­bit. As primeiras cenas da reunião entre eles e Gan­dalf é hilária, nos fazen­do retornar ao agradáv­el humor da Ter­ra Média. Claro que o méri­to da óti­ma car­ac­ter­i­za­ção não é só do dire­tor e/ou roteiris­tas. O time de atores é sen­sa­cional, des­de Ian Mck­ellen (Gan­dalf) e Christo­pher Lee (Saru­man) até Mar­tin Free­man (Bil­bo) e os atores que inter­pre­tam os anões com nomes prati­ca­mente impos­síveis de falar de uma vez só.

Um dos aspec­tos que mais me impres­siona no enre­do, é a for­ma como Gan­dalf con­duz o grupo. O grande mago cin­za tem várias armas que pode­ri­am facil­i­tar a jor­na­da do grupo, mas eles não seri­am os mes­mos no final se tivessem tan­tas facil­i­dades. É jus­ta­mente a jor­na­da que con­duz os per­son­agens a se tornarem cada qual o que real­mente são. Ver a aven­tu­ra de O Hob­bit se desen­volver vai muito além de ape­nas assi­s­tir um uni­ver­so oníri­co cri­a­do, é tra­bal­har com a imag­i­nação e enten­der as nuances que Tolkien criou em cada per­son­agem e ação. Os con­sel­ho de Gan­dalf, obstácu­los no cam­in­ho, erros e acer­tos são peças chaves para o desen­volvi­men­to dos per­son­agens. Como diz o mago cin­za para Bil­bo: “E se você retornar, não será mais o mes­mo”.

Além de encher os olhos dos fãs ardorosos de J.R.R. Tolkien — pode-se afir­mar que ele é o cara que ali­men­tou a imag­i­nação dos sem números de escritores e roteiris­tas cri­adores de séries envol­ven­do ter­ras, dragões e seres míti­cos — o lon­ga é de uma beleza sem taman­ho, ali­a­do ao que há de mel­hor na tec­nolo­gia atu­al. O Hob­bit já veio com avi­sos do óti­mo uso de 3D, da taxa de 48 fps para alguns cin­e­mas — você pode enten­der um pouco mel­hor aqui — e de nova tec­nolo­gia de som, o Dol­by Atmos, que con­ven­hamos, faz muito sen­ti­do quan­do se tra­ta de Howard Shore com a tril­ha sono­ra. Assis­ti­mos numa sala comum, sem 3D, e vale a pena diz­er que O Hob­bit é uma exper­iên­cia extra-tela que dá con­ta do recado.

As tec­nolo­gias vem para mel­ho­rar a experên­cia de cin­e­ma do espec­ta­dor e a trilo­gia do Sen­hor dos Anéis fez isso muito bem na déca­da pas­sa­da, mes­mo sem o 3D. E não tem como falar de tec­nolo­gia e não men­cionar Andy Serkis, que ficou con­sagra­do por emprestar suas expressões faci­ais ao hob­bit cor­rompi­do, crian­do um novo gênero de ator. Depois dis­so vier­am King Kong, TinTin e o sen­sa­cional Cae­sar do Plan­e­ta dos Maca­cos: A origem. É de arrepi­ar os pêlos dos pés pelu­dos o primeiro encon­tro entre Smeagol/Gollum, Bil­bo e a aparição do anel, que além da car­ga dramáti­ca da cena — as charadas nun­ca mais serão as mes­mas depois que você assi­s­tir essa cena — o pequeno Smeagol/Gollum gan­ha movi­men­tos mais reais e as expressões faci­ais são de causar espanto.

Peter Jack­son tam­bém soube olhar muito bem para a sua ter­ra natal, a Nova Zelân­dia, que inclu­sive nos últi­mos dez anos elevou o seu tur­is­mo ao sta­tus de “Ter­ra Média” e é claro que O Hob­bit vai movi­men­tar muito mais esse mer­ca­do. Muitos planos aber­tos de vas­tos cam­pos, as plan­tações do Bol­são e uma flo­res­ta encan­ta­da, mostram que mes­mo que ten­ha sido uti­liza­do com­putação grá­fi­ca, as locações foram feitas em lugares próx­i­mos do con­ceito de paraíso.

Se na trilo­gia do Sen­hor dos Anéis, três livros bem rec­hea­d­os, Peter Jack­son foi cuida­doso de resu­mi-los em três filmes lon­gos, em O Hob­bit ele preferiu aproveitar toda a tec­nolo­gia e din­heiro para trans­for­mar um livro de aprox­i­mada­mente 328 pági­nas em uma trilo­gia cin­e­matográ­fi­ca. Ao menos em Uma Jor­na­da Ines­per­a­da, o tem­po ficou a seu favor, as descrições dos lugares da Ter­ra Média são min­u­ciosos e cada peque­na ação trans­pare­ceu todo um cuida­do de câmera — e que tra­bal­ho de planos com as câmeras! — onde o espec­ta­dor aca­ba nem sentin­do as quase 3 horas de filme.

O Hob­bit: Uma Jor­na­da Ines­per­a­da com certeza vai deixar os fãs de Tolkien bas­tante ani­ma­dos para os próx­i­mos capí­tu­los, e para quem ain­da não é ambi­en­ta­do na Ter­ra Média, é uma bela pedi­da antes mes­mo de assi­s­tir a famosa trilo­gia do Sen­hor dos Anéis. No mais, vista o seu pé pelu­do, lev­ante seu copo e saia can­tan­do Far Over the Misty Moun­tains Cold, porque a Ter­ra Média vai faz­er parte do no nos­so imag­inário por mais algum tempo.

Trail­er:

httpv://www.youtube.com/watch?v=uVDYKBEKfjI


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